Wednesday, January 30, 2013

“BACCHUS CHEZ THAMMARA”



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“BACCHUS CHEZ THAMMARA”

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Um detalhe da fotografia secretamente batida no momento em que Dyônisos, vulgo Bacchus, amontado em seu querido jumento e coroado por cachos de uvas, adentrava o local da festa, ao som de ditirambos, com sua procissão de bacantes, sátiros, bodes, faunos, tocadores de liras e cítaras, bebuns, leões, borregos, anões, monstros et caterva. [Please, clique na foto, para ampliá-la]

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COBERTURA RAZOAVELMENTE COMPLETA
(E SOBRETUDO ANTECIPADA!) DA
FESTA IMAGINÁRIA IDEALIZADA
POR HAMMANDA PONTIS
PARA THAMMARA KELLYS


[A PARTIR DE UM FRAGMENTO DO POEMA GRECO-ROMANO TRADUZIDO PARA O FRANCÊS COMO “BACCHUS CHEZ THAMMARA” E VERTIDO PARA O PORTUGUÊS DO JEITO-MANEIRA QUE ABAIXO VAI]:


pela transcrição,
Evandro da Nóbrega,
escritor, jornalista, editor

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[...]

Antecipando-me no tempo e nos dias e nas horas,
eu, o escriba Druzz Druzzus,
mais conhecido na arábica língua como Druzz al-Druzzyim,
filho semítico de Cronos e secretário-mor de Dyônisos,
vou aqui logo escarafunchando e escrevendo e fofocando e dizendo
algo do que ocorrerá,
e é o de mais inocente,
a partir das 21 horas desta quarta-feira,
isto é, na noite de hoje,
o sortudo trigésimo dia
do mês primeiro
do "annus mirabilis" de 2013.

No fáustico decorrer da grande Festa Greco-Romana Típica,
Internacional e Imaginária,
organizada pela pitonisa Hammanda Pontillonis
na aprazível chácara de outra semideusa, Thammara Kellys,
a parte que mais chamou a atenção da Mídia Global foi aquela
em que o próprio Baco — em pessoa e personificação do imenso
e supercamarada deus greco-romano Dionisos/Bacchus —
adentrou os festivos salões thammaranenses,
montado em seu belo jumentinho e seguido pelas bacantes
que sempre o acompanham a todos os cantos do Mundo,
dançando freneticamente.

Vinham com Baco, também,
muitos sátiros e outros amantes
dos prazeres da carne e do espírito,
em especial aqueles dedicados
às vitivinícolas atividades
— os produtores e consumidores de bons vinhos!

Por mais de uma hora,
ingressou no sagrado recinto a autêntica procissão
de figuras lideradas por Dyonisos/Bacchus,
para a admiração de deusas & semideusas,
deuses & semideuses
que igualmente lá se encontravam,
a começar pela própria greco-egípcia Thammara Kellis,
a qual, caindo no canto de sereia
da rainha Cleópatra,
está em ai de abandonar seu escritório de Advocacia
para se dedicar, na mui especialmente remota Alexandria,
ao culto do deus Rá — contra o que se rebelam todos os amigos.

Como previra uma das convidadas,
não demorou um segundo e todos os convivas
já envergavam suas togas e túnicas inconsúteis
e portavam seus cálices dourados,
com o abundante vinho esborrotando
— prova de que alguém lhes tinha "passado a palheta",
isto é, enchido as medidas
até que se derramasse o conteúdo
pelas mesas, pelos tapetes persas,
pelo piso de mármore de Carrara.

Uma imensa pira foi acesa, à guisa de lareira ritual,
e diante dela assentou-se belamente o deus Bacchus,
sempre com sua coroa de vinhas, as uvas descendo
pelas faces coradas e sorridentes.
A invariavelmente frenética e bela música das bacantes
logo se se fez ouvir,
como de hábito tocada pelo séquito de Bacchus,
aí incluídos os faunos saltitantes
— e era de vê-los perseguindo as convidadas.
Devotos & devotas de Bacchus gritavam a cada instante,
no grego mais ático: "Bakkannal! Keremos bakkannal!"...

E a tudo Dyonisos apenas sorria,
com aqueles olhos sampacos
de quem já ingerira tonéis e mais tonéis
da beberagem dos deuses.
E Eliana Paes,
interpretando o sentimento dos presentes,
mandava beijos e mais beijos, não só a mancheias,
mas também a lábios & bocas cheias,
para os circunstantes em particular e em geral.
E a festa se estendeu para os que se encontravam,
no momento, na Praia da Daniela...

A música mais tocada, durante o forrobodó, no entanto,
foi mesmo o ΕΠIΘAΛAMIO THΣ ΣAΠΦOYΣ,
vale dizer, o "Epithalamio tis Sapfous",
isto é, o "Epitalâmio ou Hino das Bodas da poetisa Safo",
na interpretação de Petros Tabouris.

Mas voltemos algo no tempo para dizer:
eis que Baco em pessoa chega à festa,
com seu jumento sorridente e com o bode ritual de pelo negro
— e, no entanto, o báquico "bode cheiroso"
nenhum mau odor apresentava;
muito pelo contrário, sua presença perfumou
o ambiente, em que todos já estavam em ânimo de festival.

E adentraram também o local
as semideusas feminíssimas
como Amanda Pontes, de Florianópolis, Santa Catarina;
e e a da mesma forma dulcífera Idy Queiroz,
misto de poetisa e engenheira civil;
e a paulista Sirlei Boselli, de São José do Rio Preto;
e a carioca Lucia Vic, diretamente do Rio de Janeiro;
e Doutora Isadora Meirelles, representando
a Universidade Anhembi/Morumbi;
e a Psicóloga-Mor Verônica Lúcia do Rego  Luna,
do campus de João Pessoa da Universidade Federal da Paraíba;
e Flávia Moura, melíflua e melífera mélissa
que trabalha para a Mel Noivas;
e a jackie-of-all-trades Leila Mariana Fernandes;
e a mui trissábia pedagoga universal Elisabette Pettená,
das Ciências da Educação na USP;
e a superanalítica analista Eliana Bucci,
da área de Educação Ambiental da Fundação Florestal,
onde imperam supremas as deusas Atena e Diana;
e a arábica odalisca-mor Marihem Abdalla,
ora coreograficamente bailante em Ituverava,
a não se sabe quantas milhas romanas de Sanctus Paulus;
e outra enviada de Afrodite, a Dra. Maria Edna Bernardino Pinto,
em cujo nome já se encerra a Arte Maior de nosso hendecassílabo
— que remonta ao grego "hendekasúllabos",
pelo latino culto "hedecassyllabus";
e a Nathalia Leão Garcia,
gerente de Contas nos Albergues
da Juventude Grega nas Árvores Azuis;
e a mais decidida das Karlas, Carla Lourenção,
enviada especial da Vet Care;
e outra fluminense de coração, Ana Marta da Silva,
também diretamente da eterna Cidade Maravilhosa;
e a atriz ateniense MacElaine Cristina Moura,
querida de todas as amigas & amigos
da semideusa Thammara Kelly.

E veem igualmente as coortes masculinas,
lideradas por viris efebos apolíneos, como
Paulo Sérgio Viana Bezerra, do Pacoti;
Edison Gil, diretor da Clara Luz
de Todos os Nossos Pensares;
e o Dr. Smith Marcelo,
da Universidade Federal de Santa Catarina;
e o "homo administrativus" Josphus Carolus Brunus,
analista da Racing Automotive;
e Reginaldus Castrus,
proprietarius da Mídia Maxxima;
e o magister Ferdinandus Vasconcellus,
diretor imperial de Engenharia Civil;
e o ecônomo-gerente Miler Clewston de Marchi,
desenvolvedor-mor dos negócios do Império,
em especial no que tange aos produtos têxteis
— logo ele, que tão maviosamente tange a sonora lira;
e outro aparentado com os deuses,
Carolus Albertus Oliveirae,
da bucólica urbe de Cássia,
nas Jazidas Generais,
que o vulgo chama de "Minas Gerais";
e o cônsul Marcus Aurelius Aguiarus Raederus,
procurador-geral de todo o vasto Império Romano;
e o sempre sóbrio Marcos Gasparian,
convidado especial; 
e o campeão de péntathlon/héxathlon
Rod Abbamonte,
membro do Mens Corpore Contemporanea
— e athleta imbatível,
notadamente no salto a vara & distância,
no páreo da corrida, na luta do pancrácio,
nos demais pugilatos, na competição espada
e da adaga e da esgrima,
e tanto no lançamento do disco
quanto no arremesso de dardo;
e o Cyrrhus/Cyro Bittencourt,
cujo britânico sobrenome
não significa “Tribunal Mordido”,
ao contrário do que pensa o vulgo;
e o sem dúvida mui ecológico magister,
Dr. Clistenes Nascimento,
do Departamento de Agronomia
da Universidade Federal Rural de Paranampuca
— que é o nome original de Pernambuco,
no tupi dos índios;
e o célebre tribuno Orlandus Costa Fili Mi,
que chegou a trabalhar como advogado
de Julius Caesar, escapando por pouco
dos punhais comandados por Brutus;
e o único ganhador do prêmio correspondente ao Oscar
da Universitatis Autonomensis de Elisibona,
o Doktor Oskar Karreyrha, da UAL europeia;
e o Dr. Viictoor Ortiiz,
da Universidad Nacional Autónoma de México,
mas que, na vida real, não dispõe de tantas vogais
em seus honoráveis nome e sobrenome
— digo, nombre y apellido;
e ainda outro seguidor báquico,
Evandrus Anorvegensis,
do Judiciarius Parahybensis,
que não precisou vir amontado em burro algum,
sob a alegação de que já é "um deles";
e um último, mas não em último lugar, adorador de Bacchus,
Mesac Silveira, brasileiro de São Paulo...

E comunicaram a Dyônisos, em altos brados,
que, tendo em vista que o herói Héctor
nada dissera ainda, ficara-se sem saber
quem seria, em todo o decorrer da festa
(ou, quiçá, apenas por alguns momentos),
o felizardo neomarido da semideusa Sirlei Boselli.

Oskar Karreyrha, querendo ser Apolo,
o deus da beleza, estava no entrementes
fantasiado de Narciso, mas não de maneira apolínea
ou mesmo narcísica — era apenas o seu traje natural
do dia-a-dia, como depois se confirmou
por uma foto de perfil.

No entanto, a própria Sirlei explicou,
ao atento Bacchus, que ficara logo viúva,
haja vista haver seu amado marido, Héctor,
sido tristemente morto,
desde os tempos homéricos,
pelo celerado Achylles!
E Bacchus só fazia rir, sorrir, gargalhar,
com o fácies entumescido pelo muito vinho
que já remetera para o sagrado pandulho lá dele...

Cercada de sorrisos e frutas, vinhos e danças,
deusas e deuses, e empunhando solenemente
seu cálice dourado cheio até a borda,
a especialista em Mitologia Greco-Romana
Idy Queiroz — que sempre digiconversa
com toda a gente sobre Bacchus
& outros deuses do Olympo —
invariavelmente chama Dyonisos
pelo epíteto de Acratóforo,
"o doador do vinho mais puro";
e, desta feita, apresentou-se ela vestida como a deusa Psychê,
a mais completa tradução da Idy mesma,
pelo menos desde quando esteve em Figaleia,
na Arcádia, para um acratofórico papo
com o deus das vinhas.

Outro convidado ilustre, o centurião Raffaello Foresi,
por seu turno, só chama Bacchus
pelo nome trácio-frígio de Sabázio,
designação que herdou da mais recuada antiguidade,
no Panteão romano, equiparando-se portanto
ao próprio Zeus, o deus dos deuses.

Todos
— até mesmo o de normal calmíssimo Bacchus —
mostraram-se bastante preocupados
quando Sirlei Boselli revelou (mas era apenas brincadeira)
que lhe estava “dando um faniquito”.
talvez por causa do grande comparecimento à festa,
promoção mais prestigiada que os saraus do Monte Olympo.

A semideusa Leila Mariana Fernandes
foi, até prova em contrário,
a convidada que mais cedo se preparou
para os festejos,
sendo também a primeirona a chegar
ao santo recinto da farra.
Oskar Karreyra não viu mérito nisto, porque,
em ela chegando cedo, poderia logo estar
com a roupa da fantasia toda amarrotada.
Mas a (semi)deusa não estava para brincadeiras e redarguiu:
— Chegarei linda e linda permanecerei durante todo o tempo,
vez que ser linda é atributo divino,
de quem precisa de todo um dia para se arrumar”.
E, em torno disto, nada mais lhe foi perguntado.

Muitos amigos de outra (semi)deusa,
Elisabette Pettená,
forcejaram para serem também convidados,
ameaçando invadir o santuário,
nele entrando como penetras.

Nem mesmo Zeus, em sua infinita sabedoria,
entendeu quando Hammanda Pontis anunciou
em alto e bom som: “Preciso me tornar
uma deusa grega e é agora!”
— já sendo ela uma... (além de “linda guria”,
no dizer da Sirlei Boselli, que nunca se engana quanto a coisas tais.

E a Dra. Ana Paula — que trabalha como médica,
nas horas em que não está participando de festas a Bacchus —
só se refere ao deus como Ditirambos,
numa alusão a seu duplo nascimento
— pois Dyônisos duas vezes nasceu,
tendo morrido apenas uma,
quando foi despedaçado e deglutido
pelos monstruosos gigantes.

Enquanto isso, no vasto salão,
a (semi)deusa Nathalia Leão Garcia
gritava outro apelido de Bacchus,
Acroreites, “como era chamado em Sicião”.
Sua igual, Leila Mariana Fernandes,
lhe respondia que era melhor chamar Dyonisos
pelo epíteto de Adoneus, “o que dirige ou manda”.
Mas, pegado com livros de Mitologia,
por seu turno insistia o conviva
Paulus Sergius Vianna Bezerra
em chamar Bacchus de Aegobolus
     isto é, Egóbolo, “o matador de bodes”,
como era visto em Potnias, na Beócia antiga.

Mas Hammanda Pontis insistia em fazer conferência
sobre a poderosíssima deusa Héstia ou Vesta,
uma das doze divindades olímpicas e que,
na mitologia greco-romana,
é a deusa dos laços familiares,
simbolizada pelo fogo da lareira,
além de filha de Saturno e Cibele (na mitologia romana)
ou filha de Cronos e Reia (para os gregos).

Felipe Nóbrega teimava em se referir a Bacchus
como Esimnetes, “o Senhor”, conforme se dizia na Aqueia,
ou, ainda, como Ágrios, “o Selvagem”, na Macedônia;
ou mesmo Brômios, “o Criador do Trovão”,
“o que fala mais alto, nos Céus”, para outro gregos.

Este escriba que vos fala, no entanto,
na condição de secretário de Dyônisos,
pode vos dizer com segurança,
no presente ditirambo (a principal forma de a Humanidade
se comunicar com o deus Bacchus)
que esta divindade tem ainda muitos outros epítetos,
dos que enuncio apenas os seguintes mais expressivos:
- Licnites, “a ventoinha do joeirador”,
que separava o grão do palhiço, o joio do trigo;
- Dendrites, o mesmo que Endendros,
“aquele das árvores”, o deus da fertilidade;
- Eleutérios, “o libertador”, apelido igual ao de Eros;
- Iacos, como no hino dos Mistérios de Elêusis;
- Enorques, “o que tem testículos”, como era visto
nas ilhas de Lesbos e de Samos;
- Ericriptos, “aquele inteiramente escondido”,
como venerado na Macedônia;
- Evoé ou Evius, como na peça As bacantes,
de Eurípedes;
- Lieus, “o que desamarra”, o que livra dos cuidados e ansiedades...

De todos os apelidos com que foi brindado,
na festa que Hammanda idealizou para Thammara,
o que mais agradou Bacchus foi o de Eneus,
o deus da prensa ou lagar
com que se espremem os bagos viníferos
— "os quais, então, se transformam em uvas líquidas",
no belo drizzer do Deuzz azzociado ao bodde...

E Bacchus detestou particularmente um epíteto
com que alguém, parece que vindo da Macedônia,
o chamou durante essas funções festivas:
Pseudanor, vale dizer, "homem falso".
E Bacchus explicava, paciente:
"Ora, se nem homem sou! Sou deus! Então,
até que poderia ser um deus falso
(e não o sou, porque in vino veritas,
no vinho está a verdade);
mas um "homem falso", jamais, à jamais, never,
nunca, nunquinha de pitibiriba!"...

[É, temos notado que,
depois da entrada da Grécia na União Europeia,
os deuses, especialmente Dyônisos, estão tomando
cada vez mais liberdades com a linguagem!...
Isto não nos parece conforme o puro Classicismo!...]

;-)

E a Medusa, claro,
nem chegou a ser cogitada
para fins de convite,
já que ninguém em sã consciência
queria morrer petrificado
ao ver sua horrenda caratonha.

Tudo isto era reproduzido
num imenso telão operante, o tempo todo,
no principal auditório
da Fundação das Artes
de São Caetano do Sul...

[...]

[Aqui, infelizmente, interrompe-se o manuscrito. I'm sorry! Mas as buscas continuam! Se Você tiver a sorte de achar o restante do texto, please faça-nos saber disto, para futura publicação!]

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