Tuesday, March 10, 2015

UMA HOMENAGEM À POETISA DÂNDY NO PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DE SEU FALECIMENTO




________________


"SEGUNDA EDIÇÃO" 
(DESTA VEZ ON LINE
DA AGGENDA DE DANDY — UMA SELEÇÃO DE POEMAS DE CLEIDE MARIA FERNANDES FERREIRA [1948-2014]

_________________

por Evandro da Nóbrega,
escritor, jornalista, editor
[druzz.judiciario@gmail.com]


Esta é a pálida homenagem de um admirador e velho amigo à memória da imensa poetisa paraibana e universal Cleide Maria Fernandes Ferreira, nascida Cleide Maria Gonçalves Fernandes e mais conhecida como Dandy (Dândy). 

No dia 4 de março próximo passado, completou-se um ano de seu falecimento. No domingo anterior, a família fez publicar no jornal Correio da Paraíba um texto alusivo ao primeiro aniversário de sua morte. 

Tratou-se de um texto composto, ainda em meio a grande emoção, diria mesmo comoção, por sua filha Tatyana e subscrito pelos demais integrantes da família, a exemplo de Márcio Roberto, Márcio Roberto Júnior (irmão de Tatyana e, portanto, filho de Dândy), João Pedro (neto da poetisa) e Valmira Gonçalves Fernandes, também escritora e irmã da homenageada. 

Quanto ao "Márcio Roberto" citado no início, outro não é senão o Dr. Márcio Roberto Soares Ferreira, intelectual dos mais conhecidos nos meios culturais, com formação em Direito, História e outras especialidades — e que, por muitos anos, exerceu o cargo de Secretário-Geral do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, sendo considerado, neste particular, como um expert que encarna a "memória viva do Judiciário paraibano".

A ÍNTEGRA DA MENSAGEM
O texto publicado no Correio da Paraiba daquele domingo que antecedeu o 4 de março de 2015, data do primeiro aniversário do passamento da poetisa Cleide Maria rezava como se segue (e "rezava" é bem o termo):

"Dândy: Nós, que tanto a amamos, seguimos sentindo sua falta, como se nos tivesse deixado ontem.
Faz um ano que somos só saudade de Você.

Para eternizá-la em nossos corações e mentes, pedimos a todos os que tiveram o privilégio de conhecê-la que se lembrem de Você como Você mesma gostaria: 

* ouvindo música;

* contemplando o pôr-do-Sol e a Lua cheia;

* comendo morangos frescos ou tomando uma Coca bem gelada;

* sentindo o cheiro da chuva e da terra fecundada e rescendendo, Você mesma, a alfazema e manjericão; 

* lendo Filosofia, Literatura, Poesia — e relendo seus próprios versos, na Aggenda de Dândy

* relembrando Paris e nossas outras inesquecíveis viagens; 

* fazendo uma prece e concluíndo que a melhor forma de homenageá-la é praticando o que Você mais sabia e que mais ensinava a todos: amar o próximo.

Com amor e com a certeza de que Você permanecerá, em nós, 'sempre-viva', como sua flor preferida,

Márcio Roberto, Tatyana, Márcio Roberto Jr., João Pedro, Valmira e demais familiares."

  
O texto acima transcrito na íntegra bem resume a personalidade da poetisa de que ora tratamos: uma pessoa de excepcional acuidade humana, que passou toda a vida amando as pessoas — e que nos ensinava a fazer isto, inclusive por intermédio de sua poesia, de seus versos, de seus poemas, por mais que se mostrassem carregadas as hannah-arendtianas nuvens dos tempos sombrios. 

ESTAVA MAIS PARA POETISA
A Dra. Cleide Maria (Dândy) — filha do saudoso desembargador Sinval Fernandes (sobre cuja biblioteca-arquivo cheguei a escrever pequeno ensaio na Imprensa) — era esposa do Dr. Márcio Roberto. Inteligente e sensível, observadora e idealista, desde menina ela se dedicara à Literatura, mais propriamente à Poesia com P maiúsculo. A passagem do tempo só veio aperfeiçoar seus dotes poéticos. E, vendo-a trabalhar seus textos, pensava eu mais ou menos neste jaez: 

— De uns tempos a esta parte, baseando-se em explicações mais ou menos eruditas, vêm especialistas aplicando o termo "poeta" indiferentemente a homens e mulheres, o que, a rigor não é fora de propósito. Mas, no caso da Dândy, afigura-se-me incontestável ser ela mesmo uma poetisa. Posso até jurar que me pejaria de usar o termo poeta referindo-me a ela. Isto apenas para ressaltar a alma profundamente feminina dessa cuidadosa artesã do verso — feminina até em sua eventual rebeldia, vez que não aceitava o status quo de uma sociedade altamente injusta e irracionalmente (des)organizada.

Mas esses, em torno de poeta & poetisa, eram apenas uns pensamentos ociosos meus, provavelmente incabíveis nas circunstâncias. De todo modo, a poetisa Dândy não era mesmo deste mundo; ou, por outra, não deveria ter nascido para este mundo, para esta época, para esta parte do ecúmeno. 

NÃO ERA PARA ESTE MUNDO
Não, não me entendam mal: não é que ela não quisesse ser deste mundo. É porque, em seu estofo humano, em sua sensibilidade, em seu cérebro, em sua carne, em seu corpo inteiro, ela nascera para as grandes visões, as grandes contemplações, os grandes descortinos, as grandes realizações. 

Não podia, assim, suportar por longo tempo (e impunemente para sua saúde física) o lamentável espetáculo de uma sociedade que patina na mediocridade e que se afunda em petites causes, quando a poetisa, como os poetas em geral, acenam para as largas avenidas que se podiam abrir ao futuro da Humanidade, caso o apelo à razão fosse mais eficaz que "os presentes / falsamente brilhantes no opaco universal".

UMA SELEÇÃO DE POEMAS
Mas deixemos que fale por si mesma a poetisa Dândy — que, é bom que se frise, nada tinha de dandy; isto é, muito pelo contrário e bem longe disto, nada tinha de dândi, no sentido desse termo inglês dandy, em referência à pessoa costumeiramente afetada no modo de trajar, de andar, de se comportar — enfim, o indivíduo que, em bom português antigo ou atual, a gente costuma(va) chamar de "janota", "peralta", "casquilho"...

É possível ouvir, sim, a voz de Dândy, quando menos pelo que a seguir se explica. Em 1998, ela me deu significativa quantidade de poemas de sua lavra para que eu, como editor, fizesse uma seleção das peças e deteminasse quais poderiam servir para a publicação de eventual livro. Demorei alguns meses, mas, finalmente, estava pronta a desejada escolha dos "melhores poemas", com vistas à divulgação mais ampla (pois, até então, os poemas dândycos circulavam apenas entre familiares, parentes, admiradores esparsos e amigos).

COMO SURGIU A AGGENDA
Dentre esses poemas entregues à triagem, havia um intitulado "Agenda":

Não escreverei na agenda 
o que devo pagar
nem aquele compromisso inadiável
ou o número de um remoto telefone
que jamais discarei...

Independentemente do conteúdo do poema, ponderei junto à Autora: por que não lançarmos uma "agenda", em lugar de um livro — uma publicação, claro, que que entremeasse os conteúdos próprios de uma agenda normal com páginas contendo poemas e ilustrações. 

Dândy aceitou a proposta e foi assim que surgiu o "livro" Aggenda de Dandy — Uma seleção de poemas de Cleide Maria Fernandes Ferreira, sendo este que vos tecla o editor da obra e, entre outras coisas, responsável pelo projeto gráfico-editorial, pela edição do texto, pela editoração eletrônica e pela Nota Editorial que abre o volume. 

Colaboraram, ainda, na consecução do livro-agenda, o designer Mílton Nóbrega (capas); a fotógrafa e curadora Germana Bronzeado (fotos e assessoria); a professora Nirelda Moura Ponce de León (processamento eletrônico do texto); e o artista plástico pernambucano Plínio Palhano, que ilustrou vários dos poemas constantes do volume, que saiu em bem cuidada edição pela Gráfica JB (João Pessoa, 1999).

UMA... "SEGUNDA EDIÇÃO"
Agora, neste primeiro aniversário de falecimento da poetisa Dândy, achei não ser de todo fora de propósito dar à estampa uma... "segunda edição" da Aggenda de Dandy. 

Isto está sendo feito aqui & agora, da seguinte maneira: publicando-se, on line, no presente blog DRUZZ ON LINE, do Blogger [http://druzz.blogspot.com], algumas páginas da Aggenda em questão. 

São, portanto, páginas escaneadas do primeiro e único livro que nos legou a doce poetisa nascida em 8 de julho de 1948, em Catolé do Rocha (quando seu pai era juiz de Direito na Comarca respectiva). 

Dandy faleceu a 4 de março de 2014, em João Pessoa, com grande consternação para todos os que a conheciam, ou de perto (pela convivência) ou de nome (pela leitura de seus poemas). 

O leitor é convidado, agora, a acompanhar as páginas da Aggenda de Dandy com suas respectivas legendas, colocadas para uma leitura mais cômoda:
                           _________________

A poetisa Dandy (Cleide Maria Fernandes Ferreira), autora da Aggenda (Gráfica JB, João Pessoa, 1999). [Clique na foto para ampliá-la]
_________________


Capa da edição original da Aggenda da Dandy. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

O frontispício da Aggenda
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

O início da "Nota Editorial" da Aggenda
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Segunda página da "Nota Editorial" da Aggenda
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Terceira e última página da "Nota Editorial" da Aggenda[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

A página de abertura da coletânea de poemas. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Uma das muitas ilustrações da Aggenda, recomendadas pela própria Autora
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Para Você ter uma ideia geral do conteúdo da Aggenda[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Ilustração do artista plástico Plínio Palhano para o poema homônimo de Dândy, visto a partir da página seguinte[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

O início do poema "Agenda", que dá título ao livro. Não reclame, please, se, por vezes, as páginas aparecem tronchas, desaprumadas, fora de esquadro: se eu tivesse que aprumar milimetricamente cada página, no scanner, não teria tempo de fazer mais nada!... [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Segunda página do poema "Agenda". 
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Parte final do poema "Agenda"
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Ilustração do artista plástico Plínio Palhano para o poema homônimo de Dândy, visto a partir da página seguinte, sob o título de "Anjo"[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Parte inicial do poema "Anjo"
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Parte final do poema "Anjo"
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Parte inicial do poema "Arcabouço"
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Parte final do poema "Arcabouço"
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Parte inicial do poema "Retorno"
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Parte final do poema "Retorno"
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

"Surdo", outro poema de Dândy
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

O poema "Páscoa", na página 27 da Aggenda de Dandy. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Num poema de 1992, a visão da Cidade Baixa pela sensibilidade da poetisa paraibana[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

"Vereda", outro poema incluído na Aggenda de Dandy. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Agora é a vez dos versos de "Marinas", poema composto em 1990. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

"Abracadabra", um poema de 1998. Acreditam alguns estudiosos que a velha palavra abracadabra, ainda hoje usada até mesmo nas mágicas de entretenimento, provém da antiga expressão hebraica abreg ad habra, com o sentido de "lança o teu raio até a morte". Mas, naturalmente, há cerca de meia dúzia de outras interpretações, igualmente aceitas por certos scholars[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

"Datas", outro pequeno poema de Dândy. 
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Ainda outro pequeno poema, "Violão", do ano de 1992. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

"Esginge", um poema do ano de 1997. 
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

O Cinema sempre presente na vida e na obra da poetisa Dândy. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Não já se disse tudo sobre a máscara, a partir mesmo da Antiguidade Clássica? Constate que não, lendo o quase micropoema acima. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

É a vez do poema "Berceuse". E não estranhe o formato do livro: desde o início Você estava avisado(a) de que se tratava mesmo de uma... agenda. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

"Poção mágica", outro poema curto, mas bem expressivo. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

"Canto dos cisnes", mais um poema grandemente evocativo. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

A primeira parte de um soneto bem atípico...
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

... e seu arremate. 
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Outro poema ilustrado pelo pintor Plínio Palhano
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Como o Cinema, a Música sempre foi uma companheira inseparável da poetisa Dândy. 
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Cleide Maria tinha formas minimalistas de expressar sua dor interior — a dor do existir num mundo em que há pouco espaço para a verdadeira Poesia. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

UM NOVO LIVRO DE DÂNDY?
Estes poemas curtos podem passar a impressão, ao leitor iniciante dos versos de Dândy, que a poetisa não se valia de poemas longos. Não é a verdade: ela deixou poemas longos, sim. Aliás, como Dândy produziu versos até pouco antes de falecer, não é impossível que, dentro de mais algum tempo, feito uma nova seleção, surja um novel livro da Autora. 
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Mas os poemas curtos, econômicos, marcaram, de fato, uma fase da poética dandyana. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________


O saudoso cronista, escritor, jornalista, poeta, ensaísta, advogado e professor Luiz Augusto Crispim [foto no alto] escreveu sobre Cleide Maria uma crônica que, no livro-agenda, viu-se publicada à guisa de posfácio. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Já foi mostrado e demonstrado à exaustão. Mas não custa repetir que o livro de Dândy foi lançado mesmo sob o formato de uma agenda: essa sequência de páginas para anotações, de A e B, ia até o Z. [Clique na foto para ampliá-la]
_________________

Cleide Maria Fernandes Ferreira, a poetisa Dandy. Logo teremos novas fotos dela, inclusive coloridas. Quem aqui voltar verá. 
[Clique na foto para ampliá-la]
_________________
      
       

No comments: