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PARAIBANO SEVERINO SERTANEJO CANTA EM DECASSÍLABOS
DOAÇÃO DA ANTIGA RESIDÊNCIA DO SAUDOSO POETA PERNAMBUCANO IVO DE TABIRA PARA A
CRIAÇÃO DE UM CENTRO DE CULTURA
por Evandro da Nóbrega,
escritor, jornalista, editor
[druzzevandro@gmail.com]
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ESTA
REPORTAGEM, EM RESUMO
A casa que, em
Tabira (PE), serviu de residência ao saudoso poeta popular Ivo Mascena (1927-2011)
viu-se há pouco doada pela família do vate para que o Poder Público a transforme
na Casa de Cultura que levará seu nome (Casa da Cultura “Ivo de Tabira”).
Já a presença,
aqui, do poeta paraibano Severino
Sertanejo / Luiz Nunes Alves justifica-se plenamente: foi ele um dos artistas
nordestinos reptados com um mote para que produzissem glosas sobre a doação
dessa residência à Prefeitura tabirense.
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O QUE
VOCÊ VAI ENCONTRAR AQUI
Nesta
necessariamente longa reportagem, o leitor vai encontrar, entre outras
informações:
* Ao falecer, em 29
de novembro de 2011, aos 84 anos de idade, depois de proveitosa vida de amante
da Poesia, o poeta e emérito pesquisador Ivo Mascena Veras deixou, entre
outros, os seguintes livros preciosos: 1) "Pinto Velho do Monteiro: O
maior repentista do século"; 2) "Lourival Batista Patriota"; e
3) "Antônio Marinho do Nascimento: O precursor dos repentistas de São José
do Egito".
* Além de
consagrado poeta e versejador, o repentista Ivo de Tabira era
também exímio contador de "causos". Um papo com ele, mesmo que fosse
por pouco tempo, constituía experiência inesquecível.
* A casa em que o
saudoso poeta residiu por muito tempo foi doada pela família ao Município de Tabira (PE), com o objetivo de atender à Cultura da cidade e da região. O prefeito se
comprometeu, diante de todos, a transformar o ambiente em Casa de Cultura “Ivo de
Tabira” (ou Casa de Cultura “Ivo Mascena”).
* Os filhos de Ivo
de Tabira — o Dr. Sear Zazur Mascena Veras, Ledo e Pedro Ivo — estiveram
presentes, juntamente com demais familiares, tanto de Ivo Mascena quanto de seu
filho José Ivo Mascena (1950-2009), representado por Giuseppe Mascena, neto do saudoso poeta.
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Por
mera coincidência, estávamos — o Vandim das Espinharas e este escriba que vos
tecla — concluindo a leitura da monumental e portentosa obra Juscelino: Vida e obra em verso, de
autoria do poeta, escritor e acadêmico Luiz Nunes Alves, saída em 2013 pelas
Edições Varadouro / Ideia Editora, quando chegam por e-mail novos versos de Severino
Sertanejo, que todo mundo sabe ser o mesmo Luiz Nunes.
Mas,
desta vez, os novos versos de Luiz Nunes Alves / Severino Sertanejo não eram
sobre Juscelino Kubitschek, nem sobre a História da Paraíba, nem sobre Epitácio
Pessoa e outros temas comuns ao estro ludovico-nuno-alveano, não. Tratavam
esses versos, isto sim, da mui noticiada doação da residência em que morou o
grande poeta pernambucano Ivo Mascena Veras para que a Prefeitura de Tabira
(PE) erga no local a Casa de Cultura que levará seu nome.
Então,
fica para oportunidade a mais próxima possível o comentário que faríamos sobre
a biografia versejada de JK, tão maravilhosamente posta no papel por Severino
Sertanejo / Luiz Nunes Alves. Porque, hoje, aqui e agora, vamos abordar os
versos que essa famosa dupla de poetas de bancada (dupla constituída por uma
única e só pessoa) elaborou sobre o gesto da família de Ivo de Tabira, doando
casa & terreno à Prefeitura tabirense para que instale um Centro Cultural.
Além
de poeta, escritor e pesquisador, Ivo de Tabira foi também orador, advogado,
político e auditor do Estado.
Os Versos de Luiz
Nunes
Teremos,
assim, a Casa de Cultura “Ivo de Tabira”, conforme explicitado mais abaixo, no
decorrer da presente reportagem. Ab
initio, e por enquanto, fiquemos com os versos de Luiz Nunes Alves/Severino
Sertanejo.
Antes,
porém, um alerta: a notável dupla de cantadores Luiz Nunes Alves / Severino
Sertanejo nunca se aferra rigorosa e estritamente ao mote dado, isto é, não o
segue ao pé da letra. Prefere atender ao ESPÍRITO do mote, substituindo
palavras, quando necessário — e até invertendo a posição dos termos principais,
se for o caso.
Vejamos
como ficaram os versos de Luiz Nunes Alves / Severino
Sertanejo, em versos heroicos, vale dizer, de 10 sílabas (e, no caso aqui, em décimas, isto é, com 10 linhas de versos):
Ivo, como exímio
orador,
destacou-se no júri
popular;
nos palanques, nem
sempre havia par
capaz de lhe
ofuscar o destemor.
Quando quis, revelou-se
o escritor,
biógrafo de grande
envergadura,
Pinto e Louro são
retratos na moldura,
por ele,
alegremente, colocada
na casa que lhe
serviu de morada
e que a família
doou para a cultura.
Que gesto o da
família, com Zelita
à frente da
renúncia ao patrimônio!
Sob as bênçãos do
sempre Santo Antônio,
em cartório a
doação fez-se transcrita.
Transação que
dúvidas não suscita,
posto que já
constante de escritura
que leva da família
a assinatura,
além disso, também
testemunhada,
a casa que de Ivo
era a morada,
a família doou para
a cultura.
Tabira, por seu
povo, reconhece
quão nobre gesto,
agora, é praticado
por quem ele é
representado
e gesto desse jeito
não se esquece.
Por ele, seus
irmãos em cada prece,
elevam o pensamento
a toda altura
e pedem pela amiga
criatura
que dentre seus
irmãos, será lembrada
na casa que de Ivo
foi morada
e que a família
doou para a cultura.
DUPLA DE GRANDES POETAS FORMADA POR
LUIZ NUNES ALVES
& SEVERINO SERTANEJO
Por
sua maestria no verso é que vez por outra o poeta Luiz Nunes Alves / Severino
Sertanejo ganha do vate popular Vandim das Espinharas décimas como as que a
seguir se leem:
SEVERINO
SERTANEJO E LUIZ NUNES ALVES
por
Vandim das Espinharas
Severino Sertanejo
da dupla é quem vai
à frente
com poesia e
repente,
a tocar seu
realejo...
Logo a seguir, o
que vejo
é o Doutor Luiz
Nunes,
que só bons versos
acolhe.
Um produz, outro
reúne,
tornam-se aos erros
imunes,
pois um planta e o
outro colhe.
Um Centro Cultural
O
leitor bem que merece mais esclarecimentos sobre aqueles versos lá em cima,
produzidos pelo duplo aedo Severino Sertanejo / Luiz Nunes Alves sobre a doação
da antiga casa do poeta Ivo de Tabira.
Recentemente, a Imprensa pernambucana registrou tudo: na manhã do sábado, 19 de setembro de 2015), o prefeito de Tabira, Sebastião Dias Filho, recebeu o documento de doação da casa que por muitos anos serviu de residência ao poeta Ivo Mascena. Essas informações foram também repercutidas on-line, inclusive pelo blog “Tabira de Todos”.
Um Prefeito Violeiro!
É sabido que o próprio prefeito Sebastião Dias Filho (conhecido como Sebastião Dias) é, ele mesmo, consagrado poeta. Pois é isto: em terra de poetas, poeta como prefeito! Sebastião, natural do Rio Grande do Norte, é um dos mais festejados poetas-cantadores do Brasil. Foi inclusive o melhor parceiro de João Paraibano, que nascido no sítio Pica-Pau, do município de Princesa Isabel (PB).
O atual prefeito tabiraense nasceu em Ouro Branco (RN), no ano de 1950, filho de Sebastião Dias de Araújo e Ana Araújo de Medeiros (in memoriam). Toda sua família tinha vocação para cantorias de viola. Logo aos 16 anos, Sebastião Dias iniciou-se nesta arte e se tornou exímio cantador, indo morar em São Paulo, onde começou a cantar, como profissional, aos 22 anos de idade. Por alguns anos, atuou com poetas do naipe de Fenelon Dantas e Severino Feitosa. Seu maior parceiro, no entanto, foi João Paraibano.
Sebastião Dias manteve programas de rádio em Afogados da Ingazeira e Tabira. Tomou parte em mais de 600 (seiscentos!) festivais de cantoria no país. E, em vários deles, classificou-se em primeiríssimo lugar. É imensa sua produção de LPs gravados com João Paraibano, Ivanildo Vila Nova, Zé Cardoso, Geraldo Amâncio e com seu xará Sebastião da Silva.
Depois Que o Dia Amanhece...
É ele o autor, por exemplo, dos belos versos constantes do poema "Depois que o dia amanhece":
O nascente acende o facho,
o vento empurra o coqueiro,
que chega balança o cacho
e a água conta uma história
nos ouvidos do riacho.
Sensível às Questões Sociais
A poética de Sebastião Dias Filho também analisa questões sociais, como lembra "O Jornal do Nordeste" [http://www.onordeste.com/]
Já nas avenidas belas
cada edifício é um nome;
num bonito apartamento
um burguês que tudo come
ocupa os vãos que um pedreiro
construiu passando fome.
Sua Visão Urbana
Pode-se recolher no livro Os grandes astros da Poesia, de Lourdes Silva [Edição da Autora, Recife, 2009] a visão da vida urbana de Sebastião Dias Filho:
Na favela, infelizmente,
só tem ação desumana;
é um assalto por noite,
um estupro por semana;
é esse saldo sinistro
da população urbana.
Quem Foi João Paraibano
Já que falamos em João Paraibano, nada custa apresentá-lo melhor ao caro leitor, à gentil leitora. Talvez se deva iniciar dizendo que João é o autor daqueles conhecidos versos:
Quando inverna no Sertão,
cai a chuva, a água rola,
um sapo vomita espuma,
onde um boi pisa se atola
e a fartura esconde o saco
com que a fome pede esmola.
João Paraibano ("nome-de-guerra" ou pseudônimo artístico de João Pereira da Luz, 1953-1014) nasceu em Princesa Isabel (PB), mas desde a década de 1970 morava em Afogados da Ingazeira (PE). Venceu diversos festivais de violeiros. Participou por três vezes do programa "Fantástico", TV Globo, com o colega violeiro Sebastião Dias Filho.
Tocou ainda, em apresentação nacional, com outro poeta popular, Valdir Teles. Mas, durante toda a vida, cantou também com poetas da estirpe de Ivanildo Vilanova, Sebastião da Silva, Severino Ferreira, Severino Feitosa, Moacir Laurentino, Geraldo Amâncio, Raimundo Caetano, os Nonatos (Nonato Costa e Raimundo Nonato), entre outros grandes nomes do repente e do improviso.
Seu maior parceiro, porém, foi mesmo Sebastião Dias Filho, tanto em cantorias quanto em congressos, seja no Nordeste, seja noutras partes do Brasil.
O talentoso repentista João Paraibano faleceu na noite de segunda-feira, 1º de setembro de 2014, aos 61 anos de idade, depois de passar quase um mês internado na UTI de um hospital do bairro de Boa Viagem, em Recife.
Ele fora atropelado em agosto, no município de Afogados de Ingazeira. O acidente provocou-lhe um coágulo no crânio, sendo preciso se submeter a uma intervenção cirúrgica. Daí, surgiu uma infecção, que não pôde ser debelada, advindo então a prematura morte do poeta, mui lamentada em todo o Nordeste.
Assegurando a Tradição Popular
O repentista Sebastião Filho viu-se eleito para a Prefeitura de Tabira com a promessa de assegurar a tradição da cantoria popular do Nordeste, tão bem representada pelos mestres violeiros dos sertões do Pajeú.
Tanto é assim que, logo depois de sua vitória, um grande grupo de violeiros se reuniu para defender seu instrumento de trabalho, a viola, e para comemorar a vitória política do colega poeta e repentista.
A região em que fica localizada Tabira (PE), o Vale do Rio Pajeú (ou simplesmente "o Pajeú") é, deveras, um autêntico celeiro da cantoria popular do Nordeste. Aliás, um de seus dísticos, durante a campanha, era em forma de quadra:
Quem discrimina a viola,
por não gostar de Cultura,
vai ver o povo levar
um poeta à Prefeitura.
Sua eleição ocorreu durante o que se convencionou chamar de "a Guerra das Violas", com adversários prometendo quebrar violas diante da Prefeitura, caso vencessem (segundo se propala).
Debaixo do Umbuzeiro
Vitorioso nas urnas, o prefeito cantou para os colegas repentistas, debaixo de um pé de umbu, segundo o que se lê no jornal O Globo, edição de 3 de novembro de 2012:
Quem queria quebrar minha viola
foi dormir escutando o choro dela.
Foram dias de muito sofrimento,
afastado do som da minha lira...
Só porque defendi nossa Tabira,
prometeram quebrar meu instrumento,
mas viver sem viola eu não aguento,
que Cultura pra mim é coisa bela...
E até quando esta mão pegar na vela
Poesia será a minha escola...
Recentemente, a Imprensa pernambucana registrou tudo: na manhã do sábado, 19 de setembro de 2015), o prefeito de Tabira, Sebastião Dias Filho, recebeu o documento de doação da casa que por muitos anos serviu de residência ao poeta Ivo Mascena. Essas informações foram também repercutidas on-line, inclusive pelo blog “Tabira de Todos”.
Um Prefeito Violeiro!
É sabido que o próprio prefeito Sebastião Dias Filho (conhecido como Sebastião Dias) é, ele mesmo, consagrado poeta. Pois é isto: em terra de poetas, poeta como prefeito! Sebastião, natural do Rio Grande do Norte, é um dos mais festejados poetas-cantadores do Brasil. Foi inclusive o melhor parceiro de João Paraibano, que nascido no sítio Pica-Pau, do município de Princesa Isabel (PB).
O atual prefeito tabiraense nasceu em Ouro Branco (RN), no ano de 1950, filho de Sebastião Dias de Araújo e Ana Araújo de Medeiros (in memoriam). Toda sua família tinha vocação para cantorias de viola. Logo aos 16 anos, Sebastião Dias iniciou-se nesta arte e se tornou exímio cantador, indo morar em São Paulo, onde começou a cantar, como profissional, aos 22 anos de idade. Por alguns anos, atuou com poetas do naipe de Fenelon Dantas e Severino Feitosa. Seu maior parceiro, no entanto, foi João Paraibano.
Sebastião Dias manteve programas de rádio em Afogados da Ingazeira e Tabira. Tomou parte em mais de 600 (seiscentos!) festivais de cantoria no país. E, em vários deles, classificou-se em primeiríssimo lugar. É imensa sua produção de LPs gravados com João Paraibano, Ivanildo Vila Nova, Zé Cardoso, Geraldo Amâncio e com seu xará Sebastião da Silva.
Depois Que o Dia Amanhece...
É ele o autor, por exemplo, dos belos versos constantes do poema "Depois que o dia amanhece":
O nascente acende o facho,
o vento empurra o coqueiro,
que chega balança o cacho
e a água conta uma história
nos ouvidos do riacho.
Sensível às Questões Sociais
A poética de Sebastião Dias Filho também analisa questões sociais, como lembra "O Jornal do Nordeste" [http://www.onordeste.com/]
Já nas avenidas belas
cada edifício é um nome;
num bonito apartamento
um burguês que tudo come
ocupa os vãos que um pedreiro
construiu passando fome.
Sua Visão Urbana
Pode-se recolher no livro Os grandes astros da Poesia, de Lourdes Silva [Edição da Autora, Recife, 2009] a visão da vida urbana de Sebastião Dias Filho:
Na favela, infelizmente,
só tem ação desumana;
é um assalto por noite,
um estupro por semana;
é esse saldo sinistro
da população urbana.
Quem Foi João Paraibano
Já que falamos em João Paraibano, nada custa apresentá-lo melhor ao caro leitor, à gentil leitora. Talvez se deva iniciar dizendo que João é o autor daqueles conhecidos versos:
Quando inverna no Sertão,
cai a chuva, a água rola,
um sapo vomita espuma,
onde um boi pisa se atola
e a fartura esconde o saco
com que a fome pede esmola.
João Paraibano ("nome-de-guerra" ou pseudônimo artístico de João Pereira da Luz, 1953-1014) nasceu em Princesa Isabel (PB), mas desde a década de 1970 morava em Afogados da Ingazeira (PE). Venceu diversos festivais de violeiros. Participou por três vezes do programa "Fantástico", TV Globo, com o colega violeiro Sebastião Dias Filho.
Tocou ainda, em apresentação nacional, com outro poeta popular, Valdir Teles. Mas, durante toda a vida, cantou também com poetas da estirpe de Ivanildo Vilanova, Sebastião da Silva, Severino Ferreira, Severino Feitosa, Moacir Laurentino, Geraldo Amâncio, Raimundo Caetano, os Nonatos (Nonato Costa e Raimundo Nonato), entre outros grandes nomes do repente e do improviso.
Seu maior parceiro, porém, foi mesmo Sebastião Dias Filho, tanto em cantorias quanto em congressos, seja no Nordeste, seja noutras partes do Brasil.
O talentoso repentista João Paraibano faleceu na noite de segunda-feira, 1º de setembro de 2014, aos 61 anos de idade, depois de passar quase um mês internado na UTI de um hospital do bairro de Boa Viagem, em Recife.
Ele fora atropelado em agosto, no município de Afogados de Ingazeira. O acidente provocou-lhe um coágulo no crânio, sendo preciso se submeter a uma intervenção cirúrgica. Daí, surgiu uma infecção, que não pôde ser debelada, advindo então a prematura morte do poeta, mui lamentada em todo o Nordeste.
Assegurando a Tradição Popular
O repentista Sebastião Filho viu-se eleito para a Prefeitura de Tabira com a promessa de assegurar a tradição da cantoria popular do Nordeste, tão bem representada pelos mestres violeiros dos sertões do Pajeú.
Tanto é assim que, logo depois de sua vitória, um grande grupo de violeiros se reuniu para defender seu instrumento de trabalho, a viola, e para comemorar a vitória política do colega poeta e repentista.
A região em que fica localizada Tabira (PE), o Vale do Rio Pajeú (ou simplesmente "o Pajeú") é, deveras, um autêntico celeiro da cantoria popular do Nordeste. Aliás, um de seus dísticos, durante a campanha, era em forma de quadra:
Quem discrimina a viola,
por não gostar de Cultura,
vai ver o povo levar
um poeta à Prefeitura.
Sua eleição ocorreu durante o que se convencionou chamar de "a Guerra das Violas", com adversários prometendo quebrar violas diante da Prefeitura, caso vencessem (segundo se propala).
Debaixo do Umbuzeiro
Vitorioso nas urnas, o prefeito cantou para os colegas repentistas, debaixo de um pé de umbu, segundo o que se lê no jornal O Globo, edição de 3 de novembro de 2012:
Quem queria quebrar minha viola
foi dormir escutando o choro dela.
Foram dias de muito sofrimento,
afastado do som da minha lira...
Só porque defendi nossa Tabira,
prometeram quebrar meu instrumento,
mas viver sem viola eu não aguento,
que Cultura pra mim é coisa bela...
E até quando esta mão pegar na vela
Poesia será a minha escola...
Casa da Cultura Já Está Se Vestindo...
Os documentos de posse da residência viram-se entregues pela família de Ivo, para que a Prefeitura transforme o imóvel na Casa de Cultura do município. Na mesma solenidade, o prefeito-violeiro Sebastião comprometeu-se publicamente a operar as transformações físicas (e outras) necessárias a que o ambiente passe a abrigar um Centro Cultural que, homenageando o poeta e pesquisador Ivo Mascena, atenda a toda a comunidade interessada no progresso da Cultura local e regional.
E
foi ainda durante essa cerimônia que surgiu o mote aqui glosado por nossa “dupla
poética de um homem só”. A glosa, evidentemente, não foi criada exclusivamente
para Severino Sertanejo / Luiz Nunes Alves, mas para todos os poetas
nordestinos, a fim de que suas glosas venham a fazer parte do acervo da Casa de
Cultura “Ivo de Tabira”.
É por isso tudo que nos alongamos sobre o assunto, aqui, neste blog, esperando que nossa meia-dúzia-de-três-ou-quatro-leitores deixe de lado a preguiça mental e se informem sobre os grandes nomes de nossa Poesia popular.
É por isso tudo que nos alongamos sobre o assunto, aqui, neste blog, esperando que nossa meia-dúzia-de-três-ou-quatro-leitores deixe de lado a preguiça mental e se informem sobre os grandes nomes de nossa Poesia popular.
Autoridades
Presentes
À
solenidade de repasse do imóvel estiveram presentes muitas pessoas de destaque,
com especial ênfase para poetas, artistas plásticos, escritores, historiadores,
secretários do Governo municipal, representantes da família, amigos e diversos
representantes de vários setores da sociedade tabirense, além de outras
representações da sociedade civil organizada.
Entre
esses presentes, segundo registrou a mídia, encontravam-se os filhos de Ivo de
Tabira: o Dr. Sear Zazur Mascena Veras, Ledo e Pedro Ivo estiveram presentes.
Entre outros, também lá estiveram os demais representantes de Ivo Mascena e
José Ivo, como é o caso de Giuseppe Mascena (neto de Ivo de Tabira).
Quem
discursou em nome da família foi o Dr. Sear Zazur Mascena Veras, que destacou
principalmente a atuação pública do pai, Ivo Mascena, particularmente na
Literatura. Sendo um mestre neste campo, Ivo de Tabira influenciou os filhos e
inúmeras outras pessoas, da sociedade local e nordestina, no sentido de que
também se transformassem em leitores assíduos e/ou escritores de talento.
Outras Presenças
Já
o titular da Secretaria da Cultura local, professor José Edgley Freitas, fez o
agradecimento, à família do saudoso Ivo de Tabira, "por este gesto de
grandeza, doando a casa que foi do poeta para o usufruto de todos, na
comunidade". Disse ainda, entre muitas outras coisas, que esse se tratava
de um importante momento para a Cultura tabirense em particular e pernambucana
em geral.
Estava
presente, igualmente, a escritora e cronista Dulce Lima, representante da
Associação de Poetas e Prosadores de Tabira (APPTA) — e ela também agradeceu ao
gesto "de carinho e de dedicação da
família na promoção da Cultura de nossa querida cidade de Tabira".
A
solenidade de entrega do documento de doação foi também assinalada pela
apresentação de poetas, declamadores, sanfoneiros e mesas de glosas.
Prefeito Agradece
Matérias
jornalísticas distribuídas por Bruna Verlene (fotógrafa e repórter) e Adeval
Soares (assessor), ambos da ASCOM-PMT (Assessoria de Comunicação da Prefeitura
Municipal de Tabira) dão conta de que o prefeito Sebastião Dias, emocionado,
agradeceu em nome de todos os munícipes ao "ato de grandeza da
família", disponibilizando o imóvel:
—
Por todos os tabirenses, agradeço imensamente à família Mascena, em nome do Dr.
Sear Zazur, Ledo e Pedro Ivo a nobreza de doar a antiga residência de Ivo
Mascena ao município de Tabira, visando em especial ao bem-estar dos artistas.
Garanto que saberemos, com muita alegria, transformar esta residência doada pela
família na Casa da Cultura “Ivo Mascena”. Muito obrigado mesmo!
Quando Faleceu o
Poeta
O
grande poeta, pesquisador emérito e agitador cultural Ivo Mascena Veras
falecera às 23 h do dia 29 de novembro de 2011, aos 84 anos de idade, no
Hospital Esperança, do Recife (PE), vítima de hemorragia cerebral. Ele havia
sofrido uma queda no Mercado de Boa Viagem, na capital pernambucana. Seu corpo foi
cremado no Recife mesmo.
Ivo
Mascena Veras já se aposentara há anos. Foi o primeiro prefeito do município
pernambucano de Solidão, entre os anos de 1965 e 1969. Em 1973, na chapa também
formada pelo amigo Paulo Pires, Ivo disputara a Prefeitura de Tabira, contra a
chapa constituída por seus adversários políticos João Cordeiro e Antônio Tota.
Mas estes últimos é que venceram o pleito.
Mote e Glosas
por Mascena
Com
a morte de Ivo de Tabira, rezava o seguinte um dos motes distribuídos aos
repentistas e demais poetas interessados — mote esse de autoria de um neto de
Ivo Mascena de Veras (Giuseppe Mascena) e divulgado on line por Dedé Monteiro:
MASCENA
SAIU DE CENA
PRA
SE TORNAR IMORTAL.
E,
salvo engano, atribuem-se a Ademar Rafael Ferreira, de Marabá (PA), as
seguintes glosas:
Mascena foi
repentista
sem precisar de
viola,
pois aprendeu na
escola
de Otacílio Batista...
Pesquisador, folclorista
e escritor genial...
A obra de Lourival
demonstrou não ser
pequena
Mascena saiu de
cena
pra se tornar
imortal.
Decifrou todo o
roteiro
da criação de
Marinho...
Recitava
Canhotinho,
gostava de
sanfoneiro...
Para Pinto do
Monteiro
fez um livro sem
igual.
No mês antes do Natal
deixou a vida
terrena:
Mascena saiu de
cena
pra se tornar
imortal.
Era Um Poeta do
Pajeú
Repita-se
que Ivo de Tabira foi também o primeiro prefeito do município pernambucano de
Solidão, em 1965. No ano de 1973, chegou a disputar a Prefeitura da cidade de
Tabira, na qual se tornou mais conhecido, por causa de seu próprio epíteto. E,
afinal, Ivo era bisneto de Gonçalo Gomes, fundador de Tabira.
Sempre
foi considerado, em todo o Nordeste, como uma grande figura humana. Como lembraram,
também na Internet, textos de Nill Júnior e Sidnei Pires (mais foto de Carlos
Celso Cordeiro), com a morte de Ivo de Tabira, a região do Pajeú perdeu um dos
seus filhos mais brilhantes.
Uma Pequena
Digressão
Como
ninguém desconhece, a assim chamada "região do Pajeú", no Estado de
Pernambuco, refere-se à área de quase 17 mil km2, compreendida pela
bacia do rio do mesmo nome, de 353 km. Esse rio Pajeú, nascendo na Serra da
Balança (a 800 m de altura do nível do mar), no município de Brejinho (já bem
perto da fronteira com a Paraíba), cruza
entre outros o município de Serra Talhada, correndo de Nordeste para Sudoeste e
apontando em seguida para o Sul, no sentido do rio São Francisco, curso d'água
em que desemboca.
Na
área do rio Pajeú contam-se seus afluentes principais: riacho do Navio, rio
Pajeú-Mirim e riacho São Domingos. O topônimo "Pajeú", aliás,
significa "o rio do curandeiro" [do tupi "pa'yé" =
"pajé", "chefe espiritual dos índios", "misto de
sacerdote, profeta e feiticeiro", "benzedor",
"curandeiro" + "yg" ou "y" = "água",
"rio"]. Outras cidades pernambucanas à margem do rio Pajeú, além de
Serra Talhada: Itapetim, Tuparetama, São José do Egito, Ingazeira, Afogados da
Ingazeira, Carnaíba, Flores, Calumbi e Floresta, todas no estado de Pernambuco.
O
rio e a região do Pajeú deram nome a um dos maiores heróis guerrilheiros da
Guerra de Canudos: o bravo e feroz líder do mesmo nome, ex-soldado regular
nascido em Riacho do Navio/Pajeú das Flores, morto em combate no ano de 1897,
na área canudense, e citado por Euclides da Cunha e outros escritores como
artífice de algumas importantes vitórias dos revoltosos contra o Exército e a
Polícia.
Mais Homenagens a
Ivo
Dedé
Monteiro divulgou em seu blog outras homenagens prestadas a Ivo de Tabira. Zelito
Nunes, por exemplo, escreveu o seguinte: “É sempre triste a partida de um
poeta. Lamento em nome de toda a comunidade fubânica”. Outro disse: “É com
imenso pesar que anuncio a partida de mais um poeta, Ivo Mascena Veras, sertanejo,
pajeuzeiro e amigo de maior dimensão. Perdemos muito com sua ausência”.
E
o próprio Zelito Nunes acrescentou seus versos:
O Sertão ficou mais
triste,
do Pajeú, nem se
fala...
Ivo Mascena partiu,
levando a cuia e a
mala.
Mais um amigo se
vai,
mais um poeta se
cala.
De Marcos Passos
Outro
poeta, Marcos Passos, aproveitou o mote de Giuseppe e externou seus sentimentos
pela irreparável perda do amigo Ivo Mascena:
Nobre, leal e
honrado,
versou com
inspiração.
Na Cultura do
Sertão
deixou seu nome
marcado,
Um poeta iluminado,
um escritor genial,
uma pena sem igual
que nos deixou
grande pena.
Mascena saiu de
cena
pra se tornar
imortal.
Sobre
a queda de Ivo Mascena no Mercado de Boa Viagem (queda que lhe acarretou a
morte, em última instância, já que faleceu vítima do derrame resultante do perigoso
tombo), alguém divulgou na Internet: “A última cena da vida de Mascena:
escorregou e caiu no céu”.
De Marco di Aurélio
Da
Paraíba, nosso amigo Marco di Aurélio mandou dizer, por e-mail, sobre Ivo de
Tabira:
De Veras não
conheci,
devia ter conhecido...
Um poeta bem falado,
seus versos por
outro ouvido.
Tomara que lá no
céu
se abra o grande
véu
para ser bem
recebido.
Mais um poeta se vai,
se firmando
universal.
A Terra fica mais
pobre,
o Cosmo bem mais
astral.
Mais uma estrela se
ordena:
Mascena saiu de
cena
pra se tornar
imortal.
De Carlos Aires
Já
o poeta Carlos Aires acrescentou:
Quando se encanta
um poeta
a matéria a terra
come,
mantêm-se vivo seu
nome,
pois se a obra for
completa,
mesmo que a sua
reta
tenha chegado ao
final,
ao chegar ao Tribunal
do céu ninguém o
condena:
Mascena saiu de
cena
pra se tornar
imortal.
Lá se foi um grande
vate,
só a saudade nos
resta...
Enquanto o céu está
em festa
por conta desse
arrebate
aqui findou seu
combate,
foi poeta genial...
No plano celestial,
a gloria lhe será
plena:
Mascena saiu de
cena
pra se tornar
imortal.
Carlos
Aires também se manifestou em prosa:
—
Mesmo não tendo conhecido o poeta Ivo Mascena, lamento profundamente sua
partida, pois todo poeta é um irmão. A Poesia terrena sem dúvidas lamenta essa
perda irreparável, porém o céu está em festa, com mais esse cultor da Poesia
regando com versos os jardins do Éden.
De Felipe Júnior
Já
Felipe Júnior escreveu nova mensagem:
—
Conheci e muito o admirava. Ivo Mascena é daqueles cabras que encantavam pelo
olhar, pela memória (impecável) e pela inteligência. É como Zelito Nunes me
falou: “Só depois é que veremos a grande lacuna que se formou com a partida de
Ivo”. Um abraço, portanto, à grande família de Ivo Mascena, que é a Cultura
Popular.
De Maurício Santos
Outro
poeta, Maurício Santos, apresentando suas condolências à família enlutada, assim
versejou:
Houve festança no
céu
pra receber o poeta...
Mesa de glosa
seleta,
declamação de
cordel,
discurso do
menestrel
Pinto Velho, o
genial,
falando pra
Lourival
avisar a dona
Helena
que Mascena sai de
cena
pra se tornar
imortal.
Um desfalque sem
igual,
tá saudosa a poesia...
Recital e cantoria
sofreram um golpe
fatal.
A Cultura em geral
perdeu um grande
parceiro,
que deu apoio
integral,
mesmo sem ganhar na
Sena.
Mascena saiu de
cena
pra se tornar
imortal...
De Armindo Moura
Apresentando
seus mais fundos pêsames à família de Ivo de Tabira, Armindo Moura Neto produziu
os seguintes versos:
Vejam o lado do
homem:
viveu de bem com a
vida,
se foi de bem com a
morte.
Pessoa ilustre e
querida
partiu em queda;
foi sorte.
Há quem amargue UTI,
outros definham em
casa
A melhor morte que
vi
o levou em sua asa...
Tudo tem os seus
dois lados,
até a morte
inclemente...
Mascena partiu, ficou,
pois deixou sua
semente.
De onde ele nos
veja,
deverá estar
contente.
Do Pajeú sem igual,
Mascena saiu de
cena
pra se tornar
imortal.
De José Vicente
José
Vicente escreveu a seguinte mensagem:
—
O grande poeta e escritor Dr. Ivo Mascena foi um grande homem. Incomparável de
caráter e o homem mais admirável que conheci em toda a minha vida. Me ensinou a
obter mais experiência e a ver o mundo de forma diferente. Foi o maior
incentivador para que eu retornasse aos estudos. Se hoje tenho um curso
superior, agradeço a Deus e ao poeta Ivo Mascena Veras. Ele e sua virtuosa
esposa, dona Joselita de Souza Veras, foram meus maiores incentivadores. E uma
coisa importante: só eu tenho seus livros oferecidos conjuntamente por ele e
por sua esposa.
Numa Mesa de Glosas
A
cerimônia de doação da casa e terreno foi mui prestigiada pelas autoridades e
pela população de Tabira, tendo ocorrido, coincidentemente, com a Missa do
Poeta, promovida todos os anos por essa bela e valorosa cidade do Vale do Pajeú.
O prefeito local, Sebastião Dias, estava em companhia da esposa, Dona Ieda Melo
Dias.
A anual Missa do Poeta realiza-se em homenagem ao grande poeta e compositor (parceiro de Luiz Gonzaga), Zé Marcolino, autor de "Serrote Agudo", "Fazenda Cacimba Nova", "Sala de reboco" e outras geniais composições, como bem nos esclarece o poeta, escritor, biógrafo, historiador e grande figura humana Luiz Nunes Alves, ex-conselheiro e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB). Alias, presidente do TCE-PB por tantas vezes que perdemos a conta... ;-)
A anual Missa do Poeta realiza-se em homenagem ao grande poeta e compositor (parceiro de Luiz Gonzaga), Zé Marcolino, autor de "Serrote Agudo", "Fazenda Cacimba Nova", "Sala de reboco" e outras geniais composições, como bem nos esclarece o poeta, escritor, biógrafo, historiador e grande figura humana Luiz Nunes Alves, ex-conselheiro e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB). Alias, presidente do TCE-PB por tantas vezes que perdemos a conta... ;-)
É
a mesa de glosas antigo costume pajeuzeiro, reunindo poetas não apenas de
Tabira, mas também de municípios adjacentes, também habitados por inúmeros
artistas da palavra rimada, como Afogados da Ingazeira e São José do Egito.
Quem Doa Não
Empobrece
Um
neto do saudoso poeta Ivo de Tabira, Giuseppe Mascena, foi quem "abriu os trabalhos"
da mesa de glosas, criando o mote "Quem recebe enriquece, / quem doa não
empobrece”. Tal mote foi objeto de glosas de grande número de improvisadores,
para gáudio dos ouvintes.
João
Alderney, um dos poetas presentes, fez uma homenagem à família que doou a casa
de Ivo de Tabira, dizendo em versos de sete sílabas, isto é, em redondilha maior:
Nobilíssima atitude
nesse evento dos
Mascenas
em Tabira. Qual
mecenas
voltou Ivo em
plenitude,
por seus filhos;
tal virtude
é um exemplo
inolvidável;
para o povo um bem
palpável;
para os jovens, o
futuro
nascerá, creio,
mais puro
nesse espaço
formidável.
Uma Explicação Necessária
A propósito de "redondilha", seguimos aqui a definição mais clássica, expressa, por exemplo, no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, que define este substantivo feminino como "verso de cinco ou sete sílabas métricas", sendo "redondilha maior" o verso de sete sílabas" e, a redondilha menor, "o de cinco sílabas".
Como já explicitado, dizemos "redondilha maior" quando o verso tem sete sílabas, sendo a redondilha menor o verso de cinco sílabas. Já na acepção oferecida pelo dicionário Aurélio, a redondilha maior (ou simplesmente redondilha, neste caso) é "uma quadra em que o primeiro verso rima com o quarto e o segundo com o terceiro" — definição que não seguimos aqui, por estarmos mais afinados com a tradição ainda mais antiga da Poesia luso-brasileira.
Outras definições importantes para os poetas iniciantes:
1) QUINTILHA (o mesmo que QUINTETO): composição poética composta de cinco versos, geralmente em redondilha maior;
2) SETILHA (ou septilha): estrofe de sete versos.
Mote e Glosa de Alderney
A propósito de "redondilha", seguimos aqui a definição mais clássica, expressa, por exemplo, no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, que define este substantivo feminino como "verso de cinco ou sete sílabas métricas", sendo "redondilha maior" o verso de sete sílabas" e, a redondilha menor, "o de cinco sílabas".
Como já explicitado, dizemos "redondilha maior" quando o verso tem sete sílabas, sendo a redondilha menor o verso de cinco sílabas. Já na acepção oferecida pelo dicionário Aurélio, a redondilha maior (ou simplesmente redondilha, neste caso) é "uma quadra em que o primeiro verso rima com o quarto e o segundo com o terceiro" — definição que não seguimos aqui, por estarmos mais afinados com a tradição ainda mais antiga da Poesia luso-brasileira.
Outras definições importantes para os poetas iniciantes:
1) QUINTILHA (o mesmo que QUINTETO): composição poética composta de cinco versos, geralmente em redondilha maior;
2) SETILHA (ou septilha): estrofe de sete versos.
Mote e Glosa de Alderney
Foi
então que o próprio poeta pernambucano João Alderney decidiu criar novo mote,
"para dar oportunidade aos que não puderam comparecer, mas desejam também
homenagear poeticamente a família Mascena e o município".
O
novel mote foi elaborado (na modalidade de decassílabos), "para que suas glosas façam parte do acervo cultural, no
novo espaço literário e poético" que se chamará Casa da Cultura "Ivo
de Tabira". Eis o mote:
"Foi
de Ivo Mascena esta morada
que
a família doou para a Cultura!"
João
Alderney não deixou por menos e foi logo glosando seu próprio mote:
Um presente à
cidade: um casarão
bem no centro, é um
espaço para o povo
literário,
artístico onde o novo
e o passado, a
guardar, ilustrarão
o atual e o futuro
num clarão
necessário que a
todos assegura
uma digna e
esplêndida estrutura
do saber, do
crescer, da caminhada!
Foi de Ivo Mascena
esta morada
que a família doou
para a cultura!
O Gesto de Doação
O
gesto da doação comoveu muitas pessoas, inclusive José Miranda Reis, que disse:
—
Creio que será um excelente motivo para a glosa dos poetas, pois altruísmo
desta natureza já não se encontra facilmente.
Ao
que João Alderney complementou:
—
É verdade, caro Miranda. Um gesto de desprendimento raro e belo.
De Ademar Rafael
Escrevendo
de João Pessoa (PB), Ademar Rafael Ferreira preferiu se pronunciar em versos,
glosando o mote ao pé da letra:
Fez da vida um
enorme festival,
escreveu sobre
Pinto do Monteiro,
de Marinho traçou o
paradeiro,
dedicou outro livro
a Lourival.
Um emprego o
prendeu na capital,
o sertão deu alvará
de soltura.
A família colocou
uma moldura
pra obra não ficar
inacabada...
Foi de Ivo Mascena
esta morada
que a família doou
para a Cultura!
De Marcílio
Siqueira
Marcílio
Siqueira também "atacou" em versos:
Casa bela e antiga!
O dono teu
foi o rei das
pesquisas culturais.
Escreveu em
revistas e jornais
com o dom de poeta
que Deus deu.
Mas depois que teu
dono faleceu
e o corpo desceu
pra sepultura,
a família doou tua
estrutura,
pra cultura morar sem
pagar nada.
Foi de Ivo Mascena
essa morada
que a família doou
para a Cultura.
De Betânia Tenório
Betânia
Tenório igualmente enviou suas apreciações, por mensagem eletrônica e sob a
forma de tocante depoimento pessoal:
—
Para além de um excelente profissional e grande poeta, estudioso e trabalhador
incansável, o Dr. Ivo Mascena foi meu colega de trabalho na Prefeitura de
Tabira. Eu, Secretária de Planejamento; e ele, Procurador do Município.
Dividíamos a mesma sala, os problemas e os risos. Eu, grávida; e ele, sempre
cuidadoso, nunca esquecia as boas frutas que sempre colhia para mim. Tinha um
cuidado imenso comigo e tudo discutíamos juntos. Quando minha filha nasceu, ele
organizou uma festa na minha casa, para me receber [na volta da maternidade].
Convidou as nossas colegas todas e mandou chamar outras amigas. A mesa bela de
frutos, folhas e delícias foi cuidadosamente montada por ele, com o carinho que
me tinha. Nunca esqueci aquela figura aparentemente tão reservada para quem não
o conhecia, mas de gestos tão largos e doces. Da última vez que nos falamos,
ele disse que tinha dois livros para mim, escritos por ele. Um, inclusive sobre
Louro do Pajeú. Vibrei, mas nunca o consegui. Já em Brasília à época, nem pude
prestigiá-lo com as belas flores que ele merecia, na sua viagem final. Eu e
Aristides Santos somos muito gratos e felizes por havermos convivido com tão
nobre pessoa. O gesto da família, doando a casa em que ele morou, é a expressão
autêntica dos valores e princípios que Ivo de Tabira transmitiu em vida.
Aplausos!
De Cybele Pires
Por
seu turno, Cybele dalla Nora Pires [filha de João Alderney] assim resumiu seu
pensamento sobre Ivo de Tabira:
—
Deve ter sido muito marcante e prazeroso este evento, com a nata poética do
Sertão de Pernambuco. Parabéns a toda a família de Ivo Mascena, por tão nobre
ato, que beneficiará as futuras gerações da amada cidade de Tabira. A glosa não
podia ser melhor! E Você, meu paizão, fez uma linda poesia, resumindo essa bela
atitude.
De Ferreira Neto
Pedro
Pires Ferreira Neto deixou registrado:
—
Essa doação da casa é um belo exemplo dado pela família de nosso querido Ivo
Mascena. Um gesto de grandeza e solidariedade. Não se constrói a cidadania sem
o resgate dos valores e dos bons exemplos. O Dr. Ivo de Tabira, que contribuiu
para a História de nossa cidade, continua seu vínculo com o município e com seu
povo através do gesto grandioso de seus familiares. Parabéns e que isto sirva
de exemplo. Um abraço especial a todos os Mascena.
De Dirceu Rabelo
O poeta Dirceu Rabelo, de Gravatá, também enviou suas glosas para o mote "Foi de Ivo Macena esta morada / que a família doou para a Cultura". Só que Dirceu não seguiu a regra fixa e rígida de colocar os dois versos do mote no final da estrofe — preferiu um formato em que esses dois versos se vêem distribuídos intercalada ou separadamente, como se vê em sua colaboração:
Tabirense que passa na calçada
da casa há certo tempo construída
diz em voz baixa um tanto comovida:
— FOI DE IVO MASCENA ESTA MORADA.
Em centro do saber já transformada
para lembrar a nobre criatura,
orador de tamanha envergadura
e tão reconhecida competência,
é hoje o que foi sua residência
QUE A FAMÍLIA DOOU PARA A CULTURA.
De Vandim das Espinharas
E por que não acrescentar as décimas de nosso companheiro Vandim das Espinharas, também conhecido como Visconde das Espinharas, Sabuji e Seridó, por haver nascido em São Mamede, vivido 16 anos em Patos e ser também Cidadão Pombalense? Eis como Vandim glosou o mote, de maneira algo invertida:
A família doou para a Cultura
a casa em que morou Ivo Mascena
e, doravante, aqui, será a arena
do combate que cresce e se apura
em prol da Arte e da Literatura.
Alguém já disse, com propriedade,
que Ivo de Tabira escorregou,
caiu — e passou à Eternidade;
e é de lá que vela a sua Cidade,
qual da Viola cuida um Cantador.
De Dirceu Rabelo
O poeta Dirceu Rabelo, de Gravatá, também enviou suas glosas para o mote "Foi de Ivo Macena esta morada / que a família doou para a Cultura". Só que Dirceu não seguiu a regra fixa e rígida de colocar os dois versos do mote no final da estrofe — preferiu um formato em que esses dois versos se vêem distribuídos intercalada ou separadamente, como se vê em sua colaboração:
Tabirense que passa na calçada
da casa há certo tempo construída
diz em voz baixa um tanto comovida:
— FOI DE IVO MASCENA ESTA MORADA.
Em centro do saber já transformada
para lembrar a nobre criatura,
orador de tamanha envergadura
e tão reconhecida competência,
é hoje o que foi sua residência
QUE A FAMÍLIA DOOU PARA A CULTURA.
De Vandim das Espinharas
E por que não acrescentar as décimas de nosso companheiro Vandim das Espinharas, também conhecido como Visconde das Espinharas, Sabuji e Seridó, por haver nascido em São Mamede, vivido 16 anos em Patos e ser também Cidadão Pombalense? Eis como Vandim glosou o mote, de maneira algo invertida:
A família doou para a Cultura
a casa em que morou Ivo Mascena
e, doravante, aqui, será a arena
do combate que cresce e se apura
em prol da Arte e da Literatura.
Alguém já disse, com propriedade,
que Ivo de Tabira escorregou,
caiu — e passou à Eternidade;
e é de lá que vela a sua Cidade,
qual da Viola cuida um Cantador.
* * *
_______________
FALECE
MAIS UM POETA TABIRENSE:
JOSÉ
IVO DE SOUSA MASCENA VERAS
Já
na madrugada da sexta-feira, 17 de abril de 2009, falecia, também na cidade de
Tabira e segundo o que noticiou Flávio Marques no blog “Tabira Hoje”, outro poeta chamado Ivo — mais exatamente José
Ivo de Sousa Mascena Veras, presidente do Diretório Municipal do Partido
Democrático Trabalhista (PDT) desse município pernambucano. O extinto, filho do
também poeta Ivo de Tabira, deixou mulher e quatro filhos.
José
Ivo (também grafado como Joseivo ou Zeívo) tinha 59 anos de idade e foi vítima
de infarto, sendo o seu corpo velado na sede do Poder Legislativo Municipal,
onde se registraram, a partir das 9 h do sábado seguinte, homenagens da
comunidade e das autoridades. Seguiu-se, às 10 h, o cortejo fúnebre rumo ao
Cemitério Parque da Saudade, onde o corpo de José Ivo Mascena foi sepultado.
Autoridades
Lamentam
Para
além de haver exercido a presidência do PDT em Tabira, José Ivo foi igualmente
secretário de Administração, durante os governos municipais de Edson Moura e
Dinca Brandino. O presidente da Câmara Municipal tabirense, Tadeu Sampaio
Brito, em nota, lamentou o falecimento do ex-servidor e externou:
—
A morte de Joseivo enluta a sociedade tabirense. Era técnico de renome em Contabilidade.
Foi, porém, mais que um militante da Contabilidade, vez que colocou seu saber a
serviço das convicções políticas.
Já
o procurador jurídico e primo do extinto, Dr. Cícero Emanuel, assinalou: “Joseivo
me honrou com sua amizade. Sua cultura, seu talento profissional e seu refinado
senso de humor proporcionaram um convívio companheiro e proveitoso do qual já
sinto falta. Além do mais, a área de Contabilidade perde um grande técnico, ao
passo que eu mesmo perco um querido primo e amigo.
De Sandro Lima
Outro
amigo, Sandro Lima, também se manifestou:
—
Tabira perdeu uma grande figura e nós perdemos um grande colega de trabalho.
Tive oportunidade de ser companheiro de Zé Ivo, sendo ele secretário de Administração
e eu, da Agricultura, na segunda gestão do atual prefeito Dinca Brandino. Era
um técnico incansável. Me recordo que, por várias vezes, ele ficara até tarde
na Prefeitura, cuidando de suas atribuições de secretário. No lazer, nas ‘bicadas’,
também era companhia agradável, sempre com grandes sacadas. Zé Ivo, como Beto
Pires, Di Sordi e Andréa, faz parte de um tipo de tabirense que sempre
demonstrou muito amor à terra e aos amigos, algo um tanto raro nesses tempos
cibernéticos, informáticos e virtuais de hoje. Um abraço fraterno, portanto,
para todos os familiares do Zé Ivo, de quem já sinto saudades…
Zé Ivo em Mote
& Glosas
Também
a propósito da morte de José Ivo, versejadores de Pernambuco e de outras
paragens se manifestaram, depois que Verônica Sobral, já no dia 18 de abril de
2009, anunciou on-line que Dedé
Monteiro enviara aos poetas o seguinte mote, em homenagem a José Ivo: ‘Partiu
Zé Ivo Mascena / e a cena triste ficou”.
A
própria Verônica Sobral iniciou as glosas, escrevendo estas décimas,
reproduzidas no “Balaio de Poesia” da APPTA (Associação de Poetas e Prosadores
de Tabira):
PARTIU
ZÉ IVO MASCENA
E
A CENA TRISTE FICOU
Quantas graças e
piadas
ouvimos dele um
dia!
Amante da Poesia,
Zé buscava as
engraçadas.
Quantas vezes dei
risadas
com versos que
declamou!
Mas agora nos
deixou
e a Poesia acena:
partiu Zé Ivo
Mascena
e a cena triste
ficou!
O Que Disse Well
Outro
a compor versos para glosar o mote foi Well:
Para todos um
exemplo
de uma historia tão
bonita
é mais o fim de uma
vida,
é outra vida sem
tempo...
Tão ligeira com o
vento,
ela veio e o
levou...
Não foi como o seu
avô
que durou uma centena...
Partiu Zé Ivo Mascena
e a cena triste
ficou.
Glosas de Wellson
Também
Wellson se pronunciou:
A morte deixa
saudade
E leva grandes
amigos...
Mas Deus fez isso
contigo
pode crer, foi sem
maldade.
Desta vez, nossa
cidade
com tal noticia
parou...
Mas Cicinho te
esperou.
Zé Liberal te
acena...
Partiu Zé Ivo
Mascena
e a cena triste
ficou.
De João Alderney
De
mais um glosador, João Alderney:
Quem parte deixa
saudade
a todos que lhe são
caros.
E quando são seres
raros,
mais aumenta a
crueldade.
E quando há
amizade,
vira fonte que
secou,
ou ave que, em
pleno voo,
morre feito a
açucena.
Partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou.
De Genildo Santana
Logo
em seguida, veio o poeta Genildo Santana:
Tabira tem um
motivo
pra tristeza ser
completa:
todo mês parte um
poeta
de nosso torrão
cativo.
Foi Cícero… e agora
Zé Ivo,
que depressa nos
deixou...
Assim que Edinho me
contou
fui pegando logo a
pena:
partiu Zé Ivo
Mascena
E a cena triste
ficou...
Zé tinha como
ninguém
um cabedal de
Cultura.
A dor de Ivo, quem
cura?
A dor de Giuseppe,
quem?
Estamos tristes
também,
pois Zeívo se
mudou,
e o céu não se
fechou
pra sua entrada de
cena.
Partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou.
De Dedé Monteiro
O
próprio Dedé Monteiro, autor do mote, publicou sua glosa:
Do riso tomba o
império,
a praça fica sem
graça,
pois sem Zeívo na
praça,
o riso vira um
mistério…
Levar mesmo a vida
a sério
o Gordo nunca
levou…
E ao ver a morte,
pensou:
“Isso é coisinha
pequena…”
Partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou.
Uma úlcera estrangulada,
o que dói ninguém
calcula…
Mas a partida
estrangula
a alma da mãe
calada…
E o pai, junto à
sua amada,
vendo o mais
terrível “show”
que a vida lhes
preparou,
pensa: “Oh, Senhor,
tende pena!”
Partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou!
Sem precisar de
alarido
pra ser notado por
fora,
por dentro, a
família chora
o seu Zeívo
querido.
Seria até sem
sentido
chorar por quem não
chorou;
por quem sempre se
esforçou
pra ver o sorriso
em cena.
Partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou.
Qual formiga trabalhava!
(Foi sua maior
virtude).
Porém, co’a própria
saúde,
muito pouco se
importava.
No lugar que ele
chegava,
dizia: “Tristeza,
xô!!!”
Por isso é que eu
não estou
chorando igual
Madalena.
Partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou.
Fogo não é perder Zé,
ainda com tanto
fogo;
Fogo é ver sair do
jogo
quem tanto em si
tinha fé!
O verso quebrou um
pé,
a rima se
atrapalhou…
E o pé que o verso
quebrou
só Cicinho
desempena…
Partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou.
De Clode Cordeiro
Agora,
as glosas de Clode Cordeiro:
Certo dia, no
passado,
tio Ivo recebia,
em meio a grande
euforia
o seu filho
abençoado...
Mas esse presente
dado
a vida cruel
roubou...
Valente ele
suportou,
com a alma triste e
serena.
Partiu Zé Ivo
Mascena
e a cena triste
ficou
O time da alegria
sofre um gol e com
certeza
veste as cores da
tristeza,
da dor, da
melancolia...
Porque neste triste
dia
outro amigo nos
deixou
E o Pajeú lamentou
de forma irrestrita
e plena:
Partiu Zé Ivo
Mascena
e a cena triste
ficou.
De Meca Moreno
Meca
Moreno foi outro que acudiu com suas glosas:
Partir aos 59,
sair no meio do
jogo,
jogador com tanto
fogo
é o que mais me
comove.
Que a esperança se
renove
que o refletor
apagou...
Quem estava rindo
chorou.
o artista deixou a
arena:
partiu Zé Ivo
Mascena
e a cena triste
ficou.
De Donzílio Luiz
É
a vez, agora, de Donzílio Luiz:
José Ivo, para mim,
criou os melhores
chistes.
Tenho visto cenas
tristes,
MAS CENA triste é
assim,
um episódio ruim...
Mas coisas boas
deixou,
e os versos que
recitou
passaram duma centena:
Partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou.
No momento da
filmagem
De nosso
protagonista
silencia o
humorista...
Nem mais áudio, nem
imagem
e na hora da
mixagem,
o câmera titubeou,
a filmadora parou,
faltou sinal na
antena:
partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou.
Quando mudança de
gênios
surge trazendo
obstáculos
empobrece os
espetáculos
nos palcos e nos
proscênios.
Mascena dos seis
decênios
apenas se
aproximou...
Subiu que nem
acenou
com uma mímica
pequena:
partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste ficou.
De Diomedes Mariano
Vejam
a seguir os versos de Diomedes Mariano para o saudoso José Ivo Mascena:
Cinquenta e nove de
idade,
de uma vida bem
vivida,
sempre de bem com a
vida,
um ente bom de
verdade,
cercado de amizade,
devido aos grãos
que plantou.
Viveu, venceu, mas
voltou…
Nos resta aceitar a
cena:
partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou.
De Luiz Nunes Alves (Lula)
Já
o poeta Luiz Nunes Alves (Lula) compôs a seguinte décima:
Não convivi com Zé
Ivo,
mas lhe acompanhei
a verve,
que é do pai, como
serve
do pai o excelso
motivo
pro filho tornar-se
altivo,
isto Zé Ivo provou,
disto o pai se
orgulhou.
Agora, a tristeza é
plena:
Zé Ivo fora de
cena,
quão triste a cena
ficou.
Outra explicação indispensável: "Luiz Nunes Alves (Lula)" é, indiscutivelmente, nosso mesmo "Luiz Nunes Alves (Severino Sertanejo)". Ocorre que o apelido de "Lula" somente é usado "familiarmente e de Tabira (PE) para lá", conforme lembra o próprio, com a explanação adicional de que, "em Princesa Isabel (PB), converteram-me em 'Lula da Ibiapina', em razão de ser, à época, locutor do Serviço de Alto-Falante (difusora) Padre Ibiapina.
E fica aqui mais um ingente protesto nosso, ante o tal (Des)Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: por que cargas d'águas escreve-se agora "autofalência" mas, obrigatoriamente, "alto-falante", com o plural "alto-falantes" — se tudo ficaria em perfeita paz com "altofalante" e "altofalantes"?!
Outra explicação indispensável: "Luiz Nunes Alves (Lula)" é, indiscutivelmente, nosso mesmo "Luiz Nunes Alves (Severino Sertanejo)". Ocorre que o apelido de "Lula" somente é usado "familiarmente e de Tabira (PE) para lá", conforme lembra o próprio, com a explanação adicional de que, "em Princesa Isabel (PB), converteram-me em 'Lula da Ibiapina', em razão de ser, à época, locutor do Serviço de Alto-Falante (difusora) Padre Ibiapina.
E fica aqui mais um ingente protesto nosso, ante o tal (Des)Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: por que cargas d'águas escreve-se agora "autofalência" mas, obrigatoriamente, "alto-falante", com o plural "alto-falantes" — se tudo ficaria em perfeita paz com "altofalante" e "altofalantes"?!
De Albino Pereira
A
seguir, as glosas de Albino Pereira:
Trouxe a notícia um
abalo
que me deixou
comovente.
Partiu mais um
descendente
da família de
Gonçalo.
A pessoa de quem
falo
é José Ivo — e se
acabou.
Deste mundo viajou,
cumprindo o que
Deus ordena.
Partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou.
De Felipe Júnior
Glosas
de autoria de Felipe Júnior:
A novela dessa vida
muitas vezes é
cruel,
pois com caneta e
papel
o autor dá por
concluída,
só nos restando a
saída
de lembrar do que
passou.
As cenas que ele
criou
não vão mais entrar
em cena.
Partiu Zeívo
Mascena
e a cena triste
ficou.
_______________
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