Friday, August 30, 2019

DUPLA RENÚNCIA NO IHGP



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O Dr. Guilherme Gomes da Silveira d’Avila Lins, médico, professor, historiador, escritor, acadêmico e um dos maiores especialistas internacionais em História Colonial, que vem de renunciar ao direito de disputar a reeleição para a Presidência do IHGP, tendo ainda renunciado ao próprio cargo presidencial que exercia. [Clique na foto para vê-la ampliada]
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O Dr. Joaquim Osterne Carneiro, engenheiro-agrônomo, escritor, memorialista e historiador , que renunciou ao direito de disputar a reeleição para a Vice-Presidência do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, tendo ainda renunciado ao próprio cargo vice-presidencial que exercia, como eventual substituto do Dr. Guilherme. [Clique na foto para vê-la ampliada]

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A sede do IHGP, no centro da cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba. [Clique na foto para vê-la ampliada]

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O brasão d'armas (ou escudo) do IHGP. [Clique na foto para vê-la ampliada]

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O Auditório Humberto Nóbrega, no andar superior do prédio do IHGP. [Clique na foto para vê-la ampliada]
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PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE DO IHGP RENUNCIAM PARA EVITAR UMA ESPÉCIE DE DISPUTA POLÍTICA NA MAIS ANTIGA INSTITUIÇÃO CULTURAL EM ATIVIDADE CONTÍNUA NA PARAÍBA

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por Evandro da Nóbrega,
escritor, jornalista, editor, filólogo, historiador, sócio efetivo
do IHGP - Instituto Histórico e Geográfico Paraibano
[druzzevandro@gmail.com]

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Continua a repercutir intensamente, em todos os meios sociais, em especial nos setores cultural, artístico e intelectual, a dupla renúncia recém-ocorrida no âmbito do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP). Aliás, não se tratou apenas de uma “dupla renúncia”, como se vai agora explicar. Ocorre que o presidente do IHGP, historiador, médico e escritor Guilherme Gomes da Silveira d’Avila Lins, acaba de renunciar ao cargo que vinha exercendo há cerca de três anos à frente da mais antiga instituição cultural em atividade contínua no Estado - e, consequentemente, também decidiu não mais disputar a reeleição para um novo mandato.
Horas depois, o vice-presidente do mesmo IHGP, historiador e engenheiro-agrônomo Joaquim Osterne Carneiro não só renunciou a seu cargo de eventual substituto do Dr. Guilherme d’Avila Lins, como também desistiu de tentar, pelas urnas, uma recondução à Vice-Presidência da Casa da Memória Paraibana, como é igualmente conhecido o Instituto.
Essas renúncias e desistências foram comunicadas aos sócios efetivos do IHGP por intermédio de e-mails contendo os textos das cartas de “resignment” assinadas pelos Drs. Guilherme d’Avila Lins e Joaquim Osterne. Tais e-mails viram-se expedidos pela Secretaria do Instituto e se constituíram na mais absoluta surpresa para todos os integrantes do IHGP.

CAUSAS DA DUPLA RENÚNCIA
Em sua carta de dupla renúncia (renúncia a disputar a reeleição e renúncia ao próprio cargo que já exercia), o historiador Guilherme d’Avila Lins, considerado uma das maiores autoridades mundiais em História Colonial, afirma, entre outras coisas, que, “ao menos para mim, infelizmente, o IHGP está neste momento em vias de entrar numa nova era da sua própria história, ou seja, a era da disputa partidária da sua gestão cultural e administrativa, disputa esta que, embora legítima e até democrática, todavia, não se enquadra na tradição histórica da citada Entidade de Cultura desde a sua fundação em 1905”.
Estamos portanto no limiar de uma nova era da História do IGHP — explica ainda o Dr. Guilherme — Não sou a favor do continuísmo, mas a verdade é que, como em diversas entidades congêneres deste País, a possibilidade de recondução à Presidência da Casa era ilimitada, inclusive no IHGP. Somente nas últimas décadas esta Instituição restringe esta possibilidade a apenas uma recondução. Aliás, desde então todos os que pretenderam esta recondução a obtiveram sem uma única voz discrepante, voz esta que surge agora com o lançamento de uma chapa dissidente (com força política), o que significa a existência de uma facção discrepante e isto respinga necessariamente sobre minha pessoa, embora fique a destoar da tradição da Casa.

DE TODO MODO, O GRANDE PERDEDOR
E o historiador, médico e escritor Guilherme Gomes da Silveira d’Avila Lins prossegue:
Discrepar é sem dúvida um direito democrático, mas eu não tenho nem aspirações de Poder, nem sou um animal político-partidário. Se nunca tive unanimidade de adesão, também nunca tive oposição expressamente constituída. O mesmo aconteceu com os que me antecederam. Sou apenas um pesquisador de História que gostaria de completar as realizações que prometi ao tomar posse da Presidência, em 2016. Insisto: não tenho aspirações políticas de mando, nem minha biografia permite que eu me transforme num participante desta inédita cena de embate político que ora se avizinha no IHGP. Ganhando ou perdendo esta disputa, eu seria o grande perdedor, porque agora estaria estabelecida enorme rachadura nas tradicionais condutas do IHGP, ao longo do tempo. Em suma, seria uma “guerra” de bancadas que nem desejo para mim, nem para o próprio IHGP. Esta não é a tradição dos Institutos Históricos do Brasil. Seria um embate político-partidário, o que considero lamentável. O IHGP é uma Casa de Cultura, não uma câmara de “Xiririca da Serra” (nome fictício que se costuma ouvir no linguajar do Sudeste). Enfim, esta possibilidade de uma eventual recondução significa para mim apenas uma questão de princípios além de um enorme sacrifício pessoal. Como se pode verificar no próprio IHGP, sou um homem ligado à Cultura [Vide meu Curriculum Vitae (Sinopse) com 96 páginas dedicadas somente às áreas de História e Letras, além e do respectivo Anexo Bibliográfico contendo 115 verbetes].

A PRÁTICA NOUTROS INSTITUTOS
O Dr. Guilherme explicita que “também não estava pretendendo a recondução apenas para me conceder um oportuno “repouso do guerreiro”. Desta maneira, não consigo ver transformada uma bem intencionada gestão cultural numa disputa de poder político com formação de bancadas que se opõem uma à outra. Para mim, isto é impensável numa Instituição como o IHGP. Repito aqui que nunca defendi o continuísmo em tais situações, embora esta praxe se mostre muito bem exemplificada, inclusive no IHGP e pelo Brasil afora.” E dá continuidade a seus raciocínios:
Apenas a título de ilustração, ainda nos seus primórdios o IHGP teve o Dr. Flávio Maroja como seu Presidente por mais de duas décadas. No Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) o saudoso Enélio Lima Petrovic foi seu Presidente por bem mais de três décadas. Por sua vez, José Antonio Gonsalves de Mello foi Presidente do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) em dois diferentes períodos, um dos quais com dez anos de duração. Já no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL) Jaime Lustosa de Altavilla é seu Presidente há várias décadas. A seu turno, a saudosa Maria Thetis Nunes foi Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE) durante três décadas. A igualmente saudosa Consuelo Pondé de Sena foi Presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) durante cinco mandatos, até o seu falecimento. Por sua vez, Nelly Martins Ferreira Candeias foi Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) por cerca de duas décadas. A esta relação deve obrigatoriamente ser acrescentado o caso do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), celula mater de todos os seus congêneres no Brasil, teve Arno Wehling como seu Presidente durante quase vinte e cinco anos, até se exonerar do cargo em 2019 por motivo de saúde. Já que Arno Wehling também é membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) seja-me permitido acrescentar que esta última teve como Presidente, durante trinta e quatro anos, o saudoso Austregésilo de Athayde. Não estou aqui me comparando a cada uma destas insignes figuras, mas tão somente ilustrando a tendência do tradicional modelo de funcionamento destas memoráveis instituições de Cultura no Brasil, o qual não se coaduna com as disputas políticas que são mais próprias do meio político geral.

NÃO QUER PARTICIPAR DE DISPUTA POLÍTICA
       Igualmente em seu arrazoado, o Dr. Guilherme d’Avila Lins acrescenta: “Mas voltemos ao âmago da questão local. É inegável admitir que existe hoje uma não ponderável fatia do IHGP que não quer que eu seja reconduzido à Presidência, mesmo que com o propósito de (durante três anos) vir a concluir o que comecei. Fiat voluntas tua. Esta fatia corresponde à maioria ou à minoria da Casa?
Ao meu ver — reforça o renunciante, na carta de dupla “resignation” — isto pouco importa (mas não com disputas abertas). O que importa é que existe uma rachadura no vaso da Cultura do nosso Estado. E eu não posso contribuir para isto ainda mais. Ademais, não desejo, eventualmente, gerir uma casa onde há membros que não me aceitam, pouco importa quantos eles são. O IHGP é pequeno demais para este tipo de dissidência; entretanto, a História é grande demais para que eu me conserve incluído nela.
Na missiva de dupla renúncia, o Dr. Guilherme d’Avila Lins lista igualmente uma série de realizações que pôde concretizar durante seu período à frente do IHGP. E, entre outras coisas, também agradece à colaboração de servidores da Instituição, cujos nomes faz questão de citar.

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A CARTA DE RENÚNCIA DO DR. GUILHERME GOMES DA SILVEIRA D’AVILA LINS
  
CARTA DE DESISTÊNCIA QUANTO AO PLEITO DE RECONDUÇÃO AO CARGO DE PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PARAIBANO (IHGP) E DE RENÚNCIA AO MANDATO DE ATUAL PRESIDENTE DA MESMA INSTITUIÇÃO

Excelentíssimo Sr. Dr. Joaquim Osterne Carneiro
M. D. Vice-Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano

          Como se lê no cabeçalho esta é uma carta de minha desistência para concorrer à recondução ao cargo de Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP) e, ao mesmo tempo, é também uma carta de renúncia ao mandato de Presidente da mesma Instituição. Evidentemente, este documento está acrescido de algumas reflexões oportunas nesta ocasião, as quais serão vistas adiante.

É bem sabido que o IHGP, também conhecido como a Casa de Irineu Ferreira Pinto constitui a mais antiga Casa de Cultura deste Estado em atividade contínua, cujo foco primordial de seus objetivos na condição de Instituição de direito privado sem fins lucrativos (aliás, como todas as congêneres neste País) é promover a pesquisa e a difusão do conhecimento primordialmente nas áreas da História, da Geografia e das ciências afins.

Ao menos para mim, infelizmente o IHGP está neste momento em vias de entrar numa nova era da sua própria história, ou seja, a era da disputa partidária da sua gestão cultural e administrativa, disputa esta que, embora legítima e até democrática, todavia, não se enquadra na tradição histórica da citada Entidade de Cultura desde a sua fundação em 1905.

Estamos portanto no limiar de uma nova era da História do IGHP. Não sou a favor do continuísmo mas a verdade é que, como em diversas entidades congêneres deste País, a possibilidade de recondução à Presidência da Casa era ilimitada, inclusive no IHGP. Somente nas últimas décadas esta Instituição restringe esta possibilidade a apenas uma recondução. Aliás, desde então todos os que pretenderam esta recondução a obtiveram sem uma única voz discrepante, voz esta que surge agora com o lançamento de uma chapa dissidente (com força política), o que significa a existência de uma facção discrepante e isto respinga necessariamente sobre a minha pessoa, embora fique a destoar da tradição da Casa.

Discrepar é sem dúvida um direito democrático mas eu não tenho nem aspirações de poder nem sou um animal político-partidário. Se nunca tive unanimidade de adesão também nunca tive oposição expressamente constituída. O mesmo aconteceu com os que me antecederam. Sou apenas um pesquisador de História que gostaria de completar as realizações que prometi ao tomar posse da Presidência em 2016. Insisto, não tenho aspirações políticas de mando nem minha biografia permite que eu me transforme num participante desta inédita cena de embate político que ora se avizinha no IHGP. Ganhando ou perdendo esta disputa eu seria o grande perdedor porque agora estaria estabelecida uma enorme rachadura nas tradicionais condutas do IHGP ao longo do tempo. Em suma, seria uma “guerra” de bancadas que nem desejo para mim nem para o próprio IHGP. Esta não é a tradição dos Institutos Históricos do Brasil. Seria um embate político-partidário, o que considero lamentável. O IHGP é uma Casa de Cultura, não uma câmara de “Xiririca da Serra” (nome fictício que se costuma ouvir no linguajar do Sudeste). Enfim, esta possibilidade de uma eventual recondução significa para mim apenas uma questão de princípios além de um enorme sacrifício pessoal. Como se pode verificar no próprio IHGP, sou um homem ligado à Cultura [Vide meu Curriculum Vitae (Sinopse) com 96 páginas dedicadas somente às áreas de História e Letras, além e do respectivo Anexo Bibliográfico contendo 115 verbetes].

Também não estava pretendendo a recondução apenas para me conceder um oportuno “repouso do guerreiro”. Desta maneira, não consigo ver transformada uma bem intencionada gestão cultural numa disputa de poder político com formação de bancadas que se opõem uma à outra. Para mim isto é impensável numa Instituição como o IHGP. Repito aqui que nunca defendi o continuísmo em tais situações, embora esta praxe se mostre muito bem exemplificada, inclusive no IHGP e pelo Brasil afora.

Apenas a título de ilustração, ainda nos seus primórdios o IHGP teve o Dr. Flavio Maroja como seu Presidente por mais de duas décadas. No Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) o saudoso Enélio Lima Petrovic foi seu Presidente por bem mais de três décadas. Por sua vez, José Antonio Gonsalves de Mello foi Presidente do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) em dois diferentes períodos, um dos quais com dez anos de duração. Já no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL) Jaime Lustosa de Altavilla é seu Presidente há várias décadas. A seu turno, a saudosa Maria Thetis Nunes foi Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE) durante três décadas. A igualmente saudosa Consuelo Pondé de Sena foi Presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) durante cinco mandatos até o seu falecimento. Por sua vez, Nelly Martins Ferreira Candeias foi Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) por cerca de duas décadas. A esta relação deve obrigatoriamente ser acrescentado o caso do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), celula mater de todos os seus congêneres no Brasil, teve Arno Wehling como seu Presidente durante quase vinte e cinco anos, até se exonerar do cargo em 2019 por motivo de saúde. Já que Arno Wehling também é membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) seja-me permitido acrescentar que esta última teve como Presidente, durante trinta e quatro anos, o saudoso Austregésilo de Athayde. Não estou aqui me comparando a cada uma destas insignes figuras, mas tão somente ilustrando a tendência do tradicional modelo de funcionamento destas memoráveis instituições de Cultura no Brasil, o qual não se coaduna com as disputas políticas que são mais próprias do meio político geral.

         Mas voltemos ao âmago da questão local. É inegável admitir que existe hoje uma não ponderável fatia do IHGP que não quer que eu seja reconduzido à Presidência, mesmo que com o propósito de (durante três anos) vir a concluir o que comecei. Fiat voluntas tua. Esta fatia corresponde à maioria ou à minoria da Casa ? Ao meu ver isto pouco importa (mas não com disputas abertas). O que importa é que existe uma rachadura no vaso da Cultura do nosso Estado. E eu não posso contribuir para isto ainda mais. Ademais, não desejo, eventualmente, gerir uma casa onde há membros que não me aceitam, pouco importa quantos eles são. O IHGP é pequeno demais para este tipo de dissidência, entretanto a História é grande demais para que eu me conserve incluído nela.

         Ao meu opositor-chefe e confrade Severino Ramalho Leite (não necessariamente o idealizador desta contenda que inclusive tem articuladores ocultos mas não tanto), pessoa a quem muito considero por sua competência política (cujas atividades, segundo ele próprio, está encerrando), preciso fazer uma oportuna retificação diante de um comentário generoso que ele fez ao afirmar que o meu currículo é até superior ao dele próprio. Esta afirmativa não expressa toda a verdade, meu caro confrade, e a bem dela devo dizer que o seu currículo político é infinitamente superior ao meu embora no campo da História o meu currículo seja infinitamente superior ao seu (sem qualquer imodéstia) e isto é fácil de comparar mas não é este o meu objetivo.

Por outro lado, alimento algumas curiosidades em relação a este pleito que se aproxima. Por exemplo, como se explica o interesse cultural do meu opositor-chefe e de seus correligionários no sentido de ajudar a melhorar o IHGP, levando em conta que é virtualmente nula ou simplesmente nula as respectivas presenças na sua sede (seja para uma mera visita, seja para alguma contribuição intelectual) ? O livro de presença dos associados está à disposição de todos, assim como está à disposição de todos o livro de presença dos pesquisadores diuturnos desta Instituição, estes sim, realmente numerosos. Que contribuição imaterial efetiva (você e) os seus correligionários deram nos últimos três anos para ajudar o IHGP a resolver seus problemas cruciantes ? É chegada a hora, portanto, de meus opositores passarem por todas as atribulações para manter o IHGP ao menos ainda existente diante da sua mais grave crise financeira até hoje vivida nos seus 114 anos de idade. Ponham-se à vontade porque eu não vou lhes dar o gosto de transformar uma eleição de natureza cultural numa eleição política. Este é o seu ramo, não o meu. Competir politicamente não é a minha área. Enfim, você não saberá se teria mais votos ou menos votos que eu porque qualquer resultado final agora não será mais uma boa medida. Nem eu tenho esta curiosidade. Não estou numa corrida de bigas nem farei parte deste tipo de jogo democrático. Eu ainda tenho muito o que fazer nas minha pesquisas de História e ainda não estou precisando do ócio do guerreiro. Enfim, honrarei o costume da Casa que já dura 114 anos. Aliás, já que falei de 114 anos de existência, peço ao meu confrade Severino Ramalho Leite que por favor diga ao seu Imediato que ele precisa conhecer melhor a História do IHGP. Fica feio para ele, sendo do ramo da História, dizer que o IHGP já teve disputa pelo cargo de Presidente numa das duas gestões do saudoso Joacil de Brito Pereira (Consulte os documentos da Casa). Enfim, como este seu Imediato é ainda bastante jovem (e sem experiência como gestor cultural) resta-lhe tempo suficiente para aprender a História do IHGP. De todo modo, há gente do melhor respeito entre os seus correligionários mas há também certos exemplos que eu até prescindiria. Um deles, em particular, iniciou sua escalada para ingressar nesta Instituição divulgando uma lista dos membros do IHGP que iriam votar nele para conseguir sua admissão no respectivo quadro. Nesta lista figurava o meu nome e eu jamais lhe prometi voto. Por fim, o mesmo correligionário, apresentando-se há poucas semanas num grupo que compõe a chapa opositora e na frente de três dos seus parceiros, sentiu-se na liberdade de me perguntar quando eu ia liberar a relação dos sócios inadimplentes do IHGP e ainda em quanto montavam as suas respectivas dívidas. Diante disto ele recebeu uma educada mas sonora negativa ao seu pedido pois atendê-lo significaria um ato antiético de minha parte (Ignoro quais eram seus objetivos com aquela pergunta e também não quero saber). Fica mais uma vez claro que de uma disputa como esta eu me recuso a participar. Prefiro respeitar a minha biografia e continuar elaborando as minhas pesquisas históricas. Saio desta cena com a consciência tranquila de que fiz o melhor que pude mas não tudo que eu queria fazer. No IHGP inclusive desgastei a minha saúde com a perda de quinze quilos em três anos que servem para sugerir as vicissitudes pelas quais passei.

         Já caminhando para o final deste longo documento e depoimento devo acrescentar mais algumas coisas sobre a minha passagem como Presidente do IHGP. Ao tomar posse em Setembro de 2016 constatei logo a situação caótica pela qual esta benemérita Entidade passava.

1)    Sem recursos materiais verificou-se logo que toda a estrutura do teto da sua sede poderia ruir a qualquer instante, o que me fez interditar todo o andar entretanto o IHGP continuou funcionando nos demais andares, todavia sempre em reformas que duram até hoje. Diante desta situação o Auditório (último andar) seria esmagado e tudo o mais ruiria atingindo o andar de baixo onde estão o Museu e a Divisão de Obras Raras. Catástrofe anunciada. Na sequência o prédio todo ruiria atingindo o andar térreo onde estão a Biblioteca, a Hemeroteca e a Sala da Presidência. Desastre total. Desde então o IHGP está em permanente restauração mas, repito, nunca deixou de funcionar mesmo que precariamente. Um de meus primeiros atos foi interditar o Auditório e batalhar recursos para a reconstrução do seu teto e tais obras precisariam estar terminadas antes do início das chuvas de inverno. Graças a Deus e ao gesto generoso de cerca de quinze associados que, atendendo ao meu pedido, fizeram uma contribuição extraordinária (pagáveis em duas prestações embora nem todos tenham completado sua contribuição) e o fato é que o teto e o Auditório estão reconstruídos com o piso novo e estrado novo (este ainda por terminar). Enfim, o IHGP não tem mais risco de ruir, de desaparecer. Entre as medidas então tomadas, uma foi resguardar e acondicionar o melhor possível as centenas de obras iconográficas raras e outros objetos de valor.
2)   Infelizmente não consegui implantar no Auditório o serviço de climatização por absoluta falta de recursos. Sua implantação na época foi orçada em torno de R$ 25.000,00.
3) No Auditório 65 poltronas estavam semidestruídas. Esta obra de recuperação já foi contratada e as poltronas recuperadas estão sendo entregues. Finalmente conseguimos as condições financeiras para esta recuperação.
4)  Como em diversas outras ocasiões no passado a publicação da nossa Revista estava parada dormitando mais uma vez o sono dos pobres de dinheiro e ricos de cultura, já que não tínhamos recursos para esta publicação. Esta situação é tão crônica que há quase um século um dos antigos Presidentes afirmou que se dava por satisfeito por ter conseguido publicar um número desta Revista. Confesso que por um bom tempo resisti à opção de adotar uma publicação digital da mesma mas, finalmente, levando em conta que o próprio Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), muitas vezes mais rico que o IHGP, rendeu-se ao rigor da sua própria crise, não tive mais dúvidas e o Número 44 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano em formato digital está sendo dado à luz ainda na vigência do meu mandato. Há ainda bastante material para o próximo número.
5) Ainda a propósito da nossa Revista, esta sai agora com algumas modificações na formatação, inspiradas na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e além disto a sua capa aparece com nova fisionomia, mais histórica e menos política; mostra a imagem original do brasão nassoviano para a Capitania da Paraíba, deveras imponente e, aparentemente, da autoria de Franz Post. Aliás, para a minha agradável surpresa, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, ao que parece, acaba de adotar o brasão nassoviano da vizinha terra potiguar. Adicionalmente, na capa da nossa Revista também aparece uma lapidar frase do historiador e filósofo Beda (Século I d.C.), o padroeiro dos historiadores britânicos.
6)    Um elevador para o IHGP sempre foi um dos meus propósitos. Trabalhei arduamente neste sentido e encetei tratativas com a Atlas Schindler do Brasil (João Pessoa e São Paulo) e esta me providenciou inclusive o projeto de instalação para o necessário elevador. Esta parte está pronta todavia para a aquisição e instalação nós precisamos nos enquadrar num projeto com base na Lei Rouanet a fim de enviá-lo àquela Empresa. Caímos na mesma desgraça, os custos para tal projeto são elevados e não temos recursos para tanto. Enfim, esta impossibilidade momentânea também nos impede de transferir a Sala da Presidência para o segundo andar, ao lado do Auditório, local muito mais apropriado para este fim e inclusive longe da localização devassada e sem qualquer privacidade como o local em que se encontra atualmente no andar térreo. Adicionalmente é neste local do segundo andar que se encontra a galeria dos ex-Presidentes apontando que é ali seria a área adequada para a Sala da Presidência, onde já existem os móveis convenientes.
7)    Convênio entre o IHGP e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Há algum tempo tive a ideia de vir a estabelecer um abrangente e valioso convênio técnico-científico e cultural (tipo “guarda-chuva”) com a UFPB. Levei esta idéia à Vice-Reitora desta Universidade que, como pessoa de mente aberta a tais iniciativas, logo a acolheu e está mandando providenciar os termos para o estabelecimento desta colaboração recíproca. Ainda não recebi este protocolo até porque a Vice-Reitora, por motivos universitários, está ausente do Brasil e só retornará em Outubro próximo.
8)  Convênio entre o IHGP e a Prefeitura do Município de João Pessoa (PMJP). Antes mesmo de eu assumir a Presidência do IHGP o próprio Prefeito da Capital veio a esta sede a fim de assinar um protocolo de intenções no sentido de firmar um convênio com a dita Prefeitura. Até hoje este propósito continua tramitando nas vias burocráticas em face de sucessivas legislações a seu respeito. Parece que, finalmente, este convênio está agora para ser concretizado.
9)    Um Estatuto novo para o IHGP foi discutido e aprovado ao longo do ano de 2017. Só não foi registrado em cartório porque ainda está faltando a mesma medida com relação ao novo Regimento. Outra razão também impediu o registro deste novo Estatuto. Seu registro em cartório implicaria em criar incongruências entre o novo Estatuto e o velho Regimento (ainda em vigor). Mediante este novo Estatuto, entre muitas alterações, os membros desta Instituição estarão finalmente desagrilhoados de continuar pertencendo à mesma, mesmo sem quererem mais que isto aconteça.  
10)   [A partir daqui só estão discriminados os eventos dos anos de 2016 e 2017 sem contar as reuniões de confraternização de final do ano além de outras] Entre 04/11/2016 e 25/11/2016 foi realizado no IHGP o CICLO DE PALESTRAS ACADÊMICO LUIZ AUGUSTO DA FRANCA CRISPIM: A ARTE POÉTICA DE AUTORES PARAIBANOS POR ELES PRÓPRIOS (envolvendo os poetas Políbio Alves dos Santos, Sérgio de Castro Pinto, Hildeberto Barbosa Filho e Otávio Augusto Sitônio Pinto).
11) Solenidade de outorga do TÍTULO DE SÓCIO HONORÁRIO DO IHGP AO DR. DAISAKU IKEDA (Fundador de duas universidades, uma no Japão e outra nos Estados Unidos), ILUSTRE FILÓSOFO, POETA LAUREADO NO JAPÃO, ESCRITOR, EDUCADOR E PACIFISTA DE RENOME INTERNACIONAL, BENEMÉRITA INSTITUTIÇÃO COM MARCANTE ATUAÇÃO JUNTO À ORGANIZAÇÃO DA NAÇÕES UNIDAS – ONU.
12) SESSÃO COMEMORATIVA DO BICENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO DE 1817.
13) PALESTRA (06/11/2017 SOBRE O BICENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO DE 1817 NA PARAÍBA, PROFERIDA PELA PROF.ª DR.ª ELIETE DE QUEIROZ GURJÃO, PROFESSORA TITULAR DA UFPB E DA UFCG.
14) SOLENIDADE DE SESSÃO MAGNA DO IHGP (01/12/2017) EM QUE FOI CONFERIDO O TÍTULO DE SÓCIA HONORÁRIA À EXMª. SRª PROF.ª DR.ª SONIA APARECIDA DE SIQUEIRA, PROFESSORA EMÉRITA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP).           

Isto posto, a este respeito só posso dizer que fiz o que pude; que façam melhor os mais poderosos. De todo modo, eu não poderia terminar este documento sem neste momento pedir a compreensão dos associados do IHGP para este meu gesto. Eu não fugi da disputa, apenas preferi manter a tradição desta Casa. Também não posso concluir sem antes fazer de público um agradecimento muito especial aos funcionários do IHGP, os quais, mais que subordinados foram parceiros amigos e dedicados que mostraram o seu zelo por esta Instituição. Sem a eficaz ajuda deles o IHGP já estaria fechado há bastante tempo. Registro aqui os nomes deles que devem ser por todos reverenciados:

1)    Maria do Socorro Lacerda
2)    Leonilda Góis Diniz
3)    Erivan Garcia Dantas
4)    Adonai Lacerda da Silveira.

A todos estes e aos demais membros do IHGP desejo o melhor sucesso.

João Pessoa, 26 de Agosto de 2019.

Guilherme Gomes da Silveira d’Avila Lins
Professor Emérito da Universidade Federal da Paraíba (desde 2003)

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A CARTA DE RENÚNCIA DO
DR. JOAQUIM OSTERNE CARNEIRO
                                               

É o seguinte o texto completo da carta-renúncia do vice-presidente do IHGP, historiador e engenheiro-agrônomo Joaquim Osterne Carneiro:

"João Pessoa, 26 de agosto de 2019.

Senhores sócios do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico Paraibano):
Por meio desta missiva, informo que estou me exonerando em caráter irrevogável do cargo de Vice-Presidente do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico Paraibano).

Nesta oportunidade, agradeço às atenções recebidas dos sócios e dos servidores da centenária Casa da Memória paraibana.

Atenciosamente,

Joaquim Osterne Carneiro."

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