Thursday, October 29, 2015

103 ANOS DE IDADE DE HERMOSA PEREIRA GÓIS SITÔNIO


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Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio, prestes a completar 103 anos de idade, no maior papo com o degas aqui, isto é, com o escriba que vos tecla — o qual, em compensação, às vésperas de completar 70 anos, tem "coincidentemente" 103 kg de peso. [Clique na foto para ampliá-la]

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A escritora, crítica da Cultura e professora doutora Maria Ângela Sitônio Wanderley, uma das três filhas de Dona Hermosa e Zacarias Sitônio, está hoje aposentada da UFPB, onde exerceu vários cargos importantes, inclusive o de Diretora do CCHLA - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. [Clique na foto para ampliá-la]

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Casamento realizado em 1900 e lá vai fumaça, na mui leal cidade de Princesa, durante reunião de partidários socialistas então atuantes no município; Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio está nesta foto — ficando com o leitor o não muito fácil desafio de apontar quem é ela, dentre as 14 personagens femininas enfocadas pelo autor do retrato. [Clique na foto para ampliá-la] 
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O poeta, cronista, escritor, acadêmico e jornalista Otávio Sitônio Pinto: primo de Dona Hermosa e sobrinho-neto do "coronel" princesense Zèpereira, escreveu inesquecível crônica-poema sobre ela — melhor, sobre como ela resistiu a tantas guerras nos séculos XX e XXI. [Clique na foto para ampliá-la]
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O "coronel" José Pereira Lima, chefe político de Princesa e mentor do movimento surgido em Princesa no ano de 1930. Era tio de Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio e tio-avô do poeta e escritor Otávio Sitônio Pinto. [Clique na foto para ampliá-la]
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DONA HERMOSA PEREIRA GÓIS SITÔNIO PRONTA PARA COMEMORAR, NO PRÓXIMO MÊS DE FEVEREIRO, SEUS 103 ANOS DE EXISTÊNCIA

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por Evandro da Nóbrega
[druzzevandro@gmail.com] 
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A foto principal desta página (a lá do topo mesmo!) mostra o degas aqui conversando com sua grande amiga Hermosa Pereira Góis Sitônio. Toda lépida e fagueira, lampeira e, claro, formosa, ela me comunicava estar em ai de completar os 103 anos de idade. Eu disse CENTO E TRÊS ANOS, ouviram?

É a castelhanamente formosa Hermosa mãe de outra diletíssima amiga-irmã deste escriba que vos tecla: a professora-doutora e grande intelectual paraibana Maria Ângela Sitônio Wanderley, conhecida como Mallanja na intimidade.

Também há uma foto da Mallanja nesta página, para que Vocês conjuguem a imagem da pessoa ao som do nome ou apelido.

Uma terceira foto desta página foi clicada na primeira metade do século passado, na cidade de Princesa (ainda não era Princesa Isabel) — e Dona Hermosa está no grupo fotografado. Desafio Você a dizer quem é ela, no retrato!...  

Família Princesense
E, sendo princesense da gema praticamente toda a família, é Dona Hermosa também viúva do grande político e administrador que foi Zacarias Sitônio, tabelião em Princesa (Isabel), depois Prefeito e finalmente deputado estadual por aquela região serrana dos Sertões paraibanos.

O venerável Zacarias Sitônio, homem de fibra com quem ainda tive a ventura de conviver por alguns anos, acordava para a vida, todas as madrugadas, muito antes de o Sol nascer — desconfio que para dispor de mais tempo de fazer o bem ao próximo antes que os vizinhos e demais amigos se dessem conta.

Da Grei dos Cardoso
Zacarias Sitônio era para ter também no nome completo o sobrenome Cardoso, mas com ele não foi registrado — o que não deixou de se constituir numa por assim dizer injustiça genealógica, vez que, de fato, descendia dessa importante família de Limoeiro (PE). E Limoeiro não deixa de pertencer à área de influência de Princesa Isabel.

Os Cardosos pululam na História de Pernambuco e na História da Paraíba. E não esquecer que tanto os Cardoso como os Cardozo têm sangue de cristãos-novos, seja aqui, seja em qualquer outra parte, inclusive nos Estados Unidos.

Cardozo e Cardoso
Internacionalmente, e neste particular dos Cardoso, a primeira pessoa de quem a gente se lembra é o Benjamin Nathan Cardozo, nascido em Nova York em 24 de maio de 1870 e falecido em Port Chester a 9 de julho de 1938. Benjamin Cardozo foi sucessivamente advogado,  jurista e um dos mais destacados juízes da Corte Suprema dos Estados Unidos, de 1932 até 1938 — isto é, até sua morte.

Aliás, esse Ben Cardozo (comprovado parente de Fernando Henrique Cardozo, perdão, Cardoso, como descendente de judeus sefarditas de extração lusitana) teve decisivo papel e superior influência, no Século XX, para o desenvolvimento do chamado "Direito Comum", a Common law norte-americana.

Common Law e Fotografias
Em tempo: a Common Law é o Direito que evolveu em determinadas nações por intermédio de decisões tomadas por tribunais e não pela via de atos do Legislativo ou do Executivo. É sistemática diversa da utilizada em nações de tradição latina e não anglo-americana, como o Brasil, que adota as orientações do Direito romano-germânico, com preponderância de atos provindos do Legislativo.

Agora, voltando ao tema principal da página: se Você atentar numa foto do juiz Benjamin Cardozo e, depois, der uma boa olhada num retrato de Zacarias Sitônio, vai pensar que os dois eram irmãos, tal a semelhança física.

Na Casa de Luiz Nunes
A dama com quem Zacarias Sitônio se casou foi justamente aquela que serve de Leitmotiv a esta página e que, au grand complet, ostenta o belo nome de Hermosa Pereira Góis Sitônio.

Fui reencontrá-la semana passada, mais propriamente no dia 24 do corrente mês de outubro de 2015, na recepção pelos 80 anos de nascimento da Sra. Bernadeth (Berna), esposa do Dr. Luiz Nunes Alves — que é o mesmo que dizer o poeta Severino Sertanejo (Luiz Nunes Nunes no Facebook).

E o Degas Com 103 Quilos
A amiga Dona Hermosa, minha leitora desde a década de 1960, está toda hermosa mesmo, na foto desta página.

Vejam as “coincidências” da vida.

Enquanto o sujeito que posa ao lado dela, no mesmo retrato, amarga a inconveniente circunstância de estar pesando nada menos que 103 kg, ela, Dona Hermosa, prepara-se — com bonomia e espírito leve e solto — para comemorar, como já sabe toda a imensa legião de meus seis leitores, os seus 103 anos de vida bem pensada e melhor vivida.

Será no próximo dia 9 de fevereiro de 2016.

E o degas aqui (que, com toda probabilidade, continuará com os 103 kg de peso corporal) terá feito no dia 15 de janeiro anterior, nada menos que 70 anos de existência — 55 dos quais inteiramente dedicados aos mais diversos aspectos da Cultura paraibana, do Jornalismo à Literatura, passando pelas Ciências e Artes.

Filhas de Zacarias e Hermosa
Com o amado Zacarias Sitônio, Dona Hermosa trouxe ao mundo três abençoadas filhas:

1) Marta Sitônio Coutinho, esposa de Cleanto Lemos Coutinho;

2) Maria Ângela Sitônio Wanderley (Mallanja), emérita professora da UFPB e operosíssima ex-diretora do CCHLA, além de viúva do saudoso psiquiatra e intelectual pessoense Marcos Alberto Peixoto Wanderley, um dos fundadores, com a esposa e amigos (inclusive o mecenas Odilon Ribeiro Coutinho e o crítico João Batista de Brito, do inesquecível Clube 604, cenáculo que discutia os principais problemas filosóficos, políticos e sociais da contemporaneidade; e

3) Berta Margarete Sitônio Souto, esposa de Manuel Souto Neto.

Marias ao Pé de Jesus
Outro princesense, o grande tribuno, poeta e intelectual Alcides Carneiro, amigo e hóspede habitual do casal Zacarias-Hermosa Sitônio, criou certa vez uma imagem e um símile bem adequado para descrever estas três irmãs.

À época, elas eram ainda umas meninotas. Balançando-se na acolhedora rede da varanda e tendo junto a si, no bem cuidado assoalho de lajes, as filhas de tão querido casal, exclamou o iluminado Alcides Carneiro:

— Parecem as três Marias fiando aos pés de Jesus...

Sete Netos e Dez Bisnetos
Estas três filhas (Marta, Maria Ângela e Berta Margarete) deram a Dona Hermosa e a Zacarias Sitônio, até agora, sete netos e 10 bisnetos. Sendo de Princesa Isabel e tendo Pereira nos sobrenomes, claro que Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio é parente do famoso líder princesense José Pereira Lima (Zèpereira).

Em verdade, é sua sobrinha — e se casou com um grande amigo dele, o já tantas vezes citado Zacarias Sitônio. E se o cito a torto e a direito é porque não me canso de dizer que Zacarias atuou, de início, como tabelião naquela brava urbe; depois, elegeu-se seu Prefeito, realizando memorável administração; e, por fim, firmou seu nome como respeitado parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado, representando toda a região de Princesa, São José de Princesa, Triunfo e outras cidades em que seu nome serve hoje para batizar ruas.

Mas Zacarias Sitônio não é nome de ruas em vão; é que, reconhecidamente, foi por muitos anos um grande parlamentar, um político de merecido destaque na vida pública de nosso Estado.

Hermosa e Sitônio Pinto
Gregos e troianos gostaram a não mais poder, gostaram mesmo pra caramba de um texto do escritor, poeta, jornalista, acadêmico da APL e prosador/estilista da maior categoria, Otávio Sitônio Pinto, primo de Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio.

O texto intitulou-se "As guerras passam, Hermosa fica" e foi publicado tanto na Imprensa convencional como na Internet, em fevereiro de 2014, quando a veneranda princesense completava 102 anos de idade.

Resumindo o que escreveu Sitônio Pinto no artigo-crônica, Dona Hermosa "sobreviveu à Guerra de 30, quando as tropas da Paraíba tentaram avançar contra Princesa".

Tio-Avô de Sitônio
O "coronel" José Pereira de Lima, chefe do movimento independentista de Princesa, era tio-avô de Otávio Sitônio Pinto, que do passado princesense resgata coisas desconhecidas dos próprios historiadores.

Por exemplo, o locomóvel de propriedade desse líder político, que "movia o gerador de energia elétrica da cidade", além de suas atribuições normais de máquina destinada a desfiar algodão e moer canas.

Em tempo: para os poucos que não sabem o que é um locomóvel (ou uma locomóvel), basta dizer que o termo pode ser um adjetivo de dois gêneros (com o sentido de "que pode mudar de lugar") ou um substantivo, geralmente usado no feminino, mas podendo também ser empregado como termo masculino ("uma máquina a vapor montada sobre rodas e capaz de produzir força motriz").

Hermosa Sobreviveu a Tudo
Mas, como diz ainda o cronista-poeta Otávio Sitônio Pinto, "voltando à Hermosa: ela sobreviveu à Guerra de 30 e à Guerra de 38”. [...]

— Quando soube que Hermosa era sobrinha do coronel Zèpereira, Lampião matou o gado da menina para se vingar da surra de Flores. Era o começo de sua derrocada. No Fogo de Flores, ele perdeu o olho direito (olho diretor do tiro) e um irmão [...] A prima Hermosa sobreviveu ainda à Primeira e à Segunda Guerras Mundiais, à Guerra da Coréia e à Guerra do Vietnã [...] Zacarias Sitônio, esposo de Hermosa, era quem sabia dessas histórias. Tinha fé, pois foi tabelião e prefeito do município [de Princesa]. [...] Um dia, Zacarias subiu a Serra do Gavião, ao norte da Eternidade, e levou a verdade no livro da alma...

[Se Você quer ler na íntegra este ou outros artigos de Otávio Sitônio Pinto, fará bem se visitar este link: http://www.giropb.com.br ou o site do jornal A UNIÃO]


"No mais, Hermosa está lúcida e saudável como sempre", como arremata o poeta Sitônio Pinto. E vamos nós também arrematar suscitando que, além do mais, Dona Hermosa pode até servir de prova e demonstração viva para a seguinte afirmativa: "Ler os escritos do veeeeelho Druzz de guerra faz muito bem. Vejam o exemplo de Dona Hermosa, sua fiel leitora desde a década de 1960 — e que continua não somente sua fã-leitora, como ostenta saúde de ferro"...

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Wednesday, October 28, 2015

AINDA O SESQUICENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO PRESIDENTE EPITÁCIO




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COMISSÃO DE NOTÁVEIS DEFINE ÚLTIMOS DETALHES DA QUARTA ETAPA DAS COMEMORAÇÕES PELOS 150 ANOS DE NASCIMENTO DE EPITÁCIO PESSOA


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por Evandro da Nóbrega
[druzzevandro@gmail.com]
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No sentido horário: o presidente do TJPB, desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque; o presidente do IHGP, historiador Joaquim Osterne Carneiro; o historiador e magistrado aposentado Humberto Cavalcanti de Mello; o historiador Evandro da Nóbrega, do IHGP; o Dr. Márcio Roberto Soares Ferreira, ex-secretário-geral do Tribunal de Justiça; e a desembargadora Fátima Bezerra Cavalcanti, presidente da Comissão de Cultura e Memória do Poder Judiciário do Estado da Paraíba. [Clique na foto para vê-la ampliada]
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O degas aqui (terceiro da esquerda para a direita, na fila de cima, na foto anexa) participou, neste dia 27 de outubro, de mais uma reunião da Comissão de Notáveis responsável pelas comemorações em torno do Sesquicentenário de Nascimento do ex-Presidente Epitácio Pessoa.

Tendo sido convocado pela presidente da Comissão de Cultura e Memória do Poder Judiciário do Estado da Paraíba, desembargadora Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti (vista na foto), este encontro foi dirigido pelo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque (à cabeceira da mesa de trabalhos).

OUTROS INTEGRANTES
Realizada na Sala Branca, anexa à Sala de Sessões do Tribunal Pleno, no andar térreo do Anexo Administrativo do Palácio da Justiça, a reunião teve por finalidade de não apenas examinar as solenidades já marcadas para o corrente ano, como definir outros eventos para o ano de 2016.

Estavam presentes ainda outros integrantes da Comissão de Notáveis, como o Dr. Márcio Roberto Soares Ferreira, ex-secretário-geral do TJPB; o presidente do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico Paraibano), Dr. Joaquim Osterne Carneiro; e o também historiador e ex-magistrado (juiz cassado pelo regime militar instituído em 1964) Humberto Cavalcanti de Melo, que, como Osterne e Evandro, igualmente integra os quadros do IHGP.

ASSOCIANDO-SE ÀS COMEMORAÇÕES
As comemorações em torno da passagem dos 150 anos de nascimento de Epitácio Pessoa estão se realizando por todo o ano de 2015, sob a batuta da Presidência do TJPB.

Reuniram-se ao Tribunal, nestes festejos, instituições como o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, a Assembleia Legislativa, a Fundação Espaço Cultural, a Orquestra Sinfônica da Paraíba e, "last, not least", a Academia Paraibana de Letras (sob o comando do presidente Damião Ramos Cavalcanti, também presidente da Fundação Casa de José Américo, da mesma forma solidária com esses festejos).

A QUARTA ETAPA
A Quarta Etapa das comemorações deste Sesquicentenário será realizada na manhã do próximo dia 6 de novembro, em João Pessoa, mais propriamente na Sala de Sessões "Desembargador Manoel Fonseca Xavier de Andrade", do Tribunal Pleno do TJPB, que se localiza no Anexo Administrativo do Palácio da Justiça.

O conferencista, desta vez, será o ministro Herman Benjamin, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), recém-empossado como ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em Brasília — e nascido na cidade de Catolé do Rocha (PB). Sua Excelência falará sobre o tema "Epitácio Pessoa: o jurista e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal)".

EM ALTO ESTILO
É a Comissão de Notáveis composta também pelos conselheiros Damião Ramos Cavalcanti e por um sobrinho-trineto de Epitácio, o Dr. Marcílio Toscano da Franca, este Procurador do Ministério Público junto ao TCE (Tribunal de Contas do Estado). E tal Comissão responsabiliza-se pela coordenação de todas as solenidades constantes da programação do Ano Judiciário do Sesquicentenário de Nascimento de Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa. Na reunião desta terça-feira, definiram-se os últimos detalhes da Quarta Etapa das referidas comemorações.

A presença dos membros da chamada "Comissão de Notáveis" é importante porque ela foi justamente instituída pela Presidência do TJPB com o intuito de que auxilie o Poder Judiciário a organizar as cinco Etapas em que se desenvolvem, no mais alto estilo, as comemorações alusivas ao 150 anos de nascimento do grande umbuzeirense, único paraibano até o momento a chegar à Presidência da República.

A PRIMEIRA ETAPA
Transcorreu a Primeira Etapa de tais eventos no dia 28 de maio, em dois momentos:

1) uma visita das autoridades e do público ao Museu e Cripta de Epitácio Pessoa, no subsolo do Palácio da Justiça e onde se encontram os restos mortais do Presidente Epitácio Pessoa e de sua esposa Mary Sayão Pessoa; e

2) uma conferência do historiador Humberto Cavalcanti de Mello sobre o tema “Epitácio Pessoa: o político e o estadista”.

A SEGUNDA ETAPA
A Segunda Etapa dos eventos realizou-se a 17 de julho próximo passado, na cidade de Umbuzeiro (PB), onde nasceu Epitácio Pessoa, realizando-se uma conferência proferida pelo professor Damião Ramos Cavalcanti em torno da biografia do homenageado.

Nessa data, ônibus, vans e veículos particulares levaram grande número de autoridades e convidados àquela cidade, registrando-se ainda a presença do embaixador Carlos Alberto Pessoa Pardellas, neto de Epitácio Pessoa.

A CIDADE DE UMBUZEIRO
Umbuzeiro, que se localiza justamente na Microrregião paraibana homônima, fica junto à divisa da Paraíba com o Estado de Pernambuco, mais exatamente com os municípios pernambucanos de Casinhas e Orobó.

Além de Epitácio Pessoa, lá nasceram seu sobrinho João Pessoa (governador da Paraíba assassinado em 1930) e o célebre jornalista Assis Chateaubriand (Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello), magnata da Imprensa brasileira e fundador dos Diários e Emissoras Associados.

TERCEIRA ETAPA
A Terceira Etapa das comemorações transcorreu no dia 6 de agosto próximo passado, no anfiteatro do Centro Cultural "Ariano Suassuna" do Tribunal de Contas do Estado, com a conferência do ministro Francisco Rezek, ex-presidente do STF.

Rezek abordou o tema “Epitácio Pessoa: o diplomata e o jurista da Corte Internacional de Haia”.

A QUINTA ETAPA
Sobre a Quarta Etapa, a ocorrer no dia 6 de novembro de 2015, já falamos no início deste texto. Resta abordar a Quinta e última Etapa, a realizar-se a partir das 19 h do dia 17 de dezembro, no Espaço Cultural "José Lins do Rego", onde irá acontecer um Concerto Associado da Orquestra Sinfônica da Paraíba. Será este o encerramento das comemorações em homenagem a Epitácio Pessoa — mesmo porque o TJPB entra em recesso no dia 20 seguinte, para somente voltar às atividades normais no dia 6 de janeiro de 2016.

Na oportunidade do encerramento, a presidente da Comissão de Cultura e Memória do Poder Judiciário, desembargadora Fátima Bezerra Cavalcanti, pretende entregar placas de agradecimento aos principais participantes dos cinco Etapas das comemorações.

PLAQUETTES E LIVRO
Já o presidente do TJPB, desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque (também integrante do IHGP e da Academia Paraibana de Letras), está patrocinando a publicação, sob a forma de plaquettes, de todos os pronunciamentos feitos durante as comemorações.

Ao final, tais pronunciamentos serão reunidos sob o formato de um livro, também para livre distribuição entre os interessados. O Tribunal também patrocinou a edição de um livro infanto-juvenil (mas também destinado aos adultos) com a vida de Epitácio Pessoa em quadrinhos.

QUEM FOI EPITÁCIO
Epitácio Pessoa nasceu em Umbuzeiro a 23 de maio de 1865 e presidiu o Brasil entre 1919 e 1922. Foi o oitavo presidente do país, desde a proclamação da República.
Além de integrar os três Poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo), da mesma forma como ocorreu com outro paraibano, o ministro Osvaldo Trigueiro de Albuquerque Melo (este nascido em Alagoa Grande), Epitácio foi também jurista de fama internacional e ainda diplomata. Nesta última condição, representou o Brasil durante a Conferência de Paz de Versalhes, em Paris, quando do término da Primeira Guerra Mundial. Foi, de fato, um grande paraibano, um grande brasileiro, um cidadão do mundo de superior expressão.
Seu Governo, na Presidência da República, foi marcado por revoltas militares e outras crises, mas não por sua culpa. Faleceu a 13 de fevereiro de 1942, em seu sítio no município de Petrópolis (RJ).

MUSEU E CRIPTA DE EPITÁCIO
Em 1965, quando do centenário de seu nascimento, o Governo da Paraíba e a Presidência do TJPB providenciaram o traslado de seus restos mortais (com os da esposa) para uma construção denominada Museu e Cripta, especialmente construída no subsolo do Palácio da Justiça para recebê-los.

Na recepção a seus despojos, que desembarcavam na Paraíba (vieram num navio especial da Marinha Brasileira), o notável tribuno Alcides Carneiro pronunciou um de seus mais afamados discursos, que assim começa: "Paraibanos, sentido!

"PARAIBANOS, SENTIDO!"
Pensa-se que o grande orador brasileiro Alcides Vieira Carneiro (que dá nome a uma das salas do Palácio da Justiça, na Praça João Pessoa ou Praça dos Três Poderes) inventou do nada esta frase ("Paraibanos, sentido!"). Aparentemente, no entanto, o tribuno-poeta Alcides Carneiro, homem de vasta cultura, estava apenas citando, propositalmente, uma expressão que, então, se encontrava mais ou menos viva na memória dos paraibanos.

Para esclarecer este ponto, cito aqui a nota de número 136 da mui interessante e documentadíssima dissertação de Mestrado do professor Jivago Correia Barbosa. Tal dissertação, fonte de marcantes informações históricas, intitula-se "Política e assistencialismo na Paraíba: o Governo de José Américo de Almeida (1951-1956)" e está disponível na Internet. Foi defendida em junho de 2012 junto ao Programa de Pós-Graduação em História do CCHLA (Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes) da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), na área de concentração em História e Cultura Histórica, e sob a orientação da Profa. Dra. Monique Guimarães Cittadino. Eis o que diz a longa e mui esclarecedora nota (e onde está a origem da expressão "Paraibanos, sentido!):

"O desempenho político de José Américo [de Almeida] sempre esteve indissoluvelmente ligado à figura de Vargas e, sobretudo, à era getuliana. Dessa forma, o único candidato a governador da Paraíba que poderia receber o apoio de Vargas indiscutivelmente só poderia ser um, José Américo. 

"Esse importante apoio, talvez o mais importante de todos, partiu do então Senador Getúlio Vargas — candidato do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) à presidência da República — quando esteve em campanha na Paraíba no dia 25 de agosto, numa quinta-feira, percorrendo as cidades de Sousa, Campina Grande e João Pessoa.

"Curiosamente antes da consolidação do nome de José Américo como candidato a Governador pela Coligação Democrática Paraibana, o seu nome havia sido indicado — como ele próprio afirma — ‘por intermédio de Danton Coelho e outros, para companheiro de chapa de Getúlio Vargas, como Vice-Presidente, lembrança que declinei’ (ALMEIDA, 1994, p. 109). 

"Evocando a luta encabeçada pelos dois durante a 'Revolução de 1930', o jornal O Rebate, da cidade de Campina Grande, estampou a confirmação da aliança entre os dois candidatos: 'Getúlio Vargas acaba de recomendar ao Eleitorado paraibano o nome de José Américo para Governador da Paraíba! Como em 1930, Getúlio Vargas e José Américo dão-se as mãos para a Divina Eucaristia da redenção do Brasil! Paraibanos, sentido! Por José Américo e Getúlio Vargas' (O Rebate, 19 de agosto de 1950, p. 01). 

"No mês de agosto, durante visita aos estados da Região Nordeste, Getúlio Vargas esteve no estado paraibano visitando a capital João Pessoa e Campina Grande. Nos dois grandes comícios que se realizaram a partir dessa visita, ele não só recomendava José Américo para governador, como também discursava a seu favor. '(...) O desejo de resolver o problema do Nordeste, prevalecendo sobre qualquer outro, foi um fator que me induziu a confiar a Pasta da Viação, onde sua personalidade se afirmou com relevo, ao Dr. José Américo de Almeida providencia, ao mesmo tempo, segura e metódica (LUNA, 2000, p. 66)'. 

"Interessante ressaltar que embora recebesse o apoio incondicional de Getúlio Vargas, José Américo não o retribuiu da mesma forma, não defendendo em nada a campanha varguista no seu estado. O PSD, que apoiou a campanha de José Américo na Paraíba, coligava-se à campanha de Cristiano Machado — candidato nacional do partido e adversário político de José Américo — para Presidente da República e esse teria sido o motivo pelo qual José Américo não firmara apoio à candidatura de Vargas. 'Eu sei que houve certas acusações de que eu (José Américo) não teria votado nele. Mas, apesar de Getúlio ter apoiado meu nome em praça pública, na Paraíba, nesse nosso encontro no Rio eu lhe disse: ‘Não posso ajudá-lo nessa eleição, porque me comprometi com o nome de Eduardo Gomes’ (CAMARGO, 1984, p. 332).

NA PRESIDÊNCIA ESPÍNOLA
Às páginas 103-104 de um dos livros de minha autoria (Evandro da Nóbrega, Doutor Chico Espínola, um homem simples e justo: Centenário de Nascimento do Desembargador Francisco Floriano da Nóbrega Espínola, Gráfica JB, João Pessoa, 2014), deponho sobre como ocorreu esse traslado de restos mortais, do Rio de Janeiro para a capital paraibana:

“[...Meu primo], o Dr. Márcio Roberto Soares Ferreira — parente, colega e amigo dos Nóbregas-Espínolas — estava mui frequentemente na acolhedora residência do Desembargador [Francisco] Espínola, à qual só de raro em raro eu ia, em virtude de minhas assoberbantes ocupações no jornal O Norte, na UFPB, no próprio TJPB.

“Mas, claro, nunca perdi o contato com a família do Desembargador Espínola, para quem tive a oportunidade de elaborar, já em maio seguinte, um folder especial sobre o traslado e inumação dos restos mortais do Presidente Epitácio Pessoa (1865-1942) e de sua esposa Mary Manso Sayão Pessoa para o Museu e Cripta de Epitácio Pessoa, dependências construídas na Gestão do próprio Desembargador-Presidente Francisco Espínola (Biênio 1964-1966) justamente para tal fim, sendo Governador o Dr. Pedro Moreno Gondim.

“Quando, em 1985, na Gestão do Desembargador-Presidente Rivando Bezerra Cavalcanti, o TJPB comemorou os 120 anos de nascimento de Epitácio Pessoa, aquele antigo folder nos serviu de modelo, a mim e à fotógrafa Germana Bronzeado (hoje Curadora dos Museus e Memoriais do Poder Judiciário estadual) para que se fizesse nova peça publicitária enfocando os eventos então programados. A cuidadosa Germana ainda hoje guarda cópias de todos esses trabalhos gráficos, realizados sem os recursos hoje corriqueiros nos computadores...

“Foi no Biênio comandado pelo Desembargador Espínola, mais exatamente a 23 de maio de 1965, data que marcou o centenário de nascimento do ex-presidente da República Epitácio Pessoa, que os restos mortais deste, junto com os da esposa, Mary Sayão Pessoa, viram-se solenemente inumados no Museu e Cripta de Epitácio Pessoa [denominação oficial], onde ainda hoje permanecem, recebendo a visitação pública."

Esse espaço fora então especialmente construído para tal fim no subsolo do Palácio da Justiça, no centro da cidade de João Pessoa, capital da Paraíba. Os despojos, anteriormente sepultados no Rio de Janeiro, haviam chegado à capital paraibana poucos dias antes, nesse mesmo mês de maio de 1965, trasladados em navio da Marinha Brasileira. 

"A RELÍQUIA QUE LEVAIS"
Conforme explica o historiador Flávio Sátiro Fernandes, o transporte desses restos mortais foi feito, como se disse, a bordo de um navio de guerra da Marinha, o contratorpedeiro Acre. Isto está bem esclarecido num dos últimos números da revista literária GENIUS, editada pelo próprio Dr. Flávio Sátiro — número esse que reproduz discurso do ministro Ernani Sátyro, que pronunciou a mesma oração quando do ato de entrega, no Rio de Janeiro, dos restos mortais para serem transportados para João Pessoa, a capital paraibana. 

Nas páginas desse número de GENIUS, o referido discurso de Ernani Sátyro tem, como frontispício, uma frase retirada de sua própria oração: "Marinheiros do Brasil: A relíquia que levais [os restos mortais do ex-presidente da República e de sua esposa] é digna de vossa glória!"

BRIGADEIRO NEGOU AVIÃO DA FAB
Esclarece ainda o Dr. Flávio Sátiro Fernandes que "os restos mortais de Epitácio Pessoa vieram à Paraíba em navio da Marinha porque o brigadeiro Eduardo Gomes que, na época, era Ministro da Aeronáutica, negou-se a ceder um avião da FAB, alegando que, nas duas ocasiões em que foi preso, ele o foi justamente por determinação de Epitácio Pessoa, quando da revolta dos Tenentes, em 1922. Por isso, teve-se de apelar para a Marinha." 

Uma vez chegadas à capital paraibana, foram as urnas fúnebres provisoriamente abrigadas no complexo barroco formado pela Igreja de São Francisco e pelo Convento de Santo Antônio. No dia exato do centenário de Epitácio é que se viram transferidos para o Museu e Cripta. À chegada dos restos mortais à Paraíba, discursara oficialmente, em nome da Paraíba, o célebre tribuno paraibano Alcides Carneiro. Portanto, quando do traslado dos restos mortais, o governador paraibano era Pedro Moreno Gondim e, presidente do Tribunal de Justiça, o Desembargador Francisco Floriano da Nóbrega Espínola.

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