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O livro de Nonato Guedes, editado por Juca Pontes e com
capa a cargo do designer Milton Nóbrega
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O texto do convite da editora do publicitário Carlos
Roberto de Oliveira, a Forma Editorial
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O jornalista, escritor e analista político Nonato Guedes
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Detalhe do famoso quadro do pintor paraibano Pedro Américo,
retratando o Imperador Dom Pedro II por ocasião de sua mais célebre Fala do
Trono
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Livro de Nonato
Guedes interpreta “falas do trono” de Governadores paraibanos entre 1966 e 2011
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por Evandro da
Nóbrega,
escritor, jornalista, editor
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A fala do Poder... Mui inteligentemente bem escolhido o
título do mais novo livro do jornalista, escritor e analista político Nonato
Guedes, A fala do Poder, imperdível obra a ser lançada pelo Autor e pela
editora paraibana Forma Editorial, às 18h30 desta terça-feira, 29 de maio, na
Livraria do Luiz.
Só este título, A fala do Poder, já nos remete aos antigos
conceitos de Fala do Trono, Discurso sobre o Estado da Nação, Discurso sobre o
Estado da União e expressões correlatas, utilizadas urbi et orbi para
denotarem a arenga periodicamente levada ao Parlamento pelo dirigente de
plantão.
Pedro Américo & Pedro II
Nosso paraibaníssimo areiense Pedro Américo (1843-1903) até
pintou, em inícios da década de 1870, um quadro dos mais famosos, justamente
intitulado A fala do Trono. Essa tela, representante do Romantismo patriótico
então em voga, encontra-se atualmente no antigo Palácio Imperial, hoje museu
temático localizado no centro histórico de Petrópolis (RJ).
No quadro, Pedro Américo retrata Dom Pedro II quando
pronunciava sua depois célebre “Fala do Trono”, dirigida aos parlamentares, na
sala em que se instalava, a 3 de maio de 1823, a primeira Assembleia
Constituinte do Brasil — au grand complet, a Assembleia Geral
Constituinte e Legislativa do Império do Brasil.
Embora essa Fala do Trono haja ficado nos compêndios como a
mais famosa, não foi, certamente, a primeira delas. Já anos antes, na Fala do
Trono de 1867, por exemplo, o mesmo Imperador pedira que o Brasil erradicasse
gradualmente a escravidão negra, como já o tinham feito nações civilizadas.
“Mui Graciosa Palavra”
Tudo isto segue a tradição britânica do Speech from the
Throne ou, simplesmente, Throne Speech — ao pé da letra o “discurso
do trono”, a fala endereçada ao Parlamento pelo rei, rainha, primeiro-ministro,
presidente, lord chanceler, governador-geral, congressista ou qualquer outro
administrador/autoridade no início de cada sessão legislativa. No Reino Unido,
essa “Fala do Trono” à moda britânica recebe variadas denominações, a exemplo
de Queen’s Speech [= “Discurso da Rainha”]; Gracious Address [=
“Graciosa Fala”]; Her Majesty’s Most Gracious Speech [= A mui graciosa
palavra de Sua Majestade], State Opening etc etc etc.
Isto acontece na Inglaterra e noutros países (integrantes
da Commonwealth ou não), como a Escócia, a Irlanda, o Canadá, a Austrália, a
Nova Zelândia, os Países-Baixos (Holanda et alia), Noruega, Suécia,
Japão, Tailândia, Gana... Czares houve que não deixaram por menos: também leram
sua Fala do Trono.
Países africanos de tradição inglesa usam a expressão Discurso
do Estado da Nação [= Nation Address], ao passo que, nos Estados
Unidos, a prática é normalmente referida como Discurso do Estado da União
[= State of the Union Address] — que possibilita ao Presidente, como
ocorreu ultimamente, já em 2012, com Barack Obama, apresentar aos parlamentares
e ao eleitorado uma ideia geral do estado-d’arte da Administração do
mais poderoso e mais influente país da Terra.
A Ideia de Nonato
Este costume, de início, era visceralmente monárquico,
embora depois se tenha disseminado por países seguidores de outros regimes
políticos. Passou ao Brasil, com o transplante da Família Real portuguesa, em
1808, quando a Corte, fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte, veio dar com os
costados na próspera Colônia lusitana na América do Sul.
A fala do trono sempre faz uma espécie de diagnóstico do
presente e apresenta algum tipo de plano para o futuro imediato. Por mimetismo,
chegou-se às “mensagens” anuais que os antigos Presidentes de Províncias (e,
depois, os Presidentes estaduais e Governadores) apresentavam, de maneira mais
ou menos solene, às Assembleias Legislativas (ou ao Conselho Administrativo,
quando aquelas Casas legisferantes viram-se fechadas).
Nonato Guedes desenvolveu uma ideia seminal: publicar o
texto das mensagens lidas (ou enviadas) pelos Governadores à Assembleia
Legislativa, contextualizando as afirmativas do governante e, principalmente,
fazendo uma análise de tais discursos. É um estudo pioneiro, importante,
revelador. Um livro que ficará e que abre caminho para que em outros Estados se
faça o mesmo.
De Agripino a Ricardo
Começando por João Agripino Filho (1966), o livro de Nonato
Guedes contempla todas as Administrações governamentais do Estado, até os dias
de hoje (Ricardo Coutinho, empossado em janeiro de 2011). Temos, pois,
capítulos com títulos parecidos com o a seguir mostrado:
- a franqueza em João Agripino Filho;
- a coerência do "amigo velho" Ernani Sátyro;
- Ivan Bichara Sobreira e a traição na campanha;
- o "fenômeno" Tarcísio de Miranda Burity;
- as batalhas de Wilson Leite Braga;
- Ronaldo Cunha Lima, “um poeta no Poder”;
- Antônio Marques da Silva Mariz: “ética e seriedade num
político singular”;
- o “tríplice coroado” José Targino Maranhão, advogado e
empresário que por três vezes já assumiu o Governo paraibano;
- o "príncipe herdeiro" Cássio Cunha Lima; e
- a "República" de Ricardo Vieira Coutinho.
Outros Que Assumiram
Não pensem, por esta relação, abrangendo cerca de 50 anos
da vida pública na Paraíba, que Nonato Guedes tenha esquecido os
Vices-Governadores (ou Presidentes da Assembleia Legislativa ou, ainda,
Presidentes do TJPB) que assumiram o Governo do Estado, a fim de completarem o
mandato de titulares que se afastavam por desincompatibilização. Estão todos lá
no livro: os Vices ou detentores de mandatos-tampão:
- Dorgival Terceiro Neto;
- Clóvis Bezerra Cavalcanti;
- Rivando Bezerra Cavalcanti;
- Milton Bezerra Cabral;
- Cícero de Lucena Filho;
- Antônio Roberto de Sousa Paulino.
Rubão sobre Nona
No Jornal da Paraíba, o analista político Rubens
Nóbrega escreveu belo artigo sobre esta digna de aplausos iniciativa de nosso
incomum amigo comum, Nonato Guedes. Diz Rubão sobre Nona:
— Sobre todos os governadores perfilados Nonato faz
“apreciação jornalística” acerca da trajetória de cada um, “recapitula
passagens das campanhas políticas e adiciona informações de bastidores valiosas
para a compreensão dos perfis dos que administraram a Paraíba”, informa texto
de divulgação do livro que recebi no meio da semana finda. O mesmo “rilise” antecipa
que, n’A Fala do Poder, o autor também “fixa uma comparação sobre as
promessas de campanha e as realizações de governo, mostrando a distância entre
o palanque e o exercício do poder”.
São ainda palavras de Rubens Nóbrega:
— Segundo Nonato, “muitas vezes as promessas não foram
cumpridas devido a dificuldades de conjuntura, impactadas por seca, falta de
recursos federais e, em alguns casos, erro de perspectiva de governantes”. Como
se não bastasse, o velho Nona aborda ‘mudanças de contexto’ e de meios de
campanha utilizados pelos governadores paraibanos em diferentes épocas. “Agripino
foi governador numa época em que a política se valia de recursos tradicionais.
Ricardo Coutinho foi eleito sob a égide da era digital, com a proliferação das
redes sociais e dos movimentos organizados na representação popular”, assinala.
Marcondes Gadelha
et alii
O Prefácio do livro — que sai pela prestigiosa editora do
publicitário Carlos Roberto de Oliveira, a Forma Editorial, tendo Juca Pontes
como Editor, Milton Nóbrega como designer gráfico e Martinho Moreira
Franco como revisor — ficou a cargo da brilhante e erudita inteligência do
ex-Senador e Deputado Federal Marcondes Gadelha.
Mas o livro traz uma série de pequenos depoimentos sobre o
próprio Autor, Nonato Guedes. São minitextos da lavra de gente boa como Gonzaga
Rodrigues, Biu Ramos, Erialdo Pereira, Ulysses Guimarães, José Richa, Gustavo
Krause e uma pá tão grande de gente que já me está dando LER só em teclar...
Lenilson sobre Nonato
Numa entrevista concedida a seu irmão Lenilson Guedes,
Nonato reconhece que a obra, “em certo sentido, tem caráter inovador, porque,
além de trazer uma coletânea dos discursos de posse [dos Governadores], contém
apreciação crítica a respeito do tom dos pronunciamentos, emprestando caráter
didático ao conteúdo”.
E Lenilson ajunta outra informação: “Em princípio, o autor
pretendia enfocar apenas os discursos de posse dos governadores eleitos pelo
voto, mas acatou sugestões para incluir, também, os discursos correspondentes à
fase das escolhas indiretas, na década de 1970” .
Lançamento Imperdível
Dificilmente alguém esquecerá onde fica a Livraria do Luiz,
local do lançamento do livro de Nonato Guedes, dileto colega de uma convivência
que vem dos anos de 1970. Mas, por via das dúvidas, eis o endereço correto:
Praça 1817, 88, na Galeria Augusto dos Anjos, Centro de João Pessoa (entre as
ruas Duque de Caxias e a citada Praça 1817), fone 3222-6790.
Fazemos questão de explicitar tudo isto porque se trata,
efetivamente, de um lançamento imperdível — pelo tema, pelo Autor, pelo valor
intrínseco da obra.
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