Wednesday, December 01, 2010

O ALBERT CAMUS DO CAIÇARENSE JOSÉ JACKSON

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[Please clique na foto para vê-la ampliada juntamente com a legenda]

O Camus do caiçarense José Jackson

Obra do paraibano José Jackson Carneiro de Carvalho sobre Albert Camus não faria vergonha se traduzida em francês e/ou em inglês — e lançada na França, Inglaterra e EUA

Evandro da Nóbrega
ESCRITOR, JORNALISTA, EDITOR
* Universidade Federal da Paraíba
* Instituto Histórico e Geográfico Paraibano
* Conselho Estadual de Cultura
[http://druzz.blogspot.com]
[druzz@reitoria.ufpb.br]
[druzz.tjpb@gmail.com]

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Este artigo — publicado originalmente no jornal A União, de João Pessoa (PB) — é também reproduzido pelos seguintes URLs:

- Blog Cultural EL THEATRO, de Elpídio Navarro:
www.eltheatro.com

- Portal PS OnLine, de Paulo Santos:
www.psonlinebr.com

- Portal Literário RECANTO DAS LETRAS:
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/druzz

- Portal do Jornal A União On Line:
www.auniao.pb.gov.br

- Blog DRUZZ ON LINE, de Evandro da Nóbrega:
http://druzz.blogspot.com

- Número 19 da revista Paraíba Cultural, a circular durante a Noite da Cultura de 2010 (9 de dezembro, Espaço Cultural "José Lins do Rego"

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Estes são meus princípios [morais]; se Você não gostar deles... bem, eu tenho outros!”

Argumentando com reductio ad absurdum, a frase de Mark Twain não  poderia ter sido escrita, digamos, por um pensador e escritor como o franco-argelino Albert Camus (1913-1960). Romancista, ensaísta, dramaturgo, ativista político, filósofo e poeta, Camus sempre se caracterizou por suas posições firmes, críticas e moralistas num bom sentido —o sentido bem específico de moralismo como base para a reforma da sociedade via “rebeldia metafísica”, mas com respeito à dignidade do Homem e crença na fraternidade, em busca da superação do niilismo e do “absurdo” da condição humana.

Isto tudo só para dizer, à grega (hi eis átopon apagogi!), que apenas agora concluímos a leitura de Albert Camus: tragédia do absurdo, quinto livro do paraibano José Jackson Carneiro de Carvalho, ex-Reitor da UFPB, titular da Cadeira 11 na Academia Paraibana de Letras — e com razão por seus pares eleito presidente da Academia Paraibana de Filosofia. Se outras razões não houvesse para a escolha, o livro do caiçarense Jackson sobre Camus é a prova definitiva de que estavam certos os filósofos-acadêmicos ao elegerem o Autor como seu filósofo-mor na instituição.

ANTECEDENTES BRILHANTES — Mas, claro, havia outros motivos para a eleição dele na APF. Desde o primeiro livro que lançou, Questões universitárias (Edições URNe), Jackson sempre privilegiou a abordagem filosófica dos problemas — sem que para isto nos careça lembrar sua formação na Gregoriana de Roma. O segundo livro veio no mesmo diapasão: Universidade em debate [Grafset, João Pessoa, 1988], seguido por Estudos de Filosofia [no mesmo ano, também pela Grafset].

A penúltima obra, das já publicadas, viria sob o título de A modernidade e os caminhos da Razão [segunda edição, Editora Universitária da UFPB, João Pessoa, 2006].

MODÉSTIA DO ORADOR — E veio, mais recentemente, o (até agora) voo maior de Jackson, em termos de escritura da Filosofia: este recomendabilíssimo volume, Albert Camus: tragédia do absurdo [Ideia Editora, João Pessoa, 2009].

Uma segunda edição — bastante aumentada e escoimada dos senões tipográficos da edição anterior — foi tirada, agora mesmo, por José Jackson, na mesma Ideia Editora, de Magno Nicolau (e, embora não tenha ainda lançado oficialmente a obra, o Autor já me enviou a nova cópia, pelo que lhe agradeço a cortesia e a presteza no gatilho!)

Modestamente, dá o próprio José Jackson Carneiro de Carvalho a explicação para o surgimento da obra:

“O texto tem como objetivo despertar o interesse de possíveis leitores para o conhecimento mais aprofundado da pessoa, do pensamento e da obra deste grande escritor francês. O subtítulo do livro poderia ser Subsídios para a leitura de Albert Camus. O trabalho é exatamente isto. Nada mais. O fato de serem raros, no Brasil, os estudos analíticos sobre o autor de O estrangeiro e de A peste, representou a motivação mais forte que levou o Autor a envolver-se nesta difícil empreitada”.

O PORQUÊ DE SE LER CAMUS — Ainda se lê Camus? — indagará o leitor. Se não se lê, dever-se-ia ler, e ler muito. Em particular nestes tempos em que a intolerância, sob as mais diversas cores (religiosa, política, político-religiosa etc), o radicalismo irracional, a brutalidade, os fundamentalismos vários, o terrorismo e outras formas de barbárie põem em perigo o que resta das instituições democráticas em escala global.

Especialmente depois de ganhar o Nobel de Literatura (1957) e de se tornar o enfant gaté da intelectualidade francesa (e mundial), Camus nos ensinou, aos leitores da década de 1960, o valor de um humanismo liberal que rejeite as variegadas manifestações do dogmatismo — inclusive aquele esquerdismo porra-louca que Lênin chamava de “a doença infantil do comunismo”.

SÉRGIO DE CASTRO PINTO — Fazemos questão de reproduzir, aqui, na íntegra, o texto escrito para a quarta capa do livro de Jackson pelo Doutor em Letras, professor da UFPB, membro das Academias Paraibanas de Letras e de Filosofia — e também um dos maiores poetas já nascidos na Paraíba, o escritor Sérgio de Castro Pinto. O grande crítico que é Sérgio apreende, de modo sucinto e escorreito, perspicaz e definitivo, a essência mesma da quinta obra de Jackson. Tire o leitor suas próprias conclusões, à vista do texto sergiano: 

“José Jackson de Carvalho está longe de se submeter passivamente à extensa bibliografia da qual se valeu para escrever o excelente Albert Camus: tragédia do absurdo. Ou seja, embora a utilize na exegese da obra do escritor francês, o livro que ora vem a lume tem vida própria, independente, autônoma, na medida em que o Autor possui um profundo conhecimento do Camus filósofo, dramaturgo, ficcionista, ensaísta, polemista, político etc.

“Não se trata, portanto, de um ensaio de segunda mão, repetitivo, tautológico, desses que nada acrescentam ou contribuem para desvelar os ângulos indevassáveis de uma obra. O de José Jackson tem o que dizer e sabe como dizer: com parcimônia, sem pirotecnias e, sobretudo, sem o ranço acadêmico que, na maioria das vezes, turva as águas para parecer profundo.

“Didático, mas sem pretensões professorais, esse livro move um verdadeiro cerco à obra do consagrado romancista, tornando-a mais acessível, mais palatável, mais arejada e menos complexa para o leitor neófito de Camus. Isso sem contar que, embora se debruce sobre uma produção extensa e multifacetada, José Jackson de Carvalho sabe abdicar do acessório em nome do principal. Quer dizer: não se perde em escrescências ou em discussões estéreis que em nada ajudam à compreensão do autor de O estrangeiro.”

LUIZ AUGUSTO CRISPIM — Na orelha do livro de Jackson, pronunciam-se dois valores nacionais: Luiz Augusto Crispim e João Ricardo Moderno, presidente da Academia Brasileira de Filosofia, Doutor em Letras e Filosofia pela Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne) e docente de Estética na UERJ. 

Para o saudoso Crispim, esta obra jacksoniana “preenche com brilhantismo uma lacuna em nossa crítica literária... [em que] são raros os estudos sobre o autor de O estrangeiro que apresentem a profundidade e a abrangência analítica do trabalho de Jackson”. Este exibe “marcantes traços de originalidade na abordagem da arte e da filosofia camuseanas”.

Luiz Augusto, que leu os originais do livro, acentua: “Nenhuma surpresa para quem conhece a solidez da formação intelectual e humanista do Autor. Trata-se de um texto cuidadoso, sóbrio e estilisticamente elegante e, por isso, de uma leitura muito prazerosa e enriquecedora”.

Já Ricardo Moderno considera que o fornido ensaio de Jackson “soa como uma esperança em meio ao absurdo da tragédia brasileira”. Explica: “O pensador paraibano apresenta um Camus completo. A revolta contra a mentira e o silêncio. A perda de autenticidade crítica na Cultura brasileira de hoje torna o livro [de Jackson] ainda mais indispensável. O Autor faz suas as itinerâncias existenciais e criadoras de Camus. Em um momento singularmente grave da História do Brasil, com a predominância da barbárie, a obra de Jackson proporciona uma aliança coma obra de Camus para, juntos, reiniciarmos a viagem de volta à Civilização brasileira” [grifos nossos].

OUTROS AVALISTAS DA OBRA — Três intelectuais de renome assinam respectivamente o Prefácio, o Prólogo e a Apresentação do livro de Jackson: José Loureiro Lopes, Hildeberto Barbosa Filho e José Nêumanne Pinto. 

Loureiro não tem dúvidas: “O estudo elaborado [por Jackson] irá inscrever-se entre as grandes obras já publicadas sobre o romancista franco-argeliano”, porque se trata de “ensaio consistente sob todos os aspectos, fruto de um trabalho feito com determinação e competência. Louvem-se no Autor [...] o método de estudo adotado e a coerência nas formulações teóricas. Demonstra, nesse aspecto, grande desenvoltura na análise da temática que permeia a obra de Camus: a tragédia humana. Para isto, muito contribuiu seu profundo conhecimento da Cultura clássica”.

HILDEBERTO & NÊUMANNE — Hildeberto lembra que José Jackson, “afeito aos temas filosóficos [...], com esse novo título parece convidar e desafiar a intelectualidade paraibana e brasileira para o amplo debate de ideias, para o centro mesmo da discussão filosófica, discussão que se torna urgente e essencial, sobretudo quanto percebemos, surpresos e assustados, que estamos no fundo do poço da crise de valores e quase inteiramente derrotados pelo massacre dos bárbaros pós-modernos”.

José Nêumanne Pinto assinala: Jackson, “filósofo rigoroso e exegeta atento”, dá, neste livro, a chave para entender “o conflito conceitual que marcou, de maneira preponderante, os debates filosófico e político no mundo, neste último meio século. Seu ensaio rigoroso, mas nem por isso menos agradável de ser lido, também espalha pistas essenciais para descobrir as raízes da genial clarividência do pé preto [argelino de origem européia] que resumiu a história do poder no trajeto da Humanidade pela Terra numa frase de sua peça Calígula [...]: ‘As facas são as mesmas, só mudam os afiadores’. Hoje, é o caso de dizer: as bombas são as mesmas, só mudam os detonadores...”  
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