Thursday, October 17, 2013

SOBRE VINHOS CHILENOS & CHINESES


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A grande figura que é Joel Falcone, nosso enófilo-mor.

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ENÓFILO JOEL FALCONE ABORDA OS VINHOS DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA 

(COM UM PREÂMBULO SOBRE O GATO NEGRO DO CHILE)

Evandro da Nóbrega
(escritor, jornalista, editor)


O enófilo, escritor, empresário e cronista Joel Falcone tem um grupo de amantes das vinhas que inclui, entre muitos outros & outras, as adoráveis figuras de:

  • Zélia Sá [Renata Ramalho],
  • Walkyria Veloso Borges,
  • Waldemar Migiuel Ebrahim,
  • Sônia Yost,
  • os Pimenta do Sonho Doce,
  • Rosa Aguiar (jornalista, filha do historiador Wellington Aguiar),
  • Nivaldo Carvalho,
  • Neno Rabello [competentíssimo editor da revista "A Semana"],
  • Maria das Graças Santiago [acadêmica, psicóloga e reconhecida enóloga],
  • Lourdinha Luna [escritora, historiadora, memoralista e ex-secretária de José Américo de Almeida],
  • Kerensky Aranda,
  • Josias Batista (e esposa Glória),
  • Jose Luiz Spencer,
  • o superacatado médico José Eymard Medeiros,
  • José Elias Metri (Vanessa),
  • João Manoel Farias,
  • Ivan Miranda,
  • o admirável artista plástico, crítico e historiador da Arte Hermano José,
  • o jurista Germano Toscano de Brito,
  • Francisco Cisinho da Silva,
  • o acadêmico, historiador, escritor e orador Evaldo Gonçalves de Queiroz,
  • a indo-campinense Eneida Agra Maracajá, Djalma Paixão,
  • Carlos Vieira,
  • Carlos Marximiliano,
  • o médico Aloysio Pereira (com a esposa Natércia Suassuna, historiadora, heraldista, genealogista e integrante do IHGP),
  • Albiege Fernandes [Bia Laura],
  • Afra de Paiva e Silva Soares [com o médico Tirone Soares]...

Foi para este seleto grupo (e muita gente boa mais!) que o enófilo e cronista Joel Falcone enviou a seguinte crônica, que, decerto, fará parte de mais um de seus livros alusivos à ciência & arte do cultivo e degustação das melhores cepas de uvas e estilos de ótimos vinhos, produzidos cá no Brasil e alhures, no Mundo, vasto Mundo...

Eis, sem maiores delongas, a mais nova crônica do inimitável Joel Falcone, antecedida de um cometário seu sobre o vinho Gato Negro, convindo ressaltar que os dois textos nos foram remetidos ontem por sua superantenada esposa, Gizelda Falcone:


UM VINHO HONESTO

Joel Falcone


O vinho sobre o qual falaremos a seguir teve nossa atenção despertada pelo Dr. Júlio Anselmo de Sousa Neto, que, em seu livro O vinho no gerúndio [página 162 da segunda edição, de 2004] considera o vinho chileno Gato Negro, da Viña San Pedro (o merlot ou o cabernet sauvignon) um vinho honesto, com o melhor custo/benefício dos últimos tempos, e que, na ocasião (fevereiro de 2003) custava no varejo entre oito e dez reais. E, para completar, afirmou o Dr. Júlio que a revista Decanter havia atribuído ao mesmo vinho (da safra 2001) a classificação de TRÊS ESTRELAS numa escala máxima de cinco.

Desde então, temos tomado regularmente, às  nossas refeições do dia-a-dia, esse “GATO” extraordinário, preferivelmente o da casta CARMENÈRE, que casualmente a Dra. Gizêlda  comprou, na última sexta-feira, 11 de outubro,  pagando apenas R$ 19,90 por garrafa, da safra de 2001. Da classificação da revista Decanter aos dias atuais, são passados dez anos, sem que seu preço tenha sequer dobrado, mantendo a mesma qualidade e certamente a relação custo/benefício, verdadeiramente imbatível, podendo ser confrontado com os nossos nacionais de qualidade equivalente - e sempre se mantendo competitivo.
           
Aliás, como afirmava o Dr. Júlio Anselmo, em 2003, "gosto não se discute, pero...".

Em tempo: Desta  vez,  em  caráter  especial, Vocês  estão  recebendo  o  texto da crônica ou comentário dividamente  revisado pelo Condestável Druzz!
   

A VITIVINICULTURA DA CHINA

Joel Falcone

           
A China conta com 500 mil hectares de vinhedos, segundo informa a OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho). Sua produção vinícola é da ordem de 12 milhões de hectolitros, com o mercado interno ligado à Enologia crescendo cada vez mais rápido e dobrando os números a cada cinco anos, desde meados dos anos de 1990. A produção doméstica dá conta de 95% do consumo chinês, mas a China é também o segundo maior importador de vinho da Ásia.

Não dá para imaginar, em termos de safras, qualquer comparação com outros países ou com as variedades ali cultivadas e colhidas, dada a existência de uma série gigantesca de diferenças climáticas e geográficas entre suas 26 províncias, das quais não sabemos nada de nada. A Imprensa especializada do Ocidente é completamente muda em relação ao setor.  
    
Sabe-se remotamente, por ouvir dizer, de alguns dados obtidos na viagem de Marco Polo ou de pequenos detalhes dos tempos do vice-reinado português na Índia, cujo maior e quase único interesse eram as especiarias, notadamente pimenta, cravo e canela. Ainda assim, sabe-se que a videira foi levada para a China a partir do Vale do Ferghana (nos atuais Uzbequistão e Tadjiquistão, não mui distante do norte da Pérsia) pelo general Zhang Qian, embaixador imperial, por volta de 126 a. C.

A tradição chinesa de poesia do vinho remonta ao século III e atinge seu auge na obra de Li Bai (século VIII) e de cuja obra temos o livro Traduzindo Li Bai e Du Fu, de nosso amigo e também enófilo Evandro da Nóbrega, num exemplar presenteado pelo autor em 2001).

Nesses poetas, não encontramos qualquer referência ao Vale do Ferghana e muito menos ao uso do vinho no culto dos antepassados, até os tempos de Kublai Khan e que somente começou a declinar na dinastia Ming (1368-1644), coincidindo com a época em que o chá se firmou como principal bebida chinesa, abandonando-se a preferência pelo vinho de uva.  
    
Há registros de que o cultivo da uva e o consumo de vinho ressurgiram quando se fundou a Changyu Wine Company, do empresário chinês Chong Bishi, na Península de Shandong [grafia antiga: Shantung], em 1892; e, já em 1915, quatro dos seus vinhos ganharam Medalhas de Ouro na Panamá-Pacific Exposition, em San Francisco, EUA, permanecendo até hoje como a mais importante vinícola da China.

Ela, juntamente com a Great Wall Dynasty, detém mais de 50% da produção de vinhos na China no próprio país.  Exceto a Great Wall  Dynasty, que pertence inteiramente a capitais chineses, todos os maiores produtores locais contam com significativo número de investidores minoritários estrangeiros, especialmente franceses e australianos.

Existe curioso caso envolvendo nosotros, de um lado, e, do outro, o erudito Evandro da Nóbrega (que seu irmão Eraldo carinhosamente chama DRUZZ), tendo pelo meio o vinho chinês Dynasty, de que Evandro trouxe uma garrafa, quando de sua última viagem à China, especialmente para me presentear e à minha esposa Giselda, oportunizando-nos degustar e avaliar o produto.

A foto abaixo, retirada ao livro de Druzz sobre Li Bai e Du Fu (os dois maiores poetas chineses de todos os tempos) é de autoria de outro enófilo, Palmari de Lucena, e foi clicada em Nova York, quando tanto o Autor quanto o filho do Tenente Lucena compareceram (como os dois únicos nordestinos, afora Oded Grajev, do Sudeste, dentre os apenas 500 convidados de todo o mundo!) à prestigiosíssima Conferência Internacional da ONU para o ano 2000.

E Evandro nos promete brindar, para breve, com um texto seu, nesta nossa coluna, sobre a sua íntima e reveladora experiência com os vinhos e outros "espíritos" na China. Vocês não perdem por esperar!... 



Evandro da Nóbrega, clicado pelo amigo Palmari de Lucena, 
em Nova York, durante a Conferência Internacional da ONU para o Ano 2000, 
para a qual os dois paraibanos foram especialmente convidados.
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