Wednesday, June 16, 2010

O homem que nada come e nada bebe...


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"Homem sagrado" diz não ingerir sólidos ou líquidos há 72 anos


Prahlad Jani, de 82, alega nada comer

(e muito menos beber água!) desde

a infância

Evandro da Nóbrega

ESCRITOR, JORNALISTA, EDITOR

http://druzz.blogspot.com

druzz@reitoria.ufpb.br

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Este artigo — publicado originalmente no jornal A União, de João Pessoa (PB) — é também reproduzido pelos seguintes URLs:

- Blog Cultural EL THEATRO, de Elpídio Navarro: www.eltheatro.com

- Portal PS OnLine, de Paulo Santos: www.psonlinebr.com

- Portal Literário RECANTO DAS LETRAS: http://recantodasletras.uol.com.br/autores/druzz

- Portal do Jornal A União On Line: www.auniao.pb.gov.br

- Blog DRUZZ ON LINE, de Evandro da Nóbrega: http://druzz.blogspot.com

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Quando a gente pensa que já viu tudo...

A mídia internacional, inclusive a BBC, está divulgando o estranho caso de um velhinho yogi ou praticante de ioga (indiano, para variar) que alega não haver tomado um pingo d'água nem comido qualquer naco de alimento nos últimos 70 anos — embora goze de invejável saúde física e mental.

Trata-se do ancião Prahlad Jani (pronuncia-se prárrlad djáni), de 82 anos, que passou mais de duas semanas sob estrita observação de 35 médicos e cientistas militares, num hospital de Ahmedabad. A equipe de especialistas — que monitorou o paciente 24 horas ao dia, inclusive com uma câmera de vídeo permanentemente ligada para registrar tudo — concluiu que não tem elementos para negar ou confirmar a alegação de Prahlad de que vive de ambrosia... mas que o caso dele é de grande interesse para a Ciência.

Notícia assim só poderia vir mesmo da Índia, tradicional pátria de faquires que dormem em camas de pregos e fazem outras coisas sempre absolutamente inacreditáveis, como Sai Baba et alii. Noutras partes do Mundo, também há malucos tentando viver de brisa. No caso de Jasmuheen (ex-Ellen Greve), fixada na Austrália, ela nos “ensina” como viver só da respiração de bons ares, sem alimento ou qualquer fluido.

Nas tais “experiências” dessa abilolada (ou sabida) madame, pelo menos três pessoas já levaram a breca — e a própria Jasmuheen esteve à beira da cova numa de suas “demonstrações”. Mas ela vende muitos livros & vídeos, que há gente besta para tudo no Mundo — e ainda sobram uns cem para ficarem olhando.

En passant, o termo faquir provém do árabe faqir [= "pobre"]. No Ocidente, designa aqueles mendicantes e/ou religiosos indianos completamente ascéticos e que levam vida de jejum, privações, autoflagelação, sofrimentos mil e outras formas de ganharem, segundo pensam, perfeito controle sobre suas próprias mente, corpo e sentidos. Perto da Índia, faz furor no Youtube o discurso (em língua nepali ou nepalesa) do menino-Buda da cidade de Ratanpuri, no Nepal. Esse "garoto-deus" chama-se Ram Bahadur Bomjan — mas é também conhecido por Tapaswi Palden Dorje [nenhum parentesco com nosso dileto ex-governador Dorgival Terceiro Neto, na intimidade "Dorge"!].

Com relação especificamente ao velhim-que-não-come-ou-bebe, Prahlad Jani, o eremita do subcontinente indiano (pois também de um eremita se trata), tudo começou na cidade de Ahmedabad, no Gujarate. De lá, o correspondente da BBC Rajeev Khanna mandou dizer que esse faquir moderno (?!) estava em cuidadosa observação médica no hospital Storling [alguns jornais erraram e botaram Sterling].

Além de não ingerir qualquer alimento sólido ou líquido, o fenomenal compatrício de Gandhi "nem urinou, nem defecou" [sic, nas palavras do Dr. Dinesh Desai, vice-diretor do hospital] nos dias em que esteve sob rigorosa observação dos médicos. O único contato que mantinha com líquidos era na hora de escovar os dentes ou gargarejar. “Não sabemos como ele sobrevive”, dizem os cientistas.

Como o Conde Alexandre

e o velho Sarafim do Teixeira

A história do sagrado velhim jejuador correu o Planeta — e Prahlad (ou um seguidor seu ou alguém que por ele se faz passar) já dispõe até de página no sofisticado Facebook. Foi lá que vi uma das melhores observações sobre "o faquir que vive sem comer": a da intelectual judia Shelley Goldman: "É meu homem ideal! Que tempo não economizaríamos se nossos maridos não comessem nem bebessem tanto!”.

Ao ler tais relatos, a primeira coisa que me veio à mente foi a figura ímpar do Conde Alexandre (ou o "sábio" pernambucano "Omar Khayam"), personagem REAL de meu romancezim A glândula pineal do urubu — livro que foi parar no programa do Jô Soares. O "Conde Alexandre" impressionou o Brasil, entre outros "feitos", ao se deixar enterrar vivo, em São Paulo, afirmando haver vivido 30 anos entre monges do Tibete... Outra lembrança que me veio foi de um cidadão de Patos, o qual, muito sovina, botou na cabeça não gastar mais dinheiro com comida — quer dizer, resolveu NADA mais comer. Morreu ao cabo de duas semanas, quando, no dizer de sua infeliz esposa, "já estava quase se acostumando”...

Há casos de pessoas que passaram semanas sem comer, haja vista que o próprio corpo se encarrega de lançar mão de suas reservas proteicas, glicerídeos de ácidos graxos etc. Mas viver sem água já são outros quinhentos. O mais que se pode passar, sem ela, são três ou quatro dias — após o que sobrevém fatal desidratação.

Na Índia e, também, em certos grupos ocidentais seguidores de esoterismos os mais estranhos, há a tendência a acreditar piamente nos poderes extraordinários de faquires, gurus, ascetas. O caso do velhinho "jejuador permanente" é um dos poucos submetidos ao crivo da Ciência. Os testes mostraram que o corpo dele funciona como o de uma pessoa normal — embora (ou talvez por isso mesmo!) ele viva a maior parte do tempo numa caverna.

Por isto, não: ainda em inícios da década de 1960, fiz duas páginas, para o antigo e saudoso jornal O Norte, apresentando um "fenômeno" dos Sertões paraibanos: o ancião Sarafim [Serafim], que, tendo perdido o siso, vivia em cavernas da Serra do Teixeira, completamente nu e se alimentando, entre outras guloseimas, de... ticacas inteiras, cozidas — com cabelo [pelo, pele], vísceras e tudo — numa grande ex-lata de querosene. Sarafim perdera o juízo quando, na velha igreja de Patos, todo enfatiotado para o casamento, soube que “a noiva fugira com outro / na hora de ir pro altar”. [Ver abaixo]

Velhinho faquir (que vive numa caverna) provoca o interesse dos cientistas e de quem faz dieta

Apesar de viver em ambiente inóspito, Sarafim era até versejador — mas ao estilo de Zé Limeira, o eterno "poeta do absurdo" do Orlando Tejo. A prodigiosa memória do mano João Dantas da Nóbrega (que leu minha matéria da década de 1960 e lhe decorou algumas partes) ainda recorda uma das mais notáveis décimas (clássicas!) da literatura cordel-sarafiniana:

No mato, ronca o barbado,

a coruja faz có-có,

o veado sacode o pó,

o tatu lambe o fucim,

o coelho pula do nim

— olha o pulo qu'ele deu!

Na Bahia, São Mateus,

São Mateus, Capitania...

— Bendito louvado seja

O Rosário de Maria!”...

Que nem o Conde Alexandre (o da glândula pineal do urubu), nem Sarafim (o das locas e tacacas teixeirenses) impeçam nosso conhecimento mais íntimo das proezas do indiano Prahlad Jani.

A caverna de sua preferência fica nas imediações do templo dedicado, no Gujarate, à deusa Ambaji [Ambadji] — a mesma que, segundo diz, lhe concedeu este "poder" de não precisar de alimentos sólidos ou de água desde os oito anos de idade. “Para ajudar os médicos a verificar suas alegações, Jani concordou em não tomar banho durante o período em que esteve no hospital” — relata o correspondente da BBC, acrescentando: “O único líquido permitido era pequena quantidade de água para enxaguar a boca. Para comprovar que não havia bebido nem uma gota, cem mililitros de água lhe eram ministrados — e novamente bem medidos depois de ele cuspir”.

A Associação Médica de Ahmedabad informou, ao final dos estudos, que, apesar de água alguma lhe entrar no corpo, aparentemente se formava urina em sua bexiga, cujas paredes a reabsorviam. No fim do confinamento, os médicos não notaram qualquer deterioração em suas condições, a não ser uma pequena perda de peso.

"Não sinto necessidade de água ou comida", diz Jani, que, derna minino, só viveu em cavernas (como nosso Sarafim teixeirense). Como roupa, veste uma espécie de sari vermelho, próprio dos devotos da deusa em questão, além de outros itens usados por seus seguidores: brinco no nariz, pulseiras, guirlandas de flores no cabelo e a tradicional tika — a marca vermelha na testa, característica frequente das mulheres hindus casadas. Não é de admirar que seus seguidores o tenham apelidado de Mataji [= "deusa" em gujarate, a língua lá deles].

Bem menos científica é a "explicação" de Jani (nenhum parentesco com Jânio Quadros!) para o fato de viver sem comer & sem beber: 1) há um buraco em seu céu da boca, vale dizer, a abóbada palatina ou palato; e 2) é por esse bendito buraco que passam alguns pingos d'água, por si sós capazes de sustentá-lo vivo e hígido!

Outras curiosidades sobre este faquir... vitalício!

É sempre um prazer do espírito reencontrar o médico, pediatra e escritor Paulinho Soares, de quebra o maior analista informal do dia-a-dia da Política paraibana. Foi o que novamente aconteceu segunda-feira passada, por ocasião do supimpa lançamento, na Fundação Casa de José Américo, do livro Cinema por escrito, do saudoso colega e amigo Antônio Barreto Neto (Barretim), postumamente organizado pelo editor e crítico Sílvio Osias e apresentado ao público pelo superintendente desta A União, Nélson Coelho.

Durante o lançamento da obra, o Dr. Paulinho achou um jeito de me puxar para um canto e passar-me, com seu bom-humor de sempre, o recado do dono de uma churrascaria, nosso amigo comum, que também lera a página anterior sobre Prahlad Jani, o faquir indiano que alega não comer nem tomar água há mais de 70 anos. O recado do restaurateur rustique foi este:

— Peça ao Druzz que pare com esta conversa de ficar, pelos jornais, fazendo a apologia desse povo que não come...

O dono da churrascaria tem carradas de razão — e, sem dúvidas, caminhonetas de carne-de-sol. Mas não se pode, aqui, deixar de concluir as informações adicionais sobre esse fenômeno da província do Gujarate, na parte ocidental do subcontinente indiano, especialmente depois que o “jejuador perpétuo”, de 83 anos de idade e de invejável saúde física e mental, se viu submetido a intensa bateria de duas semanas de exames rigorosos sob as atentas vistas de 35 médicos militares. Bhiku Prajapati, um dos muitos seguidores do eremita-que-não-come-ou-bebe, exclama, orgulhoso, sobre Prahlad Jani [nenhum parentesco, repita-se, com “nosso” Jânio Quadros]:

— Ele nunca ficou doente e pode continuar indefinidamente a viver assim, sem nada comer, nem beber.

Urman Dhruv [nenhum parentesco com o velho Druzz de guerra], um dos médicos que acabam de examinar Prahlad, assegura que o relatório completo sobre as observações científicas já realizadas ficará pronto dentro de alguns meses. Não será possível, obviamente, confirmar ou negar as alegações do jejuante permanente. Mas "a observação advinda dos laboratórios do hospital pode ajudar no aprendizado sobre o funcionamento do corpo humano".

Já o correspondente da BBC em Ahmedabad, Rajesh Joshi, cuja matéria foi originalmente escrita em inglês, informa:

— É provável que os médicos queiram examinar Prahlad Jani novamente, com vistas a resolver o mistério.

A BBC, claro, não foi o único órgão da mídia a se interessar pelo tema. A primeira informação saiu num jornal da própria cidade gujaratiana de Ahmedabad. Depois, se espalhou pelo Planeta. Enquanto isso, formava-se grande romaria em direção ao hospital em que Prahlad estava em observação. Todos queriam ver, falar com ou encostar os dedos no ancião. Ele, entre outras coisas, é objeto da inveja de trocentos zilhões de pessoas obrigadas a fazer dieta — e que não conseguem atingir a esbelta silhueta desse “homem sagrado”...

Pode-se viver em inédia

total abstinência de alimentos?

Terminado o confinamento de Prahlad no hospital, os médicos não notaram qualquer deterioração no estado de saúde do velhinho jejuante, afora ínfima perda de peso — o que não deve constituir problema para quem, há mais de sete décadas, não põe um tico de pão ou um pingo d’água na boca, com a vantagem adicional de não precisar ir ao banheiro para atender a essas prementes necessidades fisiológicas que costumam nos assaltar, aos comuns dos mortais. Por falar nisto, quando é, então, que ele lê jornais, revistas — ou faz palavras-cruzadas?!

Ainda sobre o iogue de longa cabeleira e emaranhada barba branca, o neurologista Sudhir Shah complementou, em concorrida entrevista coletiva: “Até agora, não sabemos como é que ele sobrevive. Para nós, continua a ser um fenômeno misterioso. Se a energia de Prahlad não deriva de alimento ou água, ele a deve estar retirando de fontes energéticas do entorno, inclusive da luz do Sol [fotossíntese]. Como médicos, não devemos fechar os olhos a todas as possibilidades, podendo-se até mesmo pensar noutras fontes de energia, para além dos recursos calóricos normais” [isto é, as calorias].

Os médicos examinaram Prahlad minuciosamente a pedido da Organização para a Pesquisa e Desenvolvimento da Defesa, instituição militar oficial da Índia. Afinal, já pensaram nas implicações que terá, para os 1,2 bilhão de indianos (e para todo o Mundo), a inacreditável descoberta de que o homem pode, de alguma forma, sobreviver sem ingerir sólidos e/ou líquidos?!

A própria DRDO (sigla, em inglês, do tal instituto) cita alguns campos de interesse envolvidos: sobrevivência de soldados sem bóia; de astronautas sem rancho; e de pessoas atingidas por catástrofes e/ou desastres naturais. Outro especialista, G. Ilavazahagan, diretor do Instituto de Fisiologia e Ciências Correlatas do Departamento de Defesa, assinalou: “O único contato de Prahlad com fluidos era quando gargarejava, escovava os dentes ou tomava um banho periódico”. Os doutores examinaram e reexaminaram praticamente todos os órgãos & sistemas de Prahlad: coração, pulmões, cérebro, capacidade de memória, veias, vasos sanguíneos, genes, DNA, biologia molecular, hormônios, enzimas, metabolismo energético etc.

Concluído os estudos (cujos resultados somente virão à luz dentro de mais uns meses, tendo em vista a complexidade dos dados e análises), Prahlad regressou à sua dileta e aprazível caverna, numa aldeiazinha perto de Ambadji, ao norte do Gujarate. Aí, retomou as continuadas atividades de ioga e meditação. Os mais apressadinhos ficam logo a imaginar se, finalmente, não teria atingido o Homo sapiens sapiens o avançado estágio de poder viver por longos períodos ou permanentemente num feliz, desejável e búdico estado de inédia — a total abstinência de alimentos, como já o definiam os romanos. Mas é bom lembrar que o próprio Buda não dispensava seus alimentozinhos, non!

Já antes de se conhecer o caso deste teimoso jejuador indiano, existia, no vocabulário anglo-australo-americano, o termo breatharian, com base em vegetarian, para significar quem se “alimenta” apenas de ar, da respiração, de prana (uma espécie de “energia espiritual”, cósmica, no hinduísmo). Em português, para traduzir o neotermo inglês breatharianism, forjou-se o neologismo respiratorianismo — e as piadinhas prosseguiram, com um gaiato tentando emplacar o beera­rianism, que poderíamos substituir por cervejaria­nismo, hipotética dieta baseada exclusivamente em... louras estupidamente geladas.

Na Irlanda, já houve um sujeito que, em greve de fome, passou 73 dias sem se alimentar de sólidos

Como já referido, que se cuide a magérrima (e ainda assim bela) modelo britânica Kate Moss, musa das manequins anoréxicas: Prahlad Jani chegou com toda a pinta de substituí-la na admiração das moçoilas que vivem quase sem comer para terem um corpinho capaz de servir de cabide a todo e qualquer modelito. Não é de Kate Moss a afirmativa de que nada tem melhor sabor para as pessoas do que se sentirem esqueléticas?

Com o noticiário em torno deste faquir de carne e osso (em verdade, mais osso que carne), não faltaram piadinhas, especialmente nos EUA: “Se Você está engordando, que tal passar os próximos 70 anos alimentando-se apenas de ar?” Ar, vento, ambrosia, prana, emanações solares — dá no mesmo.

Os intervalos entre as refeições do comum dos seres humanos (e mesmo dos animais em geral) é de apenas algumas horas. Mas Prahlad alega viver desde a infância sem tomar líquidos nem ingerir alimentos sólidos. Uma das vantagens adicionais é que ele não tem que se preocupar com besteiras do gênero dietas, comidas gordurosas & gorduras trans e saturadas, a luta da manteiga versus margarina, triglicerídeos, açúcares & adoçantes, picanha só em fim de semana, feijoadas completas & homéricas macarronadas, doces & sobremesas, orçamentos de feiras nos supermercados & e listas de compras de munição de boca, excesso de peso...

Outra grande bênção: a prerrogativa, já conhecida, de não ter que ir ao toalete — ao passo que o leitor meridiano já deve ter visitado o troninho pelo menos uma vez, desde que começou a ler este jornal (ou se já não estiver fazendo a leitura no banheiro mesmo). Uma pessoa normal não sobrevive além de quatro minutos sem ar, sem oxigênio, porque lhe sobrevém a morte cerebral. Sem beber água, o máximo admitido pela Medicina é de quatro dias. O maior recorde de greve de fome ocorreu em 1981: o de um militante do IRA [Irish Republican Army = Exército Republicano Irlandês] que suportou 73 dias sem comer — embora a Ciência assegure que sem alimentos ninguém passa de quatro semanas (para uns especialistas) ou de 50 dias (para outros). Bem, eu é que não vou testar essas “marcas olímpicas”...

O jornal multilíngue Epoch Times, baseado em Nova York, trombeteou as notícias sobre o guru da magrém em inglês, chinês e nove outros idiomas (17 ao todo, na Internet), afirmando: os doutores não acharam no corpo de Prahlad qualquer dano provocado por inanição ou desidratação; muito pelo contrário, observaram que seu cérebro equivale ao de um jovem de 25 anos.

De concreto, o que se pode esperar de todas essas notícias em torno do novo “homem sagrado” são viagens de novos roqueiros esotéricos à Índia...

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Wednesday, June 09, 2010

AINDA CLOTILDE TAVARES (PARTE FINAL)

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Clotilde, a sacra endiabrada da Net (final)


Jornal A União, domingo, 6 de junho de 2010

Conclui-se hoje a tarefa iniciada no domingo passado, no jornal A União, qual seja, a tentativa de se montar um perfil da médica e escritora paraibana Clotilde Tavares, que lidera movimentados blogs e listas de discussão na Web nordestina

Evandro da Nóbrega
ESCRITOR, JORNALISTA, EDITOR
[http://druzz.blogspot.com]
[druzz@reitoria.ufpb.br]

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Este artigo — publicado originalmente no jornal A União, de João Pessoa (PB), edição de domingo, 6 de junho de 2010 — é também gentilmente reproduzido pelos seguintes URLs:

- Blog Cultural EL THEATRO, de Elpídio Navarro:

www.eltheatro.com

- Portal PS OnLine, de Paulo Santos:

www.psonlinebr.com

- Portal Literário RECANTO DAS LETRAS:

http://recantodasletras.uol.com.br/autores/druzz

- Portal do Jornal A União On Line:

www.auniao.pb.gov.br

- Blog DRUZZ ON LINE, de Evandro da Nóbrega:

http://druzz.blogspot.com

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Para continuar falando sobre Clotilde, não nos faltariam temas, óticas e ângulos. Mas eis que chegam também, entre outros, os estímulos dados por W. J. Solha e por Aglaé Fernandes. Solha diz, em resumo: "Maravilhoso, Druzz, esse seu texto sobre a Clotilde Tavares. Ágil, com muito humor e conhecimento, com enorme carinho pela figura em foco. Nota 10".

E Aglaé complementa: "Perdi o XIII FENART integralmente. Passei a semana com forte gripe. Lamentei haver perdido também a palestra. Agora, me atualizo com os textos de Druzz. E, pensando bem, um espírito laudabilíssimo [Clotilde] que ganha loa tão bela, não precisa mais de nada: já superou a própria santidade!"...

Leitora contumaz e integrante do Colégio Brasileiro de Genealogia, Clotilde tem por irmãos — além do multipremiado escritor Bráulio Tavares, já apresentado, com todas as honras, na primeira página desta série de duas — o professor universitário Pedro Quirino Ferreira Neto e a socióloga Inês Santa Cruz Tavares.

ASCENDENTES & DESCENDENTES

De dois casamentos, Clotilde teve um casal de filhos: Rômulo Tavares (publicitário e músico, que lhe deu dois netos, Isabela e Marcelo); e Ana Morena Tavares (produtora, contrabaixista e editora de vídeo). Ana Morena vem a ser esposa do também músico Anderson Foca e ambos são empresários em Natal (RN), responsáveis pelo Centro Cultural do Sol e, pour cause, pelo superprestigiado Festival do Sol.

Campinense filha de Nilo Tavares e Cleuza Santa Cruz Tavares, Clotilde teve por avós maternos Pedro Quirino Ferreira e Inez Duarte Salgado de Vasconcelos Santa Cruz Ferreira (e, paternos, Bráulio Fernandes Tavares e Clotilde Pereira). Afora outros ilustres parentes & antepassados, houve um tio seu que floresceu em Recife (PE) e de quem tomamos conhecimento enrevesadamente. [Veja abaixo].

ALGUNS DE SEUS LIVROS

Clotilde publicou seu primeiro folheto de cordel em 1974. Divide seu tempo entre Natal e João Pessoa, apresentando crônicas e artigos sobre Arte, Cultura e Comportamento. E já publicou, entre outros, os seguintes livros:

Coração parahybano - Crônica, Literatura e Memória (Edições Linha d'Água, de nosso incomum amigo comum Heitor Cabral);

Formosa és - Memórias do Internato, sobre sua experiência como aluna interna do Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, PE (Edições Engenho de Artes, Natal, 2009);

Bilhetes de suicida - Poesia (Editora Universitária, Natal, RN, 1987);

Iniciação à visão holística - Ensaio (5a. edição, Record, Rio de Janeiro, 2000);

A magia do cotidiano - Ensaio (Editora CNews, Natal, 1999; reeditada pela editora A Girafa, São Paulo, 2005);

A botija - Novela (AS Editores, Natal, 2003, Prêmio "Câmara Cascudo" da Prefeitura natalense em 2000, reeditado pela Editora 34, São Paulo, 2006, e adotado em Vestibulares);

A agulha do desejo - Crônicas (Engenho da Arte, Natal, 2003); e

Natal, a noiva do Sol - Literatura Infanto-Juvenil (São Paulo, editora Cortez, 2005).

Um tio seu, no Bar Savoy, com Carlos Pena Filho

No Facebook, Salomão Benevides Gadelha nos enviou uma "provocação", citando Carlos Pena Filho e Mauro Mota, com os conhecidos versos:

DE CARLOS PENA FILHO:

Nas mesas do Bar Savoy

o refrão tem sido assim:

são trinta copos de chopp,

são trinta homens sentados,

trezentos desejos presos,

trinta mil sonhos frustrados.

DE MAURO MOTA:

São agora vinte e nove

os homens do bar Savoy.

Vinte e nove que se contam.

Falta um. Para onde foi?

Vinte e nove homens tristes.

Dentro deles, como dói

a ausência do poeta Carlos

na mesa do bar Savoy.


Sem nem de longe querer ombrear tão ilustres poetas, pegamos o pião na rima & na unha, respondendo:

RÉPLICA DE DRUZZ:

Como o tempo tudo mói,

Mauro Mota, em oitenta e quatro

também deixa o anfiteatro

que era o velho Bar Savoy...

Mauro igualmente se foi,

restando só vinte e oito

chopes, copos, abdômens

nesse belo valhacoito...

Que o tempo é pior açoito

a frustrar sonhos e homens.


TRÉPLICA DE CLOTILDE:

E Clotilde emendou, magistralmente, revelando a existência de seu tio Cláudio Tavares, também, como todos nós, frequentador do Bar Savoy:

Um daqueles trinta homens,

Meu tio Cláudio Tavares,

Elegeu o bar Savoy

Como o melhor entre os bares.

Amigo de Carlos Pena,

Foi eleito entre seus pares;

Ali escrevia artigos

Sobre as lutas populares.

E era ali que o procuravam

Os carrascos militares,

Para prendê-lo no Derby,

Prisão de muitos lugares.

Mas Claúdio era comunista,

Libertário, era Tavares!

Morreu mas não se quebrou!

Nunca cedeu seus achares.

Os vinte e sete restantes

E, depois deles, milhares

Foram ficando mais tristes,

Mais pesados seus pesares.


RECOLHENDO A LUVA

Diante disto, jogamos a toalha no tablado do ringue, com uns versins finais:


Estão em todas os Tavares,

segundo a lição da História;

e, no Nordeste, sua glória

se fez em terra e nos mares.

Já não digo pelos ares,

que não sei de aviação;

mas, nos meios regulares,

só vi Tavares em ação,

na guerra e paz — ou então

nas escolas e nos lares.


VERSINS DO FRONTISPÍCIO

Há uns anos, ficamos lisonjeado por Clotilde haver escolhido uns "versins" de cordel nossos para o "frontispício oficial" de sua lista de discussão "Umas & Outras". Os mal-ajambrados versins rezam:

Se Você gosta de Arte,

de Clotilde, Humor, Cultura,

se é fã de Literatura

e quer fugir ao enfarte;

se amar um bom debate,

com toda a cordialidade,

sem incabíveis apupos;

venha fazer amizades,

sem limitação de idade:

Umas & Outras é o grupo.

Ass.: EvandrUmas da NobrOutras...


Autora se encontra no seleto catálogo de jóias literárias do insigne editor paraibano Heitor Cabral

Como vimos, um dos livros de Clotilde [Coração parahybano: Crônica, Literatura e Memória] foi lançado pelas Edições Linha d’Água, do grande editor paraibano Heitor Cabral, advogado, economista, professor e muita coisa mais.

Para se ter uma idéia da companhia em que Clotilde se encontra, no catálogo de obras já lançadas (e a serem lançadas) pela editora de Heitor Cabral, vejam estas duas relações:

LIVROS JÁ LANÇADOS:

* Introdução ao Direito, de Flóscolo da Nóbrega;

* A Ciência Social do Direito - Uma introdução, de José Cláudio Baptista;

* Direito Processual Penal em sala de aula, de Onildo Cavalcanti de Farias;

* Introdução à Sociologia, de Flóscolo da Nóbrega;

* História do Direito e da Política, de José Octávio de Arruda Mello;

* Proposições - Direito em interdisciplinaridade, de José Cláudio Baptista;

* Selecta carmina - Poesia seleta, de Vanildo Brito;

* Memórias do olhar, de Raul Córdula Filho;

* Fúcsia, de Victória Lima.

A SEREM LANÇADOS:

* Dom Sertão, Dona Seca, de Otávio Sitônio Pinto;

* uma nova edição de Eu e Outras Poesias, de Augusto dos Anjos

* Poesias da juventude, de Luiz Correia Alves (apenas lançado em Alagoa Grande e São Paulo);

* Lira dos anos dourados, de Clemente Rosas (livro escrito em sua juventude);

* a antologia poética Geração 59, em segunda edição, comemorativa dos 50 anos de publicação da primeira;

* Marcas de uma raça, de Jonas Leite Chaves (memória da sertaneja família Jenipapo);

* Iluminuras, do saudoso poeta Jurandy Moura;

* Merá Buyé, de José Elias Barbosa Borges (estudo magistralmente pioneiro sobre a pré-história de Campina Grande);

* Opera mistica [assim mesmo, sem acentos diacríticos, porque em latim], do poeta Luiz Correia Alves;

* O dia dos cachorros, do poeta Aldo Lopes (segunda edição, magnificamente ilustrada por Alberto Lacet);

* Pensando no seu tempo, de Ronaldo de Queiroz (livro póstumo);

* Coco de roda - Doze ensaios iluministas, de Clemente Rosas (segunda edição, ampliada);

* No roteiro do Padre Malagrida, de Marcus Odilon Ribeiro Coutinho (segunda edição, ampliada, deste livro premiado na Itália);

* Sudene, a utopia de Celso Furtado, de Laura Aquino; e

* a primeira edição local de Diálogo das grandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão, com comentários do professor Antônio Augusto de Almeida (foi este o primeiro livro a ser escrito em solo paraibano — e Ambrósio era cristão-novo).