Aos 60 anos de idade, Vinícius passou uma semana em João Pessoa, apresentando no Teatro Santa Roza o espetáculo Moça, Poeta e Violão, com a voz de Maria Creuza e o violão de Toquinho; tomou muito gim, apreciou as belas praias em companhia de uma belíssima namorada de 19 anos — e me concedeu longa entrevista exclusiva, em cinco sessões, que renderam quatro páginas consecutivas de jornal
TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NO CORREIO DAS ARTES, SUPLEMENTO LITERÁRIO DO JORNAL A UNIÃO, DE JOÃO PESSOA (PB), DIRIGIDO PELO POETA ASTIER BASÍLIO
Quando Vinícius de Moraes (1813-1980) esteve cá por João Pessoa, em 1973, foi o degas aqui quem teve o privilégio de entrevistá-lo — e o outro privilégio de poder sobre ele produzirquatro páginas de declarações exclusivas no jornal O Norte. Consegui a série de entrevistas, realizadas em cinco sessões diárias de conversa, não porque apresentasse para isto qualquer mérito — mas simplesmente porque algumas circunstâncias se conjuraram para me ajudar.
Foi assim. Vinícius, o excepcional violonista Toquinho e a excepcionalíssima cantora Maria Creuza (assim mesmo, com Z) estavam realizando em várias cidades do país um apreciadoshow, “Moça, poeta e violão”. Quando se anunciou esse espetáculo para o Recife, uma estudante do quinto ano de Medicina na UFPB, a sousense Maria da Glória Gadelha, então com 21 anos incompletos, decidiu ir à capital pernambucana convidar o Poetinha para que também se apresentasse na Paraíba.
Glorinha, a Responsável — Desde inícios da década de 1970, Glorinha Gadelha (exímia violonista e acordeonista, pois ex-aluna do Colégio das Freiras em Sousa), sua/nossa amiga patoense Fátima Lima (hoje conhecida psiquiatra em Christmas City, mas, à época, a primeira mulher a saltar de paraquedas na Paraíba) e este escriba que vos tecla constituíam inseparável trio, circulando por livrarias e outros ambientes culturais da capital paraibana.
Entre seus amigos de Recife (PE) estava o baterista Luciano Pimentel, do Quinteto Violado. Havia uns dois anos que Luciano fundara o já então internacionalmente célebre Quinteto, o que fizera juntamente com Antônio Alves, Sando da Flauta, Fernando Filizola (viola sertaneja) e Marcelo Melo (violão). Foi a Pimentel que Glorinha Gadelha recorreu para intermediar em Recife um encontro com Vinícius — que de imediato concordou com a idéia de trazer seu show para a Cidade das Acácias.
Antônio de Pádua e Dona Creuza Pires — Em carros de amigos, Glorinha se encarregou do transporte do grupo para João Pessoa. Hospedou Vinícius e Toquinho na residência do então casal Antônio de Pádua/Zélia, ele empresário e dono da Promac. Essa residência ficava ali bem no início do bairro do Bessa, com a casa dando para a beira-mar.
No Teatro Santa Roza — As apresentações desse trio genial, sempre no Teatro Santa Roza, alcançaram tal sucesso que Vinícius decidiu estender a permanência em João Pessoa por toda a semana. Mas, mesmo antes do primeiro show, já lá estava eu, na casa da praia, levado por minhas amigas Glória Gadelha e Fátima Lima, para entrevistar o Poetinha.
Ele me recebeu muitíssimo bem, sem qualquer sombra daquele aborrecimento apenas suspeitado que costuma turvar o semblante de certos “divos” de nossa MPB e dos círculos artísticos em geral. Estava, como de costume, portando seu copo de bebida, de que jamais se apartava — acho que nem mesmo para tomar banho. Não, não é exagero, porque todo mundo sabe: durante os shows, invariavelmente estava lá, em cima do piano, o indefectível copo com gelo e uísque. Uísque, sim, o “cachorro engarrafado” — mas, a bem da verdade, nessa vinda a João Pessoa, Vinícius só tomou exclusivamente gim. Gim-tônica. Disse-me, o copo numa mão, o cigarro (com filtro) na outra:
O Ritual do Gim — Ele não achava isto — e continuou a sorver gim-tônica, começando bem cedinho. Durante toda essa semana em João Pessoa, já às 7 h da madrugada estava lá o Vinícius com seu copo de gim à mão, nisso indo até à hora de voltar para a cama, bem tarde da noite ou na nova madrugada. Nem se embriagava, nem tremia...
Coincidência: o ritual que o Poeta seguia na preparação do copo de gim era idêntico ao que me ensinara um barmanamericano, dois anos antes, em 1971, nos EUA: Você pega um copo desses bem compridos, altos; enche-o de gelo até a borda; coloca dose e meia de gim; espreme um limão inteiro em cima do gelo e joga as cascas dentro do dito copo; depois, com muito cuidado, devagarinho, vai despejando a água tônica — e este “devagarinho” é importante, por razão simples: o gim é mais leve que a água e tende a subir para a superfície (e não a se misturar homogeneamente com a água, comme il faut) se a adição desta for realizada de maneira incorreta...
— Ora — disse eu ao entrevistado — O garçom americano me ensinou este procedimento como uma forma de curar ressacacom três doses sucessivas de gim-tônica! É, portanto, uma beberagem-remédio, um medicamento antirressaca. Com a vantagem de nos reidratar com água tônica e gelo!...
É Preciso Cuidar do Fígado — Eu não queria (à época!) saber de gim. Durante as entrevistas, fiquei sempre com a opção “vinho”. Era ele, o Vinícius, tomando copázios atrás copázios de gim tônica e eu enxugando enofílicas garrafas lusas... Houve um momento de risadagem quando Vinícius puxou do bolso suas cápsulas vermelhas de Litrison, algo empenhado em “cuidar do fígado” antes de iniciar cada sessão báquico-propiciatória — e eu também saquei da capanga as mesmíssimas drágeas cor de pau-brasil, com idêntico propósito...
Batalhão de Perguntadores — Quando, na manhã seguinte, Vinícius leu de cabo a rabo a primeira das quatro páginas no jornal (elas foram publicadas em dias sucessivos), comentou para todo mundo ouvir (e para elevar aos cornos da Lua meu humílimo ego): “Bem que gostei de Você, meu camarada, logo à primeira vista”. Mas as entrevistas só puderam ser por mim feitas graças à indispensável assistência das seguintes pessoas, em sua ordem apropriada:
5) last, not least, aqueloutra grande amiga minha, a então universitária e depois Dra. Fátima Lima, hoje distinta psiquiatra em Natal (RN), com incursões semanais pelos hospitais de Patos (PB), aonde leva sua missão pessoal de ajudar crianças, depois de haver servido nessa especialidades até mesmo pelos pagos gaúchos.
Como Fazer Poemas — As perguntas de nosso grupo eram razoavelmente bem colocadas — e a todas elas respondia Vinícius com visível gosto e bom humor. Mas, tendo surgido uma “jornalista penetra” no ambiente (e ela nem jornalista era), saiu-se com uma indagação genérica e, para alguns, até porra-louca, ante a qual o Poetinha se despiu da paciência até então esgrimida:
“Uma de Cada Vez” — Num aspecto, e talvez apenas neste aspecto, Vinícius se parecia muito com o... Assis Chateaubriand: não podia ver mulher bonita! Tanto que, no interminável folclore em torno do Poetinha, existe aquela estória envolvendo o Carlito Maia e um amigo que passeavam pela calçadinha da praia de Copacabana. Carlito ia sempre tirando do bolso e dando uns trocados a toda e qualquer criança que passasse pelo pedaço. Depois de, encarrilhadamente, molhar a mão de uns trinta meninos e meninas, o amigo protestou:
A Jovem e Bela Namorada Argentina — E, ainda a este propósito, lembro-me que, quando realizava a terceira sessão da entrevista com Vinícius, observei que ele acenava para uma belíssima lourinha — ninfeta ou teenager essa que se achava a uns 20 passos de nosoutros. Era uma garota (e não teria mais de 19 anos) que, em comportado biquíni, à beira-mar e de cabelo cor de cerveja descendo-lhe até o bumbum, como que “chutava” poeticamente, com os gentis pezinhos, a espuma teimosa das ondas, no ponto em que as areias de Manaíra se misturam com as do Bessa. Ela, a ninfa nórdica, também acenou para ele — e emprestou maior brilho ao entardecer, com seu igualmente belíssimo sorriso, desses que tiram faíscas das câmeras de fotografar e de filmar. Vinícius, em ai de completar 60 anos de idade, sorria um sorriso sério, se assim se pode dizer
Passando-se por Vinícius — Vinícius, rindo muito, disse ser verdade aquela história do “suicídio” do gato de João Gilberto. Mas nem confirmou nem desmentiu aqueloutra estória, que alguns consideram apócrifa, segundo a qual ou Antônio Maria ou Rubem Braga, viajando de avião, teria conhecido bela passageira que lia um livro de Vinícius — e teria se apresentado a ela como o próprio... Vinícius, estratagema que fez com que, ao final do voo, a moça concordasse em acompanhar o sabido a um quarto de hotel. Tempos depois, às gargalhas, Braga (ou Antônio Maria) teria contado o caso a Vinícius, que não se deu por achado e apenas comentou:
Itamaraty e Amargura — Nesse ano de 1973, Vinícius ainda se referia com amargura à sua demissão do Ministério de Relações Exteriores, pela Ditadura. Essa “dispensa” de seus serviços, fato ocorrido em 1968, em meio a toda aquela tensão provocada pela sucessiva edição de “atos institucionais” — e depois de o Poeta haver servido como diplomata por mais de um quarto de século — deixou-o profundamente magoado.
Além da clara injustiça, havia outro aspecto a considerar: saindo compulsoriamente do Itamaraty, deixava o poeta de receber salário mensal de aproximadamente US$ 6 mil. Era uma vingança da Ditadura contra quem nada mais poderiam fazer, por se tratar de um nome internacionalmente conhecido como poeta, músico, compositor, chansonnier, diplomata, jornalista, produtor artístico, showman — um ser humano extremamente inteligente e sensível, de evidente excecpcionalidade no capítulo das qualidades humanas.
Direitos Autorais — Então, como não era homem de fazer “pé de meia”, Vinícius tinha que sobreviver de sua Arte, da renda de seus livros, de seus shows. Durante a entrevista, nos anunciou que logo mais iria a Paris, a fim de receber “uma boa bolada em direitos autorais”:
— Aqui, no Brasil, é o maior trabalho Você receber esses direitos autorais. E, quando o dinheiro sai, sai pingado, sofrido, extraído a muque. Nos EUA, na Europa, a coisa é bem diferente: eles nos enviam correspondência, dizendo: tem aqui tantos mil dólares, ou tantos mil francos, correspondentes a seus direitos autorais. Eles dizem: venham buscar seu dinheiro. E, claro, eu vou! Não é pelo dinheiro em si, mas pelas coisas que o dinheiro nos permite fazer.
Toquinho Exercita-se — Enquanto as entrevistas se desenvolviam, dava gosto observar Toquinho, apenas de bermudas, sem camisa, sentado numa mureta do terraço, com uma perna esticada e a outra sustendo o violão. Ele, que já se achava num nível bastante avançado de domínio do braço do instrumento, começava o dia por fazer escalas e mais escalas, de início devagarinho e, depois, aumentando o ritmo. Ainda depois, passava a exercícios mais complexos, tirando sons os mais límpidos.
A Letra da Música — E aconteceu também o seguinte: um dos circunstantes que se maravilhavam com a maestria violonística de Toquinho saiu do local e com pouco mais voltou, trazendo uma folha de papel datilografada. Disse em resumo:
Toquinho pegou o papel, leu — todos lemos — e pareceu gostar da coisa. “Está certo. Fique tranquilo, amigo. Vou trabalhar de forma a aproveitar sua letra, nesta mesma música, já que gostou tanto dela!”. O cidadão saiu dali com um sorriso de orelha a orelha. Mas, cerca de um ano depois, ouvimos a mesma música, no novo disco do Toquinho — e a letra era completamente outra. O que se há de fazer? Milagres não acontecem, nesta área.
Pequena Rusga com Maria Creuza — Outra coisa: Toquinho concentrava-se tanto, mentalmente, ali no terraço, para trabalhar o mecanismo do dedilhado ao violão que, por vezes, esquecia de dar atenção a Maria Creuza — que queria, por exemplo, ao lado dele dar um passeio pela praia. Por causa desse, ehr, excesso de concentração é que houve um breve início de rusga entre os dois. Coisa passageira, claro, facilmente resolvível, como se viu, com o recurso da tal caminhada a dois pelas areias da praia bem ali à frente.
Em meu próprio veículo — e era um Dodge d’Art de Luxe americano, verde metálico, velho de uns 10 anos e apelidado “A Loba” por consumir tanques e mais tanques de gasolina —, ainda pude conduzir Vinícius (ele sozinho, porque os dois parceiros tinham outras programações) em visita a uns poucos de nossos monumentos históricos e artísticos, além de alguns pontos turísticos. Ele ficou visivelmente extasiado com a igreja barroca de São Francisco, vista apenas pela fachada e aspecto exterior. Mas as coisas que o deixaram mais impressionado foram a calma então reinante na Cidade das Acácias e a beleza das praias, não me lembro se nesta ordem.
Parceria com Toquinho e Maria Creuza — Toquinho havia acabado de regressar da Itália (onde realizara trabalho artístico de primeira qualidade, conforme veremos logo mais) quando foi convidado, em meados de 1970, pelo próprio Vinícius, para irem à Argentina, eles dois e também a notável cantora Maria Creuza, com vistas à apresentação de shows desse mesmo trio na boate “La Fusa”, em Buenos Aires, de propriedade de Coco e Silvina Perez.
A passagem de Toquinho pela Itália, cerca de um ano antes, em 1969, fora mesmo de molde a agradar ao Poetinha. Além dos shows que realizara, Toquinho gravara um long-playingextraordinário, em que estavam presentes, além do seguro violão do próprio Toquinho, a voz do célebre cantor italiano Sergio Endrigo interpretando versões italianas de músicas de Vinícius — e poemas declamados, sempre em italiano, a cargo do poeta Giuseppe Ungaretti.
Esse LP — clara homenagem ao Poetinha — chamou-se La vita, amico, è l’arte dell’incon tro, facilmente compreensível para qualquer fã brasileiro do poeta, diplomata, escritor e compositor que Toquinho, como muitos outros, sempre chamou Vina. O disco mostrava também a inegável evolução das habilidades de Toquinho com seu instrumento de seis cordas.
Antes da Parceria — Foi o disco de Toquinho e outros artistas brasileiros e italianos que provocou a admiração de Vinícius — o qual, junto com Tom Jobim, participara das gravações anteriores também inseridas no mesmo LP. Mas Vinícius e Toquinho não haviam se encontrado pessoalmente, durante essas gravações isoladas.
Medo de Avião — E lá se foram Vinícius, Maria Creuza e Toquinho para a Argentina, sem imaginar que essa colaboração entre o poeta e o violonista se estenderia por mais de dez anos. Por esse tempo, Vinícius ainda tinha um medo danado de viajar de avião. As viagens entre Rio de Janeiro e São Paulo, ele sempre as fazia de trem — ponte-aérea, nem a pau!...
Portanto, resolveu ir de navio para Buenos Aires. E, em junho de 1970, embarcou no Eugenio C. O próprio Toquinho contaria mais tarde que, durante violenta tempestade, com o navio balançando pra caramba e até marujos calejados se acabando em enjoos/vômitos, Vinícius continuava à mesa, tranquilamente, impassível — é bem verdade que segurando mui cuidadosamente o copo de bebida para não entornar o (este sim) preciosíssimo líquido...
Vinícius, Toquinho e Maria Creuza chegaram a Buenos Aires bem a tempo de assistirem aos jogos finais da Copa do Mundo de 1970 (ganha pelo Brasil). Tanto que, como lembra Toquinho, o show deles, no dia seguinte à vitória brasileira, o espetáculo foi aberto com a música que dizia: “A taça do Mundo é nossa / com brasileiro / não há quem possa...// .
Os shows na boate portenha, nem é preciso dizer, resultaram em êxito superior às expectativas. Dessa atuação, o mundo da música viu-se brindado com apreciável disco, Vinicius de Moraes en La Fusa con María Creuza y Toquinho, ainda hoje no catálogo da gravadora Trova.
Mais de Mil Shows — De volta ao Brasil, prosseguiu a parceria entre Vina e Toquinho (na realidade, Antônio Pecci Filho, seu nome de batismo). Mas tal parceria não se restrigiu ao território brasileiro. Por incrível que pareça, eles realizaram mais de mil apresentações no Brasil, noutros países latino-americanos e na Europa. Aquela era, de fato, uma parceria das mais produtivas: rendeu umas 120 novas composições, usualmente com música de Toquinho e letra de Vinícius, mas não obrigatoriamente assim.
Além do mais, Vina e Toquinho lançaram no mercado uns 25 LPs, tanto em plagas tupiniquins quanto no Estrangeiro. Quem era ou não estudante, em inícios da década de 1970, lembra-se perfeitamente que shows de Vinícius/Toquinho deram o pontapé inicial nos Circuitos Universitários da época. Eram concorridas apresentações em faculdades e outras instituições de Ensino Superior — seja no Sul e Sudeste, seja no Norte e Nordeste do país.
Outras Realizações — A essa época, anterior à eventual presença de Vinícius, Toquinho e Maria Creuza na Capital paraibana, devem-se creditar outras realizações desse encontro de gênios musicais:
Depois, o Canecão — Bem depois da apresentação deles na Paraíba é que Vinícius e Toquinho, juntamente com Tom Jobim e Miúcha, apresentariam, em 1977, no Rio de Janeiro aquele inesquecível show do Canecão.
Sem levarmos em conta a excelência implícita na arte mostrada à platéia, ressalte-se que, até os dias de hoje, nenhuma outra apresentação, ali, naquela mesma casa de espetáculos, conseguiu superar os números obtidos pelo quarteto Vina/Toquinho/Tom/Miúcha, tanto com relação à bilheteria (vale dizer, a presença do público pagante), quanto no que diz respeito aos sete meses durante os quais o show se manteve em cartaz!
Parceria Comemorada — Outra insuperável realização da dupla viria em 1979, com o espetáculo Dez anos de Toquinho e Vinícius. E a colaboração entre os dois ainda duraria mais um ano. Obviamente que Toquinho não teve por parceiro apenas Vinícius, como ficaria patente com o desenvolvimento ulterior de sua impressionante carreira, quando se foi associando a outros nomes de alto nível.
No ano mesmo em que Vinícius, Toquinho e Maria Creuza estiveram em João Pessoa (1973), sairia, também pela gravadora RGE, um imperdível disco de Toquinho com o imenso Gianfrancesco Guarnieri, resultado de seu trabalho conjunto para musicarem nada menos que três peças de alto coturno: Castro Alves pede passagem [1971] e Botequim e Um grito parado no ar [daquele mesmo ano de 1973]. E, no ano seguinte, a mesmíssima RGE lançava em nossa Terra Brasilis outro disco sem dúvida para colecionadores: Toquinho na boca da noite — o que não o impediu o surgimento, dessa vez pela gravadora Cetra, na Itália, do disco Toquinho, il Brasile nella chitarra, com músicas apenas soladas. “Apenas”, eu disse?! Ora, o disco é uma maravilha!
Moça, Poeta e Violão — No ano seguinte ao do showparaibano, Vinícius e Toquinho esmeraram-se no lançamento de outros discos e álbuns, com vários novas canções em parceria. É rol longo, que o leitor certamente não vai querer que a gente cite aqui — da mesma forma que da gente não exigirá a transcrição de suas entrevistas, as quais tomaram quatro páginas de jornal, naqueles dias inesquecíveis de 1973.
b) outro de 1991, intitulado A história dos shows inesquecíveis: Poeta, Moça e Violão - Vinícius, Clara [Nunes] e Toquinho.
Quanto tiver algum tempo disponível, irei ao setor competentede O Norte para resgatar os textos (e as muitas fotos!) dessas quatro páginas, a fim de republicá-los no que ainda forem atuais. Ainda tenho as fitas, sim, mas desconfio que nenhum aparelho moderno as lerá/reproduzirá — mesmo supondo que arranje tempo para resgatá-las, em meio a tantos livros e catrevagens, e as limpe convenientemente para que de novo se tornem operacionais.
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1 comment:
Adorei o texto. Pena que ele morreu no ano em que eu nasci, nem deu pra conhecê-lo.
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