Wednesday, August 31, 2011

HOMENAGEM AO PROFESSOR DOUTOR AVELÃS NUNES



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 O professor doutor lusitano António Avelãs Nunes, autor de vasta obra, abordando especialmente as relações entre o Direito e a Economia, globalização, neoliberalismo e direitos humanos
[Clique na foto para ampliá-la]

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UFPB HOMENAGEIA COM TÍTULO DE DOUTOR HONORIS CAUSA GRANDE ESTUDIOSO PORTUGUÊS DO CAPITALISMO


Evandro da Nóbrega,
escritor, jornalista, editor
[druzz.judiciario@gmail.com]

       
A informação nos é repassada pelo professor doutor Marcilio Toscano Franca Filho, docente da UFPB, procurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba e um dos ex-alunos paraibanos do homenageado:

*no próximo dia 15 de setembro, às 19 h, no auditório da antiga Faculdade de Direito, sede do CCJ e localizada na Praça João Pessoa, ao lado do Palácio da Redenção, a Universidade Federal da Paraíba, reunida em Assembléia Magna, concederá o título de Doutor Honoris Causa ao professor catedrático português António Avelãs Nunes, da Universidade de Coimbra.

  Dra. Luíza e Dr. Enoque — Esta homenagem ao professor Avelãs Nunes originou-se de proposta do Programa de Pós-Graduação em Ciências Jurídicas da UFPB, a partir de iniciativa, neste sentido, da professora doutora Maria Luiza Alencar Feitosa. Ela também é ex-aluna do homenageado e atual vice-diretora da Faculdade de Direito da UFPB.

Na cerimônia de concessão da láurea, o professor Avelãs Nunes será saudado pelo coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Jurídica da UFPB, professor doutor Enoque Feitosa Sobreira Filho.

Quem é o Homenageado — Professor catedrático da Universidade de Coimbra, onde dirige o Boletim de Ciências Econômicas, Avelãs Nunes se doutorou com a tese Industrialização e Desenvolvimento – A Economia Política do modelo brasileiro de desenvolvimento, obra prefaciada, na edição brasileira (editora Quartier Latin), pelo ilustre professor, historiador e economista paraibano Celso Furtado. 

Em Portugal, o professor Avelãs Nunes exerceu com esmero a docência, a pesquisa científica, a política e a administração universitária, reunindo as qualidades de professor e pesquisador engajado, intelectual dinâmico e proativo, ator político e social de posições claras e intervenções importantes.

Em Portugal e no Brasil — Entre outras funções, Avelãs Nunes foi presidente do Conselho Diretivo da Faculdade de Direito e, depois, Vice-Reitor da Universidade de Coimbra, cargo que exerceu até se aposentar, em 2010.

No Brasil, é membro correspondente da Academia Brasileira de Direito Constitucional e foi observador estrangeiro convidado em dois processos de avaliação trienal dos Programas de Pós-Graduação em Direito da CAPES. 

Reconhecimento Internacional — Sua atividade científica foi reconhecida com diversas premiações internacionais:

* Fernstromska Priset, Suécia, 1981;
* FEBS Anniversary Prize, 1982;
* Premio Gulbenkian de Ciência e Tecnologia, Portugal, 1987;
* Prix Behring-Metchnikoff, França, 1990; e
* Prix Lacassagne du College de France, 1995.

Além disto, recebeu condecorações como as da Ordem do Cruzeiro do Sul (Brasil) e Chevalier de la Légion d'Honneur (França). Atualmente, é :

* diretor do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, Portugal;
* diretor do CNRS Laboratoire Européen Associé “Tolérance Naturelle”; e
* diretor de Pesquisa do CNRS, França. 

No Brasil, Avelãs Nunes já foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pelas Universidades Federais do Paraná e de Alagoas. Agora, é a vez da Paraíba, por intermédio da UFPB.

Principais Obras — Entre suas publicações, merecem destaque: 
* O Keynesianismo e a Contra-revolução Monetarista, Coimbra, 1991; 
* Noção e Objeto da Economia Política, Coimbra, 1996; 
* Neoliberalismo, globalização e desenvolvimento econômico, 2001; 
* Neoliberalismo e Direitos Humanos, 2003; 
* Introdução à História da Ciência Econômica e do Pensamento Econômico, 2004; 
* A Constituição Européia – A constitucionalização do neoliberalismo, edição conjunta da Revista dos Tribunais com a Coimbra Editora, 2006; 
* Do capitalismo e do socialismo, Fundação Boiteux, 2007; 
* Uma Volta ao Mundo das Ideias Económicas: Será a Economia uma Ciência?, Almedina, 2008; e 
* As voltas que o mundo dá… Reflexões a propósito das aventuras e desventuras do Estado Social, 2010.

Na Base, os Direitos Humanos — De acordo com as informações divulgadas pela própria UFPB, em todas estas obras do Dr. Avelãs é patente sua preocupação com a vida dos homens, sua organização, a satisfação das necessidades materiais e os sistemas das forças produtivas.

São temas conexos à produção, ao mercado, aos preços, ao crédito, à moeda, que migram para o campo da industrialização e do desenvolvimento, passando pela distribuição da renda e pelo respeito aos direitos humanos.
   
Estudioso do Capitalismo — Profundo estudioso das estruturas capitalistas, dos primórdios à configuração atual, com a chamada mundialização, Avelãs Nunes é crítico feroz da globalização econômica, perspectivando-a como resultado de um processo de afirmação política do capitalismo neoliberal mundializado. Nesse rastro, é também crítico do processo de integração europeia. Cite-se:

Para quem considera o capitalismo como a “civilização das desigualdades”, a globalização e o neoliberalismo potenciam as disparidades entre as pessoas e entre os povos, revelando a globalização não como o regresso aos tempos do “capitalismo da concorrência”, dinamizado à escala mundial, mas como fiel seguidores do capitalismo, honrando seu “código genético”.

 Colaboração e Homenagens — No âmbito do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPB, a contribuição do Dr. Avelãs Nunes tem sido efetiva desde 2006, quando passou a integrar o quadro de professores colaboradores. Nesta qualidade, ministrou disciplinas, proferiu aulas inaugurais (anos letivos de 2007–PPGCJ e 2010-CCJ) e recebeu homenagens.

Ele se viu homenageado, por exemplo, quando da realização do I Congresso Paraibano de Direito Econômico, realizado pela UFPB, em 2008.

Liber AmicorumRelembre-se que, em março de 2010, também na capital paraibana, o Dr. Avelãs fez nova conferência na Faculdade de Direito, lançando-se, nessa oportunidade, o seu Liber amicorum [= “Livro dos amigos”], dentro de uma antiga tradição europeia.

Em tempo: originalmente, o costume de se publicar um "livro dos amigos" em homenagem a destacados mestres surgiu na Alemanha, Holanda e outros países, com a designação de Festschrift, Festschriften ou Festschrifts (singular e plurais). Como o latim, ao tempo, era a língua científica e literária das pessoas cultas, a expressão foi logo traduzida para Liber amicorum — sempre designando aquela publicação em homenagem a uma pessoa respeitada, particularmente um acadêmico, e apresentando a opinião de seus amigos, alunos e admiradores sobre a personalidade enfocada.

Um Livro Celebrativo — Em português, por exemplo, poder-se-ia dizer "livro celebratório". No Liber amicorum dedicado ao Dr. Avelãs há inclusive um texto do Ministro Eros Grau. Quando do lançamento em João Pessoa do Liber amicorum deste mestre lusitano e Doutor em Direito Econômico, ele foi saudado pelo Procurador Geral de Justiça do Estado (agora reeleito), Oswaldo Trigueiro do Valle Filho.

Quando dessa vinda à Paraíba, em março de 2010, o Dr. Avelãs Nunes — autor de extensa obra no campo do Direito e da Economia e então recentemente aposentado da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra —, o professor Avelãs Nunes abriu com uma conferência o ano letivo da Faculdade de Direito da UFPB. Dessa vez, falou sobre “O Neoliberalismo e as Crises do Capitalismo”.

Direito e Economia — Além do Ministro Eros Grau, o Liber amicorum - Homenagem ao Professor Doutor António José Avelãs Nunes foi organizado por outras personalidades, ex-alunos, convidados e professores, a exemplo de docentes paraibanos como a professora doutora Maria Luíza Alencar (vice-diretora da Faculdade de Direito da UFPB); a professora doutora Maria Áurea Cecato (UFPB e UNIPÊ); e o professor doutor Marcílio Franca (procurador Geral do Ministério Público junto ao TCE e então professor-visitante da UEPB).

De quebra, esse Liber amicorum dedicado ao Dr. Avelãs aborda temas bem atuais, todos ligados às fronteiras entre Direito e Economia.

Ainda sobre o Dr. Avelãs — O professor Avelãs Nunes nasceu em Pinhel, Portugal, a 16 de dezembro de 1939. Além de professor catedrático, é diretor, desde 1995, do Boletim de Ciências Econômicas, revista especializada da Faculdade de Direito de Coimbra. Foi durante vários anos vice-reitor e membro do Senado da Universidade de Coimbra. Mediante convite do Ministério da Educação (MEC), participou em 2001, 2004 e 2007, como observador estrangeiro, nos trabalhos da Comissão de Avaliação Trienal dos cursos de pós-graduação em Direito da CAPES.

Agraciado, em 1986, pelo então presidente José Sarney, com a Ordem do Rio Branco, é Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Paraná, pela Universidade Federal de Alagoas e, agora, pela UFPB. Autor de uma vasta obra publicada, destacam-se os livros e artigos dedicados ao estudo do capitalismo e neoliberalismo, bem como os centrados nas questões econômica e social européias.

Há muitos anos, o professor Avelãs Nunes mantém estreita relação com a Paraíba, sendo colaborador frequente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Jurídicas do Centro de Ciências Jurídicas da UFPB, onde tem ministrado cursos, seminários e conferências na área do Direito Econômico. Também em 2008, Avelãs participou do 1º Congresso Paraibano de Direito Econômico, no campus do UNIPÊ (Centro Universitário de João Pessoa).

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Wednesday, August 10, 2011

LIVRO DE NÊUMANNE SOBRE LULA


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 LIVRO DE NÊUMANNE SOBRE LULA SERÁ LANÇADO INICIALMENTE NO RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO
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by Evandro da Nóbrega

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Este artigo é também reproduzido pelos seguintes URLs:

- Blog Cultural EL THEATRO, de Elpídio Navarro:

- Portal PS OnLine, de Paulo Santos:

- Portal Literário RECANTO DAS LETRAS:
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/druzz

- Blog DRUZZ ON LINE, de Evandro da Nóbrega:

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O mais recente livro do escritor, jornalista, poeta, comentarista e memorialista José Nêumanne Pinto, O que sei de Lula, será inicialmente lançado em duas noites de autógrafos:

1)   no Rio de Janeiro, no dia 16 de agosto, a partir das 19 h, na Livraria da Travessa (Rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema, telefone 21- 3205-9002); e
2)   em São Paulo, a 23 de agosto, a partir das 19 h, na Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena, telefone 11-3814-5811).

Paraibano de Uiraúna
Nascido em Uiraúna (PB), terra natal também da líder política, sindicalista e administradora pública Luísa Erundina, o jornalista José Nêumanne Pinto estudou inicialmente em Campina Grande, passando-se depois para São Paulo.
Na capital paulista, exerceu vários cargos, especialmente no grupo de Comunicação proprietário de O Estado de S. Paulo e do Jornal da Tarde.
Continua como editorialista do JT, mas mantém igualmente programas em emissoras de rádio e de TV. É da mesma forma comentarista político e crítico literário e de Artes em geral.

Erundina & Lula
Nêumanne já escreveu vários livros, destacando-se um romance (O silêncio do delator, premiado pela Academia Brasileira de Letras) e um volume sobre a trajetória de Luísa Erundina.
Agora, vem a lume seu aguardado livro com revelações sobre a carreira do ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva. Nêumanne conheceu Lula, pessoalmente, desde o início da carreira do líder sindical pernambucano que, radicado em São Paulo, chegou à Presidência da República.

O Que Sei de Lula
Este livro de José Nêumanne Pinto sobre o ex-presidente Lula da Silva [O que sei de Lula, ISBN 978-85-7475-188-7] saiu pela editora Topbooks, uma das melhores do país. No formato 16 x 23 cm, tem 522 páginas bem ilustradas e será vendido ao preço de R$ 69,00.
No release distribuído pela editora, lê-se que Nêumanne conheceu Lula em maio de 1975, pouco depois de este haver assumido a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Desde então, tem mantido contato profissional e pessoal — de início, mais estreito, depois limitado ao noticiário — com o personagem que ele considera “o maior líder político do Brasil em todos os tempos”.

Episódios Inéditos
Prossegue a nota da editora que, “nos últimos meses do segundo mandato do ex-dirigente sindical e do Partido dos Trabalhadores na Presidência da República, Nêumanne resolveu escrever seu testemunho, com o qual pretende esclarecer o que fez dele o primeiro representante autêntico do homem do povo no poder mais alto”. E ainda:
O que sei de Lula relata episódios inéditos, como a reunião de Lula com um emissário do Planalto no governo Figueiredo, o major Gilberto Zenkner, que tinha montado a rede de espionagem do Exército contra a guerrilha do PCdoB no Araguaia, no apartamento do jornalista Alexandre von Baumgarten, vítima de um atentado em alto mar, cuja autoria foi atribuída à chamada “comunidade de informações”.
E acompanha a trajetória do menino retirante do sertão de Pernambuco à Praça dos Três Poderes à luz de fatos reais — “e não da poeira mitológica com que se tentou cobrir, ao longo dos últimos 36 anos, a verdade histórica, posta a serviço da doutrinação ideológica”.

Gandhi & Hitler
O Lula que emerge das páginas deste livro não é o socialista que trocou a revolução pela carreira política de sucesso na democracia, mas sim um gênio da comunicação que conseguiu falar diretamente à alma e ao coração do homem comum, com sua experiência de convívio com a fome, a humilhação e o desemprego.
Admirador declarado de Mahatma Gandhi e de Adolf Hitler, como confessou a um entrevistador à época em que liderava os metalúrgicos do ABC em greves que ajudaram a derrubar a ditadura militar no Brasil, tornou-se amigo de revolucionários como o cubano Fidel Castro e chegou a ser publicamente elogiado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, que o chamou de “o cara”. [N. do E.: “Ele é o cara”]

“Metamorfose Ambulante”
O texto desta mais recente obra de José Nêumanne Pinto acompanha as mudanças da “metamorfose ambulante”, expressão inspirada na canção do roqueiro Raul Seixas adotada pelo próprio líder popular Lula da Silva para se autodefinir.
Lula “começou se negando a participar da campanha pela anistia dos exilados, proposta pelo general Golbery do Couto e Silva, e terminou levando ao poder um dos mais notórios deles, o ex-líder estudantil José Dirceu.

Roberto Romano & Boni
Escrevendo sobre este novo livro de Nêumanne, o professor de Ética e filósofo Roberto Romano assinala que o Autor “escreve porque esteve lá, diante do evento que estava sendo gerado. É irretorquível, portanto, o caráter conservador de Lula e de sua turma. Não dá, depois das páginas deste livro, para tagarelar em ‘esquerdês’ no caso do gárrulo presidente”.
Já o profissional de televisão José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, define o livro de José Nêumanne como “fascinante na forma de narrar, no conteúdo sólido e  na construção precisa e detalhada do personagem. Transcende ao Lula. É uma aula de política brasileira”.

Leôncio Martins & Paraíba
Segundo o cientista social Leôncio Martins Rodrigues, “neste livro, Nêumanne nos dá uma contribuição extraordinária para entendermos as idas e vindas de quem se definiu como ‘metamorfose ambulante’.”
Ainda não está marcado o lançamento deste livro de Nêumanne na Paraíba. Mas se sabe que, com relação a nosso Estado, os principais lançamentos ocorrerão em João Pessoa e Campina Grande, em datas a serem confirmadas pelo Autor, de comum acordo com a editora Topbooks.
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Saturday, August 06, 2011

SIDNEY GWEDDA JAMPPA NO CANIL-LÁ-DE-CIMA

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A MORTE DO INESQUECÍVEL SIDNEY — OU GWEDDA JAMPPA NO CANIL-LÁ-DE-CIMA


by Druzz,
apud Edenilza Mendes


  Uma de minhas grandes amigas, em São Paulo (SP), foi, é e sempre será a médica Edenilza Campos de Assis e Mendes. Além de casada com o também médico Sérgio Frederico Rúas Mendes e de manter consultório(s) com o marido, também serviu/serve aos Ministérios da Saúde e do Trabalho, vez que ambos, embora médicos generalistas, se especializaram principalmente em Medicina do Trabalho — apesar de também enfronhados com Administração (e Segurança) em Saúde e Medicina do Tráfego.

  

Mas a Dra. Edenilza (Eddy para os íntimos) nasceu aqui mesmo, na Paraíba — mais exatamente em Condado (PB). E foi minha vizinha de frente, em Patos das Espinharas, quando ela estudava no Colégio Cristo-Rei (das freiras) e o degas aqui esquentava as carteiras escolares do Ginásio Diocesano do Monsenhor Manoel Vieira.

Ah, e Edenilza, néee Campos de Assis, era também sobrinha do igualmente célebre Padre Assis (Monsenhor Joaquim de Assis Ferreira), orador sacro, cronista de muitos recursos literários e nosso incomum professor comum, nos dois colégios — professor de Latim e de outras complicadérrimas disciplinas.

GWEDDA JAMPPA
Todas as vezes que estive com o distinto casal Eddy-Sérgio, na capital paulista, impressionava-me com o amor (amor, sim!) que Eddy dedicava a seu cãozinho de estimação, Sidney.

E o cachorrinho lhe correspondia à afeição, de forma para mim extraordinária — sem falar que a própria Eddy é também um ser humano extraordinário, sob todos os aspectos.

Quem, não fosse especialmente dotada, excepcionalmente criativa, colocaria nome e sobrenome composto em seu pet canino? Eddy chamava-o Sidney Gwedda Jamppa, sendo o último sobrenome óbvia homenagem à Capital paraibana.

AMOR DE CANINO 
Ainda sobre a mútua amizade entre Sidney e Eddy, basta dizer que ELA tinha que despender muito tempo, todos os dias, somente para brincar com ELE, o lulu.

E, como tinha Eddy que frequentemente ausentar-se do apartamento-mansão para ir ao trabalho ou fazer conferências em tal ou qual Universidade, era um deus-nos-acuda: o cachorrim ficava literalmente chorando no apê, superinconformado com a ausência da dona.

Permanecia triste, num canto, sem querer contato com seu ninguém. Só o retorno de Eddy é que lhe devolvia a alegria — e aos demais habitantes desse intelectualíssimo & abençoado lar: os filhos Adriano e Andréa, ele advogado, ela administradora de empresas (e ambos hoje casados).

XADREZ & JABUTICABAS   
Linguista amador empedernido e chato, cheguei a conversar com Eddy, no intervalo de um papo sobre técnicas enxadrísticas com o Dr. Sérgio (e todos lá são enxadristas de mancheia!) sobre se se deveria grafar o nome do cachorrim como Sydney ou Sidney (ou mesmo Sidnei, Sídnei, por aí)...

Bem que a Eddy iria preferir, mil vezes, falar sobre o seu pé de jabuticabas, milagrosamente surgido numa das janelas do apê.

DÍSPARES ETIMOLOGIAS
Entre os, como direi, “animais humanos”, existem tanto “Sydneys”, quanto “Sidneys”, especialmente nos países de tradição anglo-americana e, em última instância, de raízes anglo-saxônicas.
No pantanoso território da Etimologia, discute-se ainda hoje sobre a origem do termo; para uns, significaria “ilha grande”; para outros, “pradaria inundada”; ainda para outros, não passaria, imaginem Vocês, de uma corruptela de “são Dionísio”...

Por essas e outras é que o Voltaire disse aquela cabulosa frase sobre os dicionaristas e etimólogos, linguistas e filólogos em geral...

MISSIVA AO CÃOZINHO
Dispenso-me, portanto, de analisar os sobrenomes do cãozito (Gwedda, um pedigree cavalar, & Jamppa, que Vocês já sabem o que é) — mesmo porque, quanto a mim e, com muita probabilidade, na expectativa de todos os meus inumeráveis seis leitores, haveremos de preferir, por nosso turno, a leitura da Carta que a Dra. Edenilza escreveu para o seu cachorrim Sidney.

Não, não, madame! O cãozinho não sabe ler, non!

A MORTE & A CARTA
É que, para infinda tristeza de Eddy e de todos os seus, o fiel companheiro Sidney acaba de falecer, de morrer, de ir para o Canil-Lá-De-Cima!

Solidário com a dor da amiga, transcrevo abaixo, sem maiores comentários, o inteiro teor da missiva especialmente escrita pela Dra. Edenilza (estilista literária desde a adolescência, porque grande leitora!), para assinalar a irreparável perda de seu amigo canino.

A MORTE DE MEU AMIGO SIDNEY
— ou MEU CACHORRINHO MORREU
São Paulo, 05 de agosto de 2011.
       Meu querido cachorrinho Sidney:
       Não posso deixar de lhe dizer algumas coisas, neste momento em você se foi.
       Preciso lhe dizer que lhe sou muito agradecida pelo amor que me teve, pelos momentos de alegria que sempre me proporcionou — e por haver sido este grande e presente amigo e companheiro de todas as horas.
       Você não sabe, mas, nos momentos mais tristes, quando eu o segurava nos meus braços e o acariciava, isto era maravilhoso e me fazia um bem enorme.
Seus olhinhos me acalentavam. Seus latidos, seu rabinho balançando quando eu chegava ou quando você me pedia alguma coisa, me encantavam.
Sabe quando você pegava um dos meus sapatos, e o punha na boca, e ficava na minha frente, para que eu o seguisse? Eu adorava isto! Deixava qualquer coisa que estava fazendo e ia lhe dar comida ou brincar com você, lembra? Era nossa melhor forma de comunicação.
Por isso, sempre deixei sapatos fora do lugar. Não me importava se isto bagunçava o quarto. Era para você, meu querido amigo, ter sempre um ponto de apoio em nosso relacionamento.
Sei que veterinários não aconselham que se dê guloseimas a cachorros. Mas quem disse que você era um cachorro qualquer? Você era um cachorrinho muito especial. Era simplesmente o Sidney Gwedda Jamppa. Meu querido Sidoca, brincalhão, sapeca, irreverente — e lindo!
Por isso, fico feliz porque você, além da ração, comia bolo, peixe e filé mignon.Tomava leite também e o que mais você pedisse... porque era difícil negar alguma coisa a alguém tão querido.
Você sabe que você, e não eu, era quem mandava em minha casa. Fez o que quis. Dormia onde queria. Ia para meu colo, no banco do carro, na frente, latindo para motoqueiros.
Às vezes, eu própria me assustava com seus latidos e o Sérgio ficava bravo. Mas  eu inventava que estava com calor e deixava o vidro aberto. Motoqueiros usam capacetes e isto os ajuda a escutarem menos.
Uns ficavam bravos, outros riam. O importante é que isso fazia parte das coisas de que você gostava — e eu gostava de todas as coisas que você gostava.
Estou agora aqui, escrevendo na tela do computador. Você sempre ficava aqui, comigo, me olhando, da janela aqui do quarto (que bom que coloquei telas de proteção!!!). Às vezes, latia para cachorros que passavam na rua. Mas só descia da janela quando eu, ao terminar o trabalho, pegava-o no colo — e íamos fazer qualquer outra coisa.
Você não sabe, meu querido Sidney, mas deixei de trabalhar em alguns lugares por sua causa. Deixei de viajar, de assistir a filmes em cinemas, de visitar pessoas, apenas para não o deixar sozinho. E não me arrependo disso, porque você foi um dos melhores presentes que ganhei.
Quando você se foi, tive a presença do meu filho Adriano a meu lado, e a de meu marido Sérgio — presenças que me consolaram.
Quando você chegou, foi pelas mãos de minha filha Andrea — a quem serei eternamente grata por me haver dado a oportunidade de ser tão feliz tendo você comigo, a meu lado, no apartamento.
À minha mãe querida, agradeço pelo carinho que teve para com você. Se eu tivesse que viajar, só confiava nela, porque sei o quanto ela também o amava.
E quero, finalmente, me despedir de você, amado Sidney. Despedir-me não com tristeza, mas sabendo que essa saudade tão doída nunca vai passar. Sabendo que você é insubstituível — mas que sua vinda para minha casa teve, sem dúvida, um propósito divino.
Você me ensinou a ser mais tolerante, mais paciente. Você me ensinou que amar é entender e perdoar. Me ensinou que felicidade é estar de bem com quem amamos.
Não tenho nenhuma dívida com você, porque sei que fiz o possível para que fosse sempre muito feliz.
Jamais, no entanto, poderei pagar o quanto seria necessário pelo que você me deu em termos de amor e de felicidade, meu amigo.
No Céu dos Animais, onde você certamente está, continue pulando, balançando o rabinho, bagunçando, olhando prá mim, aqui na Terra — e permanentemente lembrando-se de mim. Amor não morre e eu o amo muito.
Uma vez mais, estarei carregando-o no colo, mas, agora, somente em minha imaginação. E fico feliz por isto.
Muitas saudades de sua
Edenilza.”

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