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O acadêmico, escritor, jornalista e poeta José Nêumanne Pinto, também
comentarista de política, tem um decálogo para quem está se iniciando como
autor no campo da Literatura. [Clique na foto para ampliá-la]
Concluída a palestra na Academia Paraibana de Letras, José Nêumanne
Pinto é visto, aqui, nos Jardins de Academos, numa foto exclusiva da DruzzPress,
ladeado por Natércia Suassuna Dutra Ribeiro Coutinho (do IHGP), Isabel Castro
(esposa do conferencista) e Ana Isabel de Souza Leão Andrade (da ALANE-PB).
Também nos Jardins de Academos, o degas aqui com sua prima Isabel
Castro, esposa de José Nêumanne Pinto, neta do lendário “coronel” sertanejo Dr.
Ageu de Castro e filha de nosso colega de Colégio Diocesano em Patos (PB),
Alexandre Tabajara de Castro, o Xandinho. [Clique na foto para ampliá-la]
OS 10 MANDAMENTOS DE NÊUMANNE PARA
JOVENS AUTORES
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PARA NEÓFITOS NA VIDA LITERÁRIA, ESCRITORES DE PRIMEIRA VIAGEM, AUTORES
SEM-EDITORA ET ALII, O DECÁLOGO DE
JOSÉ NÊUMANNE PINTO
Evandro da
Nóbrega,
escritor, jornalista, editor
[druzz.judiciario@gmail.com]
Na semana que antecedeu a quinta-feira, 11 de dezembro de 2014,
anunciamos — tanto aqui, no Blogger, quanto no Facebook — que, nessa data, o
notável escritor, jornalista, poeta e acadêmico José Nêumanne Pinto, como
convidado, pronunciaria conferência especial no sarau comemorativo do primeiro
ano de existência do grupo literário Sol das Letras, liderado pelos escritores
Juca Pontes, Hélder Moura e outros.
Como previsto, a palestra de José Nêumanne foi mais que um sucesso: foi
um arraso, não apenas por seu belo,
inteligente e informativo conteúdo, mas também pela qualidade do público que
lotou completamente os Jardins de
Academos — vale dizer, a parte externa do prédio da Academia Paraibana de
Letras, bem no centro histórico da capital, sob aquele epíteto idealizada pelos
saudosos acadêmicos-presidentes Joacil de Britto Pereira e Luiz Augusto Crispim
(Lula Crispim para Nêumanne e muita gente boa mais).
Ao final da conferência, José Nêumanne — que chegara ao local
acompanhado de sua musa inspiradora, a doutoranda Isabel Castro (Musisabel, na
intimidade) — respondeu, com sua habitual desenvoltura, às diversas questões
que lhe iam sendo apresentadas pela seleta audiência. E viu-se depois
homenageado por grande número de amigos e admiradores com um jantar regado a
vinhos no Videira Enogastronomia, excelente restaurante do bairro de Manaíra.
A ÍNTEGRA DA PALESTRA
Temos a satisfação de apresentar, logo abaixo, a ÍNTEGRA (revisada pelo
Autor!) da conferência lida naquela noite por José Nêumanne Pinto. E, nesta
oportuna publicação, há duas vantagens:
1) se Você esteve lá, pessoalmente, na APL, no dia 11, ouvindo ao vivo a
palestra, tem nova oportunidade de rememorá-la de uma ponta à outra; e
2) se perdeu a conferência de Nêumanne, não tem problema: Você a lerá
agora, inteirinha, do jeito que o Autor a apresentou para quase duas centenas
de ouvintes.
Sem mais delongas ou nhém-nhém-nhés adicionais, vamos, portanto, ao que
interessa: o decálogo que Nêumanne, com total conhecimento de causa, elaborou para
os escritores neófitos daqui e de alhures. Em tempo: este mesmo texto
encontra-se, também on line, na
Estação José Nêumanne - Poesia, Jornalismo, Literatura, a partir do URL
http://neumanne.com/
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Os dez mandamentos para
um escritor iniciante no
Brasil
por José Nêumanne Pinto,
escritor, jornalista,
poeta, acadêmico.
1 – O primeiro mandamento é
recusar a mediocridade, pois para escrever bem é preciso ter tolerância zero
para o erro.
Conheci o prazer de fruir a boa literatura antes de aprender a ler.
Minha mãe dizia de cor poemas nas noites escuras e quentes do sertão na calçada
da casa onde morávamos em Uiraúna. Ali travei contato com Augusto dos Anjos,
Jansen Filho, Casimiro de Abreu e, principalmente, Antônio Frederico de Castro
Alves, os favoritos dela. Na primeira infância, me arrisquei a escrever logo
depois de me ter iniciado no prazer da leitura. Foi aí que percebi que para
escrever bem é preciso ler o máximo possível. Mas, de preferência, só ler
coisas boas. A má leitura é nociva à boa escrita. O primeiro duro desafio para
o autor iniciante é separar o joio do trigo. Certa vez, em Buenos Aires, o
genial ficcionista portenho Jorge Luis Borges me disse que a imprensa é uma
desgraça da humanidade, pois bom mesmo era o tempo dos papiros, pergaminhos e
dos palimpsestos (principalmente neste caso, pois um texto teria de superar o
outro para ser inscrito em cima dele), quando reproduzir a escrita dava muito
trabalho, não era mecânica, como passou a ser por causa do prelo. Um dos
escritores favoritos de Borges, o britânico Chesterton, escrevia muito para
jornais, mas dizia que quando desejava saber do que se passava na humanidade
lia a Bíblia.
Os grandes escritores acabam por adquirir autonomia para o exercício
seletivo do livre arbítrio em meio à profusão de publicações que a indústria
editorial oferece. Cada dia fica mais fácil reproduzir escritos e cada dia mais
proliferam textos ruins, que os autores praticamente impõem aos editores e
estes aos leitores. Qual terá sido o efeito disso na enorme oferta de livros
pela indústria editorial e na queda de qualidade? O grande poeta paraense Ruy
Barata dizia nos “botecos literários” de Belém: “Uma livraria tem um poder
enorme; para o bem ou para o mal. Sua vida inteira pode depender da escolha
que, dentro dela, você vier a fazer”.
Ou seja, o autor iniciante precisa ser vacinado contra a pior das pragas
literárias, a contaminação da mediocridade. A mediocridade é ostensiva,
exibicionista e tirânica. O medíocre não se contenta em sê-lo. Ele quer ter
cúmplices. Danou-se: senti-me incorporando Nelson Rodrigues ao lhes afirmar
isso. Mas voltemos ao rés do chão. Eu tenho fama de ser malvado e até
grosseiro, mas até hoje nunca tive coragem de rejeitar de cara um livro ruim
que me oferecem. Minha mãe ficava furiosa com minha mania de corrigir os erros
de português da conversa de suas amigas. Talvez por isso, sinto certa
dificuldade até para não por na estante a má obra, capaz de contaminar as
melhores na minha biblioteca.
No avião, vindo para cá, prometi a Isabel que vou jogar fora todos os
livros medíocres em nossa casa. Vai ser uma limpeza e tanto. Neste particular,
há o que chamo de ponto de corte, como se estivesse corrigindo uma prova de
vestibular: é o erro gramatical. Já recebi livro com erro gramatical no título,
na capa. Vou continuar recebendo, mas não guardarei mais. Um escritor que
comete erro gramatical é como se fosse um mecânico que não sabe como funciona o
motor nem para que serve o combustível. Para a mediocridade a tolerância tem
que ser zero.
2 – O segundo mandamento é
vencer a maldição da fuga do profeta.
Um de meus textos favoritos é o Sermão da Sexagésima, do
padre Antônio Vieira. Nele o grande pregador diz que há dois tipos de
sacerdotes, os párocos e os missionários. É uma lição de vida. Ao contrário do
que reza o ditado, o profeta pode, sim, ser ouvido em sua terra. Márcia Lígia
Guidin, da Miró Editorial, me pediu para lhes contar que o bom escritor não
precisa sair de sua cidade para publicar. Concordo com ela. Marisa Lajolo
(pesquisadora, assessora do prêmio Jabuti e autora de Do mundo da leitura
para a leitura do mundo) e a vida lhe dão razão: Waldemar Solha mora em
João Pessoa e mantém a alta qualidade de seus textos de crítica e ficção. Relato
de Prócula, editado originalmente na Girafa, uma editora da qual fui sócio,
é um exemplo. O poeta amazonense Aníbal Beça nunca saiu de Manaus, é pouco
conhecido no resto do Brasil, mas famosíssimo no Caribe. Assim também ficaram
em Belém os magníficos poetas João Jesus de Paes Loureiro, Pedro Galvão e Ruy
Barata, que ciceroneou uma visita de Elizabeth Bishop à Amazônia e isso está
registrado nas cartas dela.
Socorro Acioly, 39 anos, nascida em Fortaleza, que estreou com O
pipoqueiro João, publicado pela editora Nação Cariry, quando ela tinha 8
anos, não precisou sair de Fortaleza para ganhar com seu livro Ela tem
olhos de céu, o prêmio Jabuti de Literatura Infantil de 2013. Outro exemplo
em Fortaleza é o da editora Tupynankin, do cordelista Klevisson Viana. Moram em
Recife o médico cearense Ronaldo Correia de Brito, autor de Galiléia,
Prêmio São Paulo de literatura, editado pela Cosac & Naif, a mais chique
editora brasileira; o historiador Frederico Pernambucano de Melo, que
escreveu Guerreiros do sol; e a psicanalista Maria Cristina
Cavalcanti de Albuquerque, autora do primoroso romance Luz do Abismo,
os dois últimos editados por mim na Girafa. Everardo Norões, que
nasceu no Crato e viveu na França, Argélia e Moçambique, agora foi publicado
pela Confraria do Vento, que tem Karla Melo como editora, em Recife, e venceu o
prêmio Jabuti de Conto e Crônica com a coletânea Entre moscas,
superando Antônio Prata e outros cronistas de grandes jornais. O poeta Mário
Quintana nunca saiu do Rio Grande do Sul nem o folclorista Câmara Cascudo do
Rio Grande do Norte. Dalton Trevisan ganhou fama internacional morando em
Curitiba. O poeta Manoel de Barros morreu há pouco tendo passado a vida inteira
em seu Mato Grosso natal. Muita gente na província tende a encarar o avião para
o Sudeste como o caminho da salvação. Este é “um ledo e ivo engano”, como
diziam antigamente os gozadores bem informados na Praça do Rotary, na Campina
Grande de minha adolescência.
3 – O terceiro mandamento é
não se desesperar com as tentativas malogradas de convencer um editor de sua
genialidade ignota.
Chegamos agora ao desafio da estreia. Primeiramente, não se apresse,
pois não há limite de idade. Ana Luisa Escorel, paulistana, 70 anos, filha da
professora Gilda e de Antonio Candido de Melo e Souza, o mais venerado crítico
literário brasileiro, venceu o Prêmio São Paulo de 2014, o de maior valor
monetário, com o romance Anel de vidro, ao lado de Verônica
Stigger, gaúcha, de 41 anos, estreante, com Opisanie swiata (Cosac
& Naif), título que supera em complexidade A intertextualidade das
formas simples, de nossa amiga Betinha Marinheiro.
Wander Soares, que dirigiu a Saraiva, me pediu que contasse a vocês que
há dois meios de editar um livro no Brasil hoje: a autopublicação e a maratona
da aprovação por uma editora estabelecida, não necessariamente no Sudeste ou no
Sul. A primeira pode ocorrer de duas maneiras: assumir a missão de imprimir e
vender ou pagar para um profissional fazer isso. Há editores que por dinheiro
fazem qualquer negócio. Outros, não: exigem qualidade. Lembro-me de um jantar
com meu saudoso amigo Luiz Augusto Crispim no qual ele me contou que, sendo um
autor bem vendido de compêndios na área jurídica na Saraiva, teria de financiar
a própria edição de livro de poesia ou ficção desde que, primeiro, passasse
pelo crivo de qualidade do grupo editorial. Ele tinha que apresentar um bom
livro e pagar por sua edição. Assim também agia o badalado editor Massao Ohno,
que pontificou em São Paulo nos anos 60 e 70. Mas há também editores que, tendo
a edição paga, editam qualquer coisa.
A maratona é dura e exige paciência. Mande o texto para um editor e
saiba que só terá noção do destino dele se aquele editor resolver publicá-lo.
Receber o texto recusado de volta, nem pensar. Custa caro. E muito editor nem o
lerá. Mais fácil será jogá-lo no lixo. Mas nunca perca a esperança. Faça cópias
e mande para outros. Se não conseguir furar o bloqueio, que não é fácil, poderá
optar também pela nova opção do livro editado por internet. Muita gente tem
apelado para isso com êxito. Não há mais editores como José Olympio, que
publicou tudo o que os grandes autores brasileiros, que frequentavam sua
livraria no centro do Rio, escreviam. Nem como Ênio Silveira, que se tornou um
ícone da resistência de esquerda à ditadura militar na Civilização Brasileira,
cujos livros eu lia sofregamente à época de minha adolescência em Campina
Grande, comprando-os na Livraria Pedrosa. Aliás, não há mais Livraria Pedrosa.
Nem a Livraria Teixeira na rua Marconi, no centro de São Paulo, que eu
costumava frequentar nos anos 70 ao lado do poeta Ronaldo Cunha Lima, que
trabalhava no Banco Industrial de Campina Grande, no mesmo quarteirão. Agora as
livrarias são shopping centers que vendem de tudo, também às
vezes livros.
Sou rato de livraria desde a infância e agora tive de me acostumar a um
novo hábito: mesmo diante de estantes cheias, nunca encontro o livro que
procuro, como encontrava antes. Agora tenho de encomendá-lo. Qualquer livraria,
salvo raras exceções, só vende o que lhe é pedido. Nem assim, tem compra firme
nem o livro é faturado. Quando fui editor na Girafa, começou o hábito da
consignação. Agora sem consignação não há salvação. O editor só conseguirá
entregar o livro se o receber de volta se não vender. E mesmo que venda muito,
ele não fatura a reposição, mas põe em consignação. É o novo jeito de fazer
negócio.
Ainda segundo Wander Soares, que dá consultoria a grandes editores, há
duas novidades mais hoje em dia. A primeira é a globalização. Cada vez mais
mandam no mercado editorial brasileiro as multinacionais, principalmente
europeias, mas também americanas. E a globalização tem mão inversa: agora o
editor brasileiro aposta no mercado externo. De modo geral, ele ainda sonha com
a publicação de um autor que lhe reserve um lugar na história da literatura.
Mas isso é cada vez mais raro. O livro é cada vez mais um negócio globalizado.
Por isso, não se usa mais a palavra “originais”. Hoje está na moda o projeto.
Você apresenta um projeto, o editor faz o cálculo se pode ser lucrativo ou se
ao menos paga as despesas. E aí pode decidir a seu favor. Ou não. Feiras de
livro como a de Frankfurt, na Alemanha, são vitrines poderosas neste novo
negócio globalizado.
A figura do editor, que acompanha o autor, aconselha, de
certa forma e influi, até corrige textos, como fazem Pedro Paulo de Sena
Madureira, que está fora do mercado no momento, e seu discípulo José Mário
Pereira, da Topbooks, que editou meu último livro, O que sei de Lula,
é cada vez mais rara. Hoje predomina o publisher, o profissional
que faz negócio com o livro. Uma coisa, contudo, não mudou: o assessor, como
Wander, ainda aponta, indica, influi. Este é capaz de ler as primeiras cinco
páginas, quando muito, de umprojeto e saber se vale a pena
continuar, ou não. Ou seja, mesmo nesta época da cultura de massa, da
globalização das grandes editoras (espanholas, italianas, inglesas, americanas,
etc.), o livro ainda tem a importância que tinha no passado, a despeito das
mudanças de rota.
Meu editor e amigo José Mário Pereira, que é sócio da mulher, Christine
Ajuz, que trabalhou comigo no Jornal do Brasil, é otimista em
relação à sobrevivência do livro como suporte de conteúdo. Ele me mandou uma
mensagem respondendo a algumas perguntas a respeito do tema e nela me escreveu:
“Mesmo diante dos vaticínios tempestuosos de alguns, que dizem que o
livro no seu formato tradicional logo vai acabar, nunca se imprimiu tanto.
Mesmo os que se valem de instrumentos eletrônicos para ter acesso a certos
livros acabam por comprar também o livro em papel. Há estatísticas que
comprovam esse fato. Mesmo como a facilidade de se obter informação pela
televisão e pelo computador, o livro continua sendo o meio mais eficaz de
apreensão e fixação do conhecimento. As grandes bibliotecas do mundo todo
continuam a comprar livros, embora estejam preocupadas também em digitalizar o
seu acervo. Nos Estados Unidos, por exemplo, compra-se tudo que se publica no
Brasil. As bibliotecas americanas disponibilizam para o pesquisador livros
brasileiros raros, que aqui se demora a localizar em nossas melhores
bibliotecas. Wilson Martins costumava dizer que só escreveu a História
da inteligência brasileira porque o fez nos Estados Unidos, onde era
fácil pesquisar e o sistema de empréstimo entre bibliotecas realmente
funcionava.
Zé Mário tem razão. O Sindicato Nacional dos Editores (Snel) e a Câmara
Brasileira do Livro (CBL) costumam encomendar pesquisas sérias sobre o
desempenho e a expansão do nosso mercado livreiro e, ao que tudo indica, a
indústria editorial brasileira passa por um período de grande vitalidade. São
muitas as feiras editoriais que se realizam pelo país afora, a começar pela
Bienal do Livro, e, ao que se sabe, o resultado final tem deixado contente o
mercado. Essas feiras ainda ajudam a democratizar o livro junto às classes
menos favorecidas, pois nelas muitos livros são vendidos com descontos que
estimulam a compra.
De acordo com a pesquisa bastante confiável da Câmara Brasileira do
Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores e Livreiros (Snel), conforme
me informou Cristina Lima, da Câmara, em 2013 foram vendidos no Brasil 279
milhões e 660 mil exemplares de livros - 4,13% mais do que os 278 milhões e 560
mil vendidos em 2012. Deste total o governo comprou 200 milhões e 300 mil em
2013, um número bem maior do que os 166 milhões e 350 mil comprados em 2012. O
faturamento total - considerando vendas ao governo, em livrarias ou por outros
métodos - foi de R$ 5 bilhões e 350 mil em 2013, um aumento real de 1,52% em
relação ao apurado em 2012, considerando-se o IPVA de 5,91%. E o preço real de
capa aumentou 1,7% de 2012 para 2013.
Convenhamos que não é um mau resultado, mesmo se se considerar que o
perfil desse crescimento não foi alentador, pois mostra o declínio de obras de
qualidade e o constante aumento da produção de livros religiosos, de autoajuda
e didáticos. Neste último o crescimento, mesmo tímido, se deve quase todo aos
programas de compra e distribuição de livros do governo federal, que é o maior
comprador das editoras no País e um dos maiores do mundo, só perdendo neste
particular no mundo para o México.
4 – O quarto mandamento é
perseverar, pois ainda é possível um autor desconhecido publicar seu livro.
Antes de abordar este quarto mandamento, contar-lhes-ei três histórias
clássicas de descobertas de autores que se consagraram.
O poeta e banqueiro Augusto Frederico Schmidt descobriu Graciliano Ramos
lendo no Diário Oficial a prestação de contas dele como
prefeito de Palmeira dos Índios. O poeta achou o texto bem escrito e tratou de
escrever ao prefeito alagoano para dizer que, se tivesse algum romance na
gaveta, o enviasse para ele ler. Foi aí que resolveu editar Caetés,
livro de estreia do mestre Graça.
Nos anos 50 o jornalista alagoano Audálio Dantas fazia uma reportagem
para a Folha de S.Paulo na favela do Canindé em São Paulo
quando conheceu Maria Carolina de Jesus, que lhe mostrou anotações em papéis
amarfanhados. Foram o ponto de partida para Quarto de despejo, um
dos livros de maior sucesso no Brasil em todos os tempos.
Adélia Prado mandou sua obra poética para Carlos Drummond de Andrade. O
poeta a leu e ficou fascinado. Chamou seu amigo e exegeta Affonso Romano de
Sant’Anna e os dois procuraram Pedro Paulo de Sena Madureira, editor à época da
badaladíssima Nova Fronteira, de Carlos Lacerda. O livro foi publicado com
texto introdutório da ensaísta Margarida Salomão. A noite de autógrafos foi uma
das mais concorridas à época. Até Juscelino Kubitschek compareceu. Adélia ainda
faz tanto sucesso que dia destes participei de um público entusiasmado que a
ouviu e aplaudiu no enorme teatro do TUCA, lotado, em São Paulo. Negando a
teoria de que o profeta tem de sair de sua terra para ser ouvido, até hoje
Adélia mora em Divinópolis e só sai de lá para ser ouvida e aplaudida no mundo
inteiro, mas depois volta ao interior de Minas, onde nasceu e vive.
Raimundo Gadelha acha impossível que estas histórias se repitam hoje em
dia. Segundo ele, somente se houvesse uma “trama mirabolante” de uma
instituição com poder para tal e de olho nos desdobramentos (financeiros,
principalmente) de que, a médio e longo prazos, poderia se beneficiar. Márcia
Lígia Guidin, da Miró, que acaba de editar o excelente romance O
incrível testamento de Dom Agápito, de Helder Moura, lançado originalmente
pela Chiado, editora portuguesa, discorda dele: “Creio que estes casos podem
acontecer de novo, embora seja mais difícil encontrar padrinhos suficientes, de
vez que há escritores demais”, disse-me ela.
5 – O quinto mandamento reza
que o autor iniciante precisa estar atento para aproveitar as oportunidades que
aparecem.
Este foi o meu caso. Sempre fiz sucesso como jornalista, mas tudo o que
eu queria era ser reconhecido como literato. Embora nunca tenha misturado uma
coisa com outra, até porque estas coisas não se misturam, nunca tive vergonha
de usar o poder conquistado no jornal para abrir espaço no universo das letras.
Aos 30 e poucos anos, eu era secretário de redação do poderoso Jornal
do Brasil no Rio e procurei Pedro Paulo de Sena Madureira, com quem eu
tinha trabalhado em 1969 na Editorial Bruguera em Olaria, em pleno vapor na
Nova Fronteira, para editar um livro de poesia, Os solos do silêncio,
prefaciado pelo respeitado poeta, crítico e tradutor José Paulo Paes. Pedro
aprovou o livro, mas saiu da Nova Fronteira depois de brigar com Sérgio
Lacerda, filho do ex-governador e herdeiro da editora. Sérgio escreveu para meu
patrão, Nascimento Brito, insinuando que eu teria um caso homossexual com o
ex-editor dele. No fim, para evitar confusão, o livro foi editado pela
Secretaria de Cultura da Paraíba no governo Milton Cabral. O secretário era
Lula Crispim. E o governador, ao receber o exemplar autografado das mãos de meu
pai, balançou-o no ar, como se fosse um bezerro para pesar, e reclamou que era
fino e leve demais para ter algum valor.
Meu primeiro grande sucesso foi a cobertura que fiz como editor de
política do Estadão da campanha presidencial de 1989 e foi
editado por Pedro Paulo na Siciliano. O resultado, o livro Atrás do
Palanque, passou seis meses na lista de dez mais vendidos da revista Veja.
Isso e mais o prêmio Senador José Ermírio de Moraes da Academia Brasileira de
Letras de 2005, que ganhei com o romance O silêncio do delator,
considerado o melhor livro de 2004, me garantiram recepção razoável de editores
para meus livros, já perfazendo hoje um total de uma dúzia.
Nem tudo o que aconteceu comigo acontecerá automaticamente com qualquer
outro iniciante. Mas meu exemplo serve para mostrar que um bom trabalho no
jornalismo ou em publicidade pode favorecer o escritor a realizar seu sonho de
estrear no mercado livreiro.
Neste sentido, Zé Mário me pediu que lhes contasse que, como aconteceu
comigo, hoje muitos autores são descobertos devido à atuação profissional
deles na imprensa, na internet ou na televisão. É o caso da atriz Fernanda
Torres, por exemplo, cujo romance de estreia, Fim, vendeu mais de
cem mil exemplares e agora está sendo lançado em várias línguas. Gregório
Duvivier, que virou bestseller, Daniel Galera, autor de
grande fortuna crítica, e outros de que se fala muito agora foram descobertos
via presença na mídia, e não porque procuraram, como se fazia tradicionalmente,
uma editora ou um editor.
6 – Nem tudo está perdido
para quem tem fé, talento e força de vontade – este é o sexto mandamento.
Para autores nunca publicados episódios similares ao da corrente que
revelou Adélia Prado – Drummond, Affonso, Pedro Paulo – são cada vez menos
prováveis. Mas não impossíveis. Zé Mário garante que as editoras recebem e
avaliam muitos originais, que agora também são encaminhados via internet de
todo o Brasil e às vezes até de fora do País. O acesso ao mercado editorial se
democratizou. É bom lembrar que muitos autores estão colocando seus textos na
internet, às vezes livros inteiros. E nesse processo se tornam conhecidos,
despertando o interesse das editoras quando se trata de obra de valor literário
indiscutível.
“Sim, é possível e até não é tão difícil assim”. O grande
problema, segundo Raimundo Gadelha, da Escrituras, é o que fazer com isso, se
este é um país que, além de ler muito pouco, tem uma população que, em
condições normais de temperatura e pressão, cresceu “aprendendo a ler mal”. Além
do mais, ainda conforme Gadelha, tornou-se quase insolúvel a questão da
distribuição do livro no Brasil e no mundo. E ela se tem agravado depois de o
livro ter passado a receber o mesmo tratamento dado à chamada fast food.
Esgota-se cada vez mais a possibilidade de grandes e perenes obras. Em seu
lugar ganha força a “leitura de rápido consumo” e, para os empresários das
redes de livrarias, menos importa a qualidade do que um giro rápido pelos
caixas.
Mas a boa literatura ainda tem seu lugar no mercado. Qualidade também
ajuda a vender, embora não seja suficiente isoladamente.
7 – O sétimo mandamento é
mandar textos para os inúmeros concursos literários existentes no País. Há que
se informar sobre eles e se inscrever em todos quantos for possível fazê-lo.
Tais concursos hoje em dia podem ser uma boa fonte de renda (há prêmios
bem suculentos, como o São Paulo de Literatura) para quem os vença. Além disso,
eles servem realmente de peneira para que autores desconhecidos e de talento
sejam publicados e, depois, façam sucesso. Ser desconhecido, vencer um concurso
e ser publicado é, sem dúvida, o primeiro passo e representa uma conquista da
maior importância. Mas voltamos ao velho problema da distribuição... Tirando o
orgulho e a satisfação pessoal do autor, de que vale a editora publicar se a
grande maioria das livrarias não aceita, mesmo em consignação, os livros?
Outro caminho é participar das feiras literárias. Sem elas a situação,
certamente, estaria ainda pior, embora sejam cada vez mais
realizadas para o turismo do que para a cultura. Elas ajudam o escritor
iniciante, porque dentro delas, ou na periferia delas, sempre se encontra
espaço para divulgação do que está se produzindo de bom. Feiras no interior do
País, por exemplo, ajudam a aproximar os bons escritores dos bons leitores e
desse diálogo acaba se sabendo o que se produz de bom localmente.
8 – O oitavo mandamento é
não se envergonhar de não conseguir viver de direitos autorais. Viver de
direitos autorais é ainda mais raro do que publicar um livro e até mesmo fazer
sucesso com ele. Os direitos de meu livro Atrás do palanque, apesar
do sucesso, não substituíam meu salário como jornalista.
A profissionalização é um desafio enorme para o estreante. No Brasil
durante muitos anos Jorge Amado era o único escritor que podia viver
confortavelmente de seu ofício. Hoje a situação melhorou um pouco. Há Paulo
Coelho, conhecido internacionalmente. Tive a oportunidade de testemunhar filas
dobrando o quarteirão para conseguir autógrafos dele em Paris. Fui muito amigo
de Marcos Rey, que conseguiu isso. Dia destes Isabel e eu nos encontramos com a
viúva dele, Palma Donato, num café de shopping, e ela não estava
insatisfeita com a renda produzida pelos livros do autor de O enterro
da cafetina e O último mamífero do Martinelli.
Lembro-me ainda de Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Antônio Torres e
Fernando Moraes, que vivem de escrever. Ruy Castro também aceita entrar nesta
lista, mas observa: “Eu que não escreva para jornais para ver se o rendimento
dos livros chega para as despesas...” Restrinjo a lista aos literatos, porque sabemos que os autores de livros
religiosos, didáticos e de autoajuda vendem o suficiente para viver bem. Além
de autores de livros polêmicos em nosso conturbado ambiente político - caso
de Assassinato de reputações, do delegado Romeu Tuma Jr, meu velho
amigo e grande sucesso nos perfis sociais.
Mas o escritor estreante não deveria, a meu ver, sonhar tanto com isso.
A profissionalização é a loteria dos que já ganharam outra loteria. Nossa
tradição não privilegia o escritor profissional. Temos geniais amadores de que
nos orgulhar. Machado de Assis era funcionário público, como o era Drummond, e
Joaquim Nabuco, diplomata, como João Cabral de Mello Neto, e político, como José
Américo de Almeida, o melhor texto da Paraíba. Por falar em paraibano, Augusto
dos Anjos, meu patrono nesta casa, foi mestre-escola no interior de Minas,
tendo sido, portanto, colega de ofício de Isabel, minha mulher. José Lins do
Rego era promotor. João Guimarães Rosa, médico e diplomata. Ariano Suassuna era
professor universitário. E por aí afora. Um grande escritor não terá de ser um
profissional de ofício. Os exemplos de gênios amadores provam isso.
9 – O nono mandamento é nada
esperar da crítica literária publicada nos meios de comunicação.
Não poderia terminar estas palavras para abrir nosso papo sem lamentar a
extinção da crítica literária nos meios de comunicação - e particularmente na
imprensa, na qual milito. Antigamente todos os bons jornais tinham o seu
crítico literário de plantão e o seu suplemento literário. Antônio Olinto
escreveu durante anos a fio a coluna Porta de livraria no Globo do
Rio. Álvaro Lins, Antonio Candido, Agripino Grieco, Afonso Arinos de Melo
Franco, Augusto Frederico Schmidt e José Guilherme Merquior escreveram muito em
jornal. Este último, por exemplo, estreou no famoso Suplemento
dominical do Jornal do Brasil. A época dos grandes
suplementos foi gloriosa para a nossa literatura.
Havia também revistas como a Senhor, na qual Merquior também
escreveu, ao lado de Ferreira Gullar, Paulo Francis e Ruy Castro. Hoje temos
o Rascunho e a Piauí, mas os grandes jornais
reduziram muito o espaço para livros. Adotou-se há muito a resenha, quase
sempre mais informativa do que analítica. Este, infelizmente, é um fenômeno
quase internacional, apesar da perenidade de jornais culturais do nível
do New York Review of Books, nos Estados Unidos, onde escreveu
Edmund Wilson, e os ingleses London Review of Books e Times
Literary Supplement.
Hoje nos limitamos à crítica acadêmica. E nem sempre ela tem sido de boa
ajuda, embora ainda seja o último baluarte, ou balaústre, como diria meu amigo
Bob Coutinho, dono do restaurante Plataforma Grill, em São Paulo,
da tentativa de informar o público sobre o que se faz de bom na literatura
brasileira.
Preciso aqui abrir parênteses nesta edição por escrito de minha
palestra para preencher uma lacuna da qual fui alertado pelo colega
escritor e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, na
Bahia, Aleilton Fonseca. Sou velho amigo e fã de Aleilton, que foi o autor de
uma das melhores resenhas sobre meu romance premiado pela ABL O
silêncio do delator, fazendo parelha com gente como Wilson Martins, Ledo
Ivo e Bráulio Tavares. Não tenho sequer diploma universitário, et pour
cause, nenhuma vivência acadêmica. Passou-me, por isso, despercebida a
lacuna percebida por Aleilton após ler, como muitos outros amigos meus, a
versão do texto que li na APL. Peço, pois, vênia a ele e a meus leitores para
citar parte de sua mensagem encaminhada por e-mail:
“Faltou um mandamento que falasse da via universitária e escolar para
escritores que existem e são correntes nesse nicho. É um espaço de leitura,
crítica e estudos quase invisível, mas importantíssimo, porque constrói
reputações e memórias em jovens - que no futuro repercutirão o nome e as obras
dos autores agora lidos e estudados. Eu - como autor -praticamente só
existo nesse nicho”, escreveu ele, que se considera “parte do grupo de autores
que - embora invisíveis na imprensa literária – são reconhecidos dentro de
escolas e universidades, como tema de estudos, artigos e trabalhos de grupo,
sendo convidados como palestrantes”.
A obra de Aleilton é tema de dissertações de mestrado até no Paraná. Já
foi estudada na França, na Alemanha, no Canadá e no Paraguai. Ele tem textos
publicados em cinco línguas e livros editados na França, Bélgica e Canadá e
inspirou tese de doutorado na UFBA. Seus livros são adotados em
várias escolas e seus textos, utilizados em cursos de pós-graduação. Há
três anos, um livro seu cai no vestibular da UNEB, na Bahia. Fez
palestras como escritor em cinco universidades francesas - Sorbonne, Nanterre,
Toulouse, Rennes e Nantes. Como escritor foi à Hungria e em 2015 irá à Itália,
Portugal, Espanha e França. Seu livro Les marques du feu foi
adotado no Lycée des Arènes, em Toulouse, onde os alunos fizeram uma
exposição de arte (escultura, pintura, gravura, video, quadrinhos etc), tudo
baseado nos contos dele.
O depoimento de meu amigo baiano, a meu ver, entrou como uma luva neste
texto, depois de feito, lido e analisado por muitos amigos, que funcionam como
uma espécie de rede de proteção neste salto de trapézio, formando, como brinca
Isabel, minha rede social pessoal e intransferível, ao modelo da adotada também
por Evandro da Nóbrega, para quem “Nóbrega burro é como baiano burro: nasce
morto”.
Em situação similar à de Aleilton, este amigo ainda me fez o favor de
relacionar os colegas Francisco Dantas, romancista de Sergipe, que, embora
editado pela Companhia das Letras anos atrás, foi relegado a segundo plano,
porque não teve boas vendas, dizem, mas ainda é muito estudado por acadêmicos;
Carlos Ribeiro, de 56 anos, romancista baiano, contista, jornalista,
professor da UFRB, com várias obras, estudado em mestrado e em doutorado;
Aramis Ribeiro Costa, de 64 anos, romancista e contista fabuloso e hoje
presidente da Academia de Letras da Bahia; Antonio
Brasileiro e Roberval Pereyr, poetas de Feira
de Santana, Bahia, ambos muito estudados e adotados nas
universidades locais, com vários livros publicados e alguns prêmios.
Na mesma situação são ainda encontrados na velha São Salvador meu antigo
colega no Jornal do Brasil Florisvaldo Mattos, Myriam Fraga,
na opinião de Aleilton, e não tenho como duvidar dele, “esplêndida, talvez a
melhor poeta mulher do Brasil atual”, Luís Antônio Cajazeira Ramos,
Gláucia Lemos e Fernando da Rocha Peres. Ele chamou atenção também para
Claudio Aguiar, pernambucano, atual presidente do Pen Clube, com romances
importantes e sem a devida atenção; Iacyr Anderson Freitas, poeta de Juiz de
Fora, Minas Gerais; e Evaldo Balbino, outro mineirinho, da UFMG, contista,
poeta e ensaísta, que recebeu alguns prêmios.
Cito ainda entre escritores que fazem sucesso acadêmico, mas não furaram
a muralha que protege a elite literária nacional, o poeta cearense Adriano
Espínola, meu companheiro de saraus de sábado na Livraria da Travessa, de
Ipanema. E, last
but not least, Aleilton relacionou Rinaldo de Fernandes, maranhense
radicado na Paraíba, professor da UFPB, meu parceiro na organização da
antologia Os cem melhores poetas brasileiros do século, editada em
2001 pela Geração Editorial, de São Paulo. Rinaldo está no meio termo: como
crítico e ficcionista é celebrado na academia. Como autor de antologias, já
conquistou um lugar ao sol no mercado livreiro. Chico Buarque do Brasil,
que inclui um poema meu, chegou a ficar entre os livros mais vendidos no
caderno Ideias e Livros, do extinto Jornal do
Brasil. Tanto num caso, o circuito acadêmico, quanto no outro, o círculo
literário, sem sair do Nordeste, Rinaldo realizou seu sonho de adolescente: “Hoje, aonde eu chego encontro leitores, gente que
conhece e lê o meu trabalho”
10 – E chegamos, enfim, ao
décimo mandamento: frequentar academias e tirar proveito do convívio dos
acadêmicos ou de suas atividades.
Por último, permitam-me dedicar o último mandamento a esta nossa Casa de
Coriolano de Medeiros. Acho que as academias, mesmo sendo muito enxovalhadas
(como o foi a ABL pelo coleguinha Mário Sérgio Conti na Folha de
S.Paulo, por ocasião da posse de Ferreira Gullar), cumprem um papel
positivo para a divulgação da literatura e a criação de espaços para a
manifestação dos escritores. Prefiro aqui apelar para o depoimento de meu
último editor, José Mário Pereira, que me escreveu pontificando:
“A Academia Brasileira de Letras edita livros, promove vários seminários
durante o ano, desenvolve intercâmbio com universidades estrangeiras e abre
seus espaços à visitação do público. O Pen Club também tem se mostrado muito
ativo. Idem a Academia Carioca de Letras, que acaba de empossar Martinho da
Vila. Isso para lembrar o que acontece no Rio de Janeiro. E poderíamos citar
ainda o exemplo de São Paulo, de Pernambuco, da Paraíba e de muitas outras
instituições culturais espalhadas pelo País verdadeiramente comprometidas com a
divulgação do que se produz de bom na literatura, nas artes, na música, no
folclore, etc. Os jovens escritores têm sabido se reunir em blogs,
via facebook, e esse entrosamento acaba resultando num melhor
conhecimento do que está acontecendo com quem começa a escrever e tem interesse
em ver divulgado o seu trabalho”.
Aqui ainda não
chegamos a este ponto, mas apoio com entusiasmo a abertura que a Academia
Paraibana de Letras está dando para os estudantes conhecerem seu funcionamento.
E acredito que isso poderá no futuro contribuir para incentivar jovens e bons
autores a produzir, publicar e se aprimorar.
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