Thursday, May 11, 2006

ТЫСЯЧАЧЕТЫРЕХСОТВОСЬМИДЕСЯТИВОСЬМИМИЛЛИМЕТРОВЫЙ...



EM BUSCA

DA PALAVRA

MAIS LONGA...

EM VÁRIAS LÍNGUAS!



Este artigo é dedicado à minha professorinha de árabe Lara Izis, libanesa de 23 anos, assim como à bissexta professora de russo e grande intelectual Milu Duarte e à sua também superinteligente árabo-eslavófila pupila Tábata Lima, de apenas 16 anos — sendo estas duas últimas habitantes das alterosas Minas Gerais...


OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
Neste escrito há realmente palavras tão longas que elas chegam a exceder a largura da área de leitura do blogger... Sugere-se portanto que, antes de Você iniciar a leitura, SELECIONE TODO O TEXTO, ou com CTRL+A ou com o próprio mouse.

;-)))



De acordo com o Guiness’ Book of the Records, a maior palavra existente na língua russa é

* рентгеноэлектрокардиографический, com 32 letras.

Significa algo como “roengteneletrocardiográfico”.


Mas há também termos médicos com quase este número de letras, a exemplo de


* ФИСТУЛОХОЛЕЦИСТОХОЛАНГИОГРАФИЯ,

com 30 letras, uma espécie de angiografia envolvendo determinado tipo de fístula, e


* ЭНЦЕФАЛОМИЕЛОПОЛИРАДИКУЛОНЕВРИТ,

com 31 consoantes e vogais, termo referente a um tipo de nefrite observável em pólipos do encéfalo... (argh!)

Existe ainda uma substância designada por um termo de 33 letras:

* ПОЛИДЕЗОКСИРИБОНУКЛЕОТИДСИНТЕТАЗА,

que Vocês terão que quebrar a cabeça para saber o que é (tenho isto num dos dois volumes de meu dicionário de termos técnicos russo-inglês-português, mas estou sem tempo para procurar...);

e outra substância com 34 letras:

* НИКОТИНАМИДАДЕНИНДИНУКЛЕОТИДФОСФАТ,

que, lida da direita para a esquerda, como deve ser na hora de interpretar este portento, fala no mínimo em fosfato, nucleotídeo e nicotinamida.

À vista disto, é de se pensar imediatamente na palavra científica portuguesa/brasileira/internacional

* dimetilaminofenildimetilpirazolona...

Os gozadores (que, ao contrário de todos nós, não têm muito o que fazer...) conseguiram até formar em russo uma palavra igualmente longa para significar justamente “a fobia de ler e falar palavras longas:

* гипомонстрэскуипедалофобия...

Algumas outras palavras têm sido sugeridas (claro que todas não dicionarizadas ou flagrantemente inventadas), a exemplo de:

* суперкалифраджилистикекспиалидоушус

* гипомонстрэскуипедалофобия

* некрозоопедоорнитотаксидермист(с) = tentando desesperadamente traduzir: "um taxidermista dedicado aos pássaros que de alguma forma parecem necrosados"???!!! (he he he...)

* автомотовелофотобричкатракторнийзавод

e, em maiúscula, a fim de que pareça ainda maior do que realmente é,

* пиздомудонихуясебезаебисьсцуконахпроебина...

Para se referir à distância ou largura ou amplitude de 1.488 metros, Você pode muito bem usar uma palavra de 47 letras:

* тысячачетырехсотвосьмидесятивосьмимиллиметровый

Repito em caixa-alta, isto é, em maiúsculas, esta assustadora palavra, a fim de que pareça ainda maior, para escarmento de todos os eslavófilos on line:

* ТЫСЯЧАЧЕТЫРЕХСОТВОСЬМИДЕСЯТИВОСЬМИМИЛЛИМЕТРОВЫЙ...

Bem, minha cabeça já anda à roda, com termos tão quilometricamente longos, de modo que decido encerrar tal investigação por aqui mesmo, deixando prazerosamente este abac..., oops, digo, deixando esta importante pesquisa a cargo da professora Milu Duarte e de sua pupila Tábata Lima!

Boa sorte, Milu.

Boa sorte, Tábata!

;-)))


Talvez seja mais fácil pesquisar palavras mais longas noutras línguas — por exemplo, naquelas que usam o alfabeto latino, não o cirílico. Em português, temos palavras como:

*antiinconstitucionalissimamente,

para não repetir nossa preferida,

*dimetilaminofenildimetilpirazolona.


Em inglês, muitos acham que a palavra mais longa seria

* supercalifragilisticexpialidocious,

que está lá, sim, no Oxford English Dictionary.

O mesmo dicionário alega que seria fictício ou apenas inventado o termo


* pneumonoultramicroscopicsilicovolcanoconiosis,


que descreveria "uma doença pulmonar caracterizada pela inalação da poeira de sílica oriunda dos vulcões" e usada mais para servir de exemplo de palavra longa do que para descrever essa aparentemente raríssima doença...


Vê-se, por outro lado, numa das edições do Guiness' Book of the Records, que, numa necessariamente longa placa de uma estação de trem de uma cidadezinha do País de Gales (e mostra-se até a foto) está escrito o nome do lugarejo, que é, au grand complet,


*Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch.


Fala-se, mas nunca vi escrito, do nome de um composto químico cujo sesquipedálico nome teria nada menos que 1 mil 913 letras...

Em Finnegan's Wake, Joyce compôs palavras ainda mais compridas que as por ele usadas noutra obra sua, Ulysses.

Ainda no âmbito do inglês, vêem-se no Oxford English Dictionary palavras realmente longas, como

* antidisestablishmentarianism

(algo como “oposição à desestabilização do establishment da Igreja da Inglaterra");

* floccinaucinihilipilification;

* honorificabilitudinitatibus

(palavra usada por Shakespeare em Trabalhos de amor perdidos, e que já chegou a ser citada como forte “evidência” de que a verdadeira identidade do poeta-dramaturgo de Romeu e Julieta seria Chico Toicim — isto é, o venerável Francis Bacon...

Mas os gozadores anglo-americanos levam esta discussão para o campo do non sense, afirmando que a palavra mais longa da língua inglesa seria mesmo smiles, já que tem “uma milha de distância” entre o s inicial e o s final...


NO ALEMÃO MODERNO & NO GREGO CLÁSSICO

Não vamos nos ocupar, por enquanto, da língua alemã, que dispõe de termos naturalmente sesquipedálicos, dada a característica deste idioma de simplesmente juntar palavras para formar outras novas.

Da mesma forma não nos ocuparemos aqui da palavra mais longa já escrita na Terra: o nome de uma comida grega citada numa peça não me lembro se de Aristófanes. Depois trataremos dela. Mas que é longa, não tenham nem dúvida! É um termo grego multicomposto com quase cem sílabas! Vocês não perdem por esperar...

POESIA "CRONQUÉTA"

Por falar em longuíssimas palavras, não quero despedir-me dos queridos leitores sem lhes apresentar a produção ehr, como direi, literária — ou mesmo, ehr, “poética” —, que fui praticamente forçado a compor após ver tantos termos de sílabas intermináveis, em russo, em inglês e em vernáculo.

Apresento-lhes, pois, a composição de minha lavra intitulada:

POEMA ULTRACIENTÍFICO & PÓS-AUGUSTO-ANGÉLICO

[Da Série "Eu Tomém Sei Fazer Poemas Mais-ou-Menos-Cronquetos"]

por Evandrirmãos da Nobrecampos [DruzzKonkret],

vulgo Evandécio da Nobrepignatari

Pois é, querida.

Agora sou um

pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico.

Foi o que descobriu

sem querer

meu oftalmotorrinolaringologista.

É que peguei

pneumoconiose

ao aspirar

as cinzas vulcânicas

de meu coração

transformado em lava

ao te ver,

ali bem ao lado,

do também eruptivo

Vesúvio.

Deviam proibir,

mesmo anticonstitucionalissimamente,

que te debruçasses

assim perigosamente

— e de minissaia —

à beira de um vulcão,

fazendo-me tomar

apressadamente

todo o estoque

de dimetilaminofenildimetilpirazolona

que trazia ao bolso.

E agora que sou

nada mais que um

pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico,

só me enforcando

num pé de tomate

— ou de mindubim —

ou tomando logo uma lata

daquele corante

(acho que mortal)

à base de

tetrabromometacresolsulfonoftaleína.

Ah, os tempos do pneumotórax,

quando ainda se podia

com Mané Bandeira

tocar apenas

um tango argentino...

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