Monday, August 24, 2015

A BIBLIOTECA PÚBLICA DA PARAÍBA NOS ANOS DE 1970

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UM DEPOIMENTO ESPONTÂNEO DA PROFESSORA MÁRCIA STEINBACH KAPLAN SOBRE A BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO — E O PAPEL DO ESCRITOR, JORNALISTA E EDITOR EVANDRO DA NÓBREGA

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A educadora paraibana Márcia Steinbach Silva Kaplan,
em foto que ilustra a página inicial de seu perfil no Facebook. [Por favor, clique na foto para vê-la ampliada] 
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por Márcia Steinbach S. Kaplan, educadora,
ex-dirigente da Biblioteca Pública do Estado,
do Espaço Cultural “José Lins do Rego”, de
órgãos da Universidade Federal da Paraíba e
antiga integrante do Conselho Estadual de Educação

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[Uma versão mais curta deste depoimento da Dra. Márcia Steinbach Kaplan saiu no perfil da Autora, na rede social Facebook]

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Caro Evandro da Nóbrega:

Meu marido, o músico José Alberto Kaplan, e eu sempre comparávamos você com o Celso Furtado, porque, desde muito jovens, já demonstravam os gênios que eram.

Não me lembrava deste fato de tê-lo indicado ao Dr. Humberto Carneiro da Cunha Nóbrega, um dos nossos grandes Reitores e que, além de grande médico, sabia valorizar a Cultura e, principalmente, os jovens talentosos de nossa Paraíba.

Entretanto, lembro-me bem que, quando o Governador João Agripino me nomeou diretora da Biblioteca Pública Estadual, ela estava em frangalhos:
- goteiras por todos os lados (quando chovia, os funcionários tinham que abrir sobre suas mesas sombrinhas e guarda-chuvas;
- ratos transitavam entre nós e os (escassos) leitores;
- livros antigos, autênticas "relíquias", achavam-se úmidos, mofados;
- jornais sem encadernação apropriada;
- etc et etc.


ASSUME O GOVERNO DO ESTADO
UM AMANTE DAS LETRAS & ARTES

Logo em seguida, assumia o Governo o Dr. Ernâni Sátiro, escritor, amante das Letras e com quem convivi, durante dois anos, todas as quintas-feiras, no apartamento carioca do Dr. Raul de Góes, em deliciosas e para mim altamente proveitosas conversas e debates sobre Literatura, saboreando delicioso chá e os biscoitinhos amanteigados de Dona Bina.

Havia mais participantes, como Simeão Leal, Ivan Bichara Sobreira, Austregésilo de Athayde, entre outros). Disse “dois anos” porque foi o período que durou minha “deportação” para o Rio de Janeiro, onde permaneci todo esse tempo residindo em casa de Lourdes e João Agripino. “Deportação” decretada por mamãe e por papai, para evitar que me casasse com alguém que não aprovavam.

Com relação à Biblioteca Pública de nosso Estado, pedi uma audiência ao Governador Ernâni Sátiro, que prontamente me atendeu e autorizou que elaborasse projeto de reforma, consertos e revitalização do prédio da instituição e o encaminhasse ao Conselho Estadual de Cultura, o qual, se aprovado, seria realizado.


UMA PEREGRINAÇÃO SEMANAL
AO CONSELHO DE CULTURA...

Busquei a ajuda de meu jovem e talentoso amigo José Marques de Almeida Sobrinho, que, gratuita e entusiasticamente, elaborou o projeto arquitetônico, enquanto eu montava o de revitalização da Biblioteca, atualização do acervo bibliográfico, convênios com os Consulados sediados em Recife para conseguir empréstimos semanais de filmes de qualidade, a fim de serem exibidos gratuitamente, em três turnos, todas as quartas-feiras, ao público paraibano; assim como a realização de palestras sobre temas diversos, por pessoas de indiscutível conhecimento.

Tudo pronto, iniciei, com autorização prévia de Dr. José Carlos Dias de Freitas, minha peregrinação, todas as quintas-feiras, ao Conselho Estadual de Cultura, onde passava das 14 às 17h30m ouvindo e participando de excelentes conversas, votos de louvores a algumas personagens locais que haviam se destacado durante a semana e de pesar àqueles que haviam partido.


CHEGOU UM DIA EM QUE EU DISSE
“BASTA! AGORA, OU VAI OU RACHA!”

Aproveitava uma pausa, ou na respiração do orador, ou a hora do lanche, e perguntava: “E o projeto da Biblioteca Pública Estadual, quando é que os Senhores vão analisar?” (Era eu jovem e impetuosa e, nessas horas, esquecia a boa educação que mamãe tanto se esforçara para me dar...). A resposta, invariavelmente era a mesma: “Na próxima semana, pois estamos adorando sua companhia”... Isso quem sempre dizia era meu adorado amigo e grande professor Virgínius da Gama e Mello.

Até que um dia disse a mim mesma e a Kaplito [N. da R.: o maestro José Alberto Kaplan, marido da Autora], ao chegar a casa: “Basta! Agora, ou vai ou racha!”

Aí é onde você entra, Evandro. Entra com seu texto brilhante e com sua inteligência privilegiada!


VOCÊ ERA O EDITOR-GERAL E QUEM
SABE O ÚNICO QUE ME PODIA AJUDAR

Era então você o Editor-Geral do jornal O Norte, que, nesse momento, fazia oposição ao Governo estadual, se não estou enganada. [N. da R.: De fato, o Governador Ernâni Sátiro passou uns tempos “brigado” com esse matutino, o de maior influência à época; mas, quando intuiu que não podia enfrentar o jornal de maior circulação e que, certamente, orientava a opinião pública, comprou um grande, colorido e oloroso buquê de flores — e, saindo de Palácio, a pé, andou pela Rua Duque de Caxias e foi até a Redação, “fazer as pazes com todos”, do Diretor-Geral ao contínuo, passando pelos jornalistas e gráficos!...].

Indo ao jornal O Norte, Evandro, contei tudo a você, lembra-se? Mostrei-lhe os projetos e, de imediato, tive seu apoio incondicional. Entre outras coisas, você perguntou o que eu exatamente queria. Eu lhe pedi “uma reportagem honesta sobre a real situação da Biblioteca, justamente quando tínhamos como Governador um escritor”.


CONTRA O ALAGAMENTO, SOMBRINHAS,
GUARDA-CHUVAS, BACIAS, BALDES...

Você então, como grande jornalista, escritor e editor que sempre foi, me disse que estivesse lá no dia seguinte, numa hora combinada, que você enviaria um repórter e um fotógrafo para levantarem os dados com vistas à matéria, orientando-os também para que fizessem comigo uma entrevista, durante a qual eu falaria dos planos que tinha para a Biblioteca.

Tive tanta sorte que, no dia seguinte, o da entrevista e da visita dos repórter e fotógrafo, chovia torrencialmente! O que mais se via no salão principal da Biblioteca eram sombrinhas, guarda-chuvas abertos, baldes e bacias espalhados, para evitar maior alagamento no prédio.


PAGUEI AO PORTEIRO PARA ME
ARRANJAR UNS RATOS MORTOS

Como os ratos são sabidos e rápidos, ofereci um pagamento (de meu bolso) para que o porteiro matasse alguns e os espalhasse pelo chão, sobre os livros, nas estantes, em algumas prateleiras. Acho que o porteiro estava precisando de uma “graninha” extra: ele matou tantos ratos que, além do prejuízo de ter que pagar por todas as ratazanas mortas, ainda tive que mandar que ele se livrasse dos camundongos excedentes, antes que chegassem os jornalistas.

Também orientei o porteiro onde ele devia espalhar os bichos — e fui sentar-me à minha mesa de Diretora, à espera da Imprensa...


AFINAL, COMO SAIU A MATÉRIA
SOBRE A BIBLIOTECA EM RUÍNAS

No dia seguinte, já fui para a Biblioteca Pública do Estado com uma carta contendo meu pedido de exoneração e na qual manifestava a firme decisão de retornar à UFPB. Isso porque, Evandro, você fez, no jornal O Norte, uma grande chamada de capa sobre o assunto.

E, internamente, havia um texto seu (baseado em minha entrevista e nos dados que fornecera ao repórter) e as fotos, impressionantes fotos, inclusive com os ratos... Seu texto resumia ainda todos os meus planos para a reforma da Biblioteca, que, ao invés de apresentar aquele quadro lamentável, deveria ser, muito ao contrário, algo vivo, algo que fosse realmente atraente para os pessoenses, em especial para os jovens que desejavam frequentá-la.


EU JÁ ESTAVA COM A CARTA DE
EXONERAÇÃO EM MINHA BOLSA

Para resumir, toda a matéria tomava duas páginas. E a repercussão dela foi tremenda. Na mesma manhã, fui chamada pelo Dr. José Carlos Dias de Freitas, um dos melhores, senão o melhor Secretário de Educação que já tivemos. Ele disse que estava me esperando no Gabinete do Governador Ernâni Sátyro. Fui para lá imediatamente, mas, claro, sem me esquecer de levar na bolsa minha carta pedindo exoneração.

Eu não estava atrás de cargos; queria fazer meu trabalho, direito, mas tendo apoio, evidentemente. Aliás, que me conhece é testemunha de que fiz sempre o que devia ter sido feito, porque sempre quis trabalhar com algo que pudesse ser útil aos outros. Ademais, aprendi com meus pais que sempre devemos dar o melhor que pudemos para realizar, com dedicação total, qualquer tarefa que assumirmos — e a lutar sempre com denodo por aquilo em que acreditamos. Mas voltemos ao relato.


GOVERNADOR DISSE QUE EU ERA
TÃO ATREVIDA QUANTO MEU PAI

Ao entrar no Gabinete do Governador, lembro-me até hoje da voz tonitruante, estrondosa do Dr. Ernâni:

— Menina, você é bem filha de Isaías [N. da R.: O combativo e valente deputado estadual Isaías Silva, mui corajoso e sem papas na língua]!... Atrevida e impetuosa como ele. Pois bem, vou fazer minha parte e você fará a sua. A reforma deve ser feita do jeito como está no projeto. As obras serão acompanhadas pelo autor do projeto. Mas quero a inauguração como presente de meu aniversário, que será em tanto de setembro (não me lembro ao certo, mas ou era 6 ou 11 de setembro, algo assim)...


INAUGURAÇÃO DA NOVA BIBLIOTECA
OCORREU NA DATA PREDETERMINADA

Estávamos em março e tínhamos licitações para a construção de algumas paredes. Mas era preciso também refazer todo o teto; adquirir o mobiliário apropriado  etc etc etc. Não me recordo de haver trabalhado tanto, em minha vida, como nesse período. Passava os dias (todos os dias!) supervisionando os operários. Cheguei a me compara até com feitor de engenho! Não podia ver ninguém parado.

Mas só sei que a inauguração foi no dia predeterminado, como queria o Governador. Ainda consegui, de quebra, que a Orquestra Sinfônica tocasse duas peças, durante o ato inauguratório.


VOCÊ CONQUISTOU O DIREITO DE
SER O PRIMEIRO CONFERENCISTA

E foi assim que você, Evandro — e nenhum outro intelectual, paraibano ou não — conquistou, sem querer ou pensar nisto, o direito de ser o primeiro conferencista da nova era da Biblioteca Pública do Estado da Paraíba.

Não fosse seu valioso apoio, acho que ela já teria desabado, àquela época, ou até desaparecido.

Está aí, portanto, meus amigos paraibanos: este é o nosso grande editor, escritor, jornalista e cidadão de caráter e de muitos méritos que honra a Paraíba: o por todos querido Evandro da Nóbrega.


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Friday, August 14, 2015

EPITÁCIO PESSOA NA “HISTÓRIA DA PARAÍBA EM VERSO”


  
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O genial umbuzeirense Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa — único paraibano, até o momento, a chegar à Presidência da República — passa a constar mais substancialmente da História da Paraíba em verso, do poeta popular Severino Sertanejo. [Clique na foto para ampliá-la] 
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O poeta popular Severino Sertanejo (pseudônimo do acadêmico Luiz Nunes Alves, ex-conselheiro e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba), é visto aqui com a esposa, Sra. Maria Bernadeth Baptista Alves, em detalhe de uma foto de 2013, quando comemoravam suas bodas de ouro — 50 anos de casados. [Clique na foto para ampliá-la] 
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POETA POPULAR SEVERINO SERTANEJO (ALIÁS, O DR. LUIZ NUNES ALVES) ACRESCENTA VÁRIAS ESTROFES SOBRE EPITÁCIO PESSOA À SUA HISTÓRIA DA PARAÍBA EM VERSO

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por Evandro da Nóbrega,
escritor, jornalista, editor
[druzzevandro@gmail.com]

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As comemorações em torno da passagem do sesquicentário de nascimento do ex-presidente Epitácio Pessoa tiveram até mesmo o condão de modificar uma obra literária conhecida dos paraibanos desde 1984.

Trata-se do volume História da Paraíba em verso, cujo Autor, o poeta popular Severino Sertanejo (pseudônimo do Dr. Luiz Nunes Alves), ora elaborando uma segunda edição do livro, resolveu “abrir” um de seus “capítulos” ou “cantos” para incluir uma série de versos inéditos — justamente dedicados ao genial jurista umbuzeirense, o primeiro (e até agora único) paraibano a ascender à Presidência da República.

PRIMEIROS VERSOS ADICIONAIS

Os versos adicionais já elaborados por Severino Sertanejo para a segunda edição da História da Paraíba em verso (virão outros!) são os seguintes — e damos estas informações em absoluta primeira mão, prometendo ir acrescentando novéis estrofes à medida que elas nos forem chegando:

TRAÇOS DA VIDA DE EPITÁCIO PESSOA

Um garoto, aos oito anos
(Não o tratam por filhinho),
Órfão de mãe, já se sente,
No mundo, um tanto sozinho.
Imagine se não tem
Nem mãe, nem pai, nem ninguém
Que lhe dedique carinho.

Falando de Epitácio,
Isso mesmo aconteceu,
Só que, contudo, um parente
No momento apareceu
E deu-lhe grande assistência
Na infância e adolescência,
Do que não se arrependeu.

Este parente que sempre
Na política esteve em cena,
Todos sabem, mas repito 
Era o Barão de Lucena,
Que, além da tutoria,
Fez aquilo que podia
Pra dar-lhe uma vida amena.

Colégio Pernambucano
Foi este o que escolheu
Para Epitácio estudar
E a despesa correu
Toda por conta do Estado,
Um compromisso selado
Que, assim permaneceu.

Epitácio destacou-se,
Pela sua inteligência,
Grande força de vontade
E a plena consciência
De que mais ´pelo saber
Ia poder se fazer
E ganhar experiência.

Foi um aluno aplicado
Não tanto por vaidade,
E como tal concluiu
O Curso de Humanidades.
Como sempre, destacado,
Ao final, foi laureado,
Desta vez, na Faculdade.

Comprovou a inteligência,
Ao passar com distinção
Do primeiro ao último ano,
Causando admiração
A colegas, professores,
De quem palmas e louvores
Lhe davam satisfação.

Foi ser promotor no Cabo,
Mas, ali, não demorou,
Indo, a seguir, para o Rio
Onde, também, não ficou
Retornou ao seu Estado,
Desta vez, já nomeado
Para o cargo que ocupou.

O cargo de Secretário
Geral, de pronto assumiu,
Não ficou nisso, Venâncio
Neiva seu nome incluiu
Na lista de candidato
A deputado e, de fato,
Com a idéia anuiu.

Elegeu-se muito moço,
Com cinco acima dos vinte,
Tendo sido o mais votado
De todos, por conseguinte,
O nosso representante
Competente e operante
Já como Constituinte.

Nos mais importantes temas
Esteve sempre presente,
Emitindo opinião
Construtiva, certamente,
Com aquela pouca idade,
Aflorou a sumidade
E o prestígio iminente.

Os seus discursos na Câmara,
De maior repercussão,
Foram contra Floriano,
O presidente de então,
Que, em todos os estados,
Sem antever resultados,
Decretou intervenção.

O troco pela campanha
Feita contra o presidente,
Foi o de ser depurado,
No pleito subseqüente.
Assim, ficou sem mandato,
Caindo no anonimato
Aquele vulto eminente.

Campos Sales, presidente,
Levou-o pro Ministério
Da Justiça, exatamente
Por ver nele um jovem sério,
Mas ele o cargo deixou,
Visto que não concordou
Em abrir mão de critério.

Na verdade, ele enfrentou
Uma forte reação
À política traçada,
Na área de Educação,
E, como não transigiu,
Do Ministério saiu,
Sem qualquer complicação.

Daí achou que devia
Um escritório montar
E para a advocacia
Totalmente se voltar.
Mas quando se iniciava,
Campos Sales o chamava
Para outro cargo ocupar.

Foi nomeado Ministro
Do Supremo Tribunal,
Cargo dos mais importantes
Na esfera federal,
Onde se fez respeitado
Pelo serviço prestado
De cunho judicial.

Aos trinta e seis de idade,
Ninguém conseguiu chegar
Ao Supremo Tribunal
E, mais que isso, brilhar,
Como Epitácio brilhou,
Pois tudo o que relatou
Viu o Plenário aprovar.

Para ser Procurador
Da República, o Geral,
Afastou-se, por uns anos,
Do Supremo Tribunal,
Mas ao seu cargo voltou
E nele se aposentou,
Pois de saúde ia mal.

Mesmo doente, voltou
À política estadual.
Não resistindo aos apelos
Insistentes, por sinal,
Acabou por concordar
Em uma vaga ocupar,
No Senado Federal.

No Senado, o seu trabalho
Jurídico valeu menção,
E, nele, o maior empenho
Com vistas à revisão
Do nosso código Civil
Que, também, no mês de abril,
Esteve em tramitação.

Lá por volta de dezoito,
Deu-se a designação
De Ruy para chefiar
A nossa delegação
À conferência de Paz
Em Versalhes, que já faz
Em anos uma porção.

Epitácio também fora
Àquele tempo escolhido
Membro da delegação
E, tendo Ruy desistido,
Foi ele chefe indicado,
Tendo bem executado
O plano estabelecido.

Rompida a Primeira Guerra,
São Paulo tinha estocado
Em cidades da Alemanha
O café que havia dado
Na Europa, em garantia
Do dinheiro que um dia
Ali, tomara emprestado.

O governo alemão quis
Quando a guerra começou,
Confiscar todo o café,
Mas o Brasil protestou.
Só que o café foi vendido
E o dinheiro ali mantido,
Salvo se enganado estou.

Em razão disso, Epitácio,
Com jeito, pôde excluir
Das Reparações de Guerra
O café e exigir
Que fosse pago em dinheiro
O débito, já por inteiro,
E findou por conseguir.

A vitória foi maior
No que respeita a navio,
Melhor dizendo, aos setenta,
Tal como ele previu.
A tese que sustentou
Afinal, vitoriou,
Foi isso o que conseguiu.

Conseguiu sobressair-se
Na conferência de Paz
Quer como jurisconsulto,
Quer como homem que traz
Boas idéias, na mente,
E as defende, contente,
Demonstrando ser capaz.

Foi defensor ardoroso
Das pequeninas potências
Que se julgavam sem vez
No âmbito da Conferência.
Fez da Liga das Nações
Um foro de opiniões,
Com muita proficiência.

Em Paris, onde prestava
Grande serviço à nação,
Teve agradável surpresa
E uma forte emoção,
Ao saber que havia sido
O candidato escolhido
Em termos de sucessão.

Mesmo assim, permaneceu
À Conferência ligado.
O pleito se processou,
Sendo ele mais votado
Que o seu competidor,
Ruy Barbosa, o orador,
Jurisconsulto afamado.

Embora eleito em abril,
Só em julho aqui chegou.
Nesse mês, a vinte e oito,
Tomou posse e nomeou
Os seus ministros de estado,
Onde cabia fardado,
Dois civis designou.

Seis meses, depois de eleito,
Fez o que não pretendia,
Visto a repercussão
Que o ato ensejaria.
Porém, sem outra opção,
Decretou intervenção
No Estado da Bahia.

Outras medidas tomou,
As quais não vou relatar
Aqui, porque, mais à frente,
Delas pretendo falar,
Por ser melhor o momento
Pra dizer do fechamento
Sim, do Clube Militar.

Entendo ser oportuno,
Aqui, fazer referência
Aos serviços que prestou
Exercendo a Presidência,
Em favor do nordestino,
Que sempre teve o destino
Vinculado à assistência.

O seu primeiro discurso,
Na Câmara dos Deputados,
Foi pra dizer ao Governo
Que o drama dos flagelados
Devia ser enfrentado,
Para tê-lo exterminado,
De uma vez, nos oito estados.

Mas só na seca de quinze
Houve alguma providência
Em favor da região,
Já por sua interferência,
Sendo que um plano arrojado
Foi, de fato, executado,
Com ele na Presidência.

Programa de linha férrea,
De estradas de rodagem,
De perfuração de poços,
Outras obras e açudagem
Foi por ele iniciadas,
Que se não paralisadas,
Era outra a nossa imagem.

Ninguém mais que Epitácio
Fez tanto pelo Nordeste.
Getúlio Vargas, depois,
Fez muito, é fato inconteste.
Depois disso, Juscelino
Quis deixar o nordestino
Livre de fome e de peste.

Infelizmente a SUDENE
Por Juscelino criada,
Caiu num fosso terrível,
Sem mais poder fazer nada.
Desviaram-lhe os recursos
Em palanque pra discursos
Afinal, foi transformada.

Retornando a Epitácio,
Quero, apenas, reiterar
O que já consta de estrofe,
Dizendo que vou falar
Sobre ele novamente
De referência a tenente
E ao Clube militar.

[Nota do Editor: Seguir-se-ão mais versos, ora em elaboração pelo Autor e que serão devidamente acrescentados neste mesmo blog].   


QUEM É LUIZ NUNES ALVES,
A.K.A. SEVERINO SERTANEJO

Luiz Nunes Alves ("as know as" Severino Sertanejo), filho do Sr. Antônio Alves da Silva  e  Dona Marta Nunes de Souza, nasceu a 16 de abril de 1934, em Água Branca, “a primeira cidade da Paraíba — na ordem alfabética”, como gosta de ironizar.

Em 21 de dezembro de 1963, casou-se com a Sra. Maria Bernadeth Baptista Alves, com quem tem três filhas: Ana Márcia Alves, Mércia Neves Alves Falcone e Marta Bernadeth Batista Alves.

O menino Luiz iniciou seus estudos primários no Grupo Escolar “José Nominando”, em sua terra natal, com a professora Neusa Vidal. Fez a preparação para o Exame de Admissão com a mestra Aretusa Pires, de Tabira (PE). O curso secundário, ele o realizou no Ginásio Nossa Senhora do Bom Conselho, em Princesa Isabel (PB), entre l953 e 1956. Depois, cursaria o Lyceu Parahybano (de  1957 a 1960).

Na Faculdade de Direito da antiga Universidade da Paraíba (depois Universidade Federal da Paraíba), concluiu seu curso superior de Ciências Jurídicas e Sociais. Além disto, realizou vários cursos de aperfeiçoamento, como a seguir se enumeram:

- agente de Crédito Cooperativo - l960 - Banco do Nordeste do Brasil S/A, em Fortaleza (CE);

- Assistente Jurídico - l969 - Banco do Nordeste do Brasil S/A, também em Fortaleza (CE);

- Curso de Direito Autoral promovido pela Universidade Federal da Paraíba e pela Associação Interamericana de Direito Romano (João Pessoa, agosto de 1975).


NOS GOVERNOS FEDERAL E ESTADUAL
É vasta sua experiência profissional. No âmbito do Governo Federal, por exemplo, exerceu os seguintes cargos:

- na Receita Federal, foi Coletor Federal em Princesa Isabel (maio de l960 a fevereiro de 1961);

- no Banco do Nordeste do Brasil S/A, em João Pessoa, trabalhou no Setor de Crédito Rural e Cooperativo (1961/1966) e no Departamento Jurídico (1969).

No Governo paraibano, exerceu vários cargos e comissões, como a seguir se demonstra:

- Caixa de Crédito Mobiliário da Paraíba: escriturário e tesoureiro (1957/1960);

- diretor do Departamento de Crédito Cooperativo (1967/1968);

- Secretário do Planejamento (1969/197l);

- no Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), foi sucessivamente Conselheiro (empossado a 1º de março de 1971); Vice-Presidente (1973/1975); Presidente em quatro períodos: 1975/1976;  1979/1980;  1993/1994; 2003/2004.
Além do mais, presidiu os VII e XXII Congressos dos Tribunais de Contas do Brasil, sediados em João Pessoa (PB) e participou efetivamente de quase todos os Congressos de Tribunais de Contas do Brasil, a contar de l973.

LUIZ NUNES NO MAGISTÉRIO
No UNIPÊ (Centro Universitário de João Pessoa), o professor Luiz Nunes Alves foi docente de Ciência das Finanças e de Direito Financeiro (1973/1977) e diretor da Faculdade de Direito (1973/1975).

Já na Universidade Federal da Paraíba, exerceu os seguintes cargos:

- professor de Ciência das Finanças e Direito Financeiro (1977/1998);

- responsável pela ministração de aulas (a convite) na ESMA (Escola Superior da Magistratura) do TJPB;

- integrante da Comissão Julgadora para Seleção de Professor Substituto da disciplina Ciência das Finanças e Direito Financeiro do Departamento de Direito Público do Centro de Ciências Jurídicas, instituída pela Portaria nº 28 - UFPB/CCJ/GD,  de 29.8.94;

- integrante da Comissão julgadora para Seleção de Professor Substituto da disciplina Ciência das Finanças e Direito  Financeiro do Departamento de Direito Público  do Centro de Ciências Jurídicas, instituída pela Portaria nº 003- UFPB/CCJ/GD, de 24.01.95;

- presidente da Comissão do Concurso de Procurador do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, designado que foi pela Portaria nº.TC-081, de 09. 07.96.

LIVROS JÁ PUBLICADOS
POR LUIZ NUNES ALVES

Além da História da Paraíba em versos — cuja primeira edição saiu ainda em 1984, com Prefácio do Dr. José Pedro Nicodemos, pelo BNB, em Fortaleza, Ceará, numa edição comemorativa do IV Centenário de Fundação da Paraíba, a ocorrer no ano seguinte —, o escritor Luiz Nunes Alves publicou as seguintes obras, até o momento:

- A morte de João Pessoa e a Revolução de 30 [Edições Aquárius Ltda, em convênio com a Secretaria da Educação e Cultura do Estado da Paraíba – 1978];

- A vida de Delmiro Gouveia em verso, com Prefácio do professor Átila José de Almeida, pela Universidade Federal da Paraíba - Pró-Reitoria para Assuntos do Interior - 1979 (este trabalho integra os Anais do Senado Federal, a requerimento do Senador Ronaldo Cunha Lima];

- Inácio da Catingueira, o gênio escravo, com Prefácio do Dr. Firmino Leite [Secretaria da Educação e Cultura da Paraíba, 1979];

- Copa-94 em verso, pela Editora do UNIPÊ [João Pessoa, 1994];

- Copa-98 em verso, pela Ideia Editora [João Pessoa, 1998], com Apresentação do jornalista e escritor José Nêummane Pinto, Orelhas de Armando Nogueira e Ascendino Leite e o texto da quarta capa a cargo do escritor, jornalista e editor Evandro da Nóbrega;

- ABC do Administrador Municipal (plaqueta), edição do TCE-PB;

- Coisas da minha sala, com Prefácio do antropólogo potiguar Veríssimo de Melo, Apresentação de Ronaldo Cunha Lima; Orelha de Altimar Pimentel e texto da quarta capa a cargo do escritor, jornalista e editor Evandro da Nóbrega;

- Brasil Pentacampeão 2002 (versos inéditos);

- A princesa Magalona e o seu amor por Pierre (em verso), com Apresentação do poeta, escritor e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho e Orelha da escritora e historiadora Ângela Bezerra de Castro, ambos da Academia Paraibana de Letras [Imprel Editora, João Pessoa, 2003];

- Napoleão, amor e guerra, pela Gráfica JB, João Pessoa, 2007, com Prefácio do professor Neroaldo Pontes de Azevedo; versos de Apresentação do poeta Ronaldo Cunha Lima; e Orelha de autoria do escritor, jornalista e poeta Luiz Augusto Crispim;

- Juscelino – Vida e obra em verso, pelas Edições Varadouro/Ideia e Gráfica JB, João Pessoa, 2013, com textos de apresentação escritos por Murilo Melo Filho, da Academia Brasileira de Letras e da Academia Rio-Grandense de Letras; por Bráulio Tavares, jornalista e poeta; Juarez Farias, então presidente da Academia Paraibana de Letras; e por Ronaldo Cunha Lima, ex-governador paraibano e poeta.


INSTITUIÇÕES DE QUE FAZ PARTE

O conselheiro, poeta, escritor e imortal da APL Luiz Nunes Alves integra as seguintes instituições e entidades, dentre outras:

- Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano;

- Sócio efetivo do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica;

- Membro efetivo do Colégio Brasileiro de Faculdades de Direito;

- Membro da Academia Paraibana de Letras;

- Segundo Vice-Presidente da Fundação Instituto Ruy Barbosa com sede em São Paulo (mandato expirado em maio de 1998);

- Membro fundador da Comissão Paraibana de Folclore - João Pessoa, agosto de 1994.

- Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro.


DISCURSOS E CONFERÊNCIAS
DO INTELECTUAL LUIZ NUNES

São as seguintes as conferências e discursos principais, de autoria do Dr. Luiz Nunes Alves, pelo rápido levantamento que pudemos realizar:

- palestra proferida no plenário da Assembléia Legislativa do Estado da Paraíba sobre a dupla de cantadores Inácio da Catingueira e Romano da Mãe d’Água [Sessão Extraordinária de 30.08.1979];

- discurso proferido na qualidade de orador oficial, perante representantes dos Tribunais de Contas do Brasil, na sessão solene comemorativa dos 25 anos de fundação do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (01.03.1996);

- discurso de saudação ao Conselheiro Senithes Gomes de Moraes, representando os Tribunais de Contas do Brasil [Vitória, Espírito Santos, setembro de 1994];

- palestras para prefeitos e vereadores, em inúmeros encontros de iniciativas destes ou do Tribunal de Contas da Paraíba;

- palestra sobre Delmiro Gouveia na sede do Instituto  Histórico e Geográfico Paraibano, em 24.01.1998;

- palestra sobre a competência dos Tribunais de Contas frente à Constituição de 1998, em Encontro promovido pela Procuradoria Geral de Justiça para membros do Ministério Público, prefeitos e vereadores [Pombal, 11.03.1999].

- discurso de agradecimento à Assembléia Legislativa, por ocasião da outorga  da  Medalha “Epitácio Pessoa” [outubro de 2003];

- discurso de agradecimento ao Ministério Público Estadual, por ocasião da outorga da Medalha “José Américo de Almeida”;

- palestra proferida na Câmara Municipal de Princesa Isabel, sobre a emancipação político-administrativa da cidade, a convite do então prefeito Sidney Nicolau, em 16.11.2001;

- discurso de agradecimento ao Conselho Dirigente do Centro de Coordenação dos Tribunais de Contas do Brasil, perante o Congresso de Tribunais de Contas do Brasil, realizado em Fortaleza no ano de 2003;

- palestra proferida no Tribunal de Contas do Estado acerca das atividades iniciais da Corte [março de 2011];

- discurso proferido na Academia Paraibana de Letras em homenagem póstuma ao poeta Ronaldo Cunha Lima, em 10.09.2012;

- discurso proferido da tribuna do Senado Federal, em Brasília, como representante da família do poeta Ronaldo Cunha Lima, por ocasião da homenagem póstuma que lhe prestou o Senado Federal, em 18.03.2013.


FORTUNA CRÍTICA DE ALGUMAS
DAS OBRAS DE LUIZ NUNES ALVES

Muitas personalidades já se manifestaram sobre a obra poética de Severino Sertanejo, destacando-se, dentre elas, as seguintes:

- José Américo de Almeida (cartas de 0.10.1976 e 08.08.1978);

- Humberto Nóbrega (cartas de 31.12.1977; 05.07.1978 e saudação na posse de Luiz Nunes como sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, em 24.08.1979;

- Orígenes Lessa (carta de 16.05.1979);

- Carlos Drummond de Andrade (carta de 19.07.1980);

- Luiz da Câmara Cascudo (cartão de fevereiro de 1979);

- Veríssimo de Melo (cartas de junho de 1979 e fevereiro de 1985);

- Dom José Maria Pires, Arcebispo Metropolitano da Paraíba (carta de 04.06.1981);

- Dom Carmine Rocco, Núncio Apostólico do Brasil (carta de 11.06.1981);

- Ministro Osvaldo Trigueiro de Albuquerque Melo (carta de 16.03.1985);

- Jurista Hely Lopes Meirelles (carta de 19.03.1985);

- Átila José de Almeida (apresentação do livro História da Paraíba em verso - 10.01.1985);

- membros da Comissão de História do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (23.11.1983);

- Jarbas Maranhão (cartas de setembro de 1978; dezembro de 1979 e março de 1985), apud artigo publicado no jornal O Norte, de João Pessoa, em 18.04.1997, e no Diário de Pernambuco, Recife, de 27.04.97;

- jurista Limongi França, de São Paulo (carta de 14.06.1985);

- ex-ministro Fernando Carneiro da Cunha Nóbrega (carta de 05.03.1985);

- ex-governador Ernany Sátiro (carta em verso, janeiro de l980);

- ex-governador José Fernandes de Lima (carta de 19.12.1979);

- Ronaldo Cunha Lima (carta em verso de 20.02.1985);

- membros do Conselho Estadual de Cultura da Paraíba, em João Pessoa, Parecer 07/1979;

- José Rafael de Menezes (carta de 01.03.1980);

- José Nêummane Pinto (apresentação do livro Copa-98);

- Armando Nogueira, no Jornal do Brasil de 27.7.1998;

- Ascendino Leite, na Orelha do livro Copa-98;

- Ascendino Leite – Jornal A União, de 19.06.1999;

- Evandro da Nóbrega, na quarta capa do livro Copa-98;

- Ronaldo Cunha Lima, Apresentação do livro Coisas da minha sala;

- Altimar de Alencar Pimentel, na Orelha do livro Coisas da minha sala;

- Evandro da Nóbrega, na quarta capa do livro Coisas da minha sala.


ALGUMAS HOMENAGENS RECEBIDAS

Dentre outras, o Dr. Luiz Nunes Alves já recebeu homenagens das seguintes instituições, órgãos, corporações e entidades:

- Câmara Municipal de Delmiro Gouveia (concessão do título de Cidadão Delmirense);

- Câmara Municipal de Patos - votos de congratulações e aplausos, na sessão de 20.11. 1979;

- Câmara Municipal de João Pessoa - votos de congratulações e aplausos, na sessão de 01.04.1985;

- Medalha do Mérito “Coronel PM Elísio Sobreira”, concedida pelo Comandante da Polícia Militar da Paraíba em 20.08.1994;

- Instituto Ruy Barbosa, por ocasião do 25º aniversário de instalação do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba - 01.03.1996;

- Medalha “Epitácio Pessoa”, outorgada pela Assembléia Legislativa da Paraíba, novembro de 2003;

- Medalha “Ministro José Américo de Almeida”, outorgada pelo Ministério Público da Paraíba, abril de 2004;


- Colar do Mérito da Atricon “Ministro Miguel Seabra Fagundes”, Fortaleza, junho de 2003. 

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