Thursday, January 28, 2010

ROOSEVELT & VARGAS EM NATAL (RN)

Roosevelt e Vargas em Natal (RN), no dia 28 de janeiro de 1943, em foto do Acervo do CPDOC/Fundação Getúlio Vargas (Clique na ilustração para ampliá-la)


NADA teve a ver com a OTAN o Encontro Roosevelt-Vargas em Natal (RN)...


Nunca se supôs fosse necessário insistir numa obviedade destas — mas declarações recentes na Capital potiguar tornam imperioso relembrar os fatos históricos como eles realmente ocorreram


EVANDRO DA NÓBREGA
Escritor, Jornalista, Editor
http://druzz.blogspot.com
druzz.tjpb@gmail.com


Este material é também gentilmente reproduzido pelos seguintes URLs:

*Blog Cultural El Theatro, de Elpídio Navarro [www.eltheatro.com];

*Portal PS on Line, de Paulo Santos [www.psonlinebr.com]; e

*Jornal A União On Line [www.auniao.pb.gov.br]





Em entrevista recém-publicada em Natal (RN), afirma uma autoridade da Cultura, a certo andar da carruagem (e publica-se a coisa sem verificação), que o presidente americano Franklin Delano Roosevelt teria se encontrado nessa cidade nordestina, em 1943, com o então ditador brasileiro, Getúlio Vargas, "para traçarem um pacto da OTAN" (?!).

Natural que autoridades norte-rio-grandenses, sobretudo natalenses, queiram preservar, com propósitos históricos e turísticos, a tradicional Rampa, local ora praticamente abandonado, embora aí tenham ocorrido as sem dúvida importantes conversações entre Roosevelt e Vargas. Afinal, selaram-se na oportunidade acordos que para sempre mudariam o destino do Brasil. Acordos que tanta relevância e tão profunda influência teriam na vida do próprio Rio Grande do Norte — e, por que não dizer, do Nordeste e do país.

No entanto, daí a se afirmar que de Natal partiram quaisquer entendimentos em torno da... Organização do Tratado do Atlântico Norte vai enorme distância! Se a Rampa vai se transformar efetivamente num ponto turístico, eis algo a se louvar na criatividade natalense. Mas o interesse por mais esse local de romaria turística no Nordeste não se pode basear em meias-verdades ou até em inverdades.

PARA QUE FIQUE BEM CLARO
Para que fique bem clara esta observação — o encontro entre Roosevelt e Vargas em Natal (RN), no dia 28 de janeiro de 1943, nada teve a ver com a OTAN! —, basta dizer, inicialmente, que a Organização do Tratado da Aliança do Atlântico Norte, sendo “do Norte”, naturalmente excluía a América do Sul et pour cause o Brasil.

Com base em Bruxelas (Bélgica), a OTAN surgiria, como já se vê pela designação, em decorrência do “Tratado do Atlântico Norte”, aliança militar assinada em 4 de abril de 1949, entre vários governos, para sua defesa coletiva.

O Tratado (e a consequente Organização) apareceram com o escopo seguinte: se qualquer dos membros da aliança viesse a ser atacado por entidade não pertencente ao grupo, os demais tinham a obrigação de tomar suas dores — com sérias consequências para o agressor, tendo em vista o poder de fogo multilateralmente agregado.

EXPLICANDO DIREITINHO AS COISAS
Em função da posterior guerra da Coréia, a OTAN veio a se transformar numa ainda mais poderosa superestrutura militar e política. Não à toa, os EUA — um dos principais vencedores da II Guerra Mundial, ao lado da URSS, Inglaterra etc — nela figuravam como a maior potência-líder do grupo. A essa altura, já não era possível contar a URSS entre os Aliados. Pelo contrário: Governos europeus temiam uma invasão soviética. E havia problemas, dentro da própria organização, por causa da inegável liderança dos EUA, de modo que a França se retirou da OTAN em 1966.

Governantes franceses nunca quiseram aceitar com fairplay isso de haverem perdido terreno para os EUA, no concerto das nações, em termos de poderio econômico, prestígio e influência global. E, ao mesmo tempo ciumentos e ressentidos, não abriam mão da necessidade de desenvolverem seu próprio programa nuclear.

Mas vamos ver o porquê de o encontro natalense entre o presidente americano Roosevelt e o ditador brasileiro Getúlio Vargas nada ter a ver com qualquer coisa ligada à OTAN. Primeiro, a reunião aconteceu bem antes de se pensar em OTAN. Na capital potiguar, Roosevelt e Getúlio se encontraram em janeiro de 1943 (cerca de seis anos antes, portanto). E de sua agência mútua não constavam, nem podiam constar, quaisquer conversações alusivas ao Tratado do Atlântico Norte.

O QUE FOI REALMENTE DISCUTIDO
Os principais fatos discutidos pelos dois líderes, o dos EUA e o do Brasil, nessa "Conferência de Natal" (também chamada de “Conferência de Potengi”, em alusão do rio do mesmo nome) foram os seguintes:

a) como navios brasileiros haviam sido atacados por submarinos alemães, justificava-se plenamente a entrada de nosso país na Grande Guerra Mundial, ao lado dos Aliados (à frente os EUA);

b) os EUA concordavam em assinar acordos de ajuda militar e de outra ordem para a criação da FEB (Força Expedicionária Brasileira), reunindo forças do Exército, da Marinha e da Aeronáutica;

c) em contrapartida, o Brasil enviaria contingentes (tropas militares) à Europa, em apoio às forças americanas, especialmente na Itália; a participação da FEB não foi extensiva, mas se revelou marcante, inclusive para a tomada de algumas posições alemães em território italiano;

d) o Governo americano concordou em acelerar o processo de industrialização do Brasil, ajudando a implantar a depois célebre CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), sem dúvida grande passo para deslanchar a economia nacional;

e) outra contrapartida do Governo brasileiro: permitir a instalação da estratégica base americana em Natal (RN), geograficamente mais próxima das costas africanas e da Europa; é bem verdade que o ponto mais oriental das Américas era e continua sendo o Cabo Branco, no litoral de João Pessoa (PB), mas Roosevelt e Vargas não estavam interessados nessas firulas... "turísticas", de modo que a base aeronaval ficou mesmo em Natal (e, se Você olhar bem o mapa, verá que Natal acha-se de fato mais próxima da Europa que João Pessoa); não se descartava a instalação de outras bases do mesmo tipo, mas, com o término da guerra, isso não foi necessário;

f) os EUA precisavam urgentemente de novos suprimentos de látex, já que a violenta conflagração internacional, com o Japão atento em todo o Pacífico, Mar da China etc, interrompera o fornecimento dessa matéria-prima para a fabricação da borracha, antes feito pela Ásia; o acordo neste sentido acertado entre Roosevelt e Vargas ampliaria consideravelmente a migração de nordestinos para a região amazônica, em busca do “ouro branco” extraído dos seringais; e

g) aos americanos também interessavam, adicionalmente, algumas riquezas minerais brasileiras; era o caso das micas em geral e da xilita (schelita, scheelite etc, importante minério do tungstênio), bem como, no litoral e em trechos de rios, as reservas de areias monazíticas, as quais, com sua rara concentração natural de minerais pesados, constituem rica fonte de monazita, tório (em especial o isótopo 232), urânio, cério, lantânio (com várias aplicações); tanto é que as areias monazíticas da Índia e do Brasil, depois daquelas da Carolina do Norte, destacaram-se na indústria mundial até a II Guerra, entrando depois em cena a Austrália); o tório, cuja demanda viria a decair posteriormente, voltaria a ser importante para a condução de programas nucleares.

SERRAS QUE PERDERAM AS “PONTAS”
Fato testemunhado pelas populações locais — mas aí já ingressando no pantanoso território das lendas — é que, em clima “misterioso”, aviões oriundos da Base Aérea de Natal (RN) levavam grandes quantidades de “terra bruta” das serras e serrotes de Santa Luzia (PB) e adjacências. Serras & serrotes houve, segundo se dizia nas décadas de 1950 e 1960, que antes eram “pontudas” e deixaram de sê-lo, ao término de tais voos...

O que quer que fossem tais “visitas” ao Sabuji e ao Seridó paraibanos, isso se devia, claro, ao já citado interesse pelos minérios que pudessem resultar em componentes úteis ao esforço de guerra. E não esquecer que um município vizinho da mesma região do Sabuji e do Seridó — só que no Rio Grande do Norte, pois se trata de Currais Novos, a 172 km de Natal — abriga a maior mina de xilita da América do Sul, a Brejuí.

NAMORANDO O NAZIFASCISMO
Vargas — sem dúvida, um dos políticos mais importantes e influentes do Brasil, no século XX — estava por essa época embalado por sua própria ideologia pós-positivista ou neo-positivista e por alguns chefes militares brasileiros, os quais namoravam mais ou menos abertamente os regimes fortes da Alemanha (Hitler) e Itália (Mussolini).

Dessa forma, Getúlio desejava inicialmente manter o Brasil neutro na II Grande Guerra. Mas foi forçado, mesmo a contragosto, a romper relações diplomáticas e comerciais com os países integrantes do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), aos quais logo depois declarava guerra, em virtude da comoção popular ante 1) o ataque japonês a Pearl Harbour; 2) o torpedeamento de navios brasileiros por submarinos tedescos; e 3) a invencível pressão dos EUA.

E O MIHAIL MANOILESCU?
En passant, relembre-se que o regime varguista ou, para dizer com todas as letras, o Estado-Novo, abraçava muitas ideias do corporativismo fascista italiano e também — como demonstrou pesquisa minha publicada em volume da Coleção “Perfis Parlamentares” da Assembléia Legislativa do Estado da Paraíba — as propostas de um por aqui paradoxalmente obscuro ideólogo corporativista romeno, Mihail Manoilescu (1891-1950).

Esse Manoilescu — mesmo de forma inconsciente para os discípulos e sem nunca haver pisado no Brasil — influenciou muitos empresários, economistas, dirigentes, administradores e políticos brasileiros, graças a traduções de trabalhos seus, feitos em São Paulo e alhures.

O ROTEIRO ROOSEVELT-VARGAS
Os locais em que a dupla Roosevelt-Vargas esteve em 1943, no giro por Natal (RN), incluem o chamado "Pátio da Rampa", de onde partiram os dois, acompanhados de chefes militares e assessores, passando seguidamente pela Ribeira e as Rocas, até alcançarem a então chamada Avenida Junqueira Alves (hoje Avenida Câmara Cascudo).

Esse trajeto igualmente incluiu as ruas ou avenidas Ulisses Caldas, Princesa Isabel, João Pessoa, Deodoro da Fonseca, Jundiaí, Prudente de Morais, Potengi, Hermes da Fonseca e Salgado Filho, até chegar à rodovia (BR-101) e, depois, ao local da Base Aérea de Natal.

UMA OBRA DE OSVALDO ARANHA
Roosevelt não viera a Natal diretamente de Washington ou mesmo dos EUA. Procedia da África e o aeroporto de base militar mais próximo, no Continente americano, era obviamente Natal.

Como resultado de entendimentos prévios, o então ditador Vargas dirigiu-se ao Rio Grande do Norte, chegando à sua capital com outras autoridades e assessores de alto coturno, além de diplomatas, altas patentes militares e adidos americanos.

NO “PARNAMIRIM FIELD”
Num veículo militar, Roosevelt e Vargas visitaram diversas unidades das Forças Armadas, não apenas no Distrito de Parnamirim. Estiveram, assim, no 16º. Regimento de Infantaria, na Base Naval e na Base Aérea (ou, como era mais conhecida dos americanos, “Parnamirim Field”, o “Campo de Parnamirim”).

Esse “campo” — utilizado nos anos de 1940 como base de apoio ao transporte (aéreo e de superfície) de tropas americanas e de suprimentos bélicos para o Norte africano e também para a Ásia — é hoje usado pelo CATRE (Comando Aéreo de Treinamento) na formação de pilotos militares em combates aéreos. Fato muito citado é que, num comboio que se estendeu por três dias, passaram pela Base Aérea de Natal as armas pesadas utilizadas na decisiva batalha de al-Alamein, no Norte da África.

O encontro dos dois principais líderes dos EUA e do Brasil resultara de bem feito trabalho de aproximação devido ao diplomata Osvaldo Aranha, ministro do Exterior brasileiro.

OUTROS PRESENTES AO ENCONTRO
Durante o encontro de Natal, entre outras presenças, além de Roosevelt e Vargas, destacaram-se as

1) do (inicialmente vice-almirante e depois) almirante Jonas Howard Ingram (1886-1952) — não Ingran, ao contrário do que costumam grafar historiadores tupiniquins que, diferentemente dos Brazilianists americanos & britânicos com relação a nós, teimam em não escrever corretamente os nomes das pessoas cujas biografias estudam; pelos esforços do almirante Ingram, comandante das forças do Atlântico Sul e da IV Esquadra dos EUA, com responsabilidades, portanto, sobre as forças de terra, mar e ar no Brasil, essas unidades alcançaram alto grau de eficiência, com a Marinha brasileira ajudando os EUA a manterem, abaixo da linha do Equador, o desejado controle do Atlântico Sul; em 15 de novembro de 1944, por seus feitos, o almirante Ingram seria designado comandante-em-chefe da Frota Americana no Atlântico, com as incumbências de a) assegurar o fluxo de materiais e tropas das Américas até a Europa; e b) destruir os barcos alemães na área;

2) do embaixador americano no Brasil, Jefferson Caffery (1886-1974), que, nessa condição, aqui atuou entre 17 de agosto de 1937 e 17 de setembro de 1944, tendo sucedido ao embaixador Hugh S. Gibson (1883-1954), que servira no posto entre 1933 e 1936, e sido substituído pelo diplomata Adolf Augustus Berle, Jr., embaixador do Brasil entre 1945 e 1946;

3) do cônsul ianque em Natal (RN), Harold Sims (e não Simms, como quase sempre se grafa), que, em 1938, fora vice-cônsul americano em Recife (PE); a fase natalense de Sims viria a ser analisada, em 1990, entre as páginas 28 e 39 do fascículo I no volume 49 do periódico Tennessee Historical Quarterly, nos EUA, pelo historiador William J. Brinker, em seu artigo “Harold 'Mose' Sims: World War II Consul in Natal” [algo como “Harold Sims, conhecido por Mose e cônsul em Natal durante a II Grande Guerra”];

4) do antigo major-general Robert LeGrow Walsh (1894-1985), que —oriundo do Comando Geral da Força Aérea americana em Washington (DC) — se tornou, entre 1942 e 1944, em Natal (RN), inicialmente oficial-comandante e, depois, general-comandante da Divisão de Transporte Aéreo do Atlântico Sul; dentre os presentes ao encontro natalense, foi este um dos oficiais que tiveram carreira mais trepidante, chegando a comandante-geral do Comando Leste das Força Aérea Estratégica dos EUA na Europa e a membro da Missão Militar americana a Moscou; sob o comando desse militar é que Natal passou a sediar o Quartel-General da Divisão Atlântico Sul do Comando de Transporte Aéreo (ainda hoje existe nesse local uma placa alusiva); a partir de 1944, Walsh foi sucessivamente assistente especial do Comando Geral da Força Aérea americana para Assuntos Latino-Americanos (Washington, DC); membro do Birô Interamericano de Defesa da US Air Force; comandante-em-chefe o 12º. Comando Tático-Aéreo em Kissingen (Alemanha); diretor de Inteligência do Comando Europeu, baseado em Berlim, ficando a seu comando a arregimentação de cientistas, técnicos e outros especialistas alemães, para que não caíssem em poder dos soviéticos; somente se afastaria das Forças Armadas americanas em 1953, depois de servir no Comando Conjunto EUA-Canadá e sempre tido em alta conta como piloto, coordenador de ações e combates aéreos, conselheiro militar e observador de táticas militares de ar e superfície;

5) do comandante da Segunda Zona Aérea, brigadeiro Eduardo Gomes;

6) do comandante da Base Naval natalense, almirante Ary Parreira [1893-1945], que, tendo sido seu construtor e dirigente, emprestaria seu nome à atual Base [Base Aérea “Almirante Ary Parreira”];

7) do comandante da 14ª. Divisão de Infantaria, general Gustavo Cordeiro de Farias; e

8) do então Interventor Federal no Rio Grande do Norte, Rafael Fernandes.

NAZIFICAÇÃO DO BRASIL
Não se pode esquecer que a Alemanha de então desenvolvia amplo e ambicioso projeto de nazificação de toda a América do Sul, a partir do Brasil. Escolas em Santa Catarina e noutras partes do país ensinavam alemão como primeira língua; aí e no Rio Grande do Sul, como noutras paragens aparentemente nacionais, pululavam os grupos nazifascistas, muito bem organizados.

Através de diplomatas e comendadores, a Itália também procurava puxar brasas para sua sardinha. Um pequeníssimo exemplo disso foi o presente dado pelo próprio Mussolini à cidade de Natal (RN): a célebre "Coluna Capitolina", assim chamada por provir do Monte Capitólio (Capitolinus em latim, Campidoglio em italiano).

COLUNA CAPITOLINA DE NATAL
Pois bem, essa Coluna Capitolina de Natal — que também serviria de piadas em torno dos "Quintas-Colunas" ou traidores galinhas-verdes do Integralismo tupiniquim de Plínio Salgado — veio, portanto, diretamente de Roma. E isso como agradecimento do regime fascista à boa acolhida (claro, o povo natalense sempre foi superacolhedor) dada pelos rio-grandenses-do-norte aos aviadores Carlo del Prete e Arturo Ferrarin (também Ferrarini). Eles, a 5 de julho de 1928, haviam atingido o território potiguar, aterrissando na cidade de Touros, depois de voo de quase 50 horas e de mais de 7 mil quilômetros, sem escalas, a partir da capital romana. A viagem desenvolvera-se num avião Savoia-Marchetti de prefixo S-64.

A Coluna Capitolina romano-natalense — de quase 6 m de altura — foi inaugurada em 8 de janeiro de 1931. Mas, considerado símbolo fascista pela Esquerda, viu-se derrubada e bastante danificada pelos revolucionários da chamada Intentona Comunista de 1935. Depois de uns tempos desaparecida, viria a ser restaurada e é hoje citada até em sites russos, como recentemente verifiquei. Se muito não laboro em erro, a primeira localização da Coluna restaurada, a partir de 8 de janeiro de 1941, foi a Esplanada do Cais do Porto (bairro da Ribeira), passando depois para a Praça João Tibúrcio. E, finalmente, levaram-na para a Praça Carlos Gomes (Baldo), onde ainda hoje se encontra.

SUÁSTICAS NA PARAÍBA
Por causa disso, não — porque, também na Paraíba, houve caso mais ou menos parecido, envolvendo o então Governador Antônio Mariz. Logo depois de assumir o Governo, mandou-me chamar e me pediu rápida pesquisa entre intelectuais, artistas, historiadores: deveria mandar arrancar as suásticas nazistas existentes no piso de uma sala no Palácio da Redenção? Mais de 80% dos ouvidos manifestaram-se contra a erradicação de tais mosaicos, ali instalados décadas antes por arquitetos/engenheiros ítalo-paraibanos admiradores do regime nazi.

"Paradoxalmente", como ele mesmo me disse, Mariz mandou arrancar, com cuidado, esses azulejos cerâmicos e os enviou encaixotados para o IPHAEP (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba), onde ainda hoje se encontram — sem visibilidade, mas historicamente conservados. E Mariz me explicou seu argumento irrespondível: “Como iria eu receber aqui, digamos, o embaixador israelense, pisando nesses símbolos nazistas?!”

QUOD ERAT DEMONSTRANDUM...
Mas, enfim, voltando ao tema original deste escrito, é isto aí: o encontro de Vargas com Roosevelt em Natal (RN) nem de longe teve algo a ver com a OTAN — nem mesmo com o Plano Marshall para a recuperação da Alemanha em particular e da Europa em geral...

1 comment:

Luciano FF said...

Muito completo e esclarecedor seu arigo. Eu estou escrevendo uma biografia sobre Aviador da FAB na 2a Guerra, Roberto Brandini, lutando na Italia, e venho lendo sobre os antecedentes da entrada do Brasil na guerra. Para isso, leio artigos sobre Getulio e consulto o US National arch. Pelo que li, parece que o getulio fazia um "jogo duplo"para tirar a melhor vantagem possivel de Americanos ou nazistas. Isto está comprovado? a correspondencia classified entre consulados americano e brasileiro deixa entrever uma preferencia pelos americanos, mas que vargas encobria para nao precipitar um confronto com os alemaes... ele ateh mesmo pediu ajuda para combater os espioes nazis infiltrados no país, e que daria toda facilidade a eles! somente mais para frente eh que um embaixador americano alertou Roosevelt que Vargas seria mais inclinado aos nazis. Qual eh sua opiniao? obrigado.
PS: seria possivel vc enviar para mim o artigo do Brinkler 1990?