Sunday, March 07, 2010

DESMISTIFICANDO LENDAS SOBRE O DIA DA MULHER


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Versão reduzida deste artigo foi originalmente publicada pelo jornal A União, de João Pessoa (PB), edição de 7 de março de 2009. Este material é também gentilmente reproduzido pelos seguintes URLs:


- Blog Cultural EL THEATRO, de Elpídio Navarro:
www.eltheatro.com


- Portal PS OnLine, de Paulo Santos:
www.psonlinebr.com


- Portal Literário RECANTO DAS LETRAS:
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/druzz


- Portal do Jornal A União On Line:
www.auniao.pb.gov.br


- Blog DRUZZ ON LINE, de Evandro da Nóbrega:
http://druzz.blogspot.com


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O Dia Internacional da Mulher surgiu inicialmente nos EUA, como Dia Nacional, passou-se depois à antiga URSS e viu-se oficialmente adotado pela ONU em 1975


Evandro da Nóbrega
ESCRITOR, JORNALISTA, EDITOR
http://druzz.blogspot.com

Druzz.tjpb@gmail.com



Além da página especial que elaboramos para o caderno de A União sobre o Dia Internacional da Mulher, neste 8 de março de 2010, aproveitamos a deixa e preparamos, para o dia 7, véspera da efeméride, esta outra pequena contribuição ao estudo dos Direitos Femininos.


E, aqui, já vamos antecipando o que deverá ser, em 2011, essa data voltada para o belo sexo (e bota belo nisto!).


Mas, por que 2011?! Esclareçamos.


DIA VAI COMEMORAR CEM ANOS EM 2011

Decepcionadas com a pouca repercussão do Dia Internacional da Mulher em 2008, organizações femininas de várias partes do Mundo decidiram mobilizar-se com maior afinco para que, nos anos de 2009 e de 2010, pudessem ser realizadas comemorações mais compatíveis com a importância da data.


O esforço maior, no entanto, concentra-se nos eventos e festividades destinados a comemorar, com grande impacto, em 2011 (isto é, no ano que vem), a passagem dos 100 anos da data singular.


Sim, porque o Dia Internacional da Mulher foi comemorado por vez primeira no ano de 1911.


O que havia antes eram comemorações nacionais, algo isoladas, em território dos EUA. O Dia propriamente dito surgiu como resultado dos esforços de ativistas americanas de inícios do século XX.


O PAPEL HISTÓRICO DAS SUFFRAGETTES

Entre essas, sobressaíam as suffragettes — as mulheres que lutavam pelo direito ao voto, que lhes era negado em praticamente toda parte.


A saga das sufragistas iniciara-se na França de fins do século XIX, tendo-se passado primeiro à Inglaterra (a despeito de toda a perseguição da Coroa) e, depois, aos EUA. Bela e trepidante história de sacríficios, determinação e persistência.


Em 1909, o Partido Socialista da América promoveu o primeiro Dia Nacional da Mulher, com grandes comícios, marchas e protestos em praticamente todo o território americano.


Foi dessa forma que o Dia (Nacional) da Mulher veio sendo comemorado até 1913.


COMO O DIA SE INTERNACIONALIZOU

No ano de 1910, inspirado pelas comemorações que já ocorriam esporadicamente nos EUA e, principalmente, por sugestão da ativista alemã Clara Zetkin, o Congresso Internacional Socialista decidiu criar uma versão internacional do dia dedicado às mulheres.


A comemoração dos primeiros Dias Internacionais da Mulher partiram, inicialmente, de agrupamentos socialistas e, depois, de mulheres idealistas e bem intencionadas pertencentes aos quadros do antigo bolchevismo soviético, quando esse ainda representava uma esperança para a Humanidade.


Depois, a idéia de se comemorar tal dia ganharia o Mundo, com a chancela de vários países, inclusive da ONU (Organização das Nações Unidas) — responsável pelo estabelecimento e patrocínio, em 1975, do dia 8 de março como a data oficial dessas comemorações.


Passados os tempos dos exageros e atitudes radicais — como a queima de sutiãs e quebra de batons nas ruas —, os movimentos pelos direitos femininos alcançaram, nos dias de hoje, um alto nível de formulações teórico-históricas e, da mesma forma, um maior poder de organização e de mobilização.


UM INCÊNDIO PAVOROSO

O ano de 1911 foi tomado como marco para a comemoração do centenário do Dia Internacional da Mulher em 2011 pelo seguinte.


Em 19 de março desse ano de 1911, mais de um milhão de pessoas comemoraram a data, em diversos países europeus (Alemanha, Suíça, Áustria, Dinamarca et alia), imitando o que já se fazia, em termos nacionais, nos EUA.

Mas, nesse mesmo ano, algo de profundamente doloroso ocorreria, vitimando principalmente mulheres.


Vamos contar em detalhes.


A marcha das europeias comemorando o dia dos Direitos Feminis ocorreu, como se viu, a 19 de março de 1911. Pois bem, no dia 25 seguinte, em Nova York, aconteceu um dos maiores desastres da História industrial dos EUA: irrompeu pavoroso incêndio na fábrica de artigos de vestuário Triangle Shirtwaist.


No sinistro, morreram 146 mulheres. Eram costureiras e outras trabalhadoras na indústria de tecidos e roupas.


O episódio serviu para mostrar as deficiências em termos de segurança em fábricas como essa. A indústria em geral, aliás, não atendia às especificações de segurança para seus funcionários, ao contrário do que exigiam os sindicatos.


Como resultado disto, a maioria das trabalhadoras morreu queimada; as demais, pulando, em desespero, de altas janelas para a rua. E o mega-incêndio fez com que evoluíssem as normas de segurança no trabalho, não apenas em Nova York, mas em todo o território americano.


NUM MUNDO FEITO PELOS HOMENS

O ano de 1911 foi também aquele em que apareceu a primeira edição de uma obra seminal para as feministas, The Man-Made World; or, Our Androcentric Culture [algo como "O Mundo Feito pelo Homem; ou Nossa Cultura Androcêntrica, quer dizer, centrada no Homem].


Mais fatos de relevo ocorreram no ano de 1911. Foi quando nasceu Charlotte E. Ray (1850-1911), a primeira afro-americana a se formar em Direito nos EUA.


OUTROS MARCOS DE 1911

Outra figura de destaque no campo dos Direitos Femininos, Mahalia Jackson, falecida em 1972, também nasceu em 1911, na terra do Tio Sam. Vocês devem estar lembrados dela: dona de belíssima voz, foi uma das maiores cantoras de gospel de todos os tempos — e, na posse de John Kennedy como presidente dos EUA, foi ela quem cantou o hino The Star Spangled Banner em cadeia nacional e internacional.


O ano de 1911 igualmente marca, na História americana, a época em que o Estado da Califórnia passou a aceitar o voto feminino nas eleições em geral.

Em 8 de março de 1913, mulheres de várias partes da Europa marcharam em favor da paz, tendo em vista os preparativos para uma guerra que se tornaria mundial.


Nos EUA, a antiga Semana Nacional da Mulher passou a ser de há muito o Mês Nacional da Mulher, com a realização de grande número de seminários nos diversos Estados.


OPRESSÃO POLÍTICO-RELIGIOSA

Nas últimas décadas, a Imprensa ocidental tem dado ênfase à mui problemática situação das mulheres no Oriente Médio, às da imensa parte miserável da África e, com crescentes críticas, às mulheres em nações sob regime teocrático e/ou ditatorial.


Em 2007, a polícia do Irã espancou e prendeu, em Teerã, centenas de mulheres que participavam de atos feministas.


APRENDA SOBRE AS “LENDAS URBANAS” E

OUTRAS BESTEIRAS SOBRE O DIA DA MULHER


Mas, também com relação ao Dia Internacional da Mulher, há "lendas urbanas" a desfazer.


Por exemplo: é repetida à exaustão aquela estória de que, a 8 de março de 1857, teria havido em Nova York um protesto de operárias de fábricas têxteis e de confecções contra as más condições de trabalho e os baixos salários na indústria de artigos de vestuário.


Tal protesto teria sido duramente reprimido pela polícia, com operárias mortas e feridas — provocando adicionalmente, 15 anos depois (em 1907, portanto), uma comemoração, nessa mesma data, surgindo daí a idéia de se tornar o dia 3 de março o Dia da Mulher.


Inexistem documentos históricos que comprovem os eventos alegados. Trata-se, aparentemente, de mais uma "lenda urbana" para reforçar o background de um movimento já por si só legítimo, que não precisaria de uma mentira como base.

A estória apócrifa teria surgido na Europa, segundo algumas historiadoras, com o objetivo de retirar da Rússia pré-revolucionária e, quem sabe, da antiga URSS, a origem de tais comemorações, dando-lhe caráter mais internacionalizado.


ALEKSANDRA KOLLONTAI, OUTRA GUERREIRA

Mas a César o que é de César: logo depois da Revolução de 1917, a feminista bolchevique Aleksandra (Alexandra) Kollontai, autora de livros sobre a emancipação feminina, convenceu Lênin a instituir um Dia da Mulher.


Em muitos países, o Dia Internacional da Mulher é um feriado nacional — isto é, não se trabalha. Mas nem sempre foi assim. Na antiga URSS, por exemplo, a data veio sendo comemorada como um dia comum de trabalho (não um feriado) até 1965.


E, em 8 de maio de 1865, a então URSS decretou que, doravante, o Dia Internacional da Mulher passaria a ser um feriado oficial em todo o território soviético.


Finalmente, em 1975, a ONU (Organização das Nações Unidas) oficializa o 8 de março como Dia Internacional da Mulher.


A BASE MAIS GERAL DA AÇÃO

Basicamente, acreditam os movimentos femininos — com apoio de muitas entidades masculinas (isto é, não diretamente ligadas aos movimentos feministas) — que todos os seres humanos devem ter iguais oportunidades de uma vida plena e sustentável, independentemente de gênero. E estão igualmente persuadidos de que, ao lado das mulheres, os próprios homens têm muito a ganhar com as conquistas femininas.


Na maioria dos países (como se faz, novamente nesta semana, no próprio jornal A União), a Imprensa internacional, inclusive revistas, procura dar grande destaque aos temas femininos.


Vê-se, por exemplo, na mídia americana, vasta reportagem em que 100 "homens de cor" (negros, afro-americanos) protestam contra abusos ainda observáveis nos EUA contra o elemento feminino, particularmente as imigrantes.


UM MOVIMENTO REALMENTE IMPORTANTE

Marxistas, ortodoxos ou não, sempre sustentaram: movi­men­tos em prol da libertação da mulher não podem estar separados da luta mais geral para a consecução do socialismo.


Como se dissessem: de que adianta as mulheres se tornarem "iguais" aos homens, dentro dos quadros vigentes, se o próprio homem já é escravo do capitalismo?

Mas não se pode negar a importância dos movimentos femininos (com seu período feminista radical) para a evolução geral da Humanidade — mesmo que Você tenha sorrido com a boutade de Millôr Fernandes sobre o movimento que ele mais apreciava nas mulheres: o dos quadris.


De outra parte, ainda hoje, inacreditavelmente, existem mulheres mais... machistas que muitos homens. Apenas seguem antiga tradição, representada maiusculamente pela rainha Vitória, da Inglaterra, que considerava a onda em favor dos direitos femininos (surgido inicialmente na França e então “ameaçando” o Reino Unido) como uma “loucura furiosa e má intencionada”.


NA FRANÇA, OS PRIMÓRDIOS DA LUTA

A complexa História dos Direitos da Mulher inicia-se, para efeitos didáticos, na França dos anos de 1880, depois de uma manifestação isolada quando da Revolução Francesa.


Na década de 1890, o féminisme chegava à Inglaterra e, nos anos de 1910, aos EUA. As “protofeministas” ensaiavam seus primeiros passos, sem imaginarem que, mais de 100 anos depois, uma cineasta (Sophia Cop­pola) se tornaria a primeira mulher (americana) a receber o Oscar de “melhor diretor”.


Foi trajetória até mesmo sangrenta, com sufragettes lutando pelo direito ao voto feminino: suicídios na rua, prisões, pancadarias, muita literatura (de boa ou má qualidade), antes de chegarmos, modernamente, às sessões públicas de queima de sutiãs e batons, às acerbas discussões sobre aborto, ao respeito às lésbicas e à codificação dos princípios feministas por competentes filósofas (e filósofos, pois não).


Dispõe o Brasil — especialmente a partir da década de 1970 — de considerável número de teóricas e teóricos dos movimentos femininos, sem esquecer os bem elaborados estudos acadêmicos, saídos sob a forma de livros, artigos de jornais e periódicos, programas de TV, ensaios sociológicos, políticos e tudo o mais.


TRÊS MOMENTOS SIGNIFICATIVOS

O Dia Internacional da Mulher, que veio sendo comemorado em datas diferentes por diversos países, terminou sendo fixado, em 1975, pela própria ONU: 8 de março.


A moderna História do Feminismo dividiu-se em pelo menos três grandes momentos:


a) até inícios do século XX, com as exigências do sufragismo, isto é, a luta pelo direito do voto feminino;


b) as décadas de 1960 a 1980, centradas em mudanças na legislação machista e em que pontificou Betty Friedan, entre outras célebres feministas; e


c) a atual “onda”, a partir dos anos de 1990, com a (auto)crítica aos erros do radicalismo ou dos exageros do período anterior; ações mais concretas e menos espetaculares; e maior atenção ao estudo da situação global da mulher, numa espécie de chegada à “idade da razão” — a exigir eficácia de atua­ção multi e interdisciplinar, não em determinados países, mas no Mundo como um todo.


UMA MULHER À FRENTE DA UNESCO

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) já se notabilizava, ao lado do PNUD, OEA e UNICEF, como defensora dos direitos femininos. O que dizer agora que uma mulher foi eleita diretora-geral da importante agência da ONU?


De fato, Irina Bokova, 58 anos, é a primeira mulher (e a primeira pessoa do Leste europeu) a ocupar o posto, até há pouco em mãos do japonês Koïchiro Matsuura. Ela foi primeiramente eleita em setembro do ano passado e teve seu nome ratificado em outubro seguinte pela assembléia-geral do órgão, que reúne representantes das 193 nações associadas.


Logo depois da eleição, Bokova [www.irinabokova.com] declarou que sua vitória sinalizava importante marco na evolução da luta pela igualdade dos sexos — e que, a partir de agora, a UNESCO se tornará ainda mais eficaz, mais democrática, mais forte.


LUTANDO CONTRA OS ANTISSEMITAS

Mas não foi tão fácil a escolha dessa conhecida batalhadora socialista pelos direitos humanos e pelos direitos da mulher: ela venceu quase 20 concorrentes e apenas saiu vitoriosa no quinto turno, disputando amistosamente o cargo com o ministro da Cultura egípcio Faruk Hosni.


Este foi derrotado, por 31x27 votos, em virtude de suas declarações consideradas antissemitas, conforme denúncias de Elie Wiesel, Prêmio Nobel da Paz.


Também a Imprensa egípcia, que sempre se refugia no discurso irracional, chegou a dizer que a eleição de Irina configurara o resultado de mais um lobby ou “complô sionista" a aprofundar o choque de civilizações (entre o Ocidente, os muçulmanos e os países em desenvolvimento). Quem, senão alguns radicais árabes (falsamente se apresentando como religiosos muçulmanos!), aguenta mais esta conversa de “complô dos judeus para dominarem o Mundo”?!


ATUAÇÃO DE BOKOVA DESMENTE INVENCIONICES

A atuação de Bokova à frente do órgão, no entanto, vem desmentindo as falsas previsões de que atuaria com parcialidade em favor dos judeus.


Ex-comunista, atualmente socialista e figura popular tanto em sua natal Bulgária quanto noutros países da União Europeia, a reconhecida europeísta estudou Relações Exteriores na antiga URSS e se especializou nos EUA (notadamente nas Universidades de Maryland e Harvard, onde também cursou Economia).


Retornando à Bulgária, nos anos de 1990, foi por duas vezes eleita deputada e concorreu à vice-presidência pelo Partido Socialista, sendo depois seguidamente nomeada embaixadora na França, em Mônaco e na UNESCO (desde 2005).


Mulher superpreparada, ela, além de búlgaro, fala corretamente russo, inglês, francês e espanhol.


ALGUNS DOCUMENTOS ESSENCIAIS

Documentos básicos a serem estudados por quantos se interessem pelos direitos femininos:


1) Declaração dos Direitos Humanos (ONU, 1948);


2) Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979 e ratificada pelo Brasil em 1984;


3) a Declaração sobre a Eliminação da Violência contra a Mulher (ONU, 1993);


4) Convenção Interameri­cana para Prevenir, Punir e Erra­dicar a Violência contra a Mulher [Convenção de Belém do Pará, OEA, 1994], ratificada por nosso país em 1995;


5) a Constituição Brasileira de 1988;


6) os textos principais da Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada em Viena no ano de 1993 (especialmente a Declaração e Programa de Ação de Viena);


7) a Declaração e Plataforma de Ação de Pequim (1995);


8) o Estatuto da Criança e do Adolescente; e, entre outros itens da legislação acessória,


9) a Lei Maria da Penha.


Pelo texto vienense, “os Direitos Humanos das mulheres e das meninas são inalienáveis e constituem parte integral e indivisível dos Direitos Humanos universais". Muita coisa já se conseguiu, em termos de coibir discriminações e abusos — mas muito ainda falta obter. Veja-se, por exemplo, o caso das mocinhas das periferias obrigadas a vender o corpo para sobreviver. Ou a discrepância salarial entre homens e mulheres, nota­damente as negras.


O PROBLEMA NÚMERO UM DO MUNDO

Com o que voltamos à cons­tatação de que o maior problema do Planeta ainda é a miséria, com seu séquito de mazelas (fome, desnutrição, prostituição, drogas, violência et caterva).


E isto quando se sabe, pelos cálculos da própria ONU, que a miséria — incluída a maior de todas, a da miserabi­lissima África — estaria debelada em cinco anos se os países mais ricos doassem apenas 0,3% de seu PIB a um fundo antipobreza absoluta.


Os textos fundacionais dos Direitos Humanos de início não incluíam os direitos das mulheres. Mas, nas últimas décadas, especialmente dos anos de 1960 para cá, muita coisa tem mudado para melhor. No Leste europeu, por exemplo, as mulheres já predominam na área jurídica/judiciária.


CLITORECTOMIA, LAPIDAÇÃO, ENFORCAMENTOS

Há avanços também nos Terceiro e Quarto Mundos — embora ainda persistam práticas horrendas como a escari­ficação dos órgãos genitais de crianças (ou clitorec­tomia, mutilação para que, na adultez, não haja chance de prazer sexual); a lapidação (morte a pedradas) de mulheres em vários países; o assassinato “para lavar a honra do marido” e por aí vai.


Há sinais de outros avanços, como no Irã — país que, entre outras práticas bárbaras e, pour cause, altamente condenáveis, ainda enforca meninos homossexuais. Lá, na antiga Pérsia, democratas se têm unido às mulheres na tentativa de modernizar o país, quem sabe derrubando o medieval regime teocrático dos aiatolás.


MÁQUINA DE LAVAR & LIBERAÇÃO FEMININA...

No ano passado, L’Osservatore Romano [= “O Observador de Roma”], jornal oficial do Vaticano e como a Santa Sé contrário à pílula anticonceptiva e a outros itens do ideário feminista, provocou a ira das ativistas italianas ao divulgar artigo intitulado “Máquina de lavar e Liberação da Mulher”.


Sustentava — como uma pesquisa canadense no mesmo sentido — que a tal máquina fez mais pela libertação feminina que o aborto, a pílula e outras práticas associadas ao Dia da Mulher.


E HÁ UM... DIA INTERNACIONAL DO HOMEM!

Esta é para quem vive reclamando que deveria também haver um Dia Internacional do Homem.


Já existe, de fato, esta data, desde 1999, embora a movimentação em torno da idéia remonte à década de 1960. Só que é festa antissexista e comemorada a 19 de novembro por entidades de pais e filhos em pequeno grupo de países.


Entre esses países estão Trinidad e Tobago (onde a coisa começou), Jamaica, EUA, Reino Unido, Canadá, Índia, Austrália, Singapura, África do Sul, Malta, Irlanda, Hungria, Gana, Quênia, Noruega, Tanzânia, Alemanha e até em certos círculos do Brasil — com apoio da ONU.


Em nada quer-se contrapor ao Dia Internacional da Mulher: procura apenas destacar aspectos relacionados à saúde dos homens e rapazes (inclusive com exames de próstata e coisas parecidas); os relacionamentos de gênero; a igualdade de direitos entre homens e mulheres, além de se focar em pais e filhos com papéis considerados positivos e modelares para outros homens.


Tal dia faz também campanhas de levantamento de fundos para ajudar homens e garotos carentes. Interessou-se? Pois comece pelo URL www.in­ternational-mens-day.com — e terá panos para as mangas.



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