Tuesday, July 26, 2016

EVANDRO EDITA E APRESENTA OBRA DE WILSON AQUINO


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A capa do primeiro livro do advogado Wilson Aquino [Clique na foto para ampliá-la]
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 O Dr. Wilson Aquino de Macedo, em foto do editor Evandro da Nóbrega [Clique na ilustração para ampliá-la]
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  O escritor, jornalista e editor Evandro da Nóbrega apresenta o livro do Dr. Wilson Aquino; à direita da foto, por uma feliz coincidência, a Dra. Laura Nóbrega, sua prima e servidora da Fundação Casa de José Américo. [Clique na fotografia para ampliá-la]
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 Evandro da Nóbrega mostra ao público o livro do Dr. Wilson Aquino: Ecce homo! Ecce liber! = Eis aqui o homem; eis aqui o livro... [Clique na fotografia para ampliá-la]
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EVANDRO DA NÓBREGA, QUE EDITOU A OBRA, TAMBÉM APRESENTA O PRIMEIRO LIVRO DO ADVOGADO PARAIBANO WILSON AQUINO


REPRODUZIMOS ABAIXO A APRESENTAÇÃO DO LIVRO O SONHO DE UM HOMEM: A HISTÓRIA DE UMA VIDA, DE AUTORIA DO ADVOGADO WILSON AQUINO, FEITA PELO ESCRITOR, JORNALISTA E EDITOR EVANDRO DA NÓBREGA (TAMBÉM EDITOR DA OBRA), NA NOITE DE 22 DE JULHO DE 2016, NO AUDITÓRIO DA FCJA


MINHAS SENHORAS, MEUS SENHORES:
Ecce liber — eis o livro. Ecce homo — eis o homem. Ao citar, inicialmente, o advogado Wilson Aquino, Autor desta obra, O sonho de um homem: a história de uma vida, saudamos todo o elemento masculino aqui presente, inclusive as personalidades à mesa dos trabalhos. 

De forma idêntica, dirigimo-nos à sua esposa, a professora, pianista e também escritora Therezinha Avellar de Aquino, como forma de cumprimentar as demais mulheres comparecentes a este ato. 

Mas, a rigor, quem deveria estar aqui, fazendo esta apresentação do livro e do Autor, não era para ser o improvisado orador que tão mal vos fala. Era para ser uma das três pessoas, a seguir citadas, não necessariamente nesta ordem de precedência.

Primeiramente, a Dra. Onélia Queiroga, professora, escritora e autora do Prefácio. Teve ela, porém, que acompanhar em vilegiatura o marido, o eminente desembargador Antônio Elias de Queiroga, achando-se assim alhures e impossibilitada de comparecer. 

De todo modo, recomenda-se ao leitor que, antes entrar de rijo na leitura da autobiografia do Dr. Wilson Aquino, leia com atenção o Prefácio da Dra. Onélia, roteiro seguro para se navegar por essas reminiscências, vez que ambos (a Prefaciadora e o Autor) mantêm amizade desde a infância interiorana em Pombal e Patos. 

[Para evitar spoiler, não devemos revelar aqui a tocante e trágica história da linda normalista pela qual o menino Wilson, então aluno primário em Pombal, se apaixonou platônica mas, ainda assim, perdidamente — um dos temas iniciais desta sua autobiografia...]

Outro que devia estar apresentando o livro era o Dr. Márcio Roberto Soares Ferreira, formado em História e em Direito, considerado “a Memória Viva do Judiciário paraibano”, por haver labutado por quase meio século no Tribunal de Justiça, Tribunal Eleitoral, Procuradoria-Geral do Estado e outras instâncias de nosso mundo jurídico. Amigo do peito do Dr. Wilson, desde quanto juntos trabalharam na Secretaria-Geral do TJPB, o Dr. Márcio é nosso dileto primo, pelo costado dos Nóbregas, e é ele quem escreve o texto da quarta capa do volume ora lançado. Mais que isto: foi o Dr. Márcio (e estamos a vê-lo, ali, discreto mas presente) quem coordenou todas as sessões de entrevistas das quais resultou a presente obra, como veremos logo a seguir.

Por último, não em último instância, quem aqui deveria estar era o poeta, escritor, professor, crítico literário e acadêmico Sérgio de Castro Pinto, sem favor um dos mais irrepreensíveis textos críticos do país e que assina as magistrais orelhas do primeiro livro do Dr. Wilson. Judicioso em suas observações, o poeta Sérgio afirma, entre outras coisas, que, sendo “cultor de um estilo seco, direto, conciso, Wilson Aquino abdica da pirotecnia para articular um discurso antirretórico por excelência, embora seja bacharel em Direito. Mas um bacharel sem bacharelices, sem o estilo empolado, cheio de berloques e balangandãs dos que apenas engendram e tecem os arabescos do nada.  Investe, então, no principal em detrimento do acessório, tanto que, fosse um ficcionista, certamente seguiria ao pé da letra a sábia lição de Tchékhov: ‘Se a espingarda não possui uma função definida dentro do conto, convém retirá-la’.”

Não sendo crítico literário, este que vos fala teria mesmo que deixar as apreciações para especialistas do naipe de Castro Pinto. Ou, senão, para colegas dele, como Hildeberto Barbosa Filho, Ângela Bezerra de Castro, João Batista de Brito, Chico Viana, Milton Marques Júnior e outros luminares acatados em qualquer parte do Brasil. 

Já o Dr. Márcio Roberto assinala que, sendo lançado num momento “da grave crise moral, política e econômica que avassala o Brasil [...], este livro vem a calhar como a voz poderosamente ética de um advogado atuante, professor de gerações e respeitado jurista". 

O fato de o degas aqui haver sido escolhido pelo Autor, para comparecer a este auditório e fazer-lhe a Apresentação, deveu-se ao termos atuado como Editor da obra em referência. Mas nosso entrosamento com o Dr. Wilson Aquino vem desde quando, sendo ele então Secretário-Geral de nossa mais alta Corte de Justiça, confirmou-nos à frente da antiga Sala de Imprensa do TJPB, que, como a da UFPB, tivemos a felicidade de criar. 

Por muito tempo convivendo, portanto, com o Dr. Wilson Aquino e com o Dr. Márcio Roberto, não foi supressa que o Autor nos convocasse para editar e editorar eletronicamente seu livro número um.  

Talvez lhes interesse saber como se montou esta autobiografia. Primeiro, o Dr. Wilson (que não gosta deste título doutoral) nos procurou citando aquela vetusta frase de que "já plantei uma árvore, tive filhos e agora quero escrever um livro". 

Poderá alguém objetar: que coisa mais antiga, banal, détraquée... Mas acreditem: é fraseado batido, sim, mas a ancianidade não lhe retira a exatidão: todo homem deveria plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro, porque árvores, filhos e livros nos sobrevivem e nos asseguram alguma medida de imortalidade. 

Não há cultura humana que não exiba conceitos semelhantes. Já se chegou a atribuir a autoria do achado a Picasso, mas não pode ser: bem antes, o poeta e líder da independência latino-americana José Martí escrevera: "Hay tres cosas que cada persona debería hacer durante su vida: plantar un árbol, tener un hijo y escribir un libro". 

Ainda antes, o poeta germânico Heinrich von Kleist, em carta à esposa, anotara: "Para uma vida perfeita, o homem deve erguer uma casa, plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro"...

O próprio Eça de Queirós, que não gostava de lugares-comuns, reconheceu, no capítulo nono de A cidade e as serras, não se lembrar mais de que filósofo dissera a frase sobre isto de plantar, gerar filhos, perpetrar livros, para que um ser humano lograsse ser gente de verdade...

A mais remota alusão a algo parecido e que pudemos nós mesmo rastrear encontra-se no Talmud Babilônico, compilado entre fins da Era pré-cristã e o século V da Era Comum. Consultamos nossa versão inglesa desse Talmud e constatamos, nas regras de conduta alinhadas pelos rabinos no item 44-A do Tratado Sotah, que a frase multissecular era simplesmente "edificar uma casa, plantar uma vinha e desposar uma mulher". 

O fato é que o Dr. Wilson não se limitou a um filho; cercou-se de quatro (Saulo, André, Felipe e Thiago), para não falar nos netos e netas Rafael, Amanda, Maria Thereza, Pedro Henrique, Sophia, Lucas, João Guilherme e Pedro Lucca... 

Um desses netos, o Lucas Felipe Cabral de Aquino, ainda vai discursar, em nome da família, nesta cerimônia, seguindo-se o show de violoncelo de um dos filhos mais conhecidos do Dr. Wilson, o cellista Felipe Aquino, músico com formação no Exterior, mas integrante de nossa Orquestra Sinfônica da Paraíba.

Visando à elaboração da autobiografia, o Dr. Wilson iniciou conosco as reuniões semanais de trabalho, em seu escritório de advocacia — por sinal uma das bancas mais movimentadas do Estado. Esses encontros propiciaram que a autobiografia fosse escrita em menos de cinco meses. O Dr. Wilson ditava suas lembranças; o Dr. Márcio puxava pelas fímbrias mnemônicas mais resistentes nas dobras do passado; o degas aqui gravava tudo no celular. 

Uma vez teclado no computador, o texto voltava ao Autor, para emendas, cortes, acréscimos. A família providenciou a maioria das fotos; o editor pesquisou as demais; a celeridade da batuta do Dr. Wilson, transformado em maestro, operou o milagre de apressar a conclusão da obra. Depois, foi só levar o arquivo completo, num pen drive, para nosso bom amigo Magno Nicolau, da Ideia Editora, a fim de que se imprimisse tudo. 

E eis, poucos dias depois, o Dr. Wilson emocionado, posando para fotos, ao receber das mãos dos dois editores o que poderia ser considerado seu quinto filho: o livro impresso, com o jeitão de haver sido produzido por uma editora do Sudeste...

Quem conhece o Dr. Wilson Aquino sabe que, dentre suas grandes paixões, pelo menos três delas avultam: 1) o amor à família; 2) a dedicação ao Direito; e 3) o culto ao Saber. Foi a vida toda biblióvoro de Tomás de Aquino, um dos Pais da Igreja. Leu TODOS os 11 gigantescos volumes da Suma teológica. Um grande amigo dele, o saudoso Dr. Tarcísio Burity, ficou de tal modo encantado com a qualidade editorial dessa coleção produzida no Sul do País que tentou inutilmente obter uma cópia dela, pois de há muito esgotada. 

E Vocês não vão acreditar: em fins do ano passado, ao concluir a leitura do décimo-primeiro e último volume dessa sesquipedal obra do Doutor Angélico, o Dr. Wilson, sabendo que somos bisonho estudioso da Patrística, da Escolástica e da Filosofia Medieval em geral, no-la deu inteirinha de presente, quem sabe satisfeito por havermos concordado em editar seu primeiro livro! De modo que o degas aqui detém, hoje, a posse desses 11 volumes in folio da Summa, em português, orgulhosamente exibida em nossas estantes, lado a lado com a versão latina original e outras imperdíveis edições em inglês, francês, italiano e alemão.

Agora, o Dr. Wilson acaba de concluir a leitura do décimo-quinto e último volume de uma coleção completa dos Sermões, principal coroa de glória do jesuíta Antônio Vieira, genialíssima figura do século XVII. Mas já que citamos o Doctor Angelicus, relembremos ser dele a célebre frase Timeo hominem unius libri ["Tenho medo do homem de um só livro"], que dizer, “temo o fanático que se guia por uma só cartilha”. Aludimos a isto só para dizer que o Dr. Wilson, embora conhecendo o significado original da citação, fez uma leitura mais literal desse trecho e não quer ficar "num livro só": confidenciou-nos estar em seus planos escrever proximamente uma nova obra, seu segundo livro — um romance.

A preclara assistência certamente conhece de fama o célebre filósofo grego Diógenes de Sínope, discípulo de Antístenes e, assim, por tabela, pupilo de Sócrates. Esse Diógenes abandonou tudo para ser mendigo na Atenas do século IV antes de nossa era. Diz-se até que morava numa barrica e que andava pelas ruas, em plena luz do dia, com uma lamparina, à procura de um homem honesto.

Quando o jovem conquistador macedônico Alexandre, o Grande, chegou à cidade-estado, foi procurar o já então famoso Diógenes e o encontrou sentado ao chão, desenhando letras na terra. Alexandre perguntou-lhe: "Em que posso ajudar você?" E, como estivesse fazendo sombra, isto é, tapando os raios do Sol com seu corpanzil, Diógenes simplesmente lhe respondeu: "Não retire de mim o que não me pode dar" — vale dizer, não fique aí me roubando a luz solar... 

Diógenes também criticou a ambição guerreira de Alexandre Magno, estabelecendo-se entre eles o diálogo a seguir, qual recriado por Boccaccio no Decamerão, e que traduzimos livremente do italiano:
— Quando houver conquistado Atenas, o que fará? — perguntou Diógenes a Alexandre, que respondeu:
— Conquistarei a Pérsia!
— E depois da Pérsia? — insistiu Diógenes.
— Conquistarei o Egito!
— E depois do Egito? — obtemperou Diógenes,
— Conquistarei o mundo!
— E o que pretende fazer quando conquistar o mundo? — era ainda Diógenes indagando, ao que Alexandre, em tom triunfante, jactou-se:
— Ah, finalmente irei descansar e me divertir bastante!
E Diógenes encerrou o diálogo perguntando significativamente:
— Mas por que, então, não descansa e se diverte agora mesmo, evitando tão afanosos trabalhos e canseiras?!

Neste aspecto, o Dr. Wilson preferiu imitar Alexandre Magno e não o filósofo morador da barrica: lançou-se à conquista de seu próprio mundo; integrou o Fisco estadual; foi membro do Ministério Público, como Promotor de Justiça; serviu por muitos anos ao Tribunal de Contas do Estado; funcionou como secretário-geral do Tribunal de Justiça; lecionou como professor universitário, educador ligado ao Ensino Supletivo, não sem antes ter passado por uma emissora de rádio, com um programa dos mais requestados; há muitos anos exerce uma Advocacia dinâmica e vitoriosa... Só depois de realizar essas e muitas outras conquistas é que o Dr. Wilson parou, a fim de, digamos, “descansar e gozar a vida” — bem como escrever seu primeiro livro.

Outro Diógenes, o Diógenes de Apolônia, do século anterior ao de Diógenes de Sínope (isto é, do século V antes da Era Comum), recomendava, no fragmento 1 de seu quase totalmente perdido livro Sobre a Natureza, que os autores de discursos deviam evitar discussões complicadas, apresentando explanações simples e sóbrias. Foi o que tentamos fazer aqui, faltando dizer, ao final, que, além da autobiografia propriamente dita, este livro do Dr. Wilson, dividido em duas vastas partes, insere ensaios jurídicos e outras contribuições do Autor, a exemplo de crônicas, poemas, artigos de jornal e um completo álbum iconográfico-sentimental.


Com seu livro, que traz a palavra sonho logo no título, o Dr. Wilson, como queria o poeta americano Langston Hughes (1902-1967), demonstra mais uma vez “ser fiel a seus sonhos, pois se eles perecerem, a vida terá uma asa partida e, com tal asa quebrada, a existência simplesmente deixará de voar. 

Temos dito! Muitíssimo obrigado a todos.
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