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“BACCHUS CHEZ THAMMARA”
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Um detalhe da
fotografia secretamente batida no momento em que Dyônisos, vulgo Bacchus,
amontado em seu querido jumento e coroado por cachos de uvas, adentrava o local
da festa, ao som de ditirambos, com sua procissão de bacantes, sátiros, bodes,
faunos, tocadores de liras e cítaras, bebuns, leões, borregos, anões, monstros et caterva. [Please, clique na foto, para ampliá-la]
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COBERTURA
RAZOAVELMENTE COMPLETA
(E
SOBRETUDO ANTECIPADA!) DA
FESTA
IMAGINÁRIA IDEALIZADA
POR
HAMMANDA PONTIS
PARA
THAMMARA KELLYS
[A PARTIR DE UM FRAGMENTO
DO POEMA GRECO-ROMANO TRADUZIDO PARA O FRANCÊS COMO “BACCHUS CHEZ THAMMARA” E
VERTIDO PARA O PORTUGUÊS DO JEITO-MANEIRA QUE ABAIXO VAI]:
pela transcrição,
Evandro
da Nóbrega,
escritor, jornalista, editor
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[...]
Antecipando-me
no tempo e nos dias e nas horas,
eu, o
escriba Druzz Druzzus,
mais
conhecido na arábica língua como Druzz al-Druzzyim,
filho
semítico de Cronos e secretário-mor de Dyônisos,
vou aqui
logo escarafunchando e escrevendo e fofocando e dizendo
algo do que
ocorrerá,
e é o de
mais inocente,
a partir
das 21 horas desta quarta-feira,
isto é, na
noite de hoje,
o sortudo
trigésimo dia
do mês
primeiro
do
"annus mirabilis" de 2013.
No fáustico
decorrer da grande Festa Greco-Romana Típica,
Internacional
e Imaginária,
organizada
pela pitonisa Hammanda Pontillonis
na
aprazível chácara de outra semideusa, Thammara Kellys,
a parte que
mais chamou a atenção da Mídia Global foi aquela
em que o
próprio Baco — em pessoa e personificação do imenso
e
supercamarada deus greco-romano Dionisos/Bacchus —
adentrou os
festivos salões thammaranenses,
montado em
seu belo jumentinho e seguido pelas bacantes
que sempre
o acompanham a todos os cantos do Mundo,
dançando
freneticamente.
Vinham com
Baco, também,
muitos
sátiros e outros amantes
dos
prazeres da carne e do espírito,
em especial
aqueles dedicados
às
vitivinícolas atividades
— os
produtores e consumidores de bons vinhos!
Por mais de
uma hora,
ingressou
no sagrado recinto a autêntica procissão
de figuras
lideradas por Dyonisos/Bacchus,
para a
admiração de deusas & semideusas,
deuses
& semideuses
que
igualmente lá se encontravam,
a começar pela
própria greco-egípcia Thammara Kellis,
a qual,
caindo no canto de sereia
da rainha
Cleópatra,
está em ai
de abandonar seu escritório de Advocacia
para se
dedicar, na mui especialmente remota Alexandria,
ao culto do
deus Rá — contra o que se rebelam todos os amigos.
Como
previra uma das convidadas,
não demorou
um segundo e todos os convivas
já
envergavam suas togas e túnicas inconsúteis
e portavam
seus cálices dourados,
com o abundante
vinho esborrotando
— prova de
que alguém lhes tinha "passado a palheta",
isto é,
enchido as medidas
até que se
derramasse o conteúdo
pelas
mesas, pelos tapetes persas,
pelo piso
de mármore de Carrara.
Uma imensa
pira foi acesa, à guisa de lareira ritual,
e diante
dela assentou-se belamente o deus Bacchus,
sempre com
sua coroa de vinhas, as uvas descendo
pelas faces
coradas e sorridentes.
A
invariavelmente frenética e bela música das bacantes
logo se se
fez ouvir,
como de
hábito tocada pelo séquito de Bacchus,
aí
incluídos os faunos saltitantes
— e era de
vê-los perseguindo as convidadas.
Devotos
& devotas de Bacchus gritavam a cada instante,
no grego
mais ático: "Bakkannal! Keremos bakkannal!"...
E a tudo
Dyonisos apenas sorria,
com aqueles
olhos sampacos
de quem já
ingerira tonéis e mais tonéis
da
beberagem dos deuses.
E Eliana
Paes,
interpretando
o sentimento dos presentes,
mandava
beijos e mais beijos, não só a mancheias,
mas também
a lábios & bocas cheias,
para os
circunstantes em particular e em geral.
E a festa
se estendeu para os que se encontravam,
no momento,
na Praia da Daniela...
A música
mais tocada, durante o forrobodó, no entanto,
foi mesmo o
ΕΠIΘAΛAMIO THΣ ΣAΠΦOYΣ,
vale dizer,
o "Epithalamio tis Sapfous",
isto é, o
"Epitalâmio ou Hino das Bodas da poetisa Safo",
na
interpretação de Petros Tabouris.
Mas
voltemos algo no tempo para dizer:
eis que
Baco em pessoa chega à festa,
com seu
jumento sorridente e com o bode ritual de pelo negro
— e, no
entanto, o báquico "bode cheiroso"
nenhum mau
odor apresentava;
muito pelo
contrário, sua presença perfumou
o ambiente,
em que todos já estavam em ânimo de festival.
E
adentraram também o local
as semideusas
feminíssimas
como Amanda
Pontes, de Florianópolis, Santa Catarina;
e e a da
mesma forma dulcífera Idy Queiroz,
misto de
poetisa e engenheira civil;
e a
paulista Sirlei Boselli, de São José do Rio Preto;
e a carioca
Lucia Vic, diretamente do Rio de Janeiro;
e Doutora
Isadora Meirelles, representando
a
Universidade Anhembi/Morumbi;
e a
Psicóloga-Mor Verônica Lúcia do Rego
Luna,
do campus
de João Pessoa da Universidade Federal da Paraíba;
e Flávia
Moura, melíflua e melífera mélissa
que trabalha
para a Mel Noivas;
e a
jackie-of-all-trades Leila Mariana Fernandes;
e a mui
trissábia pedagoga universal Elisabette Pettená,
das
Ciências da Educação na USP;
e a
superanalítica analista Eliana Bucci,
da área de
Educação Ambiental da Fundação Florestal,
onde
imperam supremas as deusas Atena e Diana;
e a arábica
odalisca-mor Marihem Abdalla,
ora
coreograficamente bailante em Ituverava,
a não se
sabe quantas milhas romanas de Sanctus Paulus;
e outra
enviada de Afrodite, a Dra. Maria Edna Bernardino Pinto,
em cujo
nome já se encerra a Arte Maior de nosso hendecassílabo
— que
remonta ao grego "hendekasúllabos",
pelo latino
culto "hedecassyllabus";
e a
Nathalia Leão Garcia,
gerente de
Contas nos Albergues
da
Juventude Grega nas Árvores Azuis;
e a mais
decidida das Karlas, Carla Lourenção,
enviada
especial da Vet Care;
e outra
fluminense de coração, Ana Marta da Silva,
também
diretamente da eterna Cidade Maravilhosa;
e a atriz
ateniense MacElaine Cristina Moura,
querida de
todas as amigas & amigos
da
semideusa Thammara Kelly.
E veem
igualmente as coortes masculinas,
lideradas
por viris efebos apolíneos, como
Paulo
Sérgio Viana Bezerra, do Pacoti;
Edison Gil,
diretor da Clara Luz
de Todos os
Nossos Pensares;
e o Dr.
Smith Marcelo,
da
Universidade Federal de Santa Catarina;
e o
"homo administrativus" Josphus Carolus Brunus,
analista da
Racing Automotive;
e
Reginaldus Castrus,
proprietarius
da Mídia Maxxima;
e o magister Ferdinandus Vasconcellus,
diretor
imperial de Engenharia Civil;
e o ecônomo-gerente
Miler Clewston de Marchi,
desenvolvedor-mor
dos negócios do Império,
em especial
no que tange aos produtos têxteis
— logo ele,
que tão maviosamente tange a sonora lira;
e outro
aparentado com os deuses,
Carolus
Albertus Oliveirae,
da bucólica
urbe de Cássia,
nas Jazidas
Generais,
que o vulgo
chama de "Minas Gerais";
e o cônsul
Marcus Aurelius Aguiarus Raederus,
procurador-geral
de todo o vasto Império Romano;
e o sempre
sóbrio Marcos Gasparian,
convidado
especial;
e o campeão
de péntathlon/héxathlon
Rod Abbamonte,
membro do
Mens Corpore Contemporanea
— e athleta
imbatível,
notadamente
no salto a vara & distância,
no páreo da
corrida, na luta do pancrácio,
nos demais
pugilatos, na competição espada
e da adaga
e da esgrima,
e tanto no
lançamento do disco
quanto no
arremesso de dardo;
e o Cyrrhus/Cyro
Bittencourt,
cujo
britânico sobrenome
não
significa “Tribunal Mordido”,
ao
contrário do que pensa o vulgo;
e o sem
dúvida mui ecológico magister,
Dr. Clistenes
Nascimento,
do Departamento
de Agronomia
da
Universidade Federal Rural de Paranampuca
— que é o
nome original de Pernambuco,
no tupi dos
índios;
e o célebre
tribuno Orlandus Costa Fili Mi,
que chegou
a trabalhar como advogado
de Julius
Caesar, escapando por pouco
dos punhais
comandados por Brutus;
e o único
ganhador do prêmio correspondente ao Oscar
da
Universitatis Autonomensis de Elisibona,
o Doktor
Oskar Karreyrha, da UAL europeia;
e o Dr.
Viictoor Ortiiz,
da
Universidad Nacional Autónoma de México,
mas que, na
vida real, não dispõe de tantas vogais
em seus
honoráveis nome e sobrenome
— digo, nombre y apellido;
e ainda
outro seguidor báquico,
Evandrus
Anorvegensis,
do
Judiciarius Parahybensis,
que não
precisou vir amontado em burro algum,
sob a
alegação de que já é "um deles";
e um
último, mas não em último lugar, adorador de Bacchus,
Mesac
Silveira, brasileiro de São Paulo...
E
comunicaram a Dyônisos, em altos brados,
que, tendo
em vista que o herói Héctor
nada
dissera ainda, ficara-se sem saber
quem seria,
em todo o decorrer da festa
(ou, quiçá,
apenas por alguns momentos),
o felizardo
neomarido da semideusa Sirlei Boselli.
Oskar
Karreyrha, querendo ser Apolo,
o deus da
beleza, estava no entrementes
fantasiado
de Narciso, mas não de maneira apolínea
ou mesmo
narcísica — era apenas o seu traje natural
do
dia-a-dia, como depois se confirmou
por uma
foto de perfil.
No entanto,
a própria Sirlei explicou,
ao atento Bacchus,
que ficara logo viúva,
haja vista haver
seu amado marido, Héctor,
sido tristemente
morto,
desde os
tempos homéricos,
pelo
celerado Achylles!
E Bacchus
só fazia rir, sorrir, gargalhar,
com o
fácies entumescido pelo muito vinho
que já
remetera para o sagrado pandulho lá dele...
Cercada de
sorrisos e frutas, vinhos e danças,
deusas e
deuses, e empunhando solenemente
seu cálice
dourado cheio até a borda,
a
especialista em Mitologia Greco-Romana
Idy Queiroz
— que sempre digiconversa
com toda a
gente sobre Bacchus
&
outros deuses do Olympo —
invariavelmente
chama Dyonisos
pelo
epíteto de Acratóforo,
"o
doador do vinho mais puro";
e, desta
feita, apresentou-se ela vestida como a deusa Psychê,
a mais
completa tradução da Idy mesma,
pelo menos desde
quando esteve em Figaleia,
na Arcádia,
para um acratofórico papo
com o deus
das vinhas.
Outro
convidado ilustre, o centurião Raffaello Foresi,
por seu
turno, só chama Bacchus
pelo nome
trácio-frígio de Sabázio,
designação
que herdou da mais recuada antiguidade,
no Panteão
romano, equiparando-se portanto
ao próprio
Zeus, o deus dos deuses.
Todos
— até mesmo
o de normal calmíssimo Bacchus —
mostraram-se
bastante preocupados
quando Sirlei
Boselli revelou (mas era apenas brincadeira)
que lhe
estava “dando um faniquito”.
talvez por
causa do grande comparecimento à festa,
promoção
mais prestigiada que os saraus do Monte Olympo.
A semideusa
Leila Mariana Fernandes
foi, até
prova em contrário,
a convidada
que mais cedo se preparou
para os
festejos,
sendo
também a primeirona a chegar
ao santo
recinto da farra.
Oskar
Karreyra não viu mérito nisto, porque,
em ela
chegando cedo, poderia logo estar
com a roupa
da fantasia toda amarrotada.
Mas a
(semi)deusa não estava para brincadeiras e redarguiu:
— Chegarei
linda e linda permanecerei durante todo o tempo,
vez que ser
linda é atributo divino,
de quem
precisa de todo um dia para se arrumar”.
E, em torno
disto, nada mais lhe foi perguntado.
Muitos
amigos de outra (semi)deusa,
Elisabette
Pettená,
forcejaram
para serem também convidados,
ameaçando
invadir o santuário,
nele
entrando como penetras.
Nem mesmo
Zeus, em sua infinita sabedoria,
entendeu
quando Hammanda Pontis anunciou
em alto e
bom som: “Preciso me tornar
uma deusa
grega e é agora!”
— já sendo
ela uma... (além de “linda guria”,
no dizer da
Sirlei Boselli, que nunca se engana quanto a coisas tais.
E a Dra.
Ana Paula — que trabalha como médica,
nas horas
em que não está participando de festas a Bacchus —
só se
refere ao deus como Ditirambos,
numa alusão
a seu duplo nascimento
— pois
Dyônisos duas vezes nasceu,
tendo morrido
apenas uma,
quando foi
despedaçado e deglutido
pelos
monstruosos gigantes.
Enquanto
isso, no vasto salão,
a
(semi)deusa Nathalia Leão Garcia
gritava
outro apelido de Bacchus,
Acroreites,
“como era chamado em Sicião”.
Sua igual, Leila
Mariana Fernandes,
lhe
respondia que era melhor chamar Dyonisos
pelo
epíteto de Adoneus, “o que dirige ou manda”.
Mas, pegado
com livros de Mitologia,
por seu
turno insistia o conviva
Paulus
Sergius Vianna Bezerra
em chamar
Bacchus de Aegobolus
—
isto
é, Egóbolo, “o matador de bodes”,
como era
visto em Potnias, na Beócia antiga.
Mas
Hammanda Pontis insistia em fazer conferência
sobre a poderosíssima
deusa Héstia ou Vesta,
uma das
doze divindades olímpicas e que,
na
mitologia greco-romana,
é a deusa
dos laços familiares,
simbolizada
pelo fogo da lareira,
além de filha
de Saturno e Cibele (na mitologia romana)
ou filha de
Cronos e Reia (para os gregos).
Felipe
Nóbrega teimava em se referir a Bacchus
como
Esimnetes, “o Senhor”, conforme se dizia na Aqueia,
ou, ainda,
como Ágrios, “o Selvagem”, na Macedônia;
ou mesmo
Brômios, “o Criador do Trovão”,
“o que fala
mais alto, nos Céus”, para outro gregos.
Este
escriba que vos fala, no entanto,
na condição
de secretário de Dyônisos,
pode vos
dizer com segurança,
no presente
ditirambo (a principal forma de a Humanidade
se
comunicar com o deus Bacchus)
que esta
divindade tem ainda muitos outros epítetos,
dos que
enuncio apenas os seguintes mais expressivos:
- Licnites,
“a ventoinha do joeirador”,
que
separava o grão do palhiço, o joio do trigo;
- Dendrites,
o mesmo que Endendros,
“aquele das
árvores”, o deus da fertilidade;
-
Eleutérios, “o libertador”, apelido igual ao de Eros;
- Iacos,
como no hino dos Mistérios de Elêusis;
- Enorques,
“o que tem testículos”, como era visto
nas ilhas
de Lesbos e de Samos;
-
Ericriptos, “aquele inteiramente escondido”,
como
venerado na Macedônia;
- Evoé ou
Evius, como na peça As bacantes,
de
Eurípedes;
- Lieus, “o
que desamarra”, o que livra dos cuidados e ansiedades...
De todos os
apelidos com que foi brindado,
na festa
que Hammanda idealizou para Thammara,
o que mais
agradou Bacchus foi o de Eneus,
o deus da
prensa ou lagar
com que se
espremem os bagos viníferos
— "os
quais, então, se transformam em uvas líquidas",
no belo drizzer
do Deuzz azzociado ao bodde...
E Bacchus
detestou particularmente um epíteto
com que
alguém, parece que vindo da Macedônia,
o chamou
durante essas funções festivas:
Pseudanor,
vale dizer, "homem falso".
E Bacchus
explicava, paciente:
"Ora,
se nem homem sou! Sou deus! Então,
até que
poderia ser um deus falso
(e não o
sou, porque in vino veritas,
no vinho
está a verdade);
mas um
"homem falso", jamais, à jamais,
never,
nunca,
nunquinha de pitibiriba!"...
[É, temos
notado que,
depois da
entrada da Grécia na União Europeia,
os deuses,
especialmente Dyônisos, estão tomando
cada vez
mais liberdades com a linguagem!...
Isto não
nos parece conforme o puro Classicismo!...]
;-)
E a Medusa,
claro,
nem chegou
a ser cogitada
para fins
de convite,
já que ninguém
em sã consciência
queria
morrer petrificado
ao ver sua
horrenda caratonha.
Tudo isto
era reproduzido
num imenso
telão operante, o tempo todo,
no
principal auditório
da Fundação
das Artes
de São
Caetano do Sul...
[...]
[Aqui, infelizmente, interrompe-se o
manuscrito. I'm sorry! Mas as buscas
continuam! Se Você tiver a sorte de achar o restante do texto, please faça-nos saber disto, para futura
publicação!]
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