Monday, January 19, 2015

MAIS TRÊS OBRAS DAS EDIÇÕES DO TJPB


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O número 133 da Revista do Foro, volume 2013.2, circula com os acórdãos referentes ao segundo semestre do ano de 2013.  [Clique na foto para ampliá-la]
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Escrita pelo desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque (autor de mais de duas dezenas de livros), esta obra homenageia a memória do Desembargador Luiz Sílvio Ramalho, cujo centenário de nascimento foi há pouco comemorado pelo Judiciário paraibano. Além de novo presidente eleito do Tribunal (para o Biênio 2015-2017), presidente da Comissão de Cultura e Memória do Poder Judiciário e presidente da Comissão de Divulgação e Jurisprudência do TJPB, o Autor é igualmente membro efetivo do (Instituto Histórico e Geográfico Paraibano) e imortal da (Academia Paraibana de Letras. [Clique na foto para ampliá-la]
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Outro lançamento previsto para a tarde desta terça-feira, 20 de janeiro: a aguardada sétima edição da História do Tribunal de Justiça da Paraíba, de autoria de Deusdedit Leitão e Evandro da Nóbrega. A obra foi atualizada até setembro de 2014 e comemora o transcurso dos 123 anos de existência do TJPB, ocorrido em 15 de outubro próximo passado. [Clique na foto para ampliá-la]
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TJPB LANÇA NESTA TERÇA-FEIRA, 20 DE JANEIRO, MAIS TRÊS LIVROS:

1) NÚMERO 133 DA REVISTA DO FORO;

2) CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO DESEMBARGADOR LUIZ SÍLVIO RAMALHO; E

3) SÉTIMA EDIÇÃO DA HISTÓRIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA



por Evandro da Nóbrega,
escritor, jornalista, editor
[druzz.judiciario@gmail.com]




Em cerimônia a ser dirigida pela desembargadora Fátima Bezerra Cavalcanti, presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, as Edições do TJPB lançam nesta terça-feira, dia 20 de janeiro, três obras de grande interesse para a Magistratura e para o público em geral:

1) o número 133 da Revista do Foro, volume 2013.2, isto é, com os acórdãos referentes ao segundo semestre do ano de 2013;

2) o livro Centenário de nascimento do Desembargador Luiz Sílvio Ramalho, obra de autoria do desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque, novo presidente eleito do TJPB (para o Biênio 2015-2017), além de membro efetivo do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico Paraibano) e imortal da APL (Academia Paraibana de Letras); e

3) a sétima edição da História do Tribunal de Justiça da Paraíba, de autoria de Deusdedit Leitão e Evandro da Nóbrega.

A solenidade para o triplo lançamento ocorrerá a partir das 17 h, na Sala de Sessões do Tribunal Pleno, localizada no térreo e sobreloja do Anexo Administrativo do Palácio da Justiça. Além do pronunciamento da desembargadora-presidente Fátima Bezerra Cavalcanti, deverá manifestar-se apenas mais um orador: o desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque, também presidente da Comissão de Cultura e Memória do Poder Judiciário do Estado da Paraíba e presidente da Comissão de Divulgação e Jurisprudência (responsável pela edição da Revista do Foro).

SOBRE A REVISTA DO FORO
Trata-se de uma das mais antigas publicações brasileiras — e não só na área jurídica: seu primeiro número surgiu em março de 1907, ao tempo em que era presidente do então Superior Tribunal de Justiça do Estado da Parahyba do Norte o desembargador Amaro Gomes Carneiro Beltrão.
A Revista do Foro teve por editor (e seu primeiro organizador) o desembargador Trajano Américo de Caldas Brandão. A publicação é atualmente lançada à base de dois volumes por ano, depois de cuidadosamente elaborados pela Comissão (Permanente) de Divulgação e Jurisprudência, que, ao longo dos últimos anos, vem sendo presidida pelo desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque.
Tendo como principal conteúdo os acórdãos referentes ao período abrangido pelo volume (no caso o segundo semestre de 2014), este novo número da Revista traz vários outros textos de interesse dos operadores do Direito.

LIVRO DO DESEMBARGADOR MARCOS
Um dos livros a serem lançados nesta terça-feira intitula-se Centenário de nascimento do Desembargador Luiz Sílvio Ramalho e foi escrito no ano passado pelo desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque, para comemorar os 100 anos de um desembargador (pai do desembargador Luiz Sílvio Ramalho Júnior). Como o filho, o desembargador Luiz Sílvio Ramalho (Sênior) também se destacou na Corte, inclusive como seu Presidente.
O próprio autor da obra, desembargador Marcos Cavalcanti, foi eleito em fins do ano passado novo presidente da Mesa Diretora do TJPB. Vai tomar posse — juntamente com os desembargadores José Ricardo Porto (novo Vice-Presidente) e Arnóbio Alves Teodósio (novo Corregedor-Geral de Justiça) — no próximo dia 30 (de janeiro corrente), em solenidade a ocorrer no Teatro “Paulo Pontes” do Espaço Cultural “José Lins do Rego”, em João Pessoa. Comandará os destinos do Judiciário paraibano no Biênio compreendido entre 30 de janeiro de 2015 e inícios de fevereiro de 2017.
Este livro, Centenário de nascimento do Desembargador Luiz Sílvio Ramalho, publicado pelas Edições do TJPB, tem edição do texto e editoração eletrônica de Evandro da Nóbrega (Editor), também autor da Nota Editorial, além de projeto gráfico do designer Martinho Sampaio e capas do designer Mílton Nóbrega (in memoriam). Integrando também, além do TJPB, a Academia Paraibana de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, o desembargador Marcos Cavalcanti é autor de mais de 20 livros, dentre os quais se destacam:

  • Enfiteuse: Doutrina e Jurisprudência [2000];
  • Hagiografia carmelitana: Espiritualidade [2001];
  • Lei de Execução Fiscal: Interpretação e Jurisprudência [2003];
  • História da Ordem Terceira do Carmo na Paraíba: 300 anos [2005, com outros autores];
  • Coletânea carmelita [2007];
  • Nobiliarquia mamaguapense [2008];
  • Mamanguape: apogeu, declínio e ressurgimento [2009];
  • História da Freguesia de Mamanguape - 380 anos de instalação [2010];
  • Personalidades do mundo jurídico e político: Último volume de uma trilogia [2011];
  • Poder Judiciário: História da Comarca de Mamanguape [2011];
  • Processos e julgados históricos da Paraíba [2012, em coautoria];
  • Complexo arquitetônico Carmelita da Paraíba: Arte sacra nas Igrejas do Carmo e Santa Tereza d’Ávila [2012];
  • As Primeiras-Damas [2012, atualizando obra da saudosa escritora Rosilda Cartaxo];
  • História da Comarca de Mamanguape [2013, em segunda edição];
  • Centenário de nascimento de José Fernandes de Lima (2013).
  • Historiografia da Academia Paraibana de Letras [2014];
  • História do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba [no prelo]
  • Processos e julgados históricos da Paraíba - Tomo II - A violência contra a mulher [obra em coautoria e pronta para ir ao prelo];
  • etc etc etc.


SÉTIMA EDIÇÃO DA HISTÓRIA
Nesta terça-feira, 20 de janeiro, a desembargadora-presidente Fátima Bezerra Cavalcanti estará lançando também a sétima edição da História do Tribunal de Justiça da Paraíba, dos historiadores Deusdedit Leitão (in memoriam) e Evandro da Nóbrega. A obra estava esgotada há mais de seis anos, desde que se lançou a sexta edição, em 2008. A versão que ora sai do prelo, corrigida, ampliada e atualizada até setembro de 2014, tem Prefácio da própria desembargadora-presidente, enquanto a Apresentação ficou a cargo do desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque, presidente da Comissão de Cultura e Memória do Poder Judiciário do Estado da Paraíba.
Com 496 páginas e em tamanho grande [formato álbum A4] , a obra tem 496 páginas profusamente ilustradas. Pela primeira vez, a História circula com as fotos dos desembargadores. Seus exemplares — como ocorre com todos os lançamentos das Edições do TJPB, especialmente os das Coleções “Memória do Judiciário Paraibano” e “Comarcas Paraibanas” — serão distribuídos gratuitamente. Chegarão também a todos os magistrados (desembargadores e juízes de Direito do Estado, da ativa e aposentados) e operadores do Direito. Irão para as bibliotecas públicas, Universidades, Tribunais Superiores e estaduais. Todas as edições e/ou tiragens da História sempre se esgotaram rapidamente, o que mostra o interesse que desperta o passado de nossa terra.
O relançamento da obra constitui documentado repositório de 123 anos de atividades dos magistrados e magistradas que honraram o passado e honram o presente de nosso Judiciário. Representa mais uma manifestação do propósito administrativo de prestigiar as várias fases evolutivas da Justiça e o contributo dos grandes magistrados-juristas que engrandeceram e engrandecem o caminhar de uma Magistratura independente e altiva, culta e respeitada.

NOVOS DESEMBARGADORES
Traz a obra, ainda, todos os dados sobre os 10 novos desembargadores (e desembargadoras) que tomaram posse desde a publicação da sexta edição: Romero Marcelo da Fonseca Oliveira, João Benedito da Silva, João Alves da Silva, Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho (Fred Coutinho), José Ricardo Porto, Carlos Martins Beltrão Filho, Maria das Graças Morais Guedes, Leandro dos Santos, José Aurélio da Cruz e Oswaldo Trigueiro do Valle Filho.
O volume enfeixa as biografias dos 132 desembargadores que já tiveram (ou têm) assento no TJPB e, também, as realizações dos 47 desembargadores-presidentes que serviram (ou servem) à sua terra como Chefes do Poder Judiciário. Enfim, a História do TJPB é obra que não pode faltar nas estantes de qualquer operador do Direito. Não apenas por seus aspectos históricos, mas também pelo caráter formativo e como justa homenagem aos grandes vultos que, no passado e no presente, fizeram e fazem a grandeza de nossa Magistratura.


O QUE DIZ O PORTAL DO TJPB
Sobre estes lançamentos, diz o seguinte o Portal Institucional on line do TJPB, em texto assinado pela jornalista Gabriela Parente:

Três livros serão lançados pelo Tribunal de Justiça da Paraíba na tarde desta terça-feira — Três obras serão lançadas pelo Tribunal de Justiça da Paraíba na tarde desta terça-feira (20): “Centenário de Nascimento do Desembargador Luiz Sílvio Ramalho”, de autoria do desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque; Revista do Foro – volume 133, ano 2013.2; e “História do Tribunal de Justiça da Paraíba – 123 anos” / 7ª edição. O evento tem início às 17 h, na Sala de Sessões do Tribunal Pleno.
Os 100 anos de nascimento do desembargador Luiz Sílvio Ramalho também foram comemorados pelo TJPB, em fevereiro de 2014, e marcaram a abertura de uma série de celebrações relacionadas a centenários de desembargadores que se destacaram no cenário judiciário paraibano e brasileiro.
O autor do livro, desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque, que preside a Comissão de Cultura e Memória do Poder Judiciário do Estado, ressalta que o homenageado ocupou todos os cargos do Judiciário, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), além de ter sido secretário de Estado, por duas ocasiões. “Um desembargador com olhar voltado para os magistrados de 1º Grau, que forneceu melhores condições de trabalho, para tornar a justiça de 1º grau mais eficiente”, pontuou o autor do livro, sobre o biografado.
A tradicional Revista do Foro chega ao volume 133, contendo o pensamento jurídico do Tribunal, como os acórdãos dos órgãos fracionários, Tribunal pleno e Conselho da Magistratura. “O periódico é importante para os profissionais da área jurídica e mantém a semestralidade e a tradição”, destacou o desembargador Marcos.
Já a História do Tribunal de Justiça da Paraíba – 123 anos está na 7ª edição. A obra foi originalmente escrita, até sua quarta edição, pelo historiador paraibano Deusdedit Leitão. Da quinta edição em diante, vem sendo atualizada pelo jornalista e escritor Evandro da Nóbrega, também membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.”

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Monday, January 05, 2015

OS 10 MANDAMENTOS DE NÊUMANNE PARA JOVENS AUTORES

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O acadêmico, escritor, jornalista e poeta José Nêumanne Pinto, também comentarista de política, tem um decálogo para quem está se iniciando como autor no campo da Literatura. [Clique na foto para ampliá-la]
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Concluída a palestra na Academia Paraibana de Letras, José Nêumanne Pinto é visto, aqui, nos Jardins de Academos, numa foto exclusiva da DruzzPress, ladeado por Natércia Suassuna Dutra Ribeiro Coutinho (do IHGP), Isabel Castro (esposa do conferencista) e Ana Isabel de Souza Leão Andrade (da ALANE-PB).  
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Também nos Jardins de Academos, o degas aqui com sua prima Isabel Castro, esposa de José Nêumanne Pinto, neta do lendário “coronel” sertanejo Dr. Ageu de Castro e filha de nosso colega de Colégio Diocesano em Patos (PB), Alexandre Tabajara de Castro, o Xandinho. [Clique na foto para ampliá-la]
OS 10 MANDAMENTOS DE NÊUMANNE PARA JOVENS AUTORES
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PARA NEÓFITOS NA VIDA LITERÁRIA, ESCRITORES DE PRIMEIRA VIAGEM, AUTORES SEM-EDITORA ET ALII, O DECÁLOGO DE JOSÉ NÊUMANNE PINTO

Evandro da Nóbrega,
escritor, jornalista, editor
[druzz.judiciario@gmail.com]



Na semana que antecedeu a quinta-feira, 11 de dezembro de 2014, anunciamos — tanto aqui, no Blogger, quanto no Facebook — que, nessa data, o notável escritor, jornalista, poeta e acadêmico José Nêumanne Pinto, como convidado, pronunciaria conferência especial no sarau comemorativo do primeiro ano de existência do grupo literário Sol das Letras, liderado pelos escritores Juca Pontes, Hélder Moura e outros.

Como previsto, a palestra de José Nêumanne foi mais que um sucesso: foi um arraso, não apenas por seu belo, inteligente e informativo conteúdo, mas também pela qualidade do público que lotou completamente os Jardins de Academos — vale dizer, a parte externa do prédio da Academia Paraibana de Letras, bem no centro histórico da capital, sob aquele epíteto idealizada pelos saudosos acadêmicos-presidentes Joacil de Britto Pereira e Luiz Augusto Crispim (Lula Crispim para Nêumanne e muita gente boa mais).

Ao final da conferência, José Nêumanne — que chegara ao local acompanhado de sua musa inspiradora, a doutoranda Isabel Castro (Musisabel, na intimidade) — respondeu, com sua habitual desenvoltura, às diversas questões que lhe iam sendo apresentadas pela seleta audiência. E viu-se depois homenageado por grande número de amigos e admiradores com um jantar regado a vinhos no Videira Enogastronomia, excelente restaurante do bairro de Manaíra.

A ÍNTEGRA DA PALESTRA
Temos a satisfação de apresentar, logo abaixo, a ÍNTEGRA (revisada pelo Autor!) da conferência lida naquela noite por José Nêumanne Pinto. E, nesta oportuna publicação, há duas vantagens:

1) se Você esteve lá, pessoalmente, na APL, no dia 11, ouvindo ao vivo a palestra, tem nova oportunidade de rememorá-la de uma ponta à outra; e

2) se perdeu a conferência de Nêumanne, não tem problema: Você a lerá agora, inteirinha, do jeito que o Autor a apresentou para quase duas centenas de ouvintes.

Sem mais delongas ou nhém-nhém-nhés adicionais, vamos, portanto, ao que interessa: o decálogo que Nêumanne, com total conhecimento de causa, elaborou para os escritores neófitos daqui e de alhures. Em tempo: este mesmo texto encontra-se, também on line, na Estação José Nêumanne - Poesia, Jornalismo, Literatura, a partir do URL http://neumanne.com/

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Os dez mandamentos para
um escritor iniciante no Brasil

por José Nêumanne Pinto,
escritor, jornalista, poeta, acadêmico.


1 – O primeiro mandamento é recusar a mediocridade, pois para escrever bem é preciso ter tolerância zero para o erro.

Conheci o prazer de fruir a boa literatura antes de aprender a ler. Minha mãe dizia de cor poemas nas noites escuras e quentes do sertão na calçada da casa onde morávamos em Uiraúna. Ali travei contato com Augusto dos Anjos, Jansen Filho, Casimiro de Abreu e, principalmente, Antônio Frederico de Castro Alves, os favoritos dela. Na primeira infância, me arrisquei a escrever logo depois de me ter iniciado no prazer da leitura. Foi aí que percebi que para escrever bem é preciso ler o máximo possível. Mas, de preferência, só ler coisas boas. A má leitura é nociva à boa escrita. O primeiro duro desafio para o autor iniciante é separar o joio do trigo. Certa vez, em Buenos Aires, o genial ficcionista portenho Jorge Luis Borges me disse que a imprensa é uma desgraça da humanidade, pois bom mesmo era o tempo dos papiros, pergaminhos e dos palimpsestos (principalmente neste caso, pois um texto teria de superar o outro para ser inscrito em cima dele), quando reproduzir a escrita dava muito trabalho, não era mecânica, como passou a ser por causa do prelo. Um dos escritores favoritos de Borges, o britânico Chesterton, escrevia muito para jornais, mas dizia que quando desejava saber do que se passava na humanidade lia a Bíblia.

Os grandes escritores acabam por adquirir autonomia para o exercício seletivo do livre arbítrio em meio à profusão de publicações que a indústria editorial oferece. Cada dia fica mais fácil reproduzir escritos e cada dia mais proliferam textos ruins, que os autores praticamente impõem aos editores e estes aos leitores. Qual terá sido o efeito disso na enorme oferta de livros pela indústria editorial e na queda de qualidade? O grande poeta paraense Ruy Barata dizia nos “botecos literários” de Belém: “Uma livraria tem um poder enorme; para o bem ou para o mal. Sua vida inteira pode depender da escolha que, dentro dela, você vier a fazer”.

Ou seja, o autor iniciante precisa ser vacinado contra a pior das pragas literárias, a contaminação da mediocridade. A mediocridade é ostensiva, exibicionista e tirânica. O medíocre não se contenta em sê-lo. Ele quer ter cúmplices. Danou-se: senti-me incorporando Nelson Rodrigues ao lhes afirmar isso. Mas voltemos ao rés do chão. Eu tenho fama de ser malvado e até grosseiro, mas até hoje nunca tive coragem de rejeitar de cara um livro ruim que me oferecem. Minha mãe ficava furiosa com minha mania de corrigir os erros de português da conversa de suas amigas. Talvez por isso, sinto certa dificuldade até para não por na estante a má obra, capaz de contaminar as melhores na minha biblioteca.

No avião, vindo para cá, prometi a Isabel que vou jogar fora todos os livros medíocres em nossa casa. Vai ser uma limpeza e tanto. Neste particular, há o que chamo de ponto de corte, como se estivesse corrigindo uma prova de vestibular: é o erro gramatical. Já recebi livro com erro gramatical no título, na capa. Vou continuar recebendo, mas não guardarei mais. Um escritor que comete erro gramatical é como se fosse um mecânico que não sabe como funciona o motor nem para que serve o combustível. Para a mediocridade a tolerância tem que ser zero.

2 – O segundo mandamento é vencer a maldição da fuga do profeta.

Um de meus textos favoritos é o Sermão da Sexagésima, do padre Antônio Vieira. Nele o grande pregador diz que há dois tipos de sacerdotes, os párocos e os missionários. É uma lição de vida. Ao contrário do que reza o ditado, o profeta pode, sim, ser ouvido em sua terra. Márcia Lígia Guidin, da Miró Editorial, me pediu para lhes contar que o bom escritor não precisa sair de sua cidade para publicar. Concordo com ela. Marisa Lajolo (pesquisadora, assessora do prêmio Jabuti e autora de Do mundo da leitura para a leitura do mundo) e a vida lhe dão razão: Waldemar Solha mora em João Pessoa e mantém a alta qualidade de seus textos de crítica e ficção. Relato de Prócula, editado originalmente na Girafa, uma editora da qual fui sócio, é um exemplo. O poeta amazonense Aníbal Beça nunca saiu de Manaus, é pouco conhecido no resto do Brasil, mas famosíssimo no Caribe. Assim também ficaram em Belém os magníficos poetas João Jesus de Paes Loureiro, Pedro Galvão e Ruy Barata, que ciceroneou uma visita de Elizabeth Bishop à Amazônia e isso está registrado nas cartas dela.

Socorro Acioly, 39 anos, nascida em Fortaleza, que estreou com O pipoqueiro João, publicado pela editora Nação Cariry, quando ela tinha 8 anos, não precisou sair de Fortaleza para ganhar com seu livro Ela tem olhos de céu, o prêmio Jabuti de Literatura Infantil de 2013. Outro exemplo em Fortaleza é o da editora Tupynankin, do cordelista Klevisson Viana. Moram em Recife o médico cearense Ronaldo Correia de Brito, autor de Galiléia, Prêmio São Paulo de literatura, editado pela Cosac & Naif, a mais chique editora brasileira; o historiador Frederico Pernambucano de Melo, que escreveu Guerreiros do sol; e a psicanalista Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque, autora do primoroso romance Luz do Abismo, os dois últimos editados por mim na Girafa.  Everardo Norões, que nasceu no Crato e viveu na França, Argélia e Moçambique, agora foi publicado pela Confraria do Vento, que tem Karla Melo como editora, em Recife, e venceu o prêmio Jabuti de Conto e Crônica com a coletânea Entre moscas, superando Antônio Prata e outros cronistas de grandes jornais. O poeta Mário Quintana nunca saiu do Rio Grande do Sul nem o folclorista Câmara Cascudo do Rio Grande do Norte. Dalton Trevisan ganhou fama internacional morando em Curitiba. O poeta Manoel de Barros morreu há pouco tendo passado a vida inteira em seu Mato Grosso natal. Muita gente na província tende a encarar o avião para o Sudeste como o caminho da salvação. Este é “um ledo e ivo engano”, como diziam antigamente os gozadores bem informados na Praça do Rotary, na Campina Grande de minha adolescência.

3 – O terceiro mandamento é não se desesperar com as tentativas malogradas de convencer um editor de sua genialidade ignota.

Chegamos agora ao desafio da estreia. Primeiramente, não se apresse, pois não há limite de idade. Ana Luisa Escorel, paulistana, 70 anos, filha da professora Gilda e de Antonio Candido de Melo e Souza, o mais venerado crítico literário brasileiro, venceu o Prêmio São Paulo de 2014, o de maior valor monetário, com o romance Anel de vidro, ao lado de Verônica Stigger, gaúcha, de 41 anos, estreante, com Opisanie swiata (Cosac & Naif), título que supera em complexidade A intertextualidade das formas simples, de nossa amiga Betinha Marinheiro.

Wander Soares, que dirigiu a Saraiva, me pediu que contasse a vocês que há dois meios de editar um livro no Brasil hoje: a autopublicação e a maratona da aprovação por uma editora estabelecida, não necessariamente no Sudeste ou no Sul. A primeira pode ocorrer de duas maneiras: assumir a missão de imprimir e vender ou pagar para um profissional fazer isso. Há editores que por dinheiro fazem qualquer negócio. Outros, não: exigem qualidade. Lembro-me de um jantar com meu saudoso amigo Luiz Augusto Crispim no qual ele me contou que, sendo um autor bem vendido de compêndios na área jurídica na Saraiva, teria de financiar a própria edição de livro de poesia ou ficção desde que, primeiro, passasse pelo crivo de qualidade do grupo editorial. Ele tinha que apresentar um bom livro e pagar por sua edição. Assim também agia o badalado editor Massao Ohno, que pontificou em São Paulo nos anos 60 e 70. Mas há também editores que, tendo a edição paga, editam qualquer coisa.

A maratona é dura e exige paciência. Mande o texto para um editor e saiba que só terá noção do destino dele se aquele editor resolver publicá-lo. Receber o texto recusado de volta, nem pensar. Custa caro. E muito editor nem o lerá. Mais fácil será jogá-lo no lixo. Mas nunca perca a esperança. Faça cópias e mande para outros. Se não conseguir furar o bloqueio, que não é fácil, poderá optar também pela nova opção do livro editado por internet. Muita gente tem apelado para isso com êxito. Não há mais editores como José Olympio, que publicou tudo o que os grandes autores brasileiros, que frequentavam sua livraria no centro do Rio, escreviam. Nem como Ênio Silveira, que se tornou um ícone da resistência de esquerda à ditadura militar na Civilização Brasileira, cujos livros eu lia sofregamente à época de minha adolescência em Campina Grande, comprando-os na Livraria Pedrosa. Aliás, não há mais Livraria Pedrosa. Nem a Livraria Teixeira na rua Marconi, no centro de São Paulo, que eu costumava frequentar nos anos 70 ao lado do poeta Ronaldo Cunha Lima, que trabalhava no Banco Industrial de Campina Grande, no mesmo quarteirão. Agora as livrarias são shopping centers que vendem de tudo, também às vezes livros.

Sou rato de livraria desde a infância e agora tive de me acostumar a um novo hábito: mesmo diante de estantes cheias, nunca encontro o livro que procuro, como encontrava antes. Agora tenho de encomendá-lo. Qualquer livraria, salvo raras exceções, só vende o que lhe é pedido. Nem assim, tem compra firme nem o livro é faturado. Quando fui editor na Girafa, começou o hábito da consignação. Agora sem consignação não há salvação. O editor só conseguirá entregar o livro se o receber de volta se não vender. E mesmo que venda muito, ele não fatura a reposição, mas põe em consignação. É o novo jeito de fazer negócio.

Ainda segundo Wander Soares, que dá consultoria a grandes editores, há duas novidades mais hoje em dia. A primeira é a globalização. Cada vez mais mandam no mercado editorial brasileiro as multinacionais, principalmente europeias, mas também americanas. E a globalização tem mão inversa: agora o editor brasileiro aposta no mercado externo. De modo geral, ele ainda sonha com a publicação de um autor que lhe reserve um lugar na história da literatura. Mas isso é cada vez mais raro. O livro é cada vez mais um negócio globalizado. Por isso, não se usa mais a palavra “originais”. Hoje está na moda o projeto. Você apresenta um projeto, o editor faz o cálculo se pode ser lucrativo ou se ao menos paga as despesas. E aí pode decidir a seu favor. Ou não. Feiras de livro como a de Frankfurt, na Alemanha, são vitrines poderosas neste novo negócio globalizado.

A figura do editor, que acompanha o autor, aconselha, de certa forma e influi, até corrige textos, como fazem Pedro Paulo de Sena Madureira, que está fora do mercado no momento, e seu discípulo José Mário Pereira, da Topbooks, que editou meu último livro, O que sei de Lula, é cada vez mais rara. Hoje predomina o publisher, o profissional que faz negócio com o livro. Uma coisa, contudo, não mudou: o assessor, como Wander, ainda aponta, indica, influi. Este é capaz de ler as primeiras cinco páginas, quando muito, de umprojeto e saber se vale a pena continuar, ou não. Ou seja, mesmo nesta época da cultura de massa, da globalização das grandes editoras (espanholas, italianas, inglesas, americanas, etc.), o livro ainda tem a importância que tinha no passado, a despeito das mudanças de rota.

Meu editor e amigo José Mário Pereira, que é sócio da mulher, Christine Ajuz, que trabalhou comigo no Jornal do Brasil, é otimista em relação à sobrevivência do livro como suporte de conteúdo. Ele me mandou uma mensagem respondendo a algumas perguntas a respeito do tema e nela me escreveu:
“Mesmo diante dos vaticínios tempestuosos de alguns, que dizem que o livro no seu formato tradicional logo vai acabar, nunca se imprimiu tanto. Mesmo os que se valem de instrumentos eletrônicos para ter acesso a certos livros acabam por comprar também o livro em papel. Há estatísticas que comprovam esse fato. Mesmo como a facilidade de se obter informação pela televisão e pelo computador, o livro continua sendo o meio mais eficaz de apreensão e fixação do conhecimento. As grandes bibliotecas do mundo todo continuam a comprar livros, embora estejam preocupadas também em digitalizar o seu acervo. Nos Estados Unidos, por exemplo, compra-se tudo que se publica no Brasil. As bibliotecas americanas disponibilizam para o pesquisador livros brasileiros raros, que aqui se demora a localizar em nossas melhores bibliotecas. Wilson Martins costumava dizer que só escreveu a História da inteligência brasileira porque o fez nos Estados Unidos, onde era fácil pesquisar e o sistema de empréstimo entre bibliotecas realmente funcionava.

Zé Mário tem razão. O Sindicato Nacional dos Editores (Snel) e a Câmara Brasileira do Livro (CBL) costumam encomendar pesquisas sérias sobre o desempenho e a expansão do nosso mercado livreiro e, ao que tudo indica, a indústria editorial brasileira passa por um período de grande vitalidade. São muitas as feiras editoriais que se realizam pelo país afora, a começar pela Bienal do Livro, e, ao que se sabe, o resultado final tem deixado contente o mercado. Essas feiras ainda ajudam a democratizar o livro junto às classes menos favorecidas, pois nelas muitos livros são vendidos com descontos que estimulam a compra.

De acordo com a pesquisa bastante confiável da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores e Livreiros (Snel), conforme me informou Cristina Lima, da Câmara, em 2013 foram vendidos no Brasil 279 milhões e 660 mil exemplares de livros - 4,13% mais do que os 278 milhões e 560 mil vendidos em 2012. Deste total o governo comprou 200 milhões e 300 mil em 2013, um número bem maior do que os 166 milhões e 350 mil comprados em 2012. O faturamento total - considerando vendas ao governo, em livrarias ou por outros métodos - foi de R$ 5 bilhões e 350 mil em 2013, um aumento real de 1,52% em relação ao apurado em 2012, considerando-se o IPVA de 5,91%. E o preço real de capa aumentou 1,7% de 2012 para 2013.

Convenhamos que não é um mau resultado, mesmo se se considerar que o perfil desse crescimento não foi alentador, pois mostra o declínio de obras de qualidade e o constante aumento da produção de livros religiosos, de autoajuda e didáticos. Neste último o crescimento, mesmo tímido, se deve quase todo aos programas de compra e distribuição de livros do governo federal, que é o maior comprador das editoras no País e um dos maiores do mundo, só perdendo neste particular no mundo para o México.

4 – O quarto mandamento é perseverar, pois ainda é possível um autor desconhecido publicar seu livro.

Antes de abordar este quarto mandamento, contar-lhes-ei três histórias clássicas de descobertas de autores que se consagraram.

O poeta e banqueiro Augusto Frederico Schmidt descobriu Graciliano Ramos lendo no Diário Oficial a prestação de contas dele como prefeito de Palmeira dos Índios. O poeta achou o texto bem escrito e tratou de escrever ao prefeito alagoano para dizer que, se tivesse algum romance na gaveta, o enviasse para ele ler. Foi aí que resolveu editar Caetés, livro de estreia do mestre Graça.

Nos anos 50 o jornalista alagoano Audálio Dantas fazia uma reportagem para a Folha de S.Paulo na favela do Canindé em São Paulo quando conheceu Maria Carolina de Jesus, que lhe mostrou anotações em papéis amarfanhados. Foram o ponto de partida para Quarto de despejo, um dos livros de maior sucesso no Brasil em todos os tempos.

Adélia Prado mandou sua obra poética para Carlos Drummond de Andrade. O poeta a leu e ficou fascinado. Chamou seu amigo e exegeta Affonso Romano de Sant’Anna e os dois procuraram Pedro Paulo de Sena Madureira, editor à época da badaladíssima Nova Fronteira, de Carlos Lacerda. O livro foi publicado com texto introdutório da ensaísta Margarida Salomão. A noite de autógrafos foi uma das mais concorridas à época. Até Juscelino Kubitschek compareceu. Adélia ainda faz tanto sucesso que dia destes participei de um público entusiasmado que a ouviu e aplaudiu no enorme teatro do TUCA, lotado, em São Paulo. Negando a teoria de que o profeta tem de sair de sua terra para ser ouvido, até hoje Adélia mora em Divinópolis e só sai de lá para ser ouvida e aplaudida no mundo inteiro, mas depois volta ao interior de Minas, onde nasceu e vive.

Raimundo Gadelha acha impossível que estas histórias se repitam hoje em dia. Segundo ele, somente se houvesse uma “trama mirabolante” de uma instituição com poder para tal e de olho nos desdobramentos (financeiros, principalmente) de que, a médio e longo prazos, poderia se beneficiar. Márcia Lígia Guidin, da Miró, que acaba de editar o excelente romance O incrível testamento de Dom Agápito, de Helder Moura, lançado originalmente pela Chiado, editora portuguesa, discorda dele: “Creio que estes casos podem acontecer de novo, embora seja mais difícil encontrar padrinhos suficientes, de vez que há escritores demais”, disse-me ela.
  
5 – O quinto mandamento reza que o autor iniciante precisa estar atento para aproveitar as oportunidades que aparecem.

Este foi o meu caso. Sempre fiz sucesso como jornalista, mas tudo o que eu queria era ser reconhecido como literato. Embora nunca tenha misturado uma coisa com outra, até porque estas coisas não se misturam, nunca tive vergonha de usar o poder conquistado no jornal para abrir espaço no universo das letras.

Aos 30 e poucos anos, eu era secretário de redação do poderoso Jornal do Brasil no Rio e procurei Pedro Paulo de Sena Madureira, com quem eu tinha trabalhado em 1969 na Editorial Bruguera em Olaria, em pleno vapor na Nova Fronteira, para editar um livro de poesia, Os solos do silêncio, prefaciado pelo respeitado poeta, crítico e tradutor José Paulo Paes. Pedro aprovou o livro, mas saiu da Nova Fronteira depois de brigar com Sérgio Lacerda, filho do ex-governador e herdeiro da editora. Sérgio escreveu para meu patrão, Nascimento Brito, insinuando que eu teria um caso homossexual com o ex-editor dele. No fim, para evitar confusão, o livro foi editado pela Secretaria de Cultura da Paraíba no governo Milton Cabral. O secretário era Lula Crispim. E o governador, ao receber o exemplar autografado das mãos de meu pai, balançou-o no ar, como se fosse um bezerro para pesar, e reclamou que era fino e leve demais para ter algum valor.

Meu primeiro grande sucesso foi a cobertura que fiz como editor de política do Estadão da campanha presidencial de 1989 e foi editado por Pedro Paulo na Siciliano. O resultado, o livro Atrás do Palanque, passou seis meses na lista de dez mais vendidos da revista Veja. Isso e mais o prêmio Senador José Ermírio de Moraes da Academia Brasileira de Letras de 2005, que ganhei com o romance O silêncio do delator, considerado o melhor livro de 2004, me garantiram recepção razoável de editores para meus livros, já perfazendo hoje um total de uma dúzia.

Nem tudo o que aconteceu comigo acontecerá automaticamente com qualquer outro iniciante. Mas meu exemplo serve para mostrar que um bom trabalho no jornalismo ou em publicidade pode favorecer o escritor a realizar seu sonho de estrear no mercado livreiro.

Neste sentido, Zé Mário me pediu que lhes contasse que, como aconteceu comigo, hoje muitos autores são descobertos devido à atuação profissional deles na imprensa, na internet ou na televisão. É o caso da atriz Fernanda Torres, por exemplo, cujo romance de estreia, Fim, vendeu mais de cem mil exemplares e agora está sendo lançado em várias línguas. Gregório Duvivier, que  virou bestseller, Daniel Galera, autor de grande fortuna crítica, e outros de que se fala muito agora foram descobertos via presença na mídia, e não porque procuraram, como se fazia tradicionalmente, uma editora ou um editor.

6 – Nem tudo está perdido para quem tem fé, talento e força de vontade – este é o sexto mandamento.

Para autores nunca publicados episódios similares ao da corrente que revelou Adélia Prado – Drummond, Affonso, Pedro Paulo – são cada vez menos prováveis. Mas não impossíveis. Zé Mário garante que as editoras recebem e avaliam muitos originais, que agora também são encaminhados via internet de todo o Brasil e às vezes até de fora do País. O acesso ao mercado editorial se democratizou. É bom lembrar que muitos autores estão colocando seus textos na internet, às vezes livros inteiros. E nesse processo se tornam conhecidos, despertando o interesse das editoras quando se trata de obra de valor literário indiscutível.

 “Sim, é possível e até não é tão difícil assim”. O grande problema, segundo Raimundo Gadelha, da Escrituras, é o que fazer com isso, se este é um país que, além de ler muito pouco, tem uma população que, em condições normais de temperatura e pressão, cresceu “aprendendo a ler mal”. Além do mais, ainda conforme Gadelha, tornou-se quase insolúvel a questão da distribuição do livro no Brasil e no mundo. E ela se tem agravado depois de o livro ter passado a receber o mesmo tratamento dado à chamada fast food. Esgota-se cada vez mais a possibilidade de grandes e perenes obras. Em seu lugar ganha força a “leitura de rápido consumo” e, para os empresários das redes de livrarias, menos importa a qualidade do que um giro rápido pelos caixas.

Mas a boa literatura ainda tem seu lugar no mercado. Qualidade também ajuda a vender, embora não seja suficiente isoladamente.

7 – O sétimo mandamento é mandar textos para os inúmeros concursos literários existentes no País. Há que se informar sobre eles e se inscrever em todos quantos for possível fazê-lo.

Tais concursos hoje em dia podem ser uma boa fonte de renda (há prêmios bem suculentos, como o São Paulo de Literatura) para quem os vença. Além disso, eles servem realmente de peneira para que autores desconhecidos e de talento sejam publicados e, depois, façam sucesso. Ser desconhecido, vencer um concurso e ser publicado é, sem dúvida, o primeiro passo e representa uma conquista da maior importância. Mas voltamos ao velho problema da distribuição... Tirando o orgulho e a satisfação pessoal do autor, de que vale a editora publicar se a grande maioria das livrarias não aceita, mesmo em consignação, os livros?

Outro caminho é participar das feiras literárias. Sem elas a situação, certamente, estaria ainda pior, embora sejam cada vez  mais realizadas para o turismo do que para a cultura. Elas ajudam o escritor iniciante, porque dentro delas, ou na periferia delas, sempre se encontra espaço para divulgação do que está se produzindo de bom. Feiras no interior do País, por exemplo, ajudam a aproximar os bons escritores dos bons leitores e desse diálogo acaba se sabendo o que se produz de bom localmente.

8 – O oitavo mandamento é não se envergonhar de não conseguir viver de direitos autorais. Viver de direitos autorais é ainda mais raro do que publicar um livro e até mesmo fazer sucesso com ele. Os direitos de meu livro Atrás do palanque, apesar do sucesso, não substituíam meu salário como jornalista.

A profissionalização é um desafio enorme para o estreante. No Brasil durante muitos anos Jorge Amado era o único escritor que podia viver confortavelmente de seu ofício. Hoje a situação melhorou um pouco. Há Paulo Coelho, conhecido internacionalmente. Tive a oportunidade de testemunhar filas dobrando o quarteirão para conseguir autógrafos dele em Paris. Fui muito amigo de Marcos Rey, que conseguiu isso. Dia destes Isabel e eu nos encontramos com a viúva dele, Palma Donato, num café de shopping, e ela não estava insatisfeita com a renda produzida pelos livros do autor de O enterro da cafetina e O último mamífero do Martinelli.

Lembro-me ainda de Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Antônio Torres e Fernando Moraes, que vivem de escrever. Ruy Castro também aceita entrar nesta lista, mas observa: “Eu que não escreva para jornais para ver se o rendimento dos livros chega para as despesas...” Restrinjo a lista aos literatos, porque sabemos que os autores de livros religiosos, didáticos e de autoajuda vendem o suficiente para viver bem. Além de autores de livros polêmicos em nosso conturbado ambiente político - caso de Assassinato de reputações, do delegado Romeu Tuma Jr, meu velho amigo e grande sucesso nos perfis sociais.

Mas o escritor estreante não deveria, a meu ver, sonhar tanto com isso. A profissionalização é a loteria dos que já ganharam outra loteria. Nossa tradição não privilegia o escritor profissional. Temos geniais amadores de que nos orgulhar. Machado de Assis era funcionário público, como o era Drummond, e Joaquim Nabuco, diplomata, como João Cabral de Mello Neto, e político, como José Américo de Almeida, o melhor texto da Paraíba. Por falar em paraibano, Augusto dos Anjos, meu patrono nesta casa, foi mestre-escola no interior de Minas, tendo sido, portanto, colega de ofício de Isabel, minha mulher. José Lins do Rego era promotor. João Guimarães Rosa, médico e diplomata. Ariano Suassuna era professor universitário. E por aí afora. Um grande escritor não terá de ser um profissional de ofício. Os exemplos de gênios amadores provam isso.

9 – O nono mandamento é nada esperar da crítica literária publicada nos meios de comunicação.

Não poderia terminar estas palavras para abrir nosso papo sem lamentar a extinção da crítica literária nos meios de comunicação - e particularmente na imprensa, na qual milito. Antigamente todos os bons jornais tinham o seu crítico literário de plantão e o seu suplemento literário. Antônio Olinto escreveu durante anos a fio a coluna Porta de livraria no Globo do Rio. Álvaro Lins, Antonio Candido, Agripino Grieco, Afonso Arinos de Melo Franco, Augusto Frederico Schmidt e José Guilherme Merquior escreveram muito em jornal. Este último, por exemplo, estreou no famoso Suplemento dominical do Jornal do Brasil. A época dos grandes suplementos foi gloriosa para a nossa literatura.

Havia também revistas como a Senhor, na qual Merquior também escreveu, ao lado de Ferreira Gullar, Paulo Francis e Ruy Castro. Hoje temos o Rascunho e a Piauí, mas os grandes jornais reduziram muito o espaço para livros. Adotou-se há muito a resenha, quase sempre mais informativa do que analítica. Este, infelizmente, é um fenômeno quase internacional, apesar da perenidade de jornais culturais do nível do New York Review of Books, nos Estados Unidos, onde escreveu Edmund Wilson, e os ingleses London Review of Books e Times Literary Supplement.

Hoje nos limitamos à crítica acadêmica. E nem sempre ela tem sido de boa ajuda, embora ainda seja o último baluarte, ou balaústre, como diria meu amigo Bob Coutinho, dono do restaurante Plataforma Grill, em São Paulo, da tentativa de informar o público sobre o que se faz de bom na literatura brasileira.

Preciso aqui abrir parênteses nesta edição por escrito de minha palestra para preencher uma lacuna da qual fui alertado pelo colega escritor e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia, Aleilton Fonseca. Sou velho amigo e fã de Aleilton, que foi o autor de uma das melhores resenhas sobre meu romance premiado pela ABL O silêncio do delator, fazendo parelha com gente como Wilson Martins, Ledo Ivo e Bráulio Tavares. Não tenho sequer diploma universitário, et pour cause, nenhuma vivência acadêmica. Passou-me, por isso, despercebida a lacuna percebida por Aleilton após ler, como muitos outros amigos meus, a versão do texto que li na APL. Peço, pois, vênia a ele e a meus leitores para citar parte de sua mensagem encaminhada por e-mail:

“Faltou um mandamento que falasse da via universitária e escolar para escritores que existem e são correntes nesse nicho. É um espaço de leitura, crítica e estudos quase invisível, mas importantíssimo, porque constrói reputações e memórias em jovens - que no futuro repercutirão o nome e as obras dos autores agora lidos e estudados. Eu - como autor -praticamente só existo nesse nicho”, escreveu ele, que se considera “parte do grupo de autores que - embora invisíveis na imprensa literária – são reconhecidos dentro de escolas e universidades, como tema de estudos, artigos e trabalhos de grupo, sendo convidados como palestrantes”.

A obra de Aleilton é tema de dissertações de mestrado até no Paraná. Já foi estudada na França, na Alemanha, no Canadá e no Paraguai. Ele tem textos publicados em cinco línguas e livros editados na França, Bélgica e Canadá e inspirou tese de doutorado na UFBA.  Seus livros são adotados em várias escolas e seus textos, utilizados em cursos de pós-graduação. Há três anos, um livro seu cai no vestibular da UNEB, na Bahia.  Fez palestras como escritor em cinco universidades francesas - Sorbonne, Nanterre, Toulouse, Rennes e Nantes. Como escritor foi à Hungria e em 2015 irá à Itália, Portugal, Espanha e França. Seu livro Les marques du feu foi adotado no Lycée des Arènes, em Toulouse, onde os alunos fizeram uma exposição de arte (escultura, pintura, gravura, video, quadrinhos etc), tudo baseado nos contos dele.

O depoimento de meu amigo baiano, a meu ver, entrou como uma luva neste texto, depois de feito, lido e analisado por muitos amigos, que funcionam como uma espécie de rede de proteção neste salto de trapézio, formando, como brinca Isabel, minha rede social pessoal e intransferível, ao modelo da adotada também por Evandro da Nóbrega, para quem “Nóbrega burro é como baiano burro: nasce morto”.

Em situação similar à de Aleilton, este amigo ainda me fez o favor de relacionar os colegas Francisco Dantas, romancista de Sergipe, que, embora editado pela Companhia das Letras anos atrás, foi relegado a segundo plano, porque não teve boas vendas, dizem, mas ainda é muito estudado por acadêmicos; Carlos Ribeiro, de 56 anos, romancista baiano, contista, jornalista, professor da UFRB, com várias obras, estudado em mestrado e em doutorado; Aramis Ribeiro Costa, de 64 anos, romancista e contista fabuloso e hoje presidente da Academia de Letras da Bahia; Antonio Brasileiro e  Roberval Pereyr, poetas de Feira de Santana, Bahia, ambos  muito  estudados e adotados nas universidades locais, com vários livros publicados e alguns prêmios.

Na mesma situação são ainda encontrados na velha São Salvador meu antigo colega no Jornal do Brasil Florisvaldo Mattos, Myriam Fraga, na opinião de Aleilton, e não tenho como duvidar dele, “esplêndida, talvez a melhor poeta mulher do Brasil atual”, Luís Antônio Cajazeira Ramos, Gláucia Lemos e Fernando da Rocha Peres. Ele chamou atenção também para Claudio Aguiar, pernambucano, atual presidente do Pen Clube, com romances importantes e sem a devida atenção; Iacyr Anderson Freitas, poeta de Juiz de Fora, Minas Gerais; e Evaldo Balbino, outro mineirinho, da UFMG, contista, poeta e ensaísta, que recebeu alguns prêmios.

Cito ainda entre escritores que fazem sucesso acadêmico, mas não furaram a muralha que protege a elite literária nacional, o poeta cearense Adriano Espínola, meu companheiro de saraus de sábado na Livraria da Travessa, de Ipanema. E, last but not least, Aleilton relacionou Rinaldo de Fernandes, maranhense radicado na Paraíba, professor da UFPB, meu parceiro na organização da antologia Os cem melhores poetas brasileiros do século, editada em 2001 pela Geração Editorial, de São Paulo. Rinaldo está no meio termo: como crítico e ficcionista é celebrado na academia. Como autor de antologias, já conquistou um lugar ao sol no mercado livreiro. Chico Buarque do Brasil, que inclui um poema meu, chegou a ficar entre os livros mais vendidos no caderno Ideias e Livros, do extinto Jornal do Brasil. Tanto num caso, o circuito acadêmico, quanto no outro, o círculo literário, sem sair do Nordeste, Rinaldo realizou seu sonho de adolescente: “Hoje, aonde eu chego encontro leitores, gente que conhece e lê o meu trabalho

10 – E chegamos, enfim, ao décimo mandamento: frequentar academias e tirar proveito do convívio dos acadêmicos ou de suas atividades.

Por último, permitam-me dedicar o último mandamento a esta nossa Casa de Coriolano de Medeiros. Acho que as academias, mesmo sendo muito enxovalhadas (como o foi a ABL pelo coleguinha Mário Sérgio Conti na Folha de S.Paulo, por ocasião da posse de Ferreira Gullar), cumprem um papel positivo para a divulgação da literatura e a criação de espaços para a manifestação dos escritores. Prefiro aqui apelar para o depoimento de meu último editor, José Mário Pereira, que me escreveu pontificando:

“A Academia Brasileira de Letras edita livros, promove vários seminários durante o ano, desenvolve intercâmbio com universidades estrangeiras e abre seus espaços à visitação do público. O Pen Club também tem se mostrado muito ativo. Idem a Academia Carioca de Letras, que acaba de empossar Martinho da Vila. Isso para lembrar o que acontece no Rio de Janeiro. E poderíamos citar ainda o exemplo de São Paulo, de Pernambuco, da Paraíba e de muitas outras instituições culturais espalhadas pelo País verdadeiramente comprometidas com a divulgação do que se produz de bom na literatura, nas artes, na música, no folclore, etc. Os jovens escritores têm sabido se reunir em blogs, via facebook, e esse entrosamento acaba resultando num melhor conhecimento do que está acontecendo com quem começa a escrever e tem interesse em ver divulgado o seu trabalho”.

Aqui ainda não chegamos a este ponto, mas apoio com entusiasmo a abertura que a Academia Paraibana de Letras está dando para os estudantes conhecerem seu funcionamento. E acredito que isso poderá no futuro contribuir para incentivar jovens e bons autores a produzir, publicar e se aprimorar.
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