Friday, November 13, 2015

ANO ZERO DE FELIPE ESCOREL ALMEIDA REIS...

_____________


Numa foto clicada ainda quando se encontrava no Hospital da Unimed, o garoto Felipe Escorel, no colo da mãe Germana Almeida Ferreira Reis (esposa de Felipe Lucena dos Reis), observado pelos bisavós Antônio Carlos Escorel de Almeida e sua esposa, Dona Maria Iolanda Ribeiro de Almeida. [Clique na foto para ampliá-la]

_____________



O bisavô-coruja Antônio Carlos Escorel de Almeida quis logo dar um passeio pelo apartamento do Hospital levando jeitosamente nos braços o bisneto Felipe Escorel — e fez questão de que os circunstantes registrassem o momento com as câmeras de seus celulares. [Clique na foto para ampliá-la]

_____________



Em foto solo, o ilustre Dr. Antônio Carlos Escorel, oitentão e feliz proprietário do título de... bisavô, a quem todos estão rendendo os melhores parabéns pela chegado do primeiro bisneto. Na pisada que vai, e a julgar pelo número de filhos & neto, logo serão vários os bisnetos e as bisnetas. [Clique na foto para ampliá-la]
_____________


FELIPE ESCOREL, PRIMEIRO BISNETO DO CONSELHEIRO ANTÔNIO CARLOS ESCOREL DE ALMEIDA

_____________

Pelo texto, Evandro da Nóbrega
[druzzevandro@gmail.com]

_____________


Pensem num garoto forte, esperto e saudável — e terão pensado no bebê Felipe Escorel Almeida Reis, primeiro bisneto do conselheiro Antônio Carlos Escorel de Almeida, do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba.

O menino nasceu no Hospital da Unimed, em João Pessoa (PB), no dia 23 de outubro de 2015, filho de Felipe Lucena dos Reis e de Germana Almeida Ferreira Reis. 

Seus avós paternos são Walter dos Reis e Josineide Lucena dos Reis, sendo os avós maternos Moisés Alves Ferreira e Solange Ribeiro de Almeida. 

Os bisavós maternos são justamente o Dr. Antônio Carlos Escorel de Almeida e sua esposa, Dona Maria Iolanda Ribeiro de Almeida, pais de Solange.


Como já o fez, em seu tempo devido, com os filhos e os netos, o bisavô Escorel acha-se no momento "corujando" de tal forma o primeiro bisneto, Felipe Escorel, que anda com as fotos do pimpolho no celular, para lá e para cá, mostrando-as a tudo quanto é gente, "urbi et orbi", a Deus e ao mundo... e com um sorriso de lado a lado, denotativo de sua extrema satisfação!... 

Longa vida ao garoto Felipe Escorel, aos pais, aos avós e, naturalmente aos bisavós!

_____________

Thursday, October 29, 2015

103 ANOS DE IDADE DE HERMOSA PEREIRA GÓIS SITÔNIO


_____________



Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio, prestes a completar 103 anos de idade, no maior papo com o degas aqui, isto é, com o escriba que vos tecla — o qual, em compensação, às vésperas de completar 70 anos, tem "coincidentemente" 103 kg de peso. [Clique na foto para ampliá-la]

_____________



A escritora, crítica da Cultura e professora doutora Maria Ângela Sitônio Wanderley, uma das três filhas de Dona Hermosa e Zacarias Sitônio, está hoje aposentada da UFPB, onde exerceu vários cargos importantes, inclusive o de Diretora do CCHLA - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. [Clique na foto para ampliá-la]

_____________




Casamento realizado em 1900 e lá vai fumaça, na mui leal cidade de Princesa, durante reunião de partidários socialistas então atuantes no município; Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio está nesta foto — ficando com o leitor o não muito fácil desafio de apontar quem é ela, dentre as 14 personagens femininas enfocadas pelo autor do retrato. [Clique na foto para ampliá-la] 
_____________


O poeta, cronista, escritor, acadêmico e jornalista Otávio Sitônio Pinto: primo de Dona Hermosa e sobrinho-neto do "coronel" princesense Zèpereira, escreveu inesquecível crônica-poema sobre ela — melhor, sobre como ela resistiu a tantas guerras nos séculos XX e XXI. [Clique na foto para ampliá-la]
_____________



O "coronel" José Pereira Lima, chefe político de Princesa e mentor do movimento surgido em Princesa no ano de 1930. Era tio de Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio e tio-avô do poeta e escritor Otávio Sitônio Pinto. [Clique na foto para ampliá-la]
_____________



DONA HERMOSA PEREIRA GÓIS SITÔNIO PRONTA PARA COMEMORAR, NO PRÓXIMO MÊS DE FEVEREIRO, SEUS 103 ANOS DE EXISTÊNCIA

_____________ 

por Evandro da Nóbrega
[druzzevandro@gmail.com] 
_____________ 


A foto principal desta página (a lá do topo mesmo!) mostra o degas aqui conversando com sua grande amiga Hermosa Pereira Góis Sitônio. Toda lépida e fagueira, lampeira e, claro, formosa, ela me comunicava estar em ai de completar os 103 anos de idade. Eu disse CENTO E TRÊS ANOS, ouviram?

É a castelhanamente formosa Hermosa mãe de outra diletíssima amiga-irmã deste escriba que vos tecla: a professora-doutora e grande intelectual paraibana Maria Ângela Sitônio Wanderley, conhecida como Mallanja na intimidade.

Também há uma foto da Mallanja nesta página, para que Vocês conjuguem a imagem da pessoa ao som do nome ou apelido.

Uma terceira foto desta página foi clicada na primeira metade do século passado, na cidade de Princesa (ainda não era Princesa Isabel) — e Dona Hermosa está no grupo fotografado. Desafio Você a dizer quem é ela, no retrato!...  

Família Princesense
E, sendo princesense da gema praticamente toda a família, é Dona Hermosa também viúva do grande político e administrador que foi Zacarias Sitônio, tabelião em Princesa (Isabel), depois Prefeito e finalmente deputado estadual por aquela região serrana dos Sertões paraibanos.

O venerável Zacarias Sitônio, homem de fibra com quem ainda tive a ventura de conviver por alguns anos, acordava para a vida, todas as madrugadas, muito antes de o Sol nascer — desconfio que para dispor de mais tempo de fazer o bem ao próximo antes que os vizinhos e demais amigos se dessem conta.

Da Grei dos Cardoso
Zacarias Sitônio era para ter também no nome completo o sobrenome Cardoso, mas com ele não foi registrado — o que não deixou de se constituir numa por assim dizer injustiça genealógica, vez que, de fato, descendia dessa importante família de Limoeiro (PE). E Limoeiro não deixa de pertencer à área de influência de Princesa Isabel.

Os Cardosos pululam na História de Pernambuco e na História da Paraíba. E não esquecer que tanto os Cardoso como os Cardozo têm sangue de cristãos-novos, seja aqui, seja em qualquer outra parte, inclusive nos Estados Unidos.

Cardozo e Cardoso
Internacionalmente, e neste particular dos Cardoso, a primeira pessoa de quem a gente se lembra é o Benjamin Nathan Cardozo, nascido em Nova York em 24 de maio de 1870 e falecido em Port Chester a 9 de julho de 1938. Benjamin Cardozo foi sucessivamente advogado,  jurista e um dos mais destacados juízes da Corte Suprema dos Estados Unidos, de 1932 até 1938 — isto é, até sua morte.

Aliás, esse Ben Cardozo (comprovado parente de Fernando Henrique Cardozo, perdão, Cardoso, como descendente de judeus sefarditas de extração lusitana) teve decisivo papel e superior influência, no Século XX, para o desenvolvimento do chamado "Direito Comum", a Common law norte-americana.

Common Law e Fotografias
Em tempo: a Common Law é o Direito que evolveu em determinadas nações por intermédio de decisões tomadas por tribunais e não pela via de atos do Legislativo ou do Executivo. É sistemática diversa da utilizada em nações de tradição latina e não anglo-americana, como o Brasil, que adota as orientações do Direito romano-germânico, com preponderância de atos provindos do Legislativo.

Agora, voltando ao tema principal da página: se Você atentar numa foto do juiz Benjamin Cardozo e, depois, der uma boa olhada num retrato de Zacarias Sitônio, vai pensar que os dois eram irmãos, tal a semelhança física.

Na Casa de Luiz Nunes
A dama com quem Zacarias Sitônio se casou foi justamente aquela que serve de Leitmotiv a esta página e que, au grand complet, ostenta o belo nome de Hermosa Pereira Góis Sitônio.

Fui reencontrá-la semana passada, mais propriamente no dia 24 do corrente mês de outubro de 2015, na recepção pelos 80 anos de nascimento da Sra. Bernadeth (Berna), esposa do Dr. Luiz Nunes Alves — que é o mesmo que dizer o poeta Severino Sertanejo (Luiz Nunes Nunes no Facebook).

E o Degas Com 103 Quilos
A amiga Dona Hermosa, minha leitora desde a década de 1960, está toda hermosa mesmo, na foto desta página.

Vejam as “coincidências” da vida.

Enquanto o sujeito que posa ao lado dela, no mesmo retrato, amarga a inconveniente circunstância de estar pesando nada menos que 103 kg, ela, Dona Hermosa, prepara-se — com bonomia e espírito leve e solto — para comemorar, como já sabe toda a imensa legião de meus seis leitores, os seus 103 anos de vida bem pensada e melhor vivida.

Será no próximo dia 9 de fevereiro de 2016.

E o degas aqui (que, com toda probabilidade, continuará com os 103 kg de peso corporal) terá feito no dia 15 de janeiro anterior, nada menos que 70 anos de existência — 55 dos quais inteiramente dedicados aos mais diversos aspectos da Cultura paraibana, do Jornalismo à Literatura, passando pelas Ciências e Artes.

Filhas de Zacarias e Hermosa
Com o amado Zacarias Sitônio, Dona Hermosa trouxe ao mundo três abençoadas filhas:

1) Marta Sitônio Coutinho, esposa de Cleanto Lemos Coutinho;

2) Maria Ângela Sitônio Wanderley (Mallanja), emérita professora da UFPB e operosíssima ex-diretora do CCHLA, além de viúva do saudoso psiquiatra e intelectual pessoense Marcos Alberto Peixoto Wanderley, um dos fundadores, com a esposa e amigos (inclusive o mecenas Odilon Ribeiro Coutinho e o crítico João Batista de Brito, do inesquecível Clube 604, cenáculo que discutia os principais problemas filosóficos, políticos e sociais da contemporaneidade; e

3) Berta Margarete Sitônio Souto, esposa de Manuel Souto Neto.

Marias ao Pé de Jesus
Outro princesense, o grande tribuno, poeta e intelectual Alcides Carneiro, amigo e hóspede habitual do casal Zacarias-Hermosa Sitônio, criou certa vez uma imagem e um símile bem adequado para descrever estas três irmãs.

À época, elas eram ainda umas meninotas. Balançando-se na acolhedora rede da varanda e tendo junto a si, no bem cuidado assoalho de lajes, as filhas de tão querido casal, exclamou o iluminado Alcides Carneiro:

— Parecem as três Marias fiando aos pés de Jesus...

Sete Netos e Dez Bisnetos
Estas três filhas (Marta, Maria Ângela e Berta Margarete) deram a Dona Hermosa e a Zacarias Sitônio, até agora, sete netos e 10 bisnetos. Sendo de Princesa Isabel e tendo Pereira nos sobrenomes, claro que Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio é parente do famoso líder princesense José Pereira Lima (Zèpereira).

Em verdade, é sua sobrinha — e se casou com um grande amigo dele, o já tantas vezes citado Zacarias Sitônio. E se o cito a torto e a direito é porque não me canso de dizer que Zacarias atuou, de início, como tabelião naquela brava urbe; depois, elegeu-se seu Prefeito, realizando memorável administração; e, por fim, firmou seu nome como respeitado parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado, representando toda a região de Princesa, São José de Princesa, Triunfo e outras cidades em que seu nome serve hoje para batizar ruas.

Mas Zacarias Sitônio não é nome de ruas em vão; é que, reconhecidamente, foi por muitos anos um grande parlamentar, um político de merecido destaque na vida pública de nosso Estado.

Hermosa e Sitônio Pinto
Gregos e troianos gostaram a não mais poder, gostaram mesmo pra caramba de um texto do escritor, poeta, jornalista, acadêmico da APL e prosador/estilista da maior categoria, Otávio Sitônio Pinto, primo de Dona Hermosa Pereira Góis Sitônio.

O texto intitulou-se "As guerras passam, Hermosa fica" e foi publicado tanto na Imprensa convencional como na Internet, em fevereiro de 2014, quando a veneranda princesense completava 102 anos de idade.

Resumindo o que escreveu Sitônio Pinto no artigo-crônica, Dona Hermosa "sobreviveu à Guerra de 30, quando as tropas da Paraíba tentaram avançar contra Princesa".

Tio-Avô de Sitônio
O "coronel" José Pereira de Lima, chefe do movimento independentista de Princesa, era tio-avô de Otávio Sitônio Pinto, que do passado princesense resgata coisas desconhecidas dos próprios historiadores.

Por exemplo, o locomóvel de propriedade desse líder político, que "movia o gerador de energia elétrica da cidade", além de suas atribuições normais de máquina destinada a desfiar algodão e moer canas.

Em tempo: para os poucos que não sabem o que é um locomóvel (ou uma locomóvel), basta dizer que o termo pode ser um adjetivo de dois gêneros (com o sentido de "que pode mudar de lugar") ou um substantivo, geralmente usado no feminino, mas podendo também ser empregado como termo masculino ("uma máquina a vapor montada sobre rodas e capaz de produzir força motriz").

Hermosa Sobreviveu a Tudo
Mas, como diz ainda o cronista-poeta Otávio Sitônio Pinto, "voltando à Hermosa: ela sobreviveu à Guerra de 30 e à Guerra de 38”. [...]

— Quando soube que Hermosa era sobrinha do coronel Zèpereira, Lampião matou o gado da menina para se vingar da surra de Flores. Era o começo de sua derrocada. No Fogo de Flores, ele perdeu o olho direito (olho diretor do tiro) e um irmão [...] A prima Hermosa sobreviveu ainda à Primeira e à Segunda Guerras Mundiais, à Guerra da Coréia e à Guerra do Vietnã [...] Zacarias Sitônio, esposo de Hermosa, era quem sabia dessas histórias. Tinha fé, pois foi tabelião e prefeito do município [de Princesa]. [...] Um dia, Zacarias subiu a Serra do Gavião, ao norte da Eternidade, e levou a verdade no livro da alma...

[Se Você quer ler na íntegra este ou outros artigos de Otávio Sitônio Pinto, fará bem se visitar este link: http://www.giropb.com.br ou o site do jornal A UNIÃO]


"No mais, Hermosa está lúcida e saudável como sempre", como arremata o poeta Sitônio Pinto. E vamos nós também arrematar suscitando que, além do mais, Dona Hermosa pode até servir de prova e demonstração viva para a seguinte afirmativa: "Ler os escritos do veeeeelho Druzz de guerra faz muito bem. Vejam o exemplo de Dona Hermosa, sua fiel leitora desde a década de 1960 — e que continua não somente sua fã-leitora, como ostenta saúde de ferro"...

                                  _____________

Wednesday, October 28, 2015

AINDA O SESQUICENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO PRESIDENTE EPITÁCIO




_______________


COMISSÃO DE NOTÁVEIS DEFINE ÚLTIMOS DETALHES DA QUARTA ETAPA DAS COMEMORAÇÕES PELOS 150 ANOS DE NASCIMENTO DE EPITÁCIO PESSOA


_______________

por Evandro da Nóbrega
[druzzevandro@gmail.com]
_______________
  



No sentido horário: o presidente do TJPB, desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque; o presidente do IHGP, historiador Joaquim Osterne Carneiro; o historiador e magistrado aposentado Humberto Cavalcanti de Mello; o historiador Evandro da Nóbrega, do IHGP; o Dr. Márcio Roberto Soares Ferreira, ex-secretário-geral do Tribunal de Justiça; e a desembargadora Fátima Bezerra Cavalcanti, presidente da Comissão de Cultura e Memória do Poder Judiciário do Estado da Paraíba. [Clique na foto para vê-la ampliada]
_______________



O degas aqui (terceiro da esquerda para a direita, na fila de cima, na foto anexa) participou, neste dia 27 de outubro, de mais uma reunião da Comissão de Notáveis responsável pelas comemorações em torno do Sesquicentenário de Nascimento do ex-Presidente Epitácio Pessoa.

Tendo sido convocado pela presidente da Comissão de Cultura e Memória do Poder Judiciário do Estado da Paraíba, desembargadora Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti (vista na foto), este encontro foi dirigido pelo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque (à cabeceira da mesa de trabalhos).

OUTROS INTEGRANTES
Realizada na Sala Branca, anexa à Sala de Sessões do Tribunal Pleno, no andar térreo do Anexo Administrativo do Palácio da Justiça, a reunião teve por finalidade de não apenas examinar as solenidades já marcadas para o corrente ano, como definir outros eventos para o ano de 2016.

Estavam presentes ainda outros integrantes da Comissão de Notáveis, como o Dr. Márcio Roberto Soares Ferreira, ex-secretário-geral do TJPB; o presidente do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico Paraibano), Dr. Joaquim Osterne Carneiro; e o também historiador e ex-magistrado (juiz cassado pelo regime militar instituído em 1964) Humberto Cavalcanti de Melo, que, como Osterne e Evandro, igualmente integra os quadros do IHGP.

ASSOCIANDO-SE ÀS COMEMORAÇÕES
As comemorações em torno da passagem dos 150 anos de nascimento de Epitácio Pessoa estão se realizando por todo o ano de 2015, sob a batuta da Presidência do TJPB.

Reuniram-se ao Tribunal, nestes festejos, instituições como o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, a Assembleia Legislativa, a Fundação Espaço Cultural, a Orquestra Sinfônica da Paraíba e, "last, not least", a Academia Paraibana de Letras (sob o comando do presidente Damião Ramos Cavalcanti, também presidente da Fundação Casa de José Américo, da mesma forma solidária com esses festejos).

A QUARTA ETAPA
A Quarta Etapa das comemorações deste Sesquicentenário será realizada na manhã do próximo dia 6 de novembro, em João Pessoa, mais propriamente na Sala de Sessões "Desembargador Manoel Fonseca Xavier de Andrade", do Tribunal Pleno do TJPB, que se localiza no Anexo Administrativo do Palácio da Justiça.

O conferencista, desta vez, será o ministro Herman Benjamin, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), recém-empossado como ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em Brasília — e nascido na cidade de Catolé do Rocha (PB). Sua Excelência falará sobre o tema "Epitácio Pessoa: o jurista e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal)".

EM ALTO ESTILO
É a Comissão de Notáveis composta também pelos conselheiros Damião Ramos Cavalcanti e por um sobrinho-trineto de Epitácio, o Dr. Marcílio Toscano da Franca, este Procurador do Ministério Público junto ao TCE (Tribunal de Contas do Estado). E tal Comissão responsabiliza-se pela coordenação de todas as solenidades constantes da programação do Ano Judiciário do Sesquicentenário de Nascimento de Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa. Na reunião desta terça-feira, definiram-se os últimos detalhes da Quarta Etapa das referidas comemorações.

A presença dos membros da chamada "Comissão de Notáveis" é importante porque ela foi justamente instituída pela Presidência do TJPB com o intuito de que auxilie o Poder Judiciário a organizar as cinco Etapas em que se desenvolvem, no mais alto estilo, as comemorações alusivas ao 150 anos de nascimento do grande umbuzeirense, único paraibano até o momento a chegar à Presidência da República.

A PRIMEIRA ETAPA
Transcorreu a Primeira Etapa de tais eventos no dia 28 de maio, em dois momentos:

1) uma visita das autoridades e do público ao Museu e Cripta de Epitácio Pessoa, no subsolo do Palácio da Justiça e onde se encontram os restos mortais do Presidente Epitácio Pessoa e de sua esposa Mary Sayão Pessoa; e

2) uma conferência do historiador Humberto Cavalcanti de Mello sobre o tema “Epitácio Pessoa: o político e o estadista”.

A SEGUNDA ETAPA
A Segunda Etapa dos eventos realizou-se a 17 de julho próximo passado, na cidade de Umbuzeiro (PB), onde nasceu Epitácio Pessoa, realizando-se uma conferência proferida pelo professor Damião Ramos Cavalcanti em torno da biografia do homenageado.

Nessa data, ônibus, vans e veículos particulares levaram grande número de autoridades e convidados àquela cidade, registrando-se ainda a presença do embaixador Carlos Alberto Pessoa Pardellas, neto de Epitácio Pessoa.

A CIDADE DE UMBUZEIRO
Umbuzeiro, que se localiza justamente na Microrregião paraibana homônima, fica junto à divisa da Paraíba com o Estado de Pernambuco, mais exatamente com os municípios pernambucanos de Casinhas e Orobó.

Além de Epitácio Pessoa, lá nasceram seu sobrinho João Pessoa (governador da Paraíba assassinado em 1930) e o célebre jornalista Assis Chateaubriand (Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello), magnata da Imprensa brasileira e fundador dos Diários e Emissoras Associados.

TERCEIRA ETAPA
A Terceira Etapa das comemorações transcorreu no dia 6 de agosto próximo passado, no anfiteatro do Centro Cultural "Ariano Suassuna" do Tribunal de Contas do Estado, com a conferência do ministro Francisco Rezek, ex-presidente do STF.

Rezek abordou o tema “Epitácio Pessoa: o diplomata e o jurista da Corte Internacional de Haia”.

A QUINTA ETAPA
Sobre a Quarta Etapa, a ocorrer no dia 6 de novembro de 2015, já falamos no início deste texto. Resta abordar a Quinta e última Etapa, a realizar-se a partir das 19 h do dia 17 de dezembro, no Espaço Cultural "José Lins do Rego", onde irá acontecer um Concerto Associado da Orquestra Sinfônica da Paraíba. Será este o encerramento das comemorações em homenagem a Epitácio Pessoa — mesmo porque o TJPB entra em recesso no dia 20 seguinte, para somente voltar às atividades normais no dia 6 de janeiro de 2016.

Na oportunidade do encerramento, a presidente da Comissão de Cultura e Memória do Poder Judiciário, desembargadora Fátima Bezerra Cavalcanti, pretende entregar placas de agradecimento aos principais participantes dos cinco Etapas das comemorações.

PLAQUETTES E LIVRO
Já o presidente do TJPB, desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque (também integrante do IHGP e da Academia Paraibana de Letras), está patrocinando a publicação, sob a forma de plaquettes, de todos os pronunciamentos feitos durante as comemorações.

Ao final, tais pronunciamentos serão reunidos sob o formato de um livro, também para livre distribuição entre os interessados. O Tribunal também patrocinou a edição de um livro infanto-juvenil (mas também destinado aos adultos) com a vida de Epitácio Pessoa em quadrinhos.

QUEM FOI EPITÁCIO
Epitácio Pessoa nasceu em Umbuzeiro a 23 de maio de 1865 e presidiu o Brasil entre 1919 e 1922. Foi o oitavo presidente do país, desde a proclamação da República.
Além de integrar os três Poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo), da mesma forma como ocorreu com outro paraibano, o ministro Osvaldo Trigueiro de Albuquerque Melo (este nascido em Alagoa Grande), Epitácio foi também jurista de fama internacional e ainda diplomata. Nesta última condição, representou o Brasil durante a Conferência de Paz de Versalhes, em Paris, quando do término da Primeira Guerra Mundial. Foi, de fato, um grande paraibano, um grande brasileiro, um cidadão do mundo de superior expressão.
Seu Governo, na Presidência da República, foi marcado por revoltas militares e outras crises, mas não por sua culpa. Faleceu a 13 de fevereiro de 1942, em seu sítio no município de Petrópolis (RJ).

MUSEU E CRIPTA DE EPITÁCIO
Em 1965, quando do centenário de seu nascimento, o Governo da Paraíba e a Presidência do TJPB providenciaram o traslado de seus restos mortais (com os da esposa) para uma construção denominada Museu e Cripta, especialmente construída no subsolo do Palácio da Justiça para recebê-los.

Na recepção a seus despojos, que desembarcavam na Paraíba (vieram num navio especial da Marinha Brasileira), o notável tribuno Alcides Carneiro pronunciou um de seus mais afamados discursos, que assim começa: "Paraibanos, sentido!

"PARAIBANOS, SENTIDO!"
Pensa-se que o grande orador brasileiro Alcides Vieira Carneiro (que dá nome a uma das salas do Palácio da Justiça, na Praça João Pessoa ou Praça dos Três Poderes) inventou do nada esta frase ("Paraibanos, sentido!"). Aparentemente, no entanto, o tribuno-poeta Alcides Carneiro, homem de vasta cultura, estava apenas citando, propositalmente, uma expressão que, então, se encontrava mais ou menos viva na memória dos paraibanos.

Para esclarecer este ponto, cito aqui a nota de número 136 da mui interessante e documentadíssima dissertação de Mestrado do professor Jivago Correia Barbosa. Tal dissertação, fonte de marcantes informações históricas, intitula-se "Política e assistencialismo na Paraíba: o Governo de José Américo de Almeida (1951-1956)" e está disponível na Internet. Foi defendida em junho de 2012 junto ao Programa de Pós-Graduação em História do CCHLA (Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes) da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), na área de concentração em História e Cultura Histórica, e sob a orientação da Profa. Dra. Monique Guimarães Cittadino. Eis o que diz a longa e mui esclarecedora nota (e onde está a origem da expressão "Paraibanos, sentido!):

"O desempenho político de José Américo [de Almeida] sempre esteve indissoluvelmente ligado à figura de Vargas e, sobretudo, à era getuliana. Dessa forma, o único candidato a governador da Paraíba que poderia receber o apoio de Vargas indiscutivelmente só poderia ser um, José Américo. 

"Esse importante apoio, talvez o mais importante de todos, partiu do então Senador Getúlio Vargas — candidato do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) à presidência da República — quando esteve em campanha na Paraíba no dia 25 de agosto, numa quinta-feira, percorrendo as cidades de Sousa, Campina Grande e João Pessoa.

"Curiosamente antes da consolidação do nome de José Américo como candidato a Governador pela Coligação Democrática Paraibana, o seu nome havia sido indicado — como ele próprio afirma — ‘por intermédio de Danton Coelho e outros, para companheiro de chapa de Getúlio Vargas, como Vice-Presidente, lembrança que declinei’ (ALMEIDA, 1994, p. 109). 

"Evocando a luta encabeçada pelos dois durante a 'Revolução de 1930', o jornal O Rebate, da cidade de Campina Grande, estampou a confirmação da aliança entre os dois candidatos: 'Getúlio Vargas acaba de recomendar ao Eleitorado paraibano o nome de José Américo para Governador da Paraíba! Como em 1930, Getúlio Vargas e José Américo dão-se as mãos para a Divina Eucaristia da redenção do Brasil! Paraibanos, sentido! Por José Américo e Getúlio Vargas' (O Rebate, 19 de agosto de 1950, p. 01). 

"No mês de agosto, durante visita aos estados da Região Nordeste, Getúlio Vargas esteve no estado paraibano visitando a capital João Pessoa e Campina Grande. Nos dois grandes comícios que se realizaram a partir dessa visita, ele não só recomendava José Américo para governador, como também discursava a seu favor. '(...) O desejo de resolver o problema do Nordeste, prevalecendo sobre qualquer outro, foi um fator que me induziu a confiar a Pasta da Viação, onde sua personalidade se afirmou com relevo, ao Dr. José Américo de Almeida providencia, ao mesmo tempo, segura e metódica (LUNA, 2000, p. 66)'. 

"Interessante ressaltar que embora recebesse o apoio incondicional de Getúlio Vargas, José Américo não o retribuiu da mesma forma, não defendendo em nada a campanha varguista no seu estado. O PSD, que apoiou a campanha de José Américo na Paraíba, coligava-se à campanha de Cristiano Machado — candidato nacional do partido e adversário político de José Américo — para Presidente da República e esse teria sido o motivo pelo qual José Américo não firmara apoio à candidatura de Vargas. 'Eu sei que houve certas acusações de que eu (José Américo) não teria votado nele. Mas, apesar de Getúlio ter apoiado meu nome em praça pública, na Paraíba, nesse nosso encontro no Rio eu lhe disse: ‘Não posso ajudá-lo nessa eleição, porque me comprometi com o nome de Eduardo Gomes’ (CAMARGO, 1984, p. 332).

NA PRESIDÊNCIA ESPÍNOLA
Às páginas 103-104 de um dos livros de minha autoria (Evandro da Nóbrega, Doutor Chico Espínola, um homem simples e justo: Centenário de Nascimento do Desembargador Francisco Floriano da Nóbrega Espínola, Gráfica JB, João Pessoa, 2014), deponho sobre como ocorreu esse traslado de restos mortais, do Rio de Janeiro para a capital paraibana:

“[...Meu primo], o Dr. Márcio Roberto Soares Ferreira — parente, colega e amigo dos Nóbregas-Espínolas — estava mui frequentemente na acolhedora residência do Desembargador [Francisco] Espínola, à qual só de raro em raro eu ia, em virtude de minhas assoberbantes ocupações no jornal O Norte, na UFPB, no próprio TJPB.

“Mas, claro, nunca perdi o contato com a família do Desembargador Espínola, para quem tive a oportunidade de elaborar, já em maio seguinte, um folder especial sobre o traslado e inumação dos restos mortais do Presidente Epitácio Pessoa (1865-1942) e de sua esposa Mary Manso Sayão Pessoa para o Museu e Cripta de Epitácio Pessoa, dependências construídas na Gestão do próprio Desembargador-Presidente Francisco Espínola (Biênio 1964-1966) justamente para tal fim, sendo Governador o Dr. Pedro Moreno Gondim.

“Quando, em 1985, na Gestão do Desembargador-Presidente Rivando Bezerra Cavalcanti, o TJPB comemorou os 120 anos de nascimento de Epitácio Pessoa, aquele antigo folder nos serviu de modelo, a mim e à fotógrafa Germana Bronzeado (hoje Curadora dos Museus e Memoriais do Poder Judiciário estadual) para que se fizesse nova peça publicitária enfocando os eventos então programados. A cuidadosa Germana ainda hoje guarda cópias de todos esses trabalhos gráficos, realizados sem os recursos hoje corriqueiros nos computadores...

“Foi no Biênio comandado pelo Desembargador Espínola, mais exatamente a 23 de maio de 1965, data que marcou o centenário de nascimento do ex-presidente da República Epitácio Pessoa, que os restos mortais deste, junto com os da esposa, Mary Sayão Pessoa, viram-se solenemente inumados no Museu e Cripta de Epitácio Pessoa [denominação oficial], onde ainda hoje permanecem, recebendo a visitação pública."

Esse espaço fora então especialmente construído para tal fim no subsolo do Palácio da Justiça, no centro da cidade de João Pessoa, capital da Paraíba. Os despojos, anteriormente sepultados no Rio de Janeiro, haviam chegado à capital paraibana poucos dias antes, nesse mesmo mês de maio de 1965, trasladados em navio da Marinha Brasileira. 

"A RELÍQUIA QUE LEVAIS"
Conforme explica o historiador Flávio Sátiro Fernandes, o transporte desses restos mortais foi feito, como se disse, a bordo de um navio de guerra da Marinha, o contratorpedeiro Acre. Isto está bem esclarecido num dos últimos números da revista literária GENIUS, editada pelo próprio Dr. Flávio Sátiro — número esse que reproduz discurso do ministro Ernani Sátyro, que pronunciou a mesma oração quando do ato de entrega, no Rio de Janeiro, dos restos mortais para serem transportados para João Pessoa, a capital paraibana. 

Nas páginas desse número de GENIUS, o referido discurso de Ernani Sátyro tem, como frontispício, uma frase retirada de sua própria oração: "Marinheiros do Brasil: A relíquia que levais [os restos mortais do ex-presidente da República e de sua esposa] é digna de vossa glória!"

BRIGADEIRO NEGOU AVIÃO DA FAB
Esclarece ainda o Dr. Flávio Sátiro Fernandes que "os restos mortais de Epitácio Pessoa vieram à Paraíba em navio da Marinha porque o brigadeiro Eduardo Gomes que, na época, era Ministro da Aeronáutica, negou-se a ceder um avião da FAB, alegando que, nas duas ocasiões em que foi preso, ele o foi justamente por determinação de Epitácio Pessoa, quando da revolta dos Tenentes, em 1922. Por isso, teve-se de apelar para a Marinha." 

Uma vez chegadas à capital paraibana, foram as urnas fúnebres provisoriamente abrigadas no complexo barroco formado pela Igreja de São Francisco e pelo Convento de Santo Antônio. No dia exato do centenário de Epitácio é que se viram transferidos para o Museu e Cripta. À chegada dos restos mortais à Paraíba, discursara oficialmente, em nome da Paraíba, o célebre tribuno paraibano Alcides Carneiro. Portanto, quando do traslado dos restos mortais, o governador paraibano era Pedro Moreno Gondim e, presidente do Tribunal de Justiça, o Desembargador Francisco Floriano da Nóbrega Espínola.

_______________



Monday, September 28, 2015

CASA DA CULTURA “IVO DE TABIRA” (OU “IVO MASCENA”)




_______________




[Por favor, clique na ilustração, para ampliá-la]
_______________


PARAIBANO SEVERINO SERTANEJO CANTA EM DECASSÍLABOS DOAÇÃO DA ANTIGA RESIDÊNCIA DO SAUDOSO POETA PERNAMBUCANO IVO DE TABIRA PARA A CRIAÇÃO DE UM CENTRO DE CULTURA


por Evandro da Nóbrega,
escritor, jornalista, editor
[druzzevandro@gmail.com]

_______________


ESTA REPORTAGEM, EM RESUMO
A casa que, em Tabira (PE), serviu de residência ao saudoso poeta popular Ivo Mascena (1927-2011) viu-se há pouco doada pela família do vate para que o Poder Público a transforme na Casa de Cultura que levará seu nome (Casa da Cultura “Ivo de Tabira”).
Já a presença, aqui, do poeta paraibano Severino Sertanejo / Luiz Nunes Alves justifica-se plenamente: foi ele um dos artistas nordestinos reptados com um mote para que produzissem glosas sobre a doação dessa residência à Prefeitura tabirense.

_______________


O QUE VOCÊ VAI ENCONTRAR AQUI
Nesta necessariamente longa reportagem, o leitor vai encontrar, entre outras informações:

* Ao falecer, em 29 de novembro de 2011, aos 84 anos de idade, depois de proveitosa vida de amante da Poesia, o poeta e emérito pesquisador Ivo Mascena Veras deixou, entre outros, os seguintes livros preciosos: 1) "Pinto Velho do Monteiro: O maior repentista do século"; 2) "Lourival Batista Patriota"; e 3) "Antônio Marinho do Nascimento: O precursor dos repentistas de São José do Egito".

* Além de consagrado poeta e versejador, o repentista Ivo de Tabira era também exímio contador de "causos". Um papo com ele, mesmo que fosse por pouco tempo, constituía experiência inesquecível.

* A casa em que o saudoso poeta residiu por muito tempo foi doada pela família ao Município de Tabira (PE), com o objetivo de atender à Cultura da cidade e da região. O prefeito se comprometeu, diante de todos, a transformar o ambiente em Casa de Cultura “Ivo de Tabira” (ou Casa de Cultura “Ivo Mascena”).

* Os filhos de Ivo de Tabira — o Dr. Sear Zazur Mascena Veras, Ledo e Pedro Ivo — estiveram presentes, juntamente com demais familiares, tanto de Ivo Mascena quanto de seu filho José Ivo Mascena (1950-2009), representado por Giuseppe Mascena, neto do saudoso poeta.


_______________



Por mera coincidência, estávamos — o Vandim das Espinharas e este escriba que vos tecla — concluindo a leitura da monumental e portentosa obra Juscelino: Vida e obra em verso, de autoria do poeta, escritor e acadêmico Luiz Nunes Alves, saída em 2013 pelas Edições Varadouro / Ideia Editora, quando chegam por e-mail novos versos de Severino Sertanejo, que todo mundo sabe ser o mesmo Luiz Nunes.

Mas, desta vez, os novos versos de Luiz Nunes Alves / Severino Sertanejo não eram sobre Juscelino Kubitschek, nem sobre a História da Paraíba, nem sobre Epitácio Pessoa e outros temas comuns ao estro ludovico-nuno-alveano, não. Tratavam esses versos, isto sim, da mui noticiada doação da residência em que morou o grande poeta pernambucano Ivo Mascena Veras para que a Prefeitura de Tabira (PE) erga no local a Casa de Cultura que levará seu nome.

Então, fica para oportunidade a mais próxima possível o comentário que faríamos sobre a biografia versejada de JK, tão maravilhosamente posta no papel por Severino Sertanejo / Luiz Nunes Alves. Porque, hoje, aqui e agora, vamos abordar os versos que essa famosa dupla de poetas de bancada (dupla constituída por uma única e só pessoa) elaborou sobre o gesto da família de Ivo de Tabira, doando casa & terreno à Prefeitura tabirense para que instale um Centro Cultural.

Além de poeta, escritor e pesquisador, Ivo de Tabira foi também orador, advogado, político e auditor do Estado. 

Os Versos de Luiz Nunes
Teremos, assim, a Casa de Cultura “Ivo de Tabira”, conforme explicitado mais abaixo, no decorrer da presente reportagem. Ab initio, e por enquanto, fiquemos com os versos de Luiz Nunes Alves/Severino Sertanejo.

Antes, porém, um alerta: a notável dupla de cantadores Luiz Nunes Alves / Severino Sertanejo nunca se aferra rigorosa e estritamente ao mote dado, isto é, não o segue ao pé da letra. Prefere atender ao ESPÍRITO do mote, substituindo palavras, quando necessário — e até invertendo a posição dos termos principais, se for o caso.

Vejamos como ficaram os versos de Luiz Nunes Alves / Severino Sertanejo, em versos heroicos, vale dizer, de 10 sílabas (e, no caso aqui, em décimas, isto é, com 10 linhas de versos):

Ivo, como exímio orador,
destacou-se no júri popular;
nos palanques, nem sempre havia par
capaz de lhe ofuscar o destemor.
Quando quis, revelou-se o escritor,
biógrafo de grande envergadura,
Pinto e Louro são retratos na moldura,
por ele, alegremente, colocada
na casa que lhe serviu de morada
e que a família doou para a cultura.

Que gesto o da família, com Zelita
à frente da renúncia ao patrimônio!
Sob as bênçãos do sempre Santo Antônio,
em cartório a doação fez-se transcrita.
Transação que dúvidas não suscita,
posto que já constante de escritura
que leva da família a assinatura,
além disso, também testemunhada,
a casa que de Ivo era a morada,
a família doou para a cultura.

Tabira, por seu povo, reconhece
quão nobre gesto, agora, é praticado
por quem ele é representado
e gesto desse jeito não se esquece.
Por ele, seus irmãos em cada prece,
elevam o pensamento a toda altura
e pedem pela amiga criatura
que dentre seus irmãos, será lembrada
na casa que de Ivo foi morada
e que a família doou para a cultura.


DUPLA DE GRANDES POETAS FORMADA POR
LUIZ NUNES ALVES & SEVERINO SERTANEJO
Por sua maestria no verso é que vez por outra o poeta Luiz Nunes Alves / Severino Sertanejo ganha do vate popular Vandim das Espinharas décimas como as que a seguir se leem:

SEVERINO SERTANEJO E LUIZ NUNES ALVES

por Vandim das Espinharas

Severino Sertanejo
da dupla é quem vai à frente
com poesia e repente,
a tocar seu realejo...
Logo a seguir, o que vejo
é o Doutor Luiz Nunes,
que só bons versos acolhe.
Um produz, outro reúne,
tornam-se aos erros imunes,
pois um planta e o outro colhe.

Um Centro Cultural
O leitor bem que merece mais esclarecimentos sobre aqueles versos lá em cima, produzidos pelo duplo aedo Severino Sertanejo / Luiz Nunes Alves sobre a doação da antiga casa do poeta Ivo de Tabira. 

Recentemente, a Imprensa pernambucana registrou tudo: na manhã do sábado, 19 de setembro de 2015), o prefeito de Tabira, Sebastião Dias Filho, recebeu o documento de doação da casa que por muitos anos serviu de residência ao poeta Ivo Mascena. Essas informações foram também repercutidas on-line, inclusive pelo blog “Tabira de Todos”.

Um Prefeito Violeiro!
É sabido que o próprio prefeito Sebastião Dias Filho (conhecido como Sebastião Dias) é, ele mesmo, consagrado poeta. Pois é isto: em terra de poetas, poeta como prefeito! Sebastião, natural do Rio Grande do Norte, é um dos mais festejados poetas-cantadores do Brasil. Foi inclusive o melhor parceiro de João Paraibano, que nascido no sítio Pica-Pau, do município de Princesa Isabel (PB).

O atual prefeito tabiraense nasceu em Ouro Branco (RN), no ano de 1950, filho de Sebastião Dias de Araújo e Ana Araújo de Medeiros (in memoriam). Toda sua família tinha vocação para cantorias de viola. Logo aos 16 anos, Sebastião Dias iniciou-se nesta arte e se tornou exímio cantador, indo morar em São Paulo, onde começou a cantar, como profissional, aos 22 anos de idade. Por alguns anos, atuou com poetas do naipe de Fenelon Dantas e Severino Feitosa. Seu maior parceiro, no entanto, foi João Paraibano.

Sebastião Dias manteve programas de rádio em Afogados da Ingazeira e Tabira. Tomou parte em mais de 600 (seiscentos!) festivais de cantoria no país. E, em vários deles, classificou-se em primeiríssimo lugar. É imensa sua produção de LPs gravados com João Paraibano, Ivanildo Vila Nova, Zé Cardoso, Geraldo Amâncio e com seu xará Sebastião da Silva.

Depois Que o Dia Amanhece...
É ele o autor, por exemplo, dos belos versos constantes do poema "Depois que o dia amanhece":

O nascente acende o facho,
o vento empurra o coqueiro,
que chega balança o cacho
e a água conta uma história
nos ouvidos do riacho. 

Sensível às Questões Sociais
A poética de Sebastião Dias Filho também analisa questões sociais, como lembra "O Jornal do Nordeste" [http://www.onordeste.com/]

Já nas avenidas belas
cada edifício é um nome;
num bonito apartamento
um burguês que tudo come
ocupa os vãos que um pedreiro
construiu passando fome.

Sua Visão Urbana
Pode-se recolher no livro Os grandes astros da Poesia, de Lourdes Silva [Edição da Autora, Recife, 2009] a visão da vida urbana de Sebastião Dias Filho: 

Na favela, infelizmente,
só tem ação desumana;
é um assalto por noite,
um estupro por semana;
é esse saldo sinistro
da população urbana.

Quem Foi João Paraibano
Já que falamos em João Paraibano, nada custa apresentá-lo melhor ao caro leitor, à gentil leitora. Talvez se deva iniciar dizendo que João é o autor daqueles conhecidos versos:

Quando inverna no Sertão,
cai a chuva, a água rola,
um sapo vomita espuma, 
onde um boi pisa se atola
e a fartura esconde o saco
com que a fome pede esmola.

João Paraibano ("nome-de-guerra" ou pseudônimo artístico de João Pereira da Luz, 1953-1014) nasceu em Princesa Isabel (PB), mas desde a década de 1970 morava em Afogados da Ingazeira (PE). Venceu diversos festivais de violeiros. Participou por três vezes do programa "Fantástico", TV Globo, com o colega violeiro Sebastião Dias Filho. 

Tocou ainda, em apresentação nacional, com outro poeta popular, Valdir Teles. Mas, durante toda a vida, cantou também com poetas da estirpe de Ivanildo Vilanova, Sebastião da Silva, Severino Ferreira, Severino Feitosa, Moacir Laurentino, Geraldo Amâncio, Raimundo Caetano, os Nonatos (Nonato Costa e Raimundo Nonato), entre outros grandes nomes do repente e do improviso. 

Seu maior parceiro, porém, foi mesmo Sebastião Dias Filho, tanto em cantorias quanto em congressos, seja no Nordeste, seja noutras partes do Brasil. 

O talentoso repentista João Paraibano faleceu na noite de segunda-feira, 1º de setembro de 2014, aos 61 anos de idade, depois de passar quase um mês internado na UTI de um hospital do bairro de Boa Viagem, em Recife. 

Ele fora atropelado em agosto, no município de Afogados de Ingazeira. O acidente provocou-lhe um coágulo no crânio, sendo preciso se submeter a uma intervenção cirúrgica. Daí, surgiu uma infecção, que não pôde ser debelada, advindo então a prematura morte do poeta, mui lamentada em todo o Nordeste.

Assegurando a Tradição Popular
O repentista Sebastião Filho viu-se eleito para a Prefeitura de Tabira com a promessa de assegurar a tradição da cantoria popular do Nordeste, tão bem representada pelos mestres violeiros dos sertões do Pajeú.

Tanto é assim que, logo depois de sua vitória, um grande grupo de violeiros se reuniu para defender seu instrumento de trabalho, a viola, e para comemorar a vitória política do colega poeta e repentista. 

A região em que fica localizada Tabira (PE), o Vale do Rio Pajeú (ou simplesmente "o Pajeú") é, deveras, um autêntico celeiro da cantoria popular do Nordeste. Aliás, um de seus dísticos, durante a campanha, era em forma de quadra:

Quem discrimina a viola,
por não gostar de Cultura,
vai ver o povo levar 
um poeta à Prefeitura. 

Sua eleição ocorreu durante o que se convencionou chamar de "a Guerra das Violas", com adversários prometendo quebrar violas diante da Prefeitura, caso vencessem (segundo se propala).

Debaixo do Umbuzeiro
Vitorioso nas urnas, o prefeito cantou para os colegas repentistas, debaixo de um pé de umbu, segundo o que se lê no jornal O Globo, edição de 3 de novembro de 2012:

Quem queria quebrar minha viola
foi dormir escutando o choro dela.
Foram dias de muito sofrimento,
afastado do som da minha lira...
Só porque defendi nossa Tabira,
prometeram quebrar meu instrumento,
mas viver sem viola eu não aguento,
que Cultura pra mim é coisa bela...
E até quando esta mão pegar na vela
Poesia será a minha escola... 

Casa da Cultura Já Está Se Vestindo...
Os documentos de posse da residência viram-se entregues pela família de Ivo, para que a Prefeitura transforme o imóvel na Casa de Cultura do município. Na mesma solenidade, o prefeito-violeiro Sebastião comprometeu-se publicamente a operar as transformações físicas (e outras) necessárias a que o ambiente passe a abrigar um Centro Cultural que, homenageando o poeta e pesquisador Ivo Mascena, atenda a toda a comunidade interessada no progresso da Cultura local e regional.

E foi ainda durante essa cerimônia que surgiu o mote aqui glosado por nossa “dupla poética de um homem só”. A glosa, evidentemente, não foi criada exclusivamente para Severino Sertanejo / Luiz Nunes Alves, mas para todos os poetas nordestinos, a fim de que suas glosas venham a fazer parte do acervo da Casa de Cultura “Ivo de Tabira”. 

É por isso tudo que nos alongamos sobre o assunto, aqui, neste blog, esperando que nossa meia-dúzia-de-três-ou-quatro-leitores deixe de lado a preguiça mental e se informem sobre os grandes nomes de nossa Poesia popular.   

Autoridades Presentes
À solenidade de repasse do imóvel estiveram presentes muitas pessoas de destaque, com especial ênfase para poetas, artistas plásticos, escritores, historiadores, secretários do Governo municipal, representantes da família, amigos e diversos representantes de vários setores da sociedade tabirense, além de outras representações da sociedade civil organizada.

Entre esses presentes, segundo registrou a mídia, encontravam-se os filhos de Ivo de Tabira: o Dr. Sear Zazur Mascena Veras, Ledo e Pedro Ivo estiveram presentes. Entre outros, também lá estiveram os demais representantes de Ivo Mascena e José Ivo, como é o caso de Giuseppe Mascena (neto de Ivo de Tabira).

Quem discursou em nome da família foi o Dr. Sear Zazur Mascena Veras, que destacou principalmente a atuação pública do pai, Ivo Mascena, particularmente na Literatura. Sendo um mestre neste campo, Ivo de Tabira influenciou os filhos e inúmeras outras pessoas, da sociedade local e nordestina, no sentido de que também se transformassem em leitores assíduos e/ou escritores de talento.

Outras Presenças
Já o titular da Secretaria da Cultura local, professor José Edgley Freitas, fez o agradecimento, à família do saudoso Ivo de Tabira, "por este gesto de grandeza, doando a casa que foi do poeta para o usufruto de todos, na comunidade". Disse ainda, entre muitas outras coisas, que esse se tratava de um importante momento para a Cultura tabirense em particular e pernambucana em geral.

Estava presente, igualmente, a escritora e cronista Dulce Lima, representante da Associação de Poetas e Prosadores de Tabira (APPTA) — e ela também agradeceu ao gesto "de carinho e de  dedicação da família na promoção da Cultura de nossa querida cidade de Tabira".

A solenidade de entrega do documento de doação foi também assinalada pela apresentação de poetas, declamadores, sanfoneiros e mesas de glosas.

Prefeito Agradece
Matérias jornalísticas distribuídas por Bruna Verlene (fotógrafa e repórter) e Adeval Soares (assessor), ambos da ASCOM-PMT (Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Tabira) dão conta de que o prefeito Sebastião Dias, emocionado, agradeceu em nome de todos os munícipes ao "ato de grandeza da família", disponibilizando o imóvel:

— Por todos os tabirenses, agradeço imensamente à família Mascena, em nome do Dr. Sear Zazur, Ledo e Pedro Ivo a nobreza de doar a antiga residência de Ivo Mascena ao município de Tabira, visando em especial ao bem-estar dos artistas. Garanto que saberemos, com muita alegria, transformar esta residência doada pela família na Casa da Cultura “Ivo Mascena”. Muito obrigado mesmo!

Quando Faleceu o Poeta
O grande poeta, pesquisador emérito e agitador cultural Ivo Mascena Veras falecera às 23 h do dia 29 de novembro de 2011, aos 84 anos de idade, no Hospital Esperança, do Recife (PE), vítima de hemorragia cerebral. Ele havia sofrido uma queda no Mercado de Boa Viagem, na capital pernambucana. Seu corpo foi cremado no Recife mesmo.
Ivo Mascena Veras já se aposentara há anos. Foi o primeiro prefeito do município pernambucano de Solidão, entre os anos de 1965 e 1969. Em 1973, na chapa também formada pelo amigo Paulo Pires, Ivo disputara a Prefeitura de Tabira, contra a chapa constituída por seus adversários políticos João Cordeiro e Antônio Tota. Mas estes últimos é que venceram o pleito.

Mote e Glosas por Mascena  
Com a morte de Ivo de Tabira, rezava o seguinte um dos motes distribuídos aos repentistas e demais poetas interessados — mote esse de autoria de um neto de Ivo Mascena de Veras (Giuseppe Mascena) e divulgado on line  por Dedé Monteiro:

MASCENA SAIU DE CENA
PRA SE TORNAR IMORTAL.

E, salvo engano, atribuem-se a Ademar Rafael Ferreira, de Marabá (PA), as seguintes glosas:

Mascena foi repentista
sem precisar de viola,
pois aprendeu na escola
de Otacílio Batista...
Pesquisador, folclorista
e escritor genial...
A obra de Lourival
demonstrou não ser pequena
Mascena saiu de cena
pra se tornar imortal.

Decifrou todo o roteiro
da criação de Marinho...
Recitava Canhotinho,
gostava de sanfoneiro...
Para Pinto do Monteiro
fez um livro sem igual.
No mês antes do Natal
deixou a vida terrena:
Mascena saiu de cena
pra se tornar imortal.

Era Um Poeta do Pajeú
Repita-se que Ivo de Tabira foi também o primeiro prefeito do município pernambucano de Solidão, em 1965. No ano de 1973, chegou a disputar a Prefeitura da cidade de Tabira, na qual se tornou mais conhecido, por causa de seu próprio epíteto. E, afinal, Ivo era bisneto de Gonçalo Gomes, fundador de Tabira.
Sempre foi considerado, em todo o Nordeste, como uma grande figura humana. Como lembraram, também na Internet, textos de Nill Júnior e Sidnei Pires (mais foto de Carlos Celso Cordeiro), com a morte de Ivo de Tabira, a região do Pajeú perdeu um dos seus filhos mais brilhantes.

Uma Pequena Digressão
Como ninguém desconhece, a assim chamada "região do Pajeú", no Estado de Pernambuco, refere-se à área de quase 17 mil km2, compreendida pela bacia do rio do mesmo nome, de 353 km. Esse rio Pajeú, nascendo na Serra da Balança (a 800 m de altura do nível do mar), no município de Brejinho (já bem perto da fronteira com a  Paraíba), cruza entre outros o município de Serra Talhada, correndo de Nordeste para Sudoeste e apontando em seguida para o Sul, no sentido do rio São Francisco, curso d'água em que desemboca.

Na área do rio Pajeú contam-se seus afluentes principais: riacho do Navio, rio Pajeú-Mirim e riacho São Domingos. O topônimo "Pajeú", aliás, significa "o rio do curandeiro" [do tupi "pa'yé" = "pajé", "chefe espiritual dos índios", "misto de sacerdote, profeta e feiticeiro", "benzedor", "curandeiro" + "yg" ou "y" = "água", "rio"]. Outras cidades pernambucanas à margem do rio Pajeú, além de Serra Talhada: Itapetim, Tuparetama, São José do Egito, Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Carnaíba, Flores, Calumbi e Floresta, todas no estado de Pernambuco.

O rio e a região do Pajeú deram nome a um dos maiores heróis guerrilheiros da Guerra de Canudos: o bravo e feroz líder do mesmo nome, ex-soldado regular nascido em Riacho do Navio/Pajeú das Flores, morto em combate no ano de 1897, na área canudense, e citado por Euclides da Cunha e outros escritores como artífice de algumas importantes vitórias dos revoltosos contra o Exército e a Polícia.

Mais Homenagens a Ivo
Dedé Monteiro divulgou em seu blog outras homenagens prestadas a Ivo de Tabira. Zelito Nunes, por exemplo, escreveu o seguinte: “É sempre triste a partida de um poeta. Lamento em nome de toda a comunidade fubânica”. Outro disse: “É com imenso pesar que anuncio a partida de mais um poeta, Ivo Mascena Veras, sertanejo, pajeuzeiro e amigo de maior dimensão. Perdemos muito com sua ausência”.

E o próprio Zelito Nunes acrescentou seus versos:

O Sertão ficou mais triste,
do Pajeú, nem se fala...
Ivo Mascena partiu,
levando a cuia e a mala.
Mais um amigo se vai,
mais um poeta se cala.


De Marcos Passos
Outro poeta, Marcos Passos, aproveitou o mote de Giuseppe e externou seus sentimentos pela irreparável perda do amigo Ivo Mascena:

Nobre, leal e honrado,
versou com inspiração.
Na Cultura do Sertão
deixou seu nome marcado,
Um poeta iluminado,
um escritor genial,
uma pena sem igual
que nos deixou grande pena.
Mascena saiu de cena
pra se tornar imortal.

Sobre a queda de Ivo Mascena no Mercado de Boa Viagem (queda que lhe acarretou a morte, em última instância, já que faleceu vítima do derrame resultante do perigoso tombo), alguém divulgou na Internet: “A última cena da vida de Mascena: escorregou e caiu no céu”.

De Marco di Aurélio
Da Paraíba, nosso amigo Marco di Aurélio mandou dizer, por e-mail, sobre Ivo de Tabira:

De Veras não conheci,
devia ter conhecido...
Um poeta bem falado,
seus versos por outro ouvido.
Tomara que lá no céu
se abra o grande véu
para ser bem recebido.
Mais um poeta se vai,
se firmando universal.
A Terra fica mais pobre,
o Cosmo bem mais astral.
Mais uma estrela se ordena:
Mascena saiu de cena
pra se tornar imortal.

De Carlos Aires
Já o poeta Carlos Aires acrescentou:

Quando se encanta um poeta
a matéria a terra come,
mantêm-se vivo seu nome,
pois se a obra for completa,
mesmo que a sua reta
tenha chegado ao final,
ao chegar ao Tribunal
do céu ninguém o condena:
Mascena saiu de cena
pra se tornar imortal.

Lá se foi um grande vate,
só a saudade nos resta...
Enquanto o céu está em festa
por conta desse arrebate
aqui findou seu combate,
foi poeta genial...
No plano celestial,
a gloria lhe será plena:
Mascena saiu de cena
pra se tornar imortal.

Carlos Aires também se manifestou em prosa:

— Mesmo não tendo conhecido o poeta Ivo Mascena, lamento profundamente sua partida, pois todo poeta é um irmão. A Poesia terrena sem dúvidas lamenta essa perda irreparável, porém o céu está em festa, com mais esse cultor da Poesia regando com versos os jardins do Éden.

De Felipe Júnior
Já Felipe Júnior escreveu nova mensagem:

— Conheci e muito o admirava. Ivo Mascena é daqueles cabras que encantavam pelo olhar, pela memória (impecável) e pela inteligência. É como Zelito Nunes me falou: “Só depois é que veremos a grande lacuna que se formou com a partida de Ivo”. Um abraço, portanto, à grande família de Ivo Mascena, que é a Cultura Popular.

De Maurício Santos
Outro poeta, Maurício Santos, apresentando suas condolências à família enlutada, assim versejou:

Houve festança no céu
pra receber o poeta...
Mesa de glosa seleta,
declamação de cordel,
discurso do menestrel
Pinto Velho, o genial,
falando pra Lourival
avisar a dona Helena
que Mascena sai de cena
pra se tornar imortal.

Um desfalque sem igual,
tá saudosa a poesia...
Recital e cantoria
sofreram um golpe fatal.
A Cultura em geral
perdeu um grande parceiro,
que deu apoio integral,
mesmo sem ganhar na Sena.
Mascena saiu de cena
pra se tornar imortal...

De Armindo Moura
Apresentando seus mais fundos pêsames à família de Ivo de Tabira, Armindo Moura Neto produziu os seguintes versos:

Vejam o lado do homem:
viveu de bem com a vida,
se foi de bem com a morte.
Pessoa ilustre e querida
partiu em queda; foi sorte.
Há quem amargue UTI,
outros definham em casa
A melhor morte que vi
o levou em sua asa...

Tudo tem os seus dois lados,
até a morte inclemente...
Mascena partiu, ficou,
pois deixou sua semente.
De onde ele nos veja,
deverá estar contente.
Do Pajeú sem igual,
Mascena saiu de cena
pra se tornar imortal.

De José Vicente
José Vicente escreveu a seguinte mensagem:

— O grande poeta e escritor Dr. Ivo Mascena foi um grande homem. Incomparável de caráter e o homem mais admirável que conheci em toda a minha vida. Me ensinou a obter mais experiência e a ver o mundo de forma diferente. Foi o maior incentivador para que eu retornasse aos estudos. Se hoje tenho um curso superior, agradeço a Deus e ao poeta Ivo Mascena Veras. Ele e sua virtuosa esposa, dona Joselita de Souza Veras, foram meus maiores incentivadores. E uma coisa importante: só eu tenho seus livros oferecidos conjuntamente por ele e por sua esposa.

Numa Mesa de Glosas
A cerimônia de doação da casa e terreno foi mui prestigiada pelas autoridades e pela população de Tabira, tendo ocorrido, coincidentemente, com a Missa do Poeta, promovida todos os anos por essa bela e valorosa cidade do Vale do Pajeú. O prefeito local, Sebastião Dias, estava em companhia da esposa, Dona Ieda Melo Dias.

A anual Missa do Poeta realiza-se em homenagem ao grande poeta e compositor (parceiro de Luiz Gonzaga), Zé  Marcolino, autor de "Serrote Agudo", "Fazenda Cacimba Nova", "Sala de reboco" e outras geniais composições, como bem nos esclarece o poeta, escritor, biógrafo, historiador e grande figura humana Luiz Nunes Alves, ex-conselheiro e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB). Alias, presidente do TCE-PB por tantas vezes que perdemos a conta... ;-)

É a mesa de glosas antigo costume pajeuzeiro, reunindo poetas não apenas de Tabira, mas também de municípios adjacentes, também habitados por inúmeros artistas da palavra rimada, como Afogados da Ingazeira e São José do Egito.

Quem Doa Não Empobrece
Um neto do saudoso poeta Ivo de Tabira, Giuseppe Mascena, foi quem "abriu os trabalhos" da mesa de glosas, criando o mote "Quem recebe enriquece, / quem doa não empobrece”. Tal mote foi objeto de glosas de grande número de improvisadores, para gáudio dos ouvintes.

João Alderney, um dos poetas presentes, fez uma homenagem à família que doou a casa de Ivo de Tabira, dizendo em versos de sete sílabas, isto é, em redondilha maior:

Nobilíssima atitude
nesse evento dos Mascenas
em Tabira. Qual mecenas
voltou Ivo em plenitude,
por seus filhos; tal virtude
é um exemplo inolvidável;
para o povo um bem palpável;
para os jovens, o futuro
nascerá, creio, mais puro
nesse espaço formidável.

Uma Explicação Necessária
A propósito de "redondilha", seguimos aqui a definição mais clássica, expressa, por exemplo, no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, que define este substantivo feminino como "verso de cinco ou sete sílabas métricas", sendo "redondilha maior" o verso de sete sílabas" e, a redondilha menor, "o de cinco sílabas". 

Como já explicitado, dizemos "redondilha maior" quando o verso tem sete sílabas, sendo a redondilha menor o verso de cinco sílabas. Já na acepção oferecida pelo dicionário Aurélio, a redondilha maior (ou simplesmente redondilha, neste caso) é "uma quadra em que o primeiro verso rima com o quarto e o segundo com o terceiro" — definição que não seguimos aqui, por estarmos mais afinados com a tradição ainda mais antiga da Poesia luso-brasileira.

Outras definições importantes para os poetas iniciantes: 
1) QUINTILHA (o mesmo que QUINTETO): composição poética composta de cinco versos, geralmente em redondilha maior; 
2) SETILHA (ou septilha): estrofe de sete versos.

Mote e Glosa de Alderney
Foi então que o próprio poeta pernambucano João Alderney decidiu criar novo mote, "para dar oportunidade aos que não puderam comparecer, mas desejam também homenagear poeticamente a família Mascena e o município".

O novel mote foi elaborado (na modalidade de decassílabos), "para que suas glosas façam parte do acervo cultural, no novo espaço literário e poético" que se chamará Casa da Cultura "Ivo de Tabira". Eis o mote:

"Foi de Ivo Mascena esta morada
que a família doou para a Cultura!"

João Alderney não deixou por menos e foi logo glosando seu próprio mote:

Um presente à cidade: um casarão
bem no centro, é um espaço para o povo
literário, artístico onde o novo
e o passado, a guardar, ilustrarão
o atual e o futuro num clarão
necessário que a todos assegura
uma digna e esplêndida estrutura
do saber, do crescer, da caminhada!
Foi de Ivo Mascena esta morada
que a família doou para a cultura!

O Gesto de Doação
O gesto da doação comoveu muitas pessoas, inclusive José Miranda Reis, que disse:

— Creio que será um excelente motivo para a glosa dos poetas, pois altruísmo desta natureza já não se encontra facilmente.

Ao que João Alderney complementou:

— É verdade, caro Miranda. Um gesto de desprendimento raro e belo.

De Ademar Rafael
Escrevendo de João Pessoa (PB), Ademar Rafael Ferreira preferiu se pronunciar em versos, glosando o mote ao pé da letra:

Fez da vida um enorme festival,
escreveu sobre Pinto do Monteiro,
de Marinho traçou o paradeiro,
dedicou outro livro a Lourival.
Um emprego o prendeu na capital,
o sertão deu alvará de soltura.
A família colocou uma moldura
pra obra não ficar inacabada...
Foi de Ivo Mascena esta morada
que a família doou para a Cultura!

De Marcílio Siqueira
Marcílio Siqueira também "atacou" em versos:

Casa bela e antiga! O dono teu
foi o rei das pesquisas culturais.
Escreveu em revistas e jornais
com o dom de poeta que Deus deu.
Mas depois que teu dono faleceu
e o corpo desceu pra sepultura,
a família doou tua estrutura,
pra cultura morar sem pagar nada.
Foi de Ivo Mascena essa morada
que a família doou para a Cultura.

De Betânia Tenório
Betânia Tenório igualmente enviou suas apreciações, por mensagem eletrônica e sob a forma de tocante depoimento pessoal:

— Para além de um excelente profissional e grande poeta, estudioso e trabalhador incansável, o Dr. Ivo Mascena foi meu colega de trabalho na Prefeitura de Tabira. Eu, Secretária de Planejamento; e ele, Procurador do Município. Dividíamos a mesma sala, os problemas e os risos. Eu, grávida; e ele, sempre cuidadoso, nunca esquecia as boas frutas que sempre colhia para mim. Tinha um cuidado imenso comigo e tudo discutíamos juntos. Quando minha filha nasceu, ele organizou uma festa na minha casa, para me receber [na volta da maternidade]. Convidou as nossas colegas todas e mandou chamar outras amigas. A mesa bela de frutos, folhas e delícias foi cuidadosamente montada por ele, com o carinho que me tinha. Nunca esqueci aquela figura aparentemente tão reservada para quem não o conhecia, mas de gestos tão largos e doces. Da última vez que nos falamos, ele disse que tinha dois livros para mim, escritos por ele. Um, inclusive sobre Louro do Pajeú. Vibrei, mas nunca o consegui. Já em Brasília à época, nem pude prestigiá-lo com as belas flores que ele merecia, na sua viagem final. Eu e Aristides Santos somos muito gratos e felizes por havermos convivido com tão nobre pessoa. O gesto da família, doando a casa em que ele morou, é a expressão autêntica dos valores e princípios que Ivo de Tabira transmitiu em vida. Aplausos!

De Cybele Pires
Por seu turno, Cybele dalla Nora Pires [filha de João Alderney] assim resumiu seu pensamento sobre Ivo de Tabira:

— Deve ter sido muito marcante e prazeroso este evento, com a nata poética do Sertão de Pernambuco. Parabéns a toda a família de Ivo Mascena, por tão nobre ato, que beneficiará as futuras gerações da amada cidade de Tabira. A glosa não podia ser melhor! E Você, meu paizão, fez uma linda poesia, resumindo essa bela atitude.

De Ferreira Neto
Pedro Pires Ferreira Neto deixou registrado:

— Essa doação da casa é um belo exemplo dado pela família de nosso querido Ivo Mascena. Um gesto de grandeza e solidariedade. Não se constrói a cidadania sem o resgate dos valores e dos bons exemplos. O Dr. Ivo de Tabira, que contribuiu para a História de nossa cidade, continua seu vínculo com o município e com seu povo através do gesto grandioso de seus familiares. Parabéns e que isto sirva de exemplo. Um abraço especial a todos os Mascena.

De Dirceu Rabelo
O poeta Dirceu Rabelo, de Gravatá, também enviou suas glosas para o mote "Foi de Ivo Macena esta morada / que a família doou para a Cultura". Só que Dirceu não seguiu a regra fixa e rígida de colocar os dois versos do mote no final da estrofe — preferiu um formato em que esses dois versos se vêem distribuídos intercalada ou separadamente, como se vê em sua colaboração: 

Tabirense que passa na calçada
da casa há certo tempo construída
diz em voz baixa um tanto comovida:
— FOI DE IVO MASCENA ESTA MORADA.
Em centro do saber já transformada
para lembrar a nobre criatura,
orador de tamanha envergadura
e tão reconhecida competência,
é hoje o que foi sua residência
QUE A FAMÍLIA DOOU PARA A CULTURA.



De Vandim das Espinharas
E por que não acrescentar as décimas de nosso companheiro Vandim das Espinharas, também conhecido como Visconde das Espinharas, Sabuji e Seridó, por haver nascido em São Mamede, vivido 16 anos em Patos e ser também Cidadão Pombalense? Eis como Vandim glosou o mote, de maneira algo invertida:

A família doou para a Cultura
a casa em que morou Ivo Mascena
e, doravante, aqui, será a arena
do combate que cresce e se apura
em prol da Arte e da Literatura.
Alguém já disse, com propriedade,
que Ivo de Tabira escorregou,
caiu — e passou à Eternidade;
e é de lá que vela a sua Cidade,
qual da Viola cuida um Cantador.


* * *

_______________


FALECE MAIS UM POETA TABIRENSE:
JOSÉ IVO DE SOUSA MASCENA VERAS

Já na madrugada da sexta-feira, 17 de abril de 2009, falecia, também na cidade de Tabira e segundo o que noticiou Flávio Marques no blog “Tabira Hoje”, outro poeta chamado Ivo — mais exatamente José Ivo de Sousa Mascena Veras, presidente do Diretório Municipal do Partido Democrático Trabalhista (PDT) desse município pernambucano. O extinto, filho do também poeta Ivo de Tabira, deixou mulher e quatro filhos.

José Ivo (também grafado como Joseivo ou Zeívo) tinha 59 anos de idade e foi vítima de infarto, sendo o seu corpo velado na sede do Poder Legislativo Municipal, onde se registraram, a partir das 9 h do sábado seguinte, homenagens da comunidade e das autoridades. Seguiu-se, às 10 h, o cortejo fúnebre rumo ao Cemitério Parque da Saudade, onde o corpo de José Ivo Mascena foi sepultado.

Autoridades Lamentam
Para além de haver exercido a presidência do PDT em Tabira, José Ivo foi igualmente secretário de Administração, durante os governos municipais de Edson Moura e Dinca Brandino. O presidente da Câmara Municipal tabirense, Tadeu Sampaio Brito, em nota, lamentou o falecimento do ex-servidor e externou:

— A morte de Joseivo enluta a sociedade tabirense. Era técnico de renome em Contabilidade. Foi, porém, mais que um militante da Contabilidade, vez que colocou seu saber a serviço das convicções políticas.

Já o procurador jurídico e primo do extinto, Dr. Cícero Emanuel, assinalou: “Joseivo me honrou com sua amizade. Sua cultura, seu talento profissional e seu refinado senso de humor proporcionaram um convívio companheiro e proveitoso do qual já sinto falta. Além do mais, a área de Contabilidade perde um grande técnico, ao passo que eu mesmo perco um querido primo e amigo.

De Sandro Lima
Outro amigo, Sandro Lima, também se manifestou:

— Tabira perdeu uma grande figura e nós perdemos um grande colega de trabalho. Tive oportunidade de ser companheiro de Zé Ivo, sendo ele secretário de Administração e eu, da Agricultura, na segunda gestão do atual prefeito Dinca Brandino. Era um técnico incansável. Me recordo que, por várias vezes, ele ficara até tarde na Prefeitura, cuidando de suas atribuições de secretário. No lazer, nas ‘bicadas’, também era companhia agradável, sempre com grandes sacadas. Zé Ivo, como Beto Pires, Di Sordi e Andréa, faz parte de um tipo de tabirense que sempre demonstrou muito amor à terra e aos amigos, algo um tanto raro nesses tempos cibernéticos, informáticos e virtuais de hoje. Um abraço fraterno, portanto, para todos os familiares do Zé Ivo, de quem já sinto saudades…

Zé Ivo em Mote & Glosas
Também a propósito da morte de José Ivo, versejadores de Pernambuco e de outras paragens se manifestaram, depois que Verônica Sobral, já no dia 18 de abril de 2009, anunciou on-line que Dedé Monteiro enviara aos poetas o seguinte mote, em homenagem a José Ivo: ‘Partiu Zé Ivo Mascena / e a cena triste ficou”.

A própria Verônica Sobral iniciou as glosas, escrevendo estas décimas, reproduzidas no “Balaio de Poesia” da APPTA (Associação de Poetas e Prosadores de Tabira):

PARTIU ZÉ IVO MASCENA
E A CENA TRISTE FICOU

Quantas graças e piadas
ouvimos dele um dia!
Amante da Poesia,
Zé buscava as engraçadas.
Quantas vezes dei risadas
com versos que declamou!
Mas agora nos deixou
e a Poesia acena:
partiu Zé Ivo Mascena
e a cena triste ficou!

O Que Disse Well
Outro a compor versos para glosar o mote foi Well:

Para todos um exemplo
de uma historia tão bonita
é mais o fim de uma vida,
é outra vida sem tempo...
Tão ligeira com o vento,
ela veio e o levou...
Não foi como o seu avô
que durou uma centena...
Partiu Zé Ivo Mascena
e a cena triste ficou.

Glosas de Wellson
Também Wellson se pronunciou:

A morte deixa saudade
E leva grandes amigos...
Mas Deus fez isso contigo
pode crer, foi sem maldade.
Desta vez, nossa cidade
com tal noticia parou...
Mas Cicinho te esperou.
Zé Liberal te acena...
Partiu Zé Ivo Mascena
e a cena triste ficou.

De João Alderney
De mais um glosador, João Alderney:

Quem parte deixa saudade
a todos que lhe são caros.
E quando são seres raros,
mais aumenta a crueldade.
E quando há amizade,
vira fonte que secou,
ou ave que, em pleno voo,
morre feito a açucena.
Partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

De Genildo Santana
Logo em seguida, veio o poeta Genildo Santana:

Tabira tem um motivo
pra tristeza ser completa:
todo mês parte um poeta
de nosso torrão cativo.
Foi Cícero… e agora Zé Ivo,
que depressa nos deixou...
Assim que Edinho me contou
fui pegando logo a pena:
partiu Zé Ivo Mascena
E a cena triste ficou...

Zé tinha como ninguém
um cabedal de Cultura.
A dor de Ivo, quem cura?
A dor de Giuseppe, quem?
Estamos tristes também,
pois Zeívo se mudou,
e o céu não se fechou
pra sua entrada de cena.
Partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

De Dedé Monteiro
O próprio Dedé Monteiro, autor do mote, publicou sua glosa:

Do riso tomba o império,
a praça fica sem graça,
pois sem Zeívo na praça,
o riso vira um mistério…
Levar mesmo a vida a sério
o Gordo nunca levou…
E ao ver a morte, pensou:
“Isso é coisinha pequena…”
Partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

Uma úlcera estrangulada,
o que dói ninguém calcula…
Mas a partida estrangula
a alma da mãe calada…
E o pai, junto à sua amada,
vendo o mais terrível “show”
que a vida lhes preparou,
pensa: “Oh, Senhor, tende pena!”
Partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou!

Sem precisar de alarido
pra ser notado por fora,
por dentro, a família chora
o seu Zeívo querido.
Seria até sem sentido
chorar por quem não chorou;
por quem sempre se esforçou
pra ver o sorriso em cena.
Partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

Qual formiga trabalhava!
(Foi sua maior virtude).
Porém, co’a própria saúde,
muito pouco se importava.
No lugar que ele chegava,
dizia: “Tristeza, xô!!!”
Por isso é que eu não estou
chorando igual Madalena.
Partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

Fogo não é perder Zé,
ainda com tanto fogo;
Fogo é ver sair do jogo
quem tanto em si tinha fé!
O verso quebrou um pé,
a rima se atrapalhou…
E o pé que o verso quebrou
só Cicinho desempena…
Partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

De Clode Cordeiro
Agora, as glosas de Clode Cordeiro:

Certo dia, no passado,
tio Ivo recebia,
em meio a grande euforia
o seu filho abençoado...
Mas esse presente dado
a vida cruel roubou...
Valente ele suportou,
com a alma triste e serena.
Partiu Zé Ivo Mascena
e a cena triste ficou

O time da alegria
sofre um gol e com certeza
veste as cores da tristeza,
da dor, da melancolia...
Porque neste triste dia
outro amigo nos deixou
E o Pajeú lamentou
de forma irrestrita e plena:
Partiu Zé Ivo Mascena
e a cena triste ficou.

De Meca Moreno
Meca Moreno foi outro que acudiu com suas glosas:

Partir aos 59,
sair no meio do jogo,
jogador com tanto fogo
é o que mais me comove.
Que a esperança se renove
que o refletor apagou...
Quem estava rindo chorou.
o artista deixou a arena:
partiu Zé Ivo Mascena
e a cena triste ficou.

De Donzílio Luiz
É a vez, agora, de Donzílio Luiz:

José Ivo, para mim,
criou os melhores chistes.
Tenho visto cenas tristes,
MAS CENA triste é assim,
um episódio ruim...
Mas coisas boas deixou,
e os versos que recitou
passaram duma centena:
Partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

No momento da filmagem
De nosso protagonista
silencia o humorista...
Nem mais áudio, nem imagem
e na hora da mixagem,
o câmera titubeou,
a filmadora parou,
faltou sinal na antena:
partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

Quando mudança de gênios
surge trazendo obstáculos
empobrece os espetáculos
nos palcos e nos proscênios.
Mascena dos seis decênios
apenas se aproximou...
Subiu que nem acenou
com uma mímica pequena:
partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

De Diomedes Mariano
Vejam a seguir os versos de Diomedes Mariano para o saudoso José Ivo Mascena:

Cinquenta e nove de idade,
de uma vida bem vivida,
sempre de bem com a vida,
um ente bom de verdade,
cercado de amizade,
devido aos grãos que plantou.
Viveu, venceu, mas voltou…
Nos resta aceitar a cena:
partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

De Luiz Nunes Alves (Lula)
Já o poeta Luiz Nunes Alves (Lula) compôs a seguinte décima:

Não convivi com Zé Ivo,
mas lhe acompanhei a verve,
que é do pai, como serve
do pai o excelso motivo
pro filho tornar-se altivo,
isto Zé Ivo provou,
disto o pai se orgulhou.
Agora, a tristeza é plena:
Zé Ivo fora de cena,
quão triste a cena ficou.

Outra explicação indispensável: "Luiz Nunes Alves (Lula)" é, indiscutivelmente, nosso mesmo "Luiz Nunes Alves (Severino Sertanejo)". Ocorre que o apelido de "Lula" somente é usado "familiarmente e de Tabira (PE) para lá", conforme lembra o próprio, com a explanação adicional de que, "em Princesa Isabel (PB), converteram-me em 'Lula da Ibiapina', em razão de ser, à época, locutor do Serviço de Alto-Falante (difusora) Padre Ibiapina. 

E fica aqui mais um ingente protesto nosso, ante o tal (Des)Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: por que cargas d'águas escreve-se agora "autofalência" mas, obrigatoriamente, "alto-falante", com o plural "alto-falantes" — se tudo ficaria em perfeita paz com "altofalante" e "altofalantes"?!

De Albino Pereira
A seguir, as glosas de Albino Pereira:

Trouxe a notícia um abalo
que me deixou comovente.
Partiu mais um descendente
da família de Gonçalo.
A pessoa de quem falo
é José Ivo — e se acabou.
Deste mundo viajou,
cumprindo o que Deus ordena.
Partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

De Felipe Júnior
Glosas de autoria de Felipe Júnior:

A novela dessa vida
muitas vezes é cruel,
pois com caneta e papel
o autor dá por concluída,
só nos restando a saída
de lembrar do que passou.
As cenas que ele criou
não vão mais entrar em cena.
Partiu Zeívo Mascena
e a cena triste ficou.

_______________