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O crítico
literário, escritor, acadêmico, professor universitário, poeta e ensaísta
Hildeberto Barbosa Filho. [Clique na foto para ampliá-la]
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EM
SUAS “INDAGAÇÕES ALEATÓRIAS”, O CRÍTICO LITERÁRIO HILDEBERTO BARBOSA FILHO NOS
PERGUNTA “QUE MUNDO É ESSE EM QUE”...
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Evandro
da Nóbrega,
escritor,
jornalista, editor, sócio efetivo do
Instituto Histórico
e Geográfico Paraibano
[druzzevandro@gmail.com]
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Temos
a satisfação de reproduzir abaixo o mais recente artigo do professor
universitário, escritor, poeta e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho.
Este escrito foi publicado na sua coluna do jornal A UNIÃO, em João Pessoa, neste
final de semana. Hildeberto está para lançar mais dois livros, mas, por
enquanto, vamos nos contentar com a leitura de mais um de seus imperdíveis
comentários:
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COLUNA: LETRA LÚDICA
TÍTULO DO ARTIGO: Indagações
aleatórias
AUTOR: Hildeberto Barbosa
Filho
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No campo literário:
Que
mundo é esse em que não posso, posto em sossego, prosear com meu velho amigo
Charles Baudelaire? Em que poetas menores, seduzidos pelo canto de sereia dos
brinquedos linguísticos, cortam uma palavra aqui, invertem os parênteses ali e
alongam os dois pontos no começo do verso, consideram-se, por estes falsos
artifícios formais, os descobridores da pólvora poética?
Que mundo é esse no
qual a poesia se transformou numa coisa de plástico biodegradável a que todos
têm acesso, quer na fatura, quer na recepção? Que mundo é esse em que Olavo
Brás Martins dos Guimarães Bilac não soube ler Augusto dos Anjos, expelindo
sobre sua lírica antiestelar toda sua marmórea indiferença de viperino
parnasiano?
No setor dos eventos:
Que
mundo é esse em que no “Agosto das Letras” se tratam intelectuais e poetas à maneira
de João Machado em relação a Augusto, não lhes dando, de forma decente e em
tempo hábil, a devida contraprestação pelos serviços ofertados? Que mundo é esse onde existe um Cariri na
memória e, na memória, uma FLIBO, cuja coordenadoria não paga o cachê do
palestrante convidado nem lhe restitui a gasolina do transporte particular,
pesar de todo acerto que houve antes, seja por telefone ou por e-mail?
Que
mundo é esse onde gestores de seletos condados intelectuais não desenvolvem a
capacidade de escuta e simplesmente ignoram seus pares, valendo-se apenas dos
suspensórios de sua vaidade pessoal para tomar ridículas, absurdas e patéticas
decisões? Onde academias de letras e institutos históricos acolhem togados,
políticos e amanuenses, na mais das vezes medíocres em suas respectivas áreas
de atuação, e rejeitam cientistas, estudiosos, ensaístas, artistas e escritores
de talento?
Na esfera do mercado:
Que
mundo é esse onde Roberto Carlos é rei, onde Paulo Coelho é escritor e onde um
tal de “Pato” se diz craque de bola? Que mundo é esse onde o cidadão de bem
está preso e refém das grades, alarmes e cercas elétricas de seus cárceres
privados, enquanto o crime organizado comanda a ordem política, econômica e
social?
Que mundo é esse onde o capital simplesmente devora o trabalho e a
mais-valia cresce assustadoramente na mesma proporção em que cresce
assustadoramente a ferrugem da miséria? Que mundo é esse onde a alguns só resta
venderem seus órgãos para poder sobreviver? Onde multidões de exilados amargam
a insegurança das fronteiras e perderam, em definitivo, suas pátrias de origem?
Em âmbito educacional:
Que
mundo é esse em que a Universidade não mais encontra o rumo do pensamento
crítico e, à medida que o tempo passa, se transforma num colejão de periferia?
Que mundo é esse em que professor não consegue ministrar uma aula sem as
muletas do data-show e em que a pesquisa científica segue as leis do
empreendedorismo mercadológico? Que
mundo é esse onde não se sabe mais ler, nem em voz alta nem silenciosamente, e
onde o livro – parece - já é coisa do passado?
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